(Minghui.org) Em 2006, o jornal Epoch Times noticiou uma história assustadora sobre uma das mais horríveis atrocidades cometidas por um governo, não apenas na era moderna, mas em todos os registros da história. David Matas, notável advogado de direitos humanos, e David Kilgour, ex-secretário de Estado canadense para a região da Ásia-Pacífico, apresentaram um relatório investigativo intitulado Bloody Harvest, onde revelam provas contundentes do arrepiante papel do regime comunista chinês em sistematicamente assassinar praticantes do Falun Gong, extrair seus órgãos enquanto ainda vivos e lucrar enormemente com isso.
Em resposta ao clamor internacional, o regime chinês vem tentando explicar uma das principais evidências circunstanciais – em uma cultura que é notadamente avessa à doação de órgãos, o aumento meteórico do número de transplantes de órgãos nos últimos anos e o tempo de espera extremamente curto – declarando que os órgãos são extraídos dos criminosos condenados à pena de morte, após sua execução. Confrontados com evidências inegáveis, eles tentaram escapar da culpabilidade dessa atrocidade monstruosa, assumindo a autoria de crimes menores.
Neste relatório, mostraremos evidências que contradizem diretamente essa afirmação, dando um crédito maior às graves acusações levantadas contra o regime chinês.
Capítulo I. Quantos órgãos podem ser atribuídos aos criminosos condenados à morte?
1. Tendo como base dados históricos
2. Quantidade com base em “fórmula estimativa”
Capítulo II. Questões da compatibilidade de órgãos
1. Compatibilidade de tecidos
2. Probabilidade de compatibilidade do Antígeno Leucocitário Humano (HLA)
3. Probabilidade de compatibilidade de tipo sanguíneo
4. Requisitos de compatibilidade para o transplante de fígado
Capítulo III. Número de execuções de criminosos condenados à morte
1. Número anual de execuções de criminosos condenados à morte na China
2. De 2003 até agora, nenhuma grande e vigorosa campanha de repressão
Capítulo IV. Número de criminosos condenados à morte com órgãos adequados para transplantes
1. Compatibilidade de tecidos – um gargalo para os “doadores” do corredor da morte
2. Tempo crítico para congelamento exigido pela isquemia fria
3. Órgãos dos criminosos condenados à morte, recurso para pronta utilização.
4. Fatores que limitam o uso dos órgãos dos criminosos condenados à morte
5. Retirada de órgãos de criminosos condenados à morte segue “modelo judiciário”
6. Requerimentos legais para a classificação de “corpos não reivindicados”
Capítulo V. Em 2003, o mercado de transplante de órgãos na China disparou
Capítulo VI. De 2003 a 2006, condições de mercado sem precedentes para transplantes de órgãos
1. Períodos de espera extraordinariamente curtos, como nunca vistos antes
2. Valores altos fazem do transplante de órgão algo tremendamente lucrativo
3. A China se transformou em um centro mundial de turismo para transplante de órgãos
4. Um nicho de mercado decola dentro do limitado mercado de órgãos da China
5. Órgãos de alta qualidade usados para receptores estrangeiros
6. Súbito desaparecimento da abundante fonte de doadores após 2006
Capítulo VII. Fonte extra de órgãos
1. Características que provavelmente definem a nova fonte de órgãos
2. Praticantes do Falun Gong detidos ilegalmente – uma nova fonte de órgãos
3. Paradeiro incerto de muitos praticantes do Falun Gong
4. Análises de sangue dos praticantes detidos do Falun Gong
5. Praticantes detidos do Falun Gong – uma reserva em larga escala para compatibilidade e extração forçada de órgãos de “doadores” vivos
6. Para facilitar a extração dos órgãos e ao se tratar de praticantes do Falun Dafa, o sistema judiciário é ignorado
7. A extração forçada de órgãos de praticantes vivos do Falun Gong segue o “modelo de orientação militar”
8. Questões adicionais em aberto
Capítulo VIII. Evolução da extração de órgãos de “doadores” vivos
1. Casos isolados
2. Extração forçada em larga escala de “doadores” vivos
3.Transição do "uso de órgãos de criminosos condenados à morte" para "extração de órgãos de praticantes vivos do Falun Gong"
Capítulo IX. Definição ampliada de detentos condenados à morte
1. Grupos vulneráveis ampliam a definição de detentos condenados à morte
2. A chamada ao patriotismo realizada há longa data pelo PCC frequentemente distorce a percepção das pessoas
3. Princípios da Lei de Gresham – propaganda que demoniza gera indiferença para com a vida
Capítulo X. O assassinato de um mendigo e de um morador de rua revelam a ausência de limites na ética de médicos na China
1. Negociação de órgãos por trás da morte de mendigo
2. Morador de rua morto por causa da extração de órgãos
Capítulo XI. O que você pode fazer para ajudar?
