(Minghui.org) Ao longo da história, o Himalaia tem sido a terra de muitos cultivadores. As pessoas que vivem ali levam uma vida simples, modesta e todos cantam e dançam. Eles veneram a Lei do Buda. Quase um milênio atrás, nessa região havia um cultivador chamado Milarepa. Enquanto que muitos Budas e Bodisatvas precisavam reencarnar durante muitas vidas e passarem por muitas calamidades antes de obterem a Perfeição, Milarepa alcançou a poderosa virtude suficiente para tal em uma única vida e, mais tarde, veio a ser conhecido como fundador da Via Branca do Budismo Tibetano.

(Continuação da parte 10)

O monge Tsakpuwa tinha uma amante. Ele pediu a essa mulher para colocar veneno no queijo e levá-lo ao Venerável para matá-lo. Ele prometeu dar-lhe um grande pedaço de jade em troca. A mulher acreditou nele e levou o queijo envenenado para o Venerável como uma oferenda.

O Venerável já sabia disso. Vendo o relacionamento predestinado, sabia que aqueles com afinidade predestinada já haviam sido salvos. Embora o veneno não pudesse prejudicá-lo, o nirvana estava próximo, então decidiu aceitar o veneno como uma oferenda. O Venerável também sabia que, se a mulher não recebesse o jade, depois de lhe dar o queijo envenenado, ela não conseguiria mais tarde ganhar o jade, porque Tsakpuwa nunca lhe daria. Então o Venerável disse à mulher: “Não aceitarei isso agora. Se você vier depois, provavelmente eu o aceite”.

Ouvindo as palavras do Venerável, a mulher ficou atordoada e com medo. Ela suspeitava que o Venerável já soubesse que o queijo estava envenenado. Nervosa e inquieta, ela foi embora.

Depois de ver Tsakpuwa, a mulher contou-lhe o que aconteceu e disse que o Venerável deveria ter poderes sobrenaturais e é por isso que ele não aceitou o queijo”.

Tsakpuwa respondeu: “Ei! Se tivesse poderes sobrenaturais, ele não pediria que você levasse mais tarde. Ou teria dito para você comer. Em vez disso, ele pediu para você levar mais tarde. Isso mostra claramente que ele não tem poderes sobrenaturais. Agora pegue este jade e leve o queijo. Desta vez, certifique-se de que ele coma!” Então ele deu lhe a jade.

A mulher disse: “Todos acreditam que ele deve ter poderes sobrenaturais. Como ele os tem, ele não comeu queijo ontem. Se levar hoje, não vai comer nada. Estou com tanto medo, não me atrevo a ir. Não quero o jade agora. Por favor, me perdoe. Não posso fazer isso por você”.

Tsakpuwa disse: “Somente os tolos acreditariam que ele tem poderes sobrenaturais. Eles não leem as escrituras, não têm lucidez e são enganados por suas mentiras. Nas escrituras que li, as pessoas que têm poderes sobrenaturais não são como ele. Garanto que não tem poderes sobrenaturais. Agora vá e leve o queijo envenenado para que ele coma. Se tivermos sucesso, não decepcionarei você. Estamos apaixonados há tanto tempo e acho que não precisamos mais nos preocupar com rumores. Se conseguir fazer isso, me casarei com você. Não apenas o jade será seu, mas você também será responsável pelas minhas propriedades dentro e fora de casa. Quer sejamos ricos ou pobres, estaremos juntos até o fim. Você aceita?”.

A mulher acreditou nele. Novamente ela colocou veneno no queijo e o levou para o Venerável como uma oferenda. O venerável sorriu e aceitou. A mulher pensou: “O monge estava certo. Ele não tem poderes sobrenaturais”.

O venerável sorriu e disse: “O preço para fazer isso, o jade, você conseguiu?”

Ouvindo essas palavras, a mulher ficou tão assustada que ficou muda e sem palavras. Culpada e assustada, todo o seu corpo tremeu e ela ficou pálida. Ela se prostrou e disse tremendo: ‘Tenho o jade, mas, por favor, não coma aquele queijo. Devolva-o para mim”.

O Venerável disse: “O que você quer para isso?”

Ela gritou: “Devolva-o para mim, já que cometi o pecado, eu o comerei”.

O Venerável respondeu: “Primeiro, não posso suportar vê-la comer, porque só tenho compaixão por você. Segundo, se recusar-me a comer sua oferenda, estaria violando as regras de Bodisatva com essa infração fundamental. Além disso, completei as tarefas que tinha para mim, para outros, ofereci a salvação e é hora de ir para outro mundo. De fato, sua oferenda não pode me prejudicar e não faz diferença se a comer ou não. Se tivesse comido esse queijo da última vez, provavelmente você não teria recebido o jade. Então não o fiz. Agora que tem o jade na mão, posso comer sua oferenda sem preocupação e você ficará satisfeita. E há outras coisas que ele lhe ofereceu, isso e aquilo depois que fizesse isso. Mas suas palavras não são confiáveis. Quanto ao que ele disse sobre mim, nada disso é verdade. Vocês dois depois vão se arrepender. Até lá, a melhor opção para você é arrepender-se e aprender o dharma seriamente. Ou, pelo menos, recorde-se, dos assuntos relacionados à vida e à morte, não cometa esse tipo de pecado no futuro! Agora pode sinceramente orar a mim e à minha linhagem”.

“Você desistiu por duas vezes da felicidade e buscou o sofrimento. Desta vez, prometo limpar os pecados que você cometeu em seu nome. Mais cedo ou mais tarde, as pessoas saberão o que fez no momento. Para sua segurança, por favor, não conte a ninguém antes da minha morte. Agora, sou um homem velho e não perceberam se o que eu disse no passado era verdade ou não. Então, talvez não acreditem em minhas palavras. Desta vez você vê com seus próprios olhos. Saberá que o que eu disse é verdade”. Após dizer isso, o Venerável comeu o queijo.

A mulher retornou e contou a Tsakpuwa, que disse: “O que você vê na panela pode não ser um prato delicioso; o que escuta dos outros pode não ser verdade. Enquanto ele comia o queijo envenenado, alcancei meu objetivo. Então cale a boca e fique quieta”.

Assim, o Venerável espalhou a palavra por Drin e Nyanam, pedindo aos crentes, mendigos, e pessoas de outros lugares que não o tinham visto anteriormente, para virem. Seus discípulos, que estavam se preparando para um encontro do dharma, ouviram isso sem acreditar. Todos vieram e o Venerável ensinou-lhes o dharma por vários dias seguidos. Explicou em detalhes a causa e o efeito da realidade convencional, bem como os fundamentos da realidade final. Enquanto ensinava, muitos de seus discípulos com faculdades superiores viam incontáveis Budas e Bodisatvas ouvindo o dharma no céu; alguns viam uma audiência humana e não-humana por todo o céu e na terra ouvindo alegremente. As pessoas também viram um arco-íris de cinco cores, bandeiras de vitória e nuvens coloridas no espaço vazio. Flores de cinco cores desciam do céu como chuva, com explosões de fragrâncias. Uma música agradável também vinha do céu.

Alguns discípulos perguntaram ao Venerável: “Também vimos seres celestiais escutando o dharma no céu e no espaço vazio. Também vimos símbolos incomuns e maravilhosos. O que exatamente eles são?”

O Venerável respondeu: “Os seres celestiais e divindades benevolentes estavam ouvindo meu ensinamento e fizeram oferendas dos cinco prazeres sensoriais. Como vocês são todos praticantes yogues e crentes com uma boa qualidade inata, estão felizes em seus corações e viram estes augúrios auspiciosos”.

Alguns perguntaram: “Por que não podemos ver esses seres celestiais?”

O venerável disse: “Entre os seres celestes, algumas são Bodisatvas e alguns chegaram a um estado de não regressão. Para vê-los, precisam de um tianmu com suficiente virtude e sabedoria e sem muitos obstáculos cognitivos e aflitivos. Se alguém pudesse ver Budas e Bodisatvas, naturalmente veria outras divindades. Para poderem ver Budas e Bodisatvas, precisam se arrepender e acumular virtude. Trabalhando duro na prática, vocês certamente verão o mais espetacular Buda: sua própria mente”.

Quando o Venerável terminou, as pessoas com maiores faculdades tiveram iluminações mentais como uma realidade corpórea; aqueles com capacidade média tiveram um grande sentimento de alegria, clareza e vazio. Todos tinham uma forte determinação para a perfeição espiritual (Bodhi).

O Venerável disse: “Lamas, leigos, todos e seres celestiais: esta reunião do dharma é possível pela boa vontade de vidas passadas. Esta é uma reunião devido ao dharma e aos relacionamentos predestinados. Estou velho e fraco. É difícil dizer se nos encontraremos novamente neste mundo. Mas o que tenho dito é tudo verdade. Espero que sejam capazes de praticarem com base no dharma. No meu paraíso celestial, quando eu alcançar a Perfeição, todos serão os discípulos que me ouviram ensinar nesta primeira reunião. Então fiquem felizes!”

Os discípulos em Nyanam perguntaram ao Venerável por que ele fez este lembrete. Foi porque a salvação dos seres estava completa e era o tempo do nirvana? Eles imploraram ao Venerável que, se o nirvana se aproximasse, ele o faria em Nyanam ou, pelo menos, visitasse o lugar uma vez. Eles choraram e insistiram que o Venerável fosse a Nyanam. As pessoas em Drin, Chubar e outras regiões também imploravam ao Venerável que fosse para suas regiões.

O Venerável disse: “Um homem velho como eu não irá a Nyanam. Esperarei a morte em Drin e Chubar. Vamos fazer um bom voto, esperando que todos possam se encontrar nas terras puras das Dakinis no futuro”.

Os discípulos disseram: “Se o Mestre realmente não pode ir, esperamos que o Mestre possa fazer um juramento para ajudar todos os lugares visitados anteriormente com bênçãos. Todas as pessoas e seres que viram o Mestre ou ouviram o Mestre anteriormente, estão implorando ao Mestre a fazer um voto de ajuda e bênção”.

O Venerável respondeu: “Estou muito comovido ao ver que vocês tenham tanta fé. Por muito tempo lhes ensinei o dharma com compaixão. No futuro, farei um voto pela alegria e minha felicidade, a dos outros e a de todos os seres”. O Venerável então cantou uma canção sobre os votos.

As pessoas na plateia que escutavam o dharmas se preencheram de alegria. Não se atreveram a acreditar, pensando: “O Mestre provavelmente não entrará no nirvana”. As pessoas, incluindo os discípulos de Nyanam, foram até ao Venerável pedir ajuda e bênçãos. O público saiu, enquanto os maravilhosos sinais que incluíam o arco-íris no céu gradualmente desapareciam.

O povo de Drin pediu sinceramente aos principais discípulos do Venerável, como Zhiwa O, que lhe implorassem para que vivesse em Rekpa Dukchen. O Venerável permaneceu lá por algum tempo, ensinando o dharma às pessoas que faziam doações. Um dia, o Venerável disse a todos os seus discípulos: “Se tiverem alguma dúvida sobre o dharma, por favor, perguntem-me agora. Partirei em breve”. Os discípulos prepararam um ritual de adoração para o Venerável, durante o qual fizeram perguntas de esclarecimento e perguntaram sobre os ensinamentos orais. Enfim, Seban e outro discípulo perguntaram: “Mestre, pelo que nos disse, logo alcançará o nirvana. Apenas podemos acreditar tristemente nisto. Esperamos que possa viver mais tempo no mundo, para beneficiar mais os seres.”

O Venerável respondeu: “Minha vida está chegando ao fim. Os seres que deveriam ser salvos foram salvos. Qualquer coisa que venha do nascimento terá a morte. Na verdade, o nascimento é apenas uma manifestação da morte”.

Alguns dias depois, o Venerável teve sintomas de doença como esperado. Seu discípulo Ngandzong Repa reuniu todos aqueles que davam oferendas e os outros discípulos. Eles realizaram um ritual para o Mestre, as Divindades, as Dakinis e os Guardiões Celestes. Disseram ao Venerável: “Mestre, você conhece os métodos para a longevidade e a medicina. Poderia externar sua bondade e usá-los?”

O Venerável disse: “Fundamentalmente falando, os yogues não precisam de tais métodos. Todas as condições adversas e favoráveis são formas que incluem a doença e a morte. Especialmente eu, Milarepa, que completei a prática do dharma do Mestre Marpa. Não há necessidade destes métodos nem de buscar ajuda das divindades. Posso transformar os inimigos em esposas amorosas. Qual é o propósito dos rituais que pedem ajuda para as Bodisatvas? Quanto a esses demônios e fantasmas, os enviei há muito tempo e os transformei em guardiões celestiais. Portanto, os encantamentos desse tipo são ainda mais inúteis. Troquei os Cinco Venenos – ignorância, apego, aversão, orgulho e inveja – pelos Cinco Budas Dhyani, Akshobhya, Ratnasambhava, Amituo, Amoghasiddhi e Vairocana, isto é, a sabedoria das cinco qualidades, prática perfeita, equanimidade, observação, reflexão e meditação Dharma-Real Mudra. Por que ainda preciso de medicação? Agora chegou a hora da transformação sequencial em um corpo de Buda, com a realidade entrando nas etapas de conclusão e iluminação da natureza pelo dharma. Não há necessidade de mudar isso”.

“Devido à retribuição do carma anterior pelas más ações, as pessoas neste mundo sentem dores, incluindo o nascimento, o envelhecimento, a doença e a morte. Mesmo com remédios ou rituais, não podem escapar do sofrimento. Não importa quão poderoso é um rei, quão forte é um guerreiro, quão rica é uma pessoa, quão bela é uma mulher, quão inteligente é um intelectual, quão eloquente é um orador, todos terminarão desaparecendo com a morte. Estes não podem ser salvos por meio da pacificação, do enriquecimento, da magnetização e da subjugação. Se você teme a dor e gosta da alegria, tenho uma maneira de que desfrute viver confortavelmente sem dor”.

Os discípulos perguntaram: “O Mestre poderia falar sobre isso?”

O Venerável disse: “De acordo com todo o dharma sobre a reencarnação, a existência se degenerará, os convocados eventualmente se dispersarão, o nascimento se transformará em morte e os amantes acabarão se separando. Se alguém tiver uma compreensão decisiva disso, deve abandonar completamente os fatos que trazem consequências ruins. Isto é, parar de perseguir fortuna ou buscar lucros, seguir um Mestre bem qualificado e praticar os fundamentos da ‘não existência’ com base nos ensinamentos. Deve saber que a prática da não existência e o vazio é a mais sagrada de todas as práticas. Também tenho outras coisas importantes a dizer e as direi mais tarde”.

Zhiwa O e Ngandzong Repa disseram: ‘Mestre, se está saudável e se viver mais tempo neste mundo, não poderia salvar mais seres? Talvez não concorde com nosso pedido de viver cem anos. Mas, não importa o que aconteça, por favor, considere os rituais extraordinários do Mantra Secreto e tome um remédio para uma recuperação mais rápida”. Eles imploraram repetidamente.

O Venerável respondeu: “Se o tempo e as condições não estivessem prontos, poderia ter feito o que me sugerem. Mas, se alguém convida os Budas e as Bodisatvas a virem para a sua própria longevidade em vez de beneficiarem os outros, é o mesmo que pedir ao rei para deixar o trono e trabalhar para você como um servo. Isso é pecaminoso. Então, não deveria praticar Mantrayana somente para si ou para esta vida. Seria ótimo praticar Mantrayana em nome de outros seres. Para ajudar todos os seres, passei toda a minha vida nas montanhas remotas praticando os rituais mais completos, de modo que não preciso mais de outros rituais. Minha mente alcançou a mesma natureza fundamental do dharma e são inseparáveis. Portanto, não preciso de formas para permanecer neste mundo. Com os versos e remédios do Mestre Marpa, erradiquei completamente os Cinco Venenos em mim, o que significa que não é preciso mais remédio. Se não podem considerar condições adversas favoráveis, não são verdadeiros discípulos. Quando a hora ainda não chegou, a medicina e os rituais são apropriados se houver condições adversas como obstáculos à iluminação. Existem alguns precedentes em que condições adversas foram eliminadas e transformadas em condições favoráveis. Para oferecer salvação a seres de baixa qualidade, Buda Sakyamuni certa vez aceitou o diagnóstico e a medicina de Jivaka Kumara. Mas, quando o tempo e as condições estavam prontos, o próprio Buda também se manifestou entrando no nirvana. Neste momento, meu tempo e minhas condições estão prontas, então não há necessidade de remédios ou rituais”.

Dois grandes discípulos lhe perguntaram: “Mestre, você está indo para outro mundo para beneficiar os seres? Poderia nos dizer como devemos lidar com isso, como adorá-lo durante o nirvana, cuidar do corpo, produzir estátuas e construir uma stupa (um monumento funerário construído para manter as cinzas do Buda)? Também, por favor, diga-nos como meditar e praticar com a audição, o pensamento e o cultivo”.

O Venerável respondeu: “Com a bondade e as virtudes do Mestre Marpa, todas as minhas atividades relacionadas à reencarnação e ao nirvana estão completas. Um yogue cuja mente, fala e corpo foram libertados no dharma, não precisa deixar o corpo para trás. Não há necessidade de produzir estátuas ou construir uma stupa, não tenho nenhum apego aos templos, sem um templo, não há necessidade de encontrar alguém como um abade. Você pode tratar áreas remotas em altas montanhas ou montanhas nevadas como seus templos. Quando meditam com compaixão pelos seres nos seis reinos, essa seria a estátua mais extraordinária das quatro estações. Alcançar uma compreensão completa da natureza pura original do dharma é o mesmo que construir uma stupa e bandeiras. Manter o mesmo discurso e a mesma mente em orar das profundezas do seu coração é a melhor oferenda.”

"Estar com aqueles que estão profundamente aflitos e apegados a si mesmos fazendo coisas que afligem os seres, vai contra o comportamento básico de um praticante do dharma. Dominar os Cinco Venenos e beneficiar os seres, pode parecer que se está fazendo más ações na superfície, enquanto realmente se está segindo o caminho do Buda, isso estaria bom”.

“Se alguém só conhece o dharma sem realmente praticá-lo, seu conhecimento amplo se tornará um obstáculo, fazendo com que primeiro caia no abismo dos Três Reinos Inferiores no final. Portanto, por favor, pensem na impermanência de suas vidas, defendam diligentemente as boas ações e advirtam contra as más ações. Absolutamente não devem fazer más ações, mesmo que suas vidas tenham terminado. Simplificando, um praticante do dharma precisa saber o que é humilhação antes de seguir o caminho. Ao fazer isso, sua prática poderia contradizer alguns versos ou escrituras com um propósito perverso, mas se alinhar com a intenção dos Deuses e Deusas. Tudo o que é essencial sobre ouvir e pensar podem ser resumidos assim e acredito ser o suficiente. Se você pudesse agir de acordo com minhas palavras, eu ficarei feliz. Você pode obter uma compreensão completa de todas as atividades de reencarnação e do nirvana. Caso contrário, não faz sentido cumprir meu desejo com uma visão secular em formas mundanas”.

Profundamente comovidos, todos os discípulos aprenderam e memorizaram esses ensinamentos.

Depois de algum tempo, o Venerável parecia estar seriamente doente. O Geshe Tsakpuwa veio com bom vinho e carne, fingindo dar uma oferenda. Ele se aproximou do Venerável e o ridicularizou: “Ah! Com a capacidade de alcançar coisas tão grandiosas como o Mestre alcançou, não deveria ter uma doença tão grave. Como ficou doente? Se a doença pudesse ser compartilhada com outras pessoas, você poderia dividi-la entre seus principais discípulos. Ou se a doença pudesse ser transferida, por favor, a dê a mim. Agora não há nada que você possa fazer. Como podemos terminar com isso?”

O Venerável sorriu calmamente e disse: “Eu poderia ter evitado esta doença. Quanto ao por que veio de qualquer maneira, você deve estar claro. A doença de uma pessoa comum é diferente da de um yogue, tanto na natureza de sua vida, como em suas relações cármicas. A doença que tenho agora é essencialmente uma manifestação solene do dharma de Buda”.

Tsakpuwa achava que o Venerável poderia estar suspeitando dele, mas não tinha certeza. O Venerável disse que a doença poderia ser transferida, o que é totalmente infundado. Como a doença poderia ser transferida para outras pessoas neste mundo? E ele disse: “Não estou claro sobre o motivo da doença do Mestre. Se a doença é causada por fantasmas, um ritual que expulsa os demônios é necessário; se é porque os quatro grandes elementos estão descoordenados, o corpo deve ser tonificado e tomar medicação. Se a doença pode ser transferida para outras pessoas, Mestre, por favor, transfira para mim”.

O Venerável disse: “Há uma pessoa com grandes pecados. O demônio em sua mente saiu para me ferir, colocando meus quatro Grandes Elementos fora de coordenação e causando minha doença. Você não tem o poder de erradicar esta doença. Embora eu pudesse transferi-la para você, temo que você não suportaria nem por um momento. Então é melhor não fazer isso”.

Tsakpuwa pensou: “Esta pessoa não pode transferir a doença para os outros, então ele disse essas palavras sarcásticas. Tenho que constrangê-lo”. Então implorou uma e outra vez ao Venerável para transferir a doença.

O Venerável respondeu: “Já que você insiste, transferirei minha doença temporariamente para a porta que está à minha frente. Se a transfiro para você, você não poderia suportá-la. Agora, olhe atentamente”. Com seu poder divino, o Venerável transferiu a dor para a porta à sua frente. A princípio a porta deu um rangido, como se fosse se partir. Depois de algum tempo, partiu-se em pequenos pedaços. O Venerável, por outro lado, parecia não ter nenhuma doença”.

Tsakpuwa pensou: “Isto é magia para encobrir sua incapacidade de transferir a doença. Ele não pode me enganar”. E disse ao Mestre: “Ah, isso é realmente assustador! Mas, Mestre, por favor, transfira a doença para mim”.

O Venerável disse: “Já que você está implorando tanto, lhe darei metade da doença. Se transferir tudo para você, não poderá suportar”. Então ele transferiu metade da dor. Tsakpuwa imediatamente sentiu uma grande dor. Mal podia tremer ou respirar. Quando estava prestes a morrer, o Venerável recuperou a maior parte da doença que havia transferido a ele e disse: “Só lhe dei uma pequena parte da doença. Como foi? Você conseguiria resisti-la?”

“Depois de experimentar a dor severa, um forte arrependimento surgiu na mente de Tsakpuwa, que se ajoelhou, prostrou-se diante do Venerável e disse com lágrimas no rosto: “Mestre! Mestre! Agora, sinceramente me arrependo. Por favor, perdoe-me. Darei todos os meus bens ao Mestre como uma oferenda. Por favor, me ajude com as consequências dos meus pecados”, chorou com muita tristeza.

Ao vê-lo verdadeiramente se arrepender, o Venerável sentiu-se muito feliz e disse: “Não desejei terras nem propriedades durante a minha vida. Agora que estou morrendo, são ainda mais inúteis para mim. Pode mantê-las. Por favor, não cometa maus atos no futuro, mesmo se você morrer. Estou de acordo em ajudá-lo a resolver as consequências de seus pecados desta vez”.

Tsakpuwa disse ao Venerável: “Fiz más ações no passado, principalmente por dinheiro. Não preciso de dinheiro agora. Embora o Mestre não queira aceitar, os discípulos sempre precisam de ajuda para a prática. Por favor, aceite em favor deles”. Mesmo implorando, o Venerável não aceitou. Os discípulos aceitaram mais tarde e usaram os bens para realizar reuniões e até hoje essas reuniões ainda são realizadas em Chubar.

Desde então, Tsakpuwa surpreendentemente abandonou a ganância que cultivou durante toda a sua vida e tornou-se um bom praticante.

O Venerável disse aos seus discípulos: “O motivo de ter ficado aqui foi para ajudar essa pessoa com grandes pecados a se arrepender de verdade e libertar-se do sofrimento. Isso acabou e é hora de partir. Na verdade, se um grande praticante do dharma entrar no nirvana em uma aldeia, é como se um rei tivesse morrido no lugar de uma pessoa comum. Então irei para Chubar e morrerei lá”.

Seban Repa perguntou: “Mestre, está gravemente doente e lhe dói muito andar. Que tal acharmos um palanquim e o levarmos para lá?”

O Venerável disse: ‘Não estou realmente doente e minha morte não é uma morte real. São apenas as manifestações de doença e morte. Não há necessidade de algo como um palanquim. Jovens discípulos, já podem ir a Chubar”.

Quando os jovens discípulos chegaram a Chubar, o Venerável já esperava por eles lá. Alguns dos discípulos mais velhos disseram: “Fomos nós que acompanhamos o Mestre aqui”. Outro disse: “O Mestre estava doente e descansando em Rekpa Dukchen”. Alguns que davam donativos, que vieram depois diziam: “Vimos o Mestre ensinando o dharma em um dzong”. Outro que dava oferendas disse: “Vim com o Mestre”. Muitas pessoas diziam: “Cada um de nós adorava o Mestre em casa”. Aqueles que chegaram a Chubar, primeiro, diziam: “O Mestre veio primeiro a Chubar e nós o escoltamos até aqui”. Dessa forma, alguns disseram que o Mestre chegou mais tarde, outros disseram que ele estava ensinando o dharma e outros disseram que estavam adorando-o em casa. Eles discutiram um com o outro e não acreditaram um no outro. O Venerável ouviu tudo isso e disse com um sorriso: “Estão todos certos. Fiz isso porque queria brincar com vocês”.

(Continua na parte 12)