(Minghui.org) [Nota do editor] Esta série é uma reimpressão da tradução em português do Epoch Times do livro “Como o espectro do comunismo está governando nosso mundo”, pela equipe editorial de Nove Comentários sobre o Partido Comunista Chinês.
Sumário
Prefácio
Introdução
Capítulo 1: As estratégias do diabo para destruir a humanidade
Capítulo 2: O início do comunismo na Europa
Capítulo 3: Matança no Oriente
Capítulo 4: Exportando a revolução
Capítulo 5: Infiltrando-se no Ocidente
Capítulo 6: A revolta contra Deus
Capítulo 7: A destruição da família
Capítulo 8: Como o comunismo semeia o caos na política
Capítulo 9: A armadilha econômica comunista
Capítulo 10: Usando a lei para o mal
Capítulo 11: Profanando as artes
Capítulo 12: Sabotando a educação
Capítulo 13: Sequestrando os meios de comunicação
Capítulo 14: Cultura popular, uma indulgência decadente
Capítulo 15: As raízes comunistas do terrorismo
Capítulo 16: O comunismo por trás do ambientalismo
Capítulo 17: Globalização: comunismo no seu cerne
Capítulo 18: As ambições globais do Partido Comunista Chinês
Conclusão
O que está incluído nesta parte?
Capítulo 11: Profanando as artes
Índice
1. A arte: um dom de origem divina
2. A enorme influência da arte sobre a humanidade
3. Sabotagem comunista e uso indevido da arte
a. A arte nos países comunistas
b. Elementos comunistas por trás da vanguarda
c. Inversão da estética tradicional: o feio como obra de arte
d. A perversão da literatura
Conclusão
Referências bibliográficas
* * *
1. A arte: um dom de origem divina
Foram escritos inúmeros livros para explicar o que é a verdadeira beleza. Os teístas sabem que todas as maravilhas do mundo vêm do Céu. A arte profunda é uma tentativa de emular e divulgar a beleza do Céu no mundo humano. A inspiração de um artista vem dos deuses.
Os artistas que são iluminados e abençoados pelos deuses podem se tornar figuras notáveis nos seus domínios.
Com grande fé e devoção ao Divino, grandes artistas do Renascimento usaram o seu talento para criar obras em louvor aos deuses. Seus pensamentos justos e atos benevolentes receberam afirmação e bênção divinas. Artistas de meados do período renascentista, incluindo Da Vinci, Michelangelo e Rafael, dominaram técnicas muito superiores às dos seus antepassados e dos seus pares, como que por milagre. Suas obras, como pinturas, estátuas e arquitetura, tornaram-se clássicos atemporais do mundo da arte.
Durante séculos, essas obras proporcionaram um exemplo nobre para a humanidade. Elas podem ser apreciadas não apenas por artistas de gerações posteriores, com a finalidade de estudar a técnica artística pura, mas as pessoas em geral também podem sentir a presença divina nelas. Preservando essas obras, as técnicas que as criaram e o espírito que inspirou os artistas, a sociedade humana consegue manter uma conexão com o Divino. Dessa forma, mesmo quando a sociedade humana atravessa um período de decadência e degeneração, ainda haverá esperança de um retorno à tradição e um caminho para a salvação.
Os mesmos princípios existem na esfera da música. De acordo com um ditado, supostamente de uma casa de ópera alemã: “Bach deu-nos a palavra de Deus. Mozart deu-nos o riso de Deus. Beethoven deu-nos o fogo de Deus, e Deus nos deu a música para que pudéssemos orar sem palavras.” Durante toda a sua vida, Johann Sebastian Bach considerou o louvor, o culto e a devoção a Deus o mais alto princípio na criação da sua música. As letras SDG, uma abreviação de “Soli Deo gloria”, que significa “Glória somente a Deus”, aparecem em todas as suas partituras musicais importantes.
Esse é o reino mais elevado que um artista pode alcançar, a materialização de coisas celestiais no reino humano por meio da revelação de Deus. As grandes pinturas e estátuas, as partituras mais sublimes da música antiga, barroca e clássica, foram todas obras de pessoas religiosas e representam o pináculo do trabalho artístico que o ser humano pode alcançar.
Os três elementos mais importantes da criação artística são representação, criação e comunicação. Todas as criações artísticas contêm um tema, ou seja, a mensagem que o autor quer comunicar, não importa a forma de arte: poema, pintura, estátua, fotografia, romance, peça teatral, dança ou filme. O artista leva o tema aos corações dos leitores, ouvintes ou espectadores. Esse processo é a comunicação, a mensagem do artista, por meio da sua obra, para o coração e a mente das pessoas.
Para alcançar o objetivo da comunicação, os artistas devem possuir uma capacidade notável de imitar e representar, não importa se essa imitação é do mundo dos deuses ou do mundo humano, ou até mesmo do submundo. Com base no que o artista quer representar, ele dá início ao seu processo de criação, um processo de refinamento dos elementos mais profundos ou mais essenciais do que ele quer representar por meio do fortalecimento da sua expressividade ou capacidade de se comunicar e alcançar o coração das pessoas. Se o artista possui uma fé reta no Divino e uma conduta moral apropriada, os deuses lhe darão o dom e a inspiração para criar. Essas obras serão, então, divinas, puras e benevolentes; benéficas tanto para o artista quanto para a sociedade.
Por outro lado, quando um artista abandona os padrões morais, elementos negativos se apoderam do processo criativo e forças negativas exercem a sua influência, valendo-se do artista para representar criações medonhas e grotescas do submundo. Esses tipos de obras prejudicam o autor e a sociedade em geral.
O valor das artes tradicionais retas torna-se assim claro. A cultura e a arte divinas no Oriente e no Ocidente eram conexões tecidas entre os deuses e a civilização humana, e tinham por objetivo mantê-los em contato. As ideias e mensagens transmitidas por meio dessas artes são beleza, benevolência, luz e esperança. Por outro lado, as artes degeneradas são criadas por pessoas que estão sob o domínio de elementos malignos. Elas separam o ser humano de Deus e arrastam o ser humano para mais perto do mal.
2. A enorme influência da arte sobre a humanidade
Grandes obras de arte são uma herança preciosa, difundem conhecimento e sabedoria, e fortalecem o caráter. Elas sempre tiveram posição de destaque nas grandes civilizações do Oriente e do Ocidente.
Pitágoras, o matemático e filósofo grego da antiguidade, acreditava que o segredo da música está em imitar a harmonia dos corpos celestes, que por si só reflete a harmonia do universo. Os chineses tinham opiniões semelhantes. As obras clássicas chinesas “Registros do Grande Historiador” e “Clássico da Música” discorrem sobre a harmonia entre a música e os cinco elementos bem como sobre como os instrumentos musicais devem representar e emular os padrões do Céu e da Terra. Só assim pode a “música mais grandiosa” exibir “a mesma harmonia que prevalece entre o Céu e a Terra”. [1] Nas histórias antigas chinesas, conta-se que essa música é capaz de atrair o grou e a fênix, e até mesmo invocar seres celestes.
Confúcio disse certa vez: “A dinastia Zhou é precedida de duas Épocas. Grandiosa e rica é essa cultura! Eu sigo os zhou.” [2] Ele admirava o modo como o imperador Zhou governava por meio de rituais e da música: “O imperador-sábio Shun inventou um instrumento musical de cinco cordas, que ele chamou de qin; sua música melódica falava sobre a suave brisa do verão do Sul. Percebam! Seu império foi justo e cumpridor das leis [sob a influência benigna da sua música].” [3]
A “Música do príncipe Qin desmantelando o inimigo”, composta pelo primeiro imperador da dinastia Tang, Li Shimin, foi respeitada pelas minorias étnicas vizinhas. O “Novo Livro de Tang” registrou que, na sua jornada em busca das escrituras budistas no Oeste, o monge Xuanzang ouviu de um rei as seguintes palavras: “O seu imperador deve ser um santo, pois ele compôs a ‘Música do príncipe Qin desmantelando o inimigo’.” [4]
Durante o reinado de Luís XIV, a corte francesa ostentou elegância na dança e na arte. A dança inclui não apenas técnicas de movimento, mas também a etiqueta social e as normas. Luís XIV inspirou a Europa por meio da arte e da cultura da sua corte, e foi imitado por outras cortes e pela população da Europa.
Frederico, o Grande, da Prússia, não era apenas um rei extraordinário, mas também músico, compositor e flautista. Ele mandou construir a Casa de Ópera de Berlim. Ele cuidou pessoalmente das óperas e possibilitou que um conjunto mais amplo de classes sociais tivesse acesso a elas. Até hoje, a ópera continua sendo parte importante da cultura alemã. Esses poucos exemplos atestam a influência duradoura que a arte ortodoxa pode exercer sobre a sociedade.
A arte ortodoxa está de acordo com a lei natural, imita a sabedoria divina e possui energia e um efeito especiais. Ela tem efeito benéfico sobre as pessoas, física e espiritualmente. Os artistas ortodoxos trabalham não apenas no nível físico e técnico, mas também, principalmente, no nível espiritual, em comunhão com o tema da obra. Esses artistas às vezes expressam a sensação de experimentar uma força superior, além do mundo físico. O efeito é semelhante ao recitar uma ode a Deus, uma experiência solene e divina que transcende a linguagem humana.
Para aqueles que a apreciam, a arte é um veículo especial de comunhão com o Divino. Por trás da arte está a sabedoria acumulada de um povo, sua criatividade e inspiração. Frequentemente, os seus significados são tão profundos que transcendem o que é percebido superficialmente. Algumas obras transmitem um tipo especial de energia espiritual. Tudo isso tem um efeito profundo sobre o espírito dos espectadores. Trata-se de um efeito único e que não pode ser produzido por nenhum outro meio.
Um bom artista pode influenciar a moralidade da sociedade, incutindo valores nos corações das pessoas por meio de histórias e imagens tocantes. Até mesmo aqueles que não possuem uma educação sólida podem ter uma intuição, uma inspiração e captar a pureza moral transmitida pela arte tradicional. Por exemplo, nas sociedades tradicionais, incontáveis pessoas aprenderam a distinguir o certo do errado e o bem do mal por meio de contos populares como “A Pequena Sereia” e “Branca de Neve”. Quantos chineses, ao longo dos séculos, não foram educados por meio dos quatro grandes romances clássicos da história chinesa e pela arte tradicional do teatro e da narração de histórias? Essas obras expõem princípios celestiais ao ser humano, permitem que ele sinta a grandeza divina e despertam o desejo de assimilar esses princípios celestiais.
Valores degenerados também exercem uma influência invisível por meio da arte. O professor Robert McKee escreveu no seu livro “Story”: “Todas as histórias nos transmitem uma ideia, que acabamos introjetando e passamos a acreditar nela. De fato, o poder persuasivo de uma história é tão grande que podemos acreditar na sua mensagem até mesmo quando a consideremos moralmente repulsiva.” [5]
Em termos positivos e negativos, a arte pode ter um impacto tremendo na moralidade, no pensamento e no comportamento humanos. Isso não é exagero. A sociedade moderna tem muitos exemplos que podem ser estudados.
O “efeito Mozart”, por exemplo, atraiu a atenção mundial. A comunidade científica realizou vários estudos sobre a influência positiva da música de Mozart em pessoas e animais. Em 2016, um estudo mais aprofundado desse efeito observou que a música de Mozart tem um efeito positivo na função cognitiva e no comportamento humanos. Surpreendentemente, tocar a música de Mozart de trás para a frente tem efeito completamente oposto. A música moderna atonal de Arnold Schoenberg tem efeito similar ao da música de Mozart quando invertida, mostrando assim o seu caráter prejudicial. [6]
Comparado com a música atonal, o rock tem um efeito ainda mais negativo. Um pesquisador compilou dados de duas cidades semelhantes: a cidade em que a rádio e a televisão transmitiram um grande número de canções de rock teve 50% mais casos de gravidez fora do casamento, desistências escolares, mortes de jovens, crimes, entre outros acontecimentos negativos. [7] Algumas músicas de rock até fazem o suicídio parecer razoável. “Seus ritmos sombrios e suas letras melancólicas certamente podem ser considerados um incentivo ao suicídio. E é um fato irrefutável que muitos jovens deram um fim às suas vidas enquanto ouviam repetidamente essas músicas.” [8] Não é incomum que adolescentes cometam suicídio para reproduzir as mensagens descritas nas letras de músicas de rock, e vários músicos de rock acabaram sofrendo de depressão, tornaram-se dependentes de drogas e cometeram suicídio.
Outro exemplo negativo muito conhecido é o filme nacionalista nazista “O triunfo da vontade”. Embora a diretora Leni Riefenstahl tenha alegado que se tratava de um documentário, o filme de propaganda possuía grande qualidade artística e envolveu o uso de diversos recursos. As cenas monumentais, as demonstrações de força e emanação de poder impressionaram o público. Vários métodos de filmagem e edição utilizados no filme influenciaram o cinema nas décadas subsequentes.
No entanto, o trabalho também se tornou uma peça crucial de propaganda para Hitler e a Alemanha nazista, e é conhecido como um dos filmes de propaganda mais bem-sucedidos da história. O jornal britânico The Independent escreveu em 2003: “‘O triunfo da vontade’ seduziu muitos homens e mulheres sábios, persuadiu-os a admirar em vez de desprezar [o nazismo] e, sem dúvida, conquistou amigos e aliados nazistas em todo o mundo.” [9]
Entender o enorme poder exercido pela arte pode nos ajudar a compreender melhor a importância da arte tradicional e por que os elementos malignos buscam sabotar a arte humana e promover a sua degeneração.
3. Sabotagem comunista e uso indevido da arte
Tendo em vista a enorme influência que a arte exerce para mudar da sociedade, não surpreende que o comunismo a utilize no seu objetivo de manipulação psicológica do ser humano.
a. A arte nos países comunistas
Os partidos comunistas conhecem o poder da arte e a empregam para fazer lavagem cerebral nas pessoas, transformando todas as formas de arte em ferramentas para promover essa lavagem cerebral. Muitas pessoas ridicularizaram o Partido Comunista Chinês por ter transformado cantores e atores em generais. Como civis que não receberam treinamento militar, que não sabiam usar armas nem estavam preparados para a guerra, poderiam ser generais? O PCC acreditava que as pessoas que desempenham essas funções são tão importantes quanto militares treinados quando se trata da promoção e da manutenção do culto comunista, e talvez sejam ainda mais cruciais para esses fins. Nesse sentido, essa patente militar está perfeitamente de acordo com os princípios do Partido. A esse respeito, Mao Tsé-Tung assim se pronunciou: “Também precisamos ter um exército cultural, que é absolutamente indispensável para unir nossas próprias fileiras e derrotar o inimigo.” [10]
Nos países comunistas, as apresentações artísticas têm por objetivo fazer com que as pessoas, por meio da arte, esqueçam as agruras que sofrem sob o regime comunista e cultivem a sua lealdade ao partido. Esse efeito da propaganda, chamado de “trabalho de pensamento”, não pode ser obtido apenas com o poder marcial. A título de exemplo, podemos citar a grandiosa cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Pequim, o grande festival de música e dança Arirang da Coreia do Norte, e as companhias de balé da ex-União Soviética. Todos atendem as necessidades do Partido.
Em setembro de 2011, o Ministério da Cultura do Partido Comunista Chinês realizou, no Kennedy Center em Washington, D.C., um chamdo festival da cultura chinesa, ou “China: Uma Nação de Artes”, no qual houve a apresentação do grupo comunista de balé clássico “O Destacamento Vermelho das Mulheres”, que promove o ódio entre classes sociais e a violência comunista.
Se a arte ortodoxa, que estava muito próxima do Divino e promovia valores tradicionais divinos, tivesse coexistido com a arte controlada pelo Partido Comunista e usada para lavagem cerebral do público, esta perderia o seu monopólio e não teria efeito. É por isso que todos os países comunistas têm um rígido sistema de censura das artes e da indústria editorial.
b. Elementos comunistas por trás da vanguarda
Durante séculos, a arte clássica foi transmitida de geração em geração. Essa tradição continuou até o século 20, quando isso teve um fim abrupto. A herança da arte transmitida foi substituída por uma vanguarda radical e assim a arte começou a se degenerar rapidamente. Nas palavras do artista Robert Florczak: “O profundo, o inspirador e o belo foram substituídos pelo novo, pelo diferente e pelo feio. Os padrões foram declinando até que não houvesse mais padrões. Tudo o que restou foi a expressão pessoal.” [11] Por isso, a humanidade perdeu o seu sentido universal do que é estético.
A fonte dessa série de novos movimentos artísticos está intimamente ligada a tendências ideológicas de influência comunista. Muitos desses artistas são comunistas ou paracomunistas de algum tipo, ou foram influenciados por essas ideologias.
O húngaro Georg Lukács, delegado cultural da Internacional Comunista e fundador do marxismo ocidental, fundou a Escola de Frankfurt. Uma das suas tarefas era estabelecer uma “nova forma cultural”, abandonando a cultura tradicional. Essa nova forma cultural baseou-se na eliminação da arte que buscava representar o Divino. Herbert Marcuse, um socialista alemão e representante da Escola de Frankfurt, escreveu: “A arte deve criticar a sociedade tradicional e, ao mesmo tempo, transcendê-la. Desse modo, a arte subverterá a consciência dominante e a experiência comum.” [12]
Ou seja, eles fizeram da arte uma ferramenta na revolta contra o Divino e de subverção da moralidade. Visões desse tipo dominam a arte moderna.
Gustave Courbet, o fundador da escola realista francesa, foi um dos participantes da Comuna de Paris. Ele foi eleito membro do comitê da Comuna e presidente da radical Federação dos Artistas. Courbet dedicou-se a transformar o antigo sistema e a estabelecer novas diretrizes artísticas. Ele ordenou que a Federação demolisse um edifício neoclássico, a Coluna Vendôme, que foi posteriormente reconstruído. O artista negava que os seres humanos foram criados por Deus e estava determinado a usar a arte para expressar a visão de mundo do proletariado, bem como o materialismo. Ele fez a seguinte observação: “Eu nunca vi anjos ou deusas, então, não estou interessado em pintá-los.” [13]
Courbet acreditava que reformar as artes era realmente parte da revolução. Para pintar o que ele denominou realidade, Courbet substituiu a beleza pela fealdade. Suas pinturas de nus, por exemplo, focavam principalmente a representação da genitália feminina, um suposto ato revolucionário, como uma maneira de se rebelar e transgredir a tradição e, de alguma forma, estimular mais ainda o ativismo comunista. O pensamento e a vida de Courbet são uma ilustração da estreita ligação entre a ideologia comunista da revolução e a arte moderna.
Sob a influência do pensamento modernista, o fervor revolucionário dos artistas do final do século 19 provocou uma série de movimentos no mundo da arte. Ao contrário das escolas tradicionais de expressão artística, esses movimentos de vanguarda buscavam explicitamente romper com a tradição. O termo “avant-garde” foi usado pela primeira vez por estudiosos socialistas para descrever movimentos artísticos que correspondiam às suas aspirações políticas.
No final do século 19, essas influências deram origem ao impressionismo. A partir de então, os artistas modernos abandonaram os requisitos da pintura a óleo tradicional, como precisão, proporção, estrutura, perspectiva, transições entre luz e sombra, etc. Surgiram o neoimpressionismo (pontilhismo) e o pós-impressionismo, em que os artistas tinham como objetivo central a expressão de sentimentos pessoais. Georges-Pierre Seurat e Vincent van Gogh são expoentes dessa escola. Ambos tinham inclinações socialistas. [14] Van Gogh abusou do absinto e sofreu de doença mental, e suas pinturas parecem refletir essas tendências.
As obras de arte contêm as mensagens que os seus criadores querem transmitir e são os meios pelos quais os autores se comunicam com o seu público. Durante o auge da Renascença, os artistas transmitiam compaixão e beleza para o seu público. Os artistas contemporâneos, por sua vez, exalam mensagens negativas e sombrias. Eles abandonam os próprios pensamentos e se deixam dominar por entidades de baixo nível. São muitas vezes incoerentes e confusos, e suas obras têm características similares, são sombrias, negativas, obscuras, cinzentas, depressivas, decadentes e desordenadas.
O impressionismo foi sucedido pelo expressionismo e o fauvismo, e estes foram sucedidos pelo cubismo de Picasso. Em 1944, Picasso filiou-se ao Partido Comunista Francês. Na sua carta “Por que me tornei comunista”, ele disse: “A minha adesão ao Partido Comunista é um passo lógico na minha vida e no meu trabalho e dá um significado a eles… Porém, nesses anos de opressão, senti que isso não bastava, que teria que lutar não apenas por meio da pintura, mas com todo o meu ser.” [15]
Picasso defendia uma ruptura com os métodos clássicos de pintura. Para ele, tudo se resumia a um pedaço de massa a ser apanhada e moldada como ele quisesse. Quanto mais estranhas as suas obras se tornavam, mais feliz ele ficava. O processo de criação de imagens monstruosas é o processo de destruir uma imagem, a ponto de ninguém conseguir entendê-la. Até mesmo Georges Braque, o artista moderno que fundou o cubismo juntamente com Picasso, não gostou do seu quadro “Les Demoiselles d’Avignon” e disse que Picasso deve ter tomado um gole de petróleo e cuspido fogo na tela. [16]
Marcel Duchamp, o fundador do movimento de arte Dada, também se rebelou contra a tradição com as suas exposições e uso de objetos prontos. Ele reaproveitou itens encontrados ou produzidos em fábricas e os transformou nas assim chamadas instalações artísticas. Duchamp foi chamado de pai da arte conceitual e defendeu a ideia de que qualquer coisa poderia ser considerada arte. O movimento dadaísta é em si mesmo um projeto comunista, como foi demonstrado no manifesto dos dadaístas de Berlim, que apelou para uma “união revolucionária internacional de todos os homens e mulheres criativos e intelectuais com base no comunismo radical”, bem como para “a expropriação imediata da propriedade” e a “regulamentação imediata de todas as relações sexuais segundo a perspectiva do dadaísmo internacional, por meio do estabelecimento de um centro sexual dadaísta”. [17]
A crítica da arte Dada à tradição evoluiu para o surrealismo na França, representado pelo comunista André Breton, que defendia a revolução. Ele era contrário à suposta repressão causada pela razão, pela cultura e pela sociedade, concepções típicas dos artistas modernos da Europa na época. Dentre os movimentos artísticos que desenvolveram esses princípios incluem-se o abstracionismo, o minimalismo e a arte pop. O abstracionismo é a expressão emocional da rebelião, desordem, vazio e escapismo. Essas escolas são uma espécie de pós-modernismo, que se propõe a derrubar todas as regras, o raciocínio e a moralidade. [18] Na sua forma mais ultrajante, esses artistas criam obras que profanam abertamente a imagem de Maria, a mãe de Jesus. [19]
Nem todos os artistas modernos apoiam políticas de esquerda, mas há uma clara semelhança ideológica com o pensamento comunista, isto é, a rejeição do Divino e a tentativa de substituir Deus como ponto de partida para compreender a vida humana. Esses “ismos” passaram a exercer influência crescente na esfera pública e acabaram por marginalizar completamente a arte clássica.
c. Inversão da estética tradicional: o feio como obra de arte
As diversas escolas de arte moderna que surgiram possuem várias coisas em comum: elas invertem a estética convencional, pois tomam a feiura por beleza, e o objetivo é chocar, até o ponto de se tornarem tão medonhas quanto a imaginação do artista permitir.
Marcel Duchamp assinou o seu nome em um mictório e o chamou de “Fonte”. Ele seria exposto em Nova York, embora a exposição do objeto tenha sido recusada. O gesto foi considerado uma brincadeira inteligente pelos colegas de Duchamp no mundo da arte, e posteriormente, artistas e acadêmicos consideraram a iniciativa de Ducham como o auge da criatividade. Esse era o ambiente do mundo artístico: a pintura clássica de cavalete foi marginalizada e a arte de instalação ganhou destaque. Em 1958, Yves Klein realizou a exposição “O Vazio” na Galeria Iris Clert em Paris, as obras expostas eram paredes vazias.
Uma figura importante da vanguarda alemã do pós-guerra, Joseph Beuys, cobriu a sua cabeça com mel e folha de ouro em 1965, e murmurou sem parar durante três horas com uma lebre morta nos seus braços. Esse trabalho dele foi chamado de “Como explicar fotos a uma lebre morta”. Na opinião de Beuys, todos podem ser artistas. Diz-se que um espectador cético fez o seguinte comentário: “Você fala sobre tudo sob o Sol, exceto arte!” E Beuys teria respondido: “Tudo sob o Sol é arte!” [20]
Em 1961, Piero Manzoni, uma figura-chave da vanguarda, colocou as próprias fezes em 90 latas, chamou-as de obras de arte e colocou-as à venda sob o nome de “Merda do artista”. Em 2015, uma das latas foi vendida em Londres por um preço recorde de 182.500 libras, ou cerca de 240 mil dólares, centenas de vezes o preço do mesmo peso em ouro. Ele também assinou o seu nome nas nádegas de uma mulher nua, chamando isso de “Sculture viventi” (escultura viva).
Na China, havia um “artista” nu que cobria o seu corpo com mel e óleo de peixe para atrair moscas. A profanação do corpo parecia querer divulgar a ideia de que a vida é barata, feia e repugnante.
No documentário “Beijing Swings” da BBC, sobre “artistas extremos” na China, a chamada performance art incluiu o consumo performativo do cadáver de um feto. Waldemar Januszczak, apresentador do documentário, comentou: “A China está produzindo a arte mais escandalosa e sombria que existe no mundo.” [21] Na verdade, isso é resultado de buscar a natureza demoníaca. Algumas dessas chamadas obras de arte moderna são tão imundas e desavergonhadas que superam a capacidade de resistência mental das pessoas normais. Esse comportamento da vanguarda é a Revolução Cultural do mundo da arte.
Os entusiastas do modernismo sentiram-se à vontade com essa tendência como um pato dentro d’água, mas os artistas conhecedores e proficientes nas mais importantes técnicas de pintura resistiam. Pintores e escultores tradicionais, com pleno domínio do seu ofício, foram marginalizados do mundo da arte. John William Godward, pintor neoclássico vitoriano nascido em Londres e associado à Irmandade Pré-rafaelita, sentiu-se discriminado, pois o seu estilo de pintura clássica realista caiu em desgraça com a ascensão dos trabalhos modernistas de Picasso. Em 1922, ele cometeu suicídio, e escreveu na sua nota de suicídio: “O mundo não é suficientemente grande para mim e Picasso.” [22]
Foram adotados métodos semelhantes para destruir a música. A música autêntica está em conformidade com a teoria e a ordem musical. A afinação, os tons e as escalas que ela produz derivam de padrões naturais harmoniosos. O universo criado pelo Divino é harmonioso. Os seres humanos são capazes de apreciar e participar da harmonia do universo e assim criar beleza, pois eles também são criações divinas.
A música atonal moderna rejeita ideias como tonalidade, acordes e melodia e não tem ordem em sua estrutura. Trata-se de uma revolta contra a música clássica transmitida de modo divino. A música atonal viola a harmonia do universo, e é por isso que muitos públicos a consideram desagradável. Com base nas suas noções distorcidas sobre estética, compositores modernistas afirmam que os ouvintes devem treinar os seus ouvidos para se acostumarem a essa música, para que também possam apreciá-la.
Arnold Schoenberg, um dos fundadores da música moderna, introduziu o “sistema de doze tons”, uma estrutura fundamentalmente atonal que marcou a criação da técnica musical anticlássica. A música de Schoenberg foi considerada a negação de toda a cultura musical alemã até então, a traição do bom gosto, do sentimento, da tradição e de todos os princípios estéticos. Sua música era chamada de “cocaína” pelos alemães na época: “Tocar a música de Schoenberg é o mesmo que abrir um estabelecimento de cocaína para o povo. Cocaína é veneno. A música de Schoenberg é cocaína.” Décadas depois, um crítico de música assim o avaliou: “O fato de que, 50 anos depois da sua morte, ele ainda consegue esvaziar qualquer salão dá uma ideia da imensidão da sua contribuição artística.” [24]
A enorme aceitação da música de Schoenberg deveu-se às teorias musicais de Theodor W. Adorno, uma figura importante na Escola de Frankfurt. No trabalho de Adorno de 1949, “Filosofia da música moderna”, ele tentou usar a teoria para demonstrar que o método de doze tons de Schoenberg era o ápice da composição musical. Isso pavimentou o caminho para a ampla aceitação do sistema de Schoenberg por gerações posteriores de compositores e críticos de música. [25] Desde então, numerosos músicos imitaram Schoenberg, e o seu estilo de vanguarda teve um grande impacto no mundo da música no pós-guerra.
Após destruir a tradição, por meio da música moderna, a arte de vanguarda usou o rock and roll para acabar com o papel da música clássica na vida das pessoas. Sidney Finkelstein, o principal teórico musical do Partido Comunista dos EUA, declarou abertamente que as fronteiras entre o clássico e o popular deveriam ser eliminadas. [26] Por volta da mesma época, a música rock fortemente rítmica conquistava um espaço cada vez maior nos Estados Unidos, à medida que a música clássica e tradicional perdia espaço e era marginalizada. [27]
O rock and roll caracteriza-se por sons desarmoniosos, melodias desestruturadas, fortes batidas rítmicas e conflitos emocionais e contradições, muito semelhantes à ideia comunista de luta. De acordo com os “Registros do Grande Historiador” elaborados pelo mais antigo historiador da China, Sima Qian, somente quando o som está em sintonia com a moralidade pode ser chamado de música. De um modo geral, as vidas dos músicos de rock and roll estão repletas de sexo, violência e drogas.
Depois do rock and roll, outras formas de música, como o rap, surgiram nos Estados Unidos e ganharam popularidade. As letras de rap estão repletas de palavrões e obscenidades, e esse gênero musical claramente se rebela contra a tradição e a sociedade por meio do uso de drogas, violência, palavrões e promiscuidade. [28] À medida que a moralidade da sociedade como um todo declina, essas “formas de arte”, outrora consideradas subculturas, penetraram na sociedade e são até mesmo apresentadas nas principais casas de espetáculos.
Até agora, abordamos as circunstâncias atuais nos círculos da arte e da música. De fato, o mundo artístico tem sido muito impactado por essas circunstâncias, e a influência do movimento de arte moderna caracterizava-se pela rejeição de ideias, métodos e técnicas tradicionais em áreas como escultura, arquitetura, dança, decoração, design, fotografia, cinema, entre outras. Um grande número de artistas que se destacaram na arte moderna foram fortemente influenciados pela ideologia comunista. Por exemplo, a fundadora da dança moderna, Isadora Duncan, era bissexual e ateia. Ela se opunha ao balé clássico, chamando-o de feio e antinatural. Em uma apresentação em Moscou, com a presença de Lenin, ela e cem estudantes usaram “A Internacional” como o tema principal da dança. [29]
Quanto à explicação para a existência desses desvios, tornando-se tendência ou até mesmo correntes principais, nas artes, isso está intimamente relacionado ao modo pelo qual o comunismo corrompeu as artes tradicionais de inspiração divina. Esse processo, claro, não é evidente, e a situação parece ser uma forma de autoengano que tem sido amplamente aceita; a noção de que, se existe uma teoria que explique um movimento, ele se torna arte.
Se as pessoas observarem atentamente as diferenças entre a arte de vanguarda e a arte tradicional, perceberão que os artistas da Renascença não apenas usaram a arte para louvar a Deus, como também produziram obras de grande beleza que geraram sentimentos de verdade e bondade no coração humano e assim conservaram a moralidade da sociedade.
Por outro lado, as várias formas degeneradas da arte de vanguarda tentam reverter todas as conquistas do Renascimento. Elas levam as pessoas a se sentirem atraídas pela fealdade, o que desperta a natureza demoníaca nas pessoas: predominam pensamentos obscuros, decadentes, depravados, violentos, malignos. A depreciação do Divino levou as pessoas a se afastarem não apenas de Deus, mas também da sua própria divindade interior, da comunidade, dos valores tradicionais e da moralidade. [30]
d. A perversão da literatura
A literatura é uma forma especial de arte. Ela usa a língua ou idioma para transmitir a sabedoria que o Divino concedeu à humanidade e também serve para registrar as preciosas experiências de vida da humanidade. As duas grandes obras épicas do mundo grego antigo, a Ilíada e a Odisseia, retrataram os complexos fatos históricos que se desenrolaram durante e após a Guerra de Tróia, retratando vividamente os deuses e os homens, e assim pintando uma grande tela da história. Virtudes como coragem, generosidade, sabedoria, justiça e temperança, louvadas nos épicos, tornaram-se uma fonte importante do sistema de valores dos gregos e de toda a civilização ocidental.
Tendo em vista a grande influência da literatura sobre a humanidade, elementos malignos controlam as pessoas, principalmente as pessoas que buscam fama e fortuna, para engendrar e promover obras de literatura que transmitam a ideologia do comunismo, desvalorizem a cultura tradicional, destruam a moralidade das pessoas e difundem pessimismo, lixo e uma atitude de passividade e falta de sentido na vida. A literatura tornou-se uma das principais ferramentas utilizadas pelos elementos comunistas para controlar o mundo.
Algumas obras influentes promovem diretamente a ideologia comunista. Depois que a Comuna de Paris foi reprimida, um dos seus membros, Eugene Pottier, escreveu “A Internacional”, que diz: “Nunca houve nenhum salvador do mundo, nem divindades, nem imperadores nos quais se pudesse confiar.” E proferiu a seguinte ameaça: “O velho mundo será destruído!” “A Internacional” tornou-se a canção oficial da Primeira e Segunda Internacional, bem como o hino do Partido Comunista Chinês. Ela é amplamente usada em reuniões e em trabalhos literários em países comunistas no mundo inteiro.
Durante a história da União Soviética e do Partido Comunista Chinês, com a finalidade de fazer uma lavagem cerebral na população em geral, os partidos comunistas instruíram os seus intelectuais para retratarem, por meio de técnicas tradicionais, a vida do proletariado e o conceito de consciência de classe para explicar a ideologia e as políticas do partido comunista. Isso deu origem a um grande número de obras literárias, incluindo os romances soviéticos “A inundação de ferro” e “Como o aço foi temperado”, e as obras do PCC “A canção da juventude”, “O Sol brilha no rio Sanggan”, dentre outras, que tiveram enorme impacto como propaganda. O Partido Comunista chama o estilo dessas obras de “realismo socialista”. Mao Tsé-tung definiu a função desse tipo de literatura como sendo para “servir aos trabalhadores, agricultores e soldados” e para “servir ao proletariado”. [31] A capacidade desse tipo de literatura de instilar a ideologia é óbvia e bem compreendida. No entanto, os métodos pelos quais o comunismo usa a literatura para destruir a humanidade não se limitam a isso.
A seguir, resumimos alguns dos principais efeitos da literatura influenciada pelo comunismo.
Usando a literatura para destruir a tradição. Um passo importante na destruição da humanidade tem sido difamar a civilização tradicional que o Divino concedeu à humanidade. Seja na China ou no Ocidente, os elementos comunistas usam intelectuais com pensamentos modernos para criar e promover obras que distorcem ou denigrem a cultura tradicional.
Durante o Movimento Nova Cultura, na China, o autor Lu Xun tornou-se famoso por atacar visceralmente a tradição e denunciar a antiguidade chinesa. No seu primeiro romance “O diário de um louco”, ele valeu-se do protagonista para declarar que toda a história chinesa poderia ser resumida a uma palavra: “canibal”. Lu Xun foi elogiado por Mao Tsé-tung como sendo “o maior e mais corajoso estandarte do novo exército cultural” e “comandante da revolução cultural da China”. Mao ainda acrescentou que: “O caminho que ele tomou foi o caminho da nova cultura nacional da China.” [32]
Na Europa, em 1909, o poeta italiano Marinetti publicou o “Manifesto Futurista” que tinha por finalidade romper totalmente com a tradição e celebrar as máquinas, a tecnologia, a velocidade, a violência e a competição. Em 1913, o poeta e comunista russo Vladimir Maiakovski publicou “Uma bofetada no gosto do público”, expressando também a sua determinação de romper com a literatura tradicional russa.
Defendendo retratações medonhas como sendo a “realidade”. Atualmente, intelectuais e artistas usam a literatura e as artes para retratar coisas ou cenas feias, estranhas e aterrorizantes, alegando que se trata apenas de ser fiel à realidade.
A arte tradicional transmite harmonia, graça, clareza, moderação, decoro, equilíbrio, universalidade e ideais, o que requer seleção e escolha. Na visão dos artistas modernos, essas obras não podem ser consideradas reais. Esse ponto de vista, na verdade, é consequência de um mal-entendido sobre a origem e a função da arte. A arte tem origem na vida cotidiana, mas deve transcender a vida cotidiana para poder deleitar e instruir. Por causa disso, os artistas devem selecionar, refinar e processar o que eles querem retratar durante o processo criativo. Focar a atenção apenas no “realismo” restringe artificialmente as fronteiras da vida e da arte. Se esse tipo de realismo absoluto é arte, então o que todo mundo vê e ouve é tudo arte. Nesse caso, por que gastar tempo e dinheiro formando artistas?
Usando a literatura para corromper os valores morais. Pretextos como “expressar o verdadeiro ser”, “dar vazão à consciência” e coisas do gênero levam as pessoas a abandonarem os padrões morais tradicionais e a se entregarem ao lado demoníaco da natureza humana. Um exemplo disso é o que o comunista e poeta francês André Breton escreveu no “Manifesto Surrealista”, que define a sua nova literatura: “Automatismo psíquico puro pelo qual se propõe exprimir, seja verbalmente, seja por escrito, seja de qualquer outra forma, o funcionamento real do pensamento. Ditado pelo pensamento, na ausência de todo o controle exercido pela razão, fora de toda a preocupação estética ou moral.” [33]
A narrativa baseada no “fluxo de consciência” e a “narrativa automática” surrealista estão intimamente relacionadas. Influenciados pela psicopatologia de Sigmund Freud, alguns escritores ocidentais começaram a experimentar com a técnica de escrita do fluxo de consciência a partir do início do século 20. Esses escritos possuem em geral roteiros simples e abordam os processos de pensamentos internos e privados de personagens insignificantes (anti-heróis), por meio de narrativas compostas de pensamentos livres.
Os seres humanos possuem simultaneamente o potencial para o bem e para o mal. Uma vida deve ser dedicada à constante elevação dos padrões morais e ao cultivo da virtude por meio do autocontrole. Na sociedade moderna, muitas pessoas experimentam maus pensamentos e desejos. Expô-los ao consumo público equivale a poluir a sociedade.
Desencadeando o lado negro do ser humano como “crítica” e “protesto”. Escritores e artistas do mundo ocidental livre, sob a influência do sentimento antitradicionalista, consideram todas as leis, regulamentos e códigos morais como restrições e repressões. Eles percebem os problemas na sociedade moderna e as fraquezas da natureza humana, mas ao invés de lidar com eles racionalmente, promovem o individualismo extremo, por meio de críticas e protestos, entregando-se a seus desejos pessoais. Eles usam meios degenerados para expressar a chamada resistência, ao mesmo tempo que fortalecem o lado obscuro da sua natureza, entregando-se ao ódio, à preguiça, ao desejo, à luxúria, à agressão e à busca da fama. A falta de autocontrole moral não resolve os problemas sociais. Ao contrário, ela os agrava.
Durante o movimento de contracultura da década de 1960, o poeta americano Allen Ginsberg tornou-se o representante da chamada “geração Beat” e ainda hoje é adorado por aqueles que desejam se rebelar contra a sociedade. Seu poema “Howl” (Uivo) retrata estilos de vida e estados mentais extremos, incluindo alcoolismo, promiscuidade sexual, drogas, sodomia, automutilação, prostituição, estupro, agressão violenta, roubo, vagabundagem e loucura. À medida que o movimento da contracultura se institucionalizou, “Howl” passou a ser considerado um clássico literário e foi incluído em inúmeras coleções de literatura. Ginsberg admitiu que ele era comunista na juventude e que não se arrependia. [34] Ele idolatrava Fidel Castro e outros ditadores comunistas e promoveu amplamente a homossexualidade e a pedofilia. Ginsberg é uma clara manifestação do denominador comum entre o comunismo e o individualismo extremo.
Disseminando a pornografia por meio da literatura. A partir do início do século 20, conteúdo explicitamente sexual começou a aparecer nas obras literárias, e algumas dessas obras com esse conteúdo foram consideradas clássicos. Muitos comentaristas e especialistas em literatura deixaram de lado as suas responsabilidades sociais e elogiaram essas obras pornográficas, afirmando que se tratava de verdadeiras obras de arte. Sabemos que muitos valores morais tradicionais funcionam por meio da abstinência. Eliminar essas restrições, com qualquer tipo de justificação supostamente nobre, enfraquece e destrói a moralidade.
Desumanizando as pessoas por meio da literatura. Nas últimas décadas, à medida que a cultura foi se tornando mais confusa, surgiram diversos gêneros de ficção, incluindo thrillers e obras de horror, o sobrenatural e a fantasia. Por meio dessas obras, elementos inferiores podem controlar a mente e o corpo das pessoas, acarretando a desumanização dos seres humanos.
É dito que “gelo com um metro de espessura não se forma em apenas um dia frio”. Da mesma forma, é necessário um longo tempo e o envolvimento de muitas áreas para que a literatura se degrade a ponto de se tornar um instrumento do mal. O romantismo ampliou a presença da literatura na vida das pessoas, ao passo que alguns fenômenos desagradáveis e bizarros, como certos estados mentais humanos extremos e insanos, foram expostos para o consumo público. Vários poetas românticos britânicos foram apelidados de “The Satanic School” (A Escola Satânica) por causa do conteúdo imoral dos seus poemas.
O realismo usa a desculpa de descrever a realidade para expressar o lado degenerado da natureza humana. Certas obras enfatizam pensamentos distorcidos e conduta imoral. Um crítico chamou o realismo de “um romantismo que anda de quatro”. [35] A filosofia do naturalismo, promovida por Jean-Jacques Rousseau, por exemplo, atribuía o declínio da moralidade humana ao ambiente social e à genética familiar, retirando assim a responsabilidade moral do indivíduo. O esteticismo exige “a arte pela arte”, afirmando que a arte é destinada a simplesmente fornecer estímulo sensorial e não tem nenhum imperativo moral.
De fato, toda arte tem efeitos sutis, profundos e duradouros sobre a moralidade. Negar a responsabilidade moral da arte é abrir a porta para o surgimento de coisas imorais. Não podemos negar o fato de que diferentes escolas de literatura geraram obras de alta qualidade, mas também algumas obras deploráveis. Embora não se possa afirmar que elementos comunistas manipularam diretamente essas tendências na literatura, os elementos negativos resultam obviamente do declínio dos padrões morais. Eles abriram caminho para a ideologia comunista destruir a humanidade por meio da literatura.
Quando uma pessoa escreve, seu padrão moral e estado mental se refletem no que ela escreve. Com o declínio geral da moralidade humana, o estado mental predominante dos escritores é negativo. Esse estado mental deu origem a numerosas obras que, em vez de propagar a bondade das pessoas, as conduz ao inferno.
Conclusão
O poder da arte é enorme. A boa arte pode corrigir o coração humano, elevar a moralidade, harmonizar o yin e o yang e até mesmo possibilitar que os seres humanos se conectem com o Céu, a Terra e os seres divinos.
No século passado, o espectro do comunismo aproveitou-se da natureza demoníaca e da malícia do ser humano, gerando enorme variedade de “obras de arte”. As pessoas foram estimuladas a se revoltar e blasfemar contra Deus, a se opor à tradição e a acabar com a moralidade. A consequência disso foi tornar grande parte da sociedade demoníaca, o que seria profundamente chocante para qualquer pessoa que viveu em épocas anteriores.
Comparadas às artes tradicionais, de profunda beleza, as artes modernas são extremamente feias. Os padrões estéticos dos seres humanos foram destruídos. A arte de vanguarda tornou-se dominante e é financiada por vastas somas de dinheiro. As artes tradicionais, nobres, tornaram-se motivo de chacota. As artes foram transformadas em um veículo por meio do qual as pessoas se entregam a seus desejos e dão vazão à sua natureza demoníaca. O limite entre beleza e fealdade, graça e vulgaridade, bondade e maldade, tornou-se pouco claro ou foi até mesmo apagado. A aberração, o caos e a escuridão tomaram o lugar dos valores universais. A sociedade humana está repleta de mensagens demoníacas, e os seres humanos estão sendo levados a um caminho de decadência e destruição.
Somente com a elevação da moralidade e o retorno à fé e à tradição, a humanidade será capaz de testemunhar outro renascimento nas artes. E então veremos a beleza, a nobreza e o esplendor daquilo que a arte pode ser e do que ela está destinada a ser.
Referências bibliográficas:
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[10] Mao Tse-tung, “Talks at the Yenan Forum on Literature and Art”, n.d. [acessado em 10 de julho de 2018], https://www.marxists.org/reference/archive/mao/selected-works/volume-3/mswv3_08.htm
[11] Robert Florczak, Why Is Modern Art So Bad?, PragerU, http://y2u.be/lNI07egoefc
[12] Herbert Marcuse, The Aesthetic Dimension: Toward a Critique of Marxist Aesthetics (Boston: Beacon Press, 1978), p. ix.
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[15] Pablo Picasso, “Why I Became a Communist”, The New Masses, 24 de outubro de 1944, p. 11, https://www.unz.com/print/NewMasses-1944oct24-00011/. Confira também “Picasso, the FBI, and Why He Became a Communist”, On Archiving Schapiro, 24 de fevereiro de 2010 (Columbia University Libraries) [acessado em 11 de julho de 2018], https://blogs.cul.columbia.edu/schapiro/2010/02/24/picasso-and-communism/
[16] Robert Hughes, The Shock of the New: The Hundred-Year History of Modern Art—Its Rise, Its Dazzling Achievement, Its Fall (London: Knopf, 1991), p. 24. Confira também https://www.moma.org/learn/moma_learning/pablo-picasso-les-demoiselles-davignon-paris-june-july-1907
[17] Richard Huelsenbeck & Raoul Hausmann, “What Is Dadaism and What Does It Want in Germany?” in Robert Motherwell, ed., The Dada Painters and Poets: An Anthology, 2ª ed., (Cambridge, Mass.: Belknap Press, 1989).
[18] Michael Wing, “Of ‘-isms,’ Institutions, and Radicals: A Commentary on the Origins of Modern Art and the Importance of Tradition”, The Epoch Times, 16 de março de 2017, https://www.theepochtimes.com/of-isms-institutions-and-radicals_2231016.html
[19] Katherine Brooks, “One of The World’s Most Controversial Artworks Is Making Catholics Angry Once Again”, Huffington Post, 13 de maio de 2014, https://www.huffingtonpost.com/2014/05/13/piss-christ-sale_n_5317545.html
[20] “Joseph Beuys: The Revolution Is Us”, Tate, https://www.tate.org.uk/whats-on/tate-liverpool/exhibition/joseph-beuys-revolution-us
[21] Ben Cade, “Zhu Yu: China’s Baby-Eating Shock Artist Goes Hyperreal”, Culture Trip, n.d. [acessado em 26 de julho de 2018], https://theculturetrip.com/asia/china/articles/zhu-yu-china-s-baby-eating-shock-artist-goes-hyperreal/
[22] Brad Smithfield, “‘The World Is Not Big Enough for Me and a Picasso’: The life and Artwork of John William Godward”, The Vintage News, January 10, 2017, https://www.thevintagenews.com/2017/01/10/world-not-big-enough-picasso-life-artwork-john-william-godward/
[23] Walter Frisch, ed., Schoenberg and His World (Princeton, N.J.: Princeton University Press, 1999), p. 94.
[24] Norman Lebrecht, “Why We Are Still Afraid of Schoenberg”, The Lebrecht Weekly, 8 de julho de 2001, http://www.scena.org/columns/lebrecht/010708-NL-Schoenberg.html
[25] Golan Gur, “Arnold Schoenberg and the Ideology of Progress in Twentieth-Century Musical Thinking”, Search: Journal for New Music and Culture 5, verão de 2009, http://www.searchnewmusic.org/gur.pdf
[26] Ibid.
[27] David A. Noebel, The Marxist Minstrels: A Handbook on Communist Subversion of Music, pp. 44–47.
[28] Jon Caramanica, “The Rowdy World of Rap’s New Underground”, The New York Times, 22 de junho de 2017, https://www.nytimes.com/2017/06/22/arts/music/soundcloud-rap-lil-pump-smokepurrp-xxxtentacion.html
[29] “Politics and the Dancing Body”, Library of Congress, https://www.loc.gov/exhibits/politics-and-dance/finding-a-political-voice.html
[30] Michael Minnicino, “The New Dark Age: The Frankfurt School and ‘Political Correctness’”, reprinted from Fidelio Magazine, primavera de 1992 [acessado em 13 de agosto de 2018], http://archive.schillerinstitute.org/fid_91-96/921_frankfurt.html
[31] Mao Zedong, “Talks at the Yenan Forum on Literature and Art”, 2 de maio de 1942, in Selected Works of Mao Tse-tung (Marxists.org), https://www.marxists.org/reference/archive/mao/selected-works/volume-3/mswv3_08.htm
[32] Mao Zedong, “On New Democracy”, janeiro de 1940, in Selected Works of Mao Tse-tung (Marxists.org) [acessado em 13 de agosto de 2018], https://www.marxists.org/reference/archive/mao/selected-works/volume-2/mswv2_26.htm
[33] André Breton, “Manifesto of Surrealism”, https://www.tcf.ua.edu/Classes/Jbutler/T340/SurManifesto/ManifestoOfSurrealism.htm
[34] Allen Ginsberg, “America”, in Collected Poems, 1947–1980 (HarperCollins Publishers Inc., 1984) https://www.poetryfoundation.org/poems/49305/america-56d22b41f119f
[35] Irving Babbitt, Rousseau and Romanticism (Boston: Houghton Mifflin, 1919), p. 104, https://archive.org/details/rousseauromantic00babbuoft; http://www.gutenberg.org/ebooks/50235
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