Notas
Apêndice (em chinês)
Capítulo I. Quantos órgãos podem ser atribuídos aos criminosos condenados à morte?
1. Tendo como base dados históricos
Provavelmente não seja possível obter uma contagem precisa da quantidade de transplantes de órgãos provenientes dos criminosos condenados à morte entre 2000 e 2008. Contudo, os dados históricos podem servir de referência. Para essa alegação, dividimos o período de 2000 a 2008 em três fases: antes de 2003, entre 2003 e 2006, e depois de 2006. Suspeitamos que entre 2003 e 2006 um grande número de praticantes do Falun Gong foi vitimado como fonte viva de órgãos. Para analisarmos a quantidade de órgãos atribuída aos criminosos condenados à morte, vamos primeiro dar uma olhada no período de antes de 2003 e depois de 2006. Presumindo que antes de 2003 e depois de 2006 o número de órgãos dos criminosos condenados à morte fosse estável, isso nos permitiria extrapolar os números atribuídos aos criminosos condenados à morte entre 2003 e 2006. Qualquer aumento significativo na extração de órgãos entre 2003 e 2006 irá então levantar dúvidas sobre a fonte desses órgãos para aquele período de tempo.
De acordo com os relatórios oficiais de 2000 a 2008, a porcentagem de órgãos doados por familiares do paciente para fins de transplante aumentou a cada ano. Ao mesmo tempo, a porcentagem atribuída a órgãos de criminosos condenados à morte estava diminuindo. A quantidade vinda de doadores post-mortem sem parentesco continuou insignificante durante o período. Em 1999, a taxa atribuída a doadores com parentesco era de 2% do total de transplantes de órgãos. Em 2004, a taxa era de 4%. [6] Em 2006, esse número havia subido para 6%. De acordo com fontes oficiais citadas pelo China Daily, em 2008 e 2009, a taxa atribuída a doações por parentesco para todos os transplantes de órgãos era de 40%, e de 60%+ a atribuída aos criminosos condenados à morte, enquanto que doações post-mortem de órgãos por pessoas sem parentesco somavam apenas 130 casos. [7] A revista China’s Caijing (nº 24, 2005) noticiou que “mais de 95% [dos órgãos] eram de cadáveres, dos quais quase todos eram de executados do corredor da morte”. [8] A revista Life Week noticiou, em 2006, que “O controle de 98% das fontes dos órgãos transplantados na China está fora do sistema do Ministério da Saúde”. [9] O website “Registro de Transplantes de Fígado da China” apresentou dados estatísticos incompletos sobre transplantes de fígado de 1999 a 2006. Apesar do total dos números apresentados estarem muito abaixo dos números reais de transplantes feitos na China, mesmo assim está sendo útil para mostrar a porcentagem de órgãos de pacientes vivos, entre o total de órgãos transplantados, o que confirmou que, antes de 2006, os órgãos de pacientes vivos eram responsáveis por uma porcentagem muito pequena. [10]
Entre 2000 e 2002, mais de 95% dos órgãos vieram de criminosos condenados à morte. Por volta de 2008, esse número caiu para 60%. Exemplificando, se considerarmos apenas os transplantes de fígado e de rins, e de acordo com os dados fornecidos por Huang Jiefu, vice-ministro do Ministério da Saúde da China, entre 2000 e 2003 foram feitos de 6 a 6.500 cirurgias de transplante de órgãos.
[11] Em setembro de 2009, Shi Bingyi, diretor do Centro de Transplante de Órgãos do Exército de Libertação Popular (ELP), forneceu dados de 2008, quando ele foi um convidado do Xinhuanet.com. Ele disse que, em 2008, houve “entre 3 a 4 mil transplantes de fígado e mais de 6 mil transplantes de rins”.
[12] Em outras palavras, juntando os transplantes de fígado com os de rins, o total variava entre 9 e 10 mil. Com base em uma alegação oficial feita pelo China Daily de que mais de 65% dos órgãos vêm de criminosos condenados à morte, o número de órgãos de criminosos executados deveria ser 65% de 9 a 10mil, ou seja, entre 5.850 a 6.500.
No entanto, os anos entre 2003 e 2006 apresentaram um significativo aumento no total de transplantes realizados. Anualmente, durante esse período, foram realizados de 12 a 20 mil transplantes (veja detalhes no Capítulo V deste relatório). Isso não pode ser explicado se a única fonte fossem os criminosos condenados à morte executados.
No ano 2000, o economista Thomas Rawski, da Universidade de Pittsburgh, dirigiu um estudo sobre as estatísticas do PIB da China. Com base nos dados fornecidos pelo Partido Comunista Chinês (PCC) e acessíveis ao público, durante os três anos entre 1998 e 2000, o crescimento acumulado do PIB foi de 24,7%. Entretanto, durante esse mesmo período, o consumo de energia diminuiu em 12,8%. Para Rawski isso era impossível. Ele concluiu que o PCC tinha falsificado os números do PIB. Apesar da controvérsia em relação a esse estudo, uma coisa ficou clara: o PCC não tem sido capaz de produzir números falsificados sem introduzir inconsistências neles. Se estudarmos os dados oficiais, é possível revelar as contradições do PCC.
2. Números baseados em “fórmula estimativa”
O número real de órgãos extraídos de criminosos condenados à morte executados pode ser estimado utilizando-se várias outras fontes. Dados históricos mostraram o número aproximado de órgãos anualmente extraídos dos criminosos condenados à morte, que gira em torno de 6 mil. Nós usamos uma fórmula para estimar quantos órgãos poderiam ser atribuídos à “doação” dos criminosos condenados à morte.
Essa fórmula estimativa é a seguinte:
Número total de órgãos (rins e fígado) de criminosos condenados à morte = (Número anual de criminosos condenados à morte executados) x (Porcentagem de criminosos condenados à morte executados com órgãos compatíveis) x (Número de órgãos que um criminoso condenado à morte executado pode fornecer) x (Porcentagem de órgãos compatíveis para transplantes em um indivíduo)
Baseamos a nossa estimativa nos transplantes de rins e fígado, porque os experts em transplante da China, ao fornecerem dados, geralmente só levam em consideração esses dois órgãos. Na realidade, transplantes de outros órgãos são relativamente raros. Portanto, rins e fígado são os melhores indicadores para os nossos propósitos.
As variáveis em nossa fórmula estimativa são baseadas em uma variedade de dados disponíveis publicamente. Iniciamos fazendo suposições sobre o número total de execuções anuais de criminosos condenados à morte.
Consideramos 10.000 o número de execuções por ano. Se a porcentagem de criminosos condenados à morte executados cujos órgãos podem ser usados for de 30%, o número máximo de órgãos que um criminoso condenado à morte executado poderá fornecer é três (dois rins e um fígado), e a porcentagem de órgãos utilizáveis de um indivíduo é de 75%. Nós estabelecemos essas variáveis, perto do limite superior de suas escalas, o que, a cada ano, pode acabar superestimando o número de órgãos disponíveis de criminosos condenados à morte. O resultado de nosso cálculo segue abaixo:
Número anual de criminosos condenados à morte executados: 10.000
Porcentagem de criminosos condenados à morte executados que podem ter seus órgãos utilizados: 30%
Número de órgãos que um criminoso no corredor da morte pode fornecer: 3
Porcentagem de órgãos aproveitáveis de um indivíduo: 75%
Portando, o número máximo estimado de órgãos (rins e fígado) fornecidos anualmente pelos criminosos no corredor da morte na China é de: 6.750
O número 6.750 correlaciona-se bem com os dados históricos. Como mencionado anteriormente, entre 2000 e 2002 e, novamente, em 2008, esse número variava entre 6 e 6.500 mil. Portanto, o nosso resultado é bem razoável.
Abaixo segue a explicação das variáveis usadas na fórmula estimativa:
1) “Porcentagem de órgãos adequados para serem transplantados em um indivíduo”
Um criminoso do corredor da morte executado pode fornecer dois rins e um fígado (excluindo outros órgãos do nosso cálculo atual). Entretanto, nem sempre todos os três órgãos serão aproveitados. Como uma fonte especial de órgãos, os criminosos condenados à morte são executados em diferentes locais ou em diferentes momentos. Sem uma rede de compartilhamento das informações sobre órgãos doados, mesmo que um criminoso possa fornecer vários órgãos, nem todos esses órgãos poderão ser utilizados. Em um artigo, o jornal China Medicine afirmou que seria necessário “Estabelecer uma rede de registro de transplantes de órgãos” porque, com a ausência de tal rede, às vezes somente os rins de um doador seriam aproveitados, enquanto que os outros órgãos seriam desperdiçados. [13]
Apesar dessa restrição, utilizamos o valor de 75% como ponto de partida para a nossa fórmula acima.
2) “Quantidade de criminosos condenados à morte executados anualmente” e “porcentagem de criminosos condenados à morte executados com órgãos adequados”.
Alguém pode perguntar por que estabelecemos 10 mil em vez de 20 mil, o número anual de criminosos condenados à morte executados, e por que estabelecemos 30% em vez de 50% ou 80% a porcentagem de criminosos condenados à morte executados cujos órgãos poderiam ser aproveitados. Esses questionamentos serão analisados com maiores detalhes nos capítulos seguintes. A esta altura, vamos analisar primeiro a questão da compatibilidade de órgãos, um fator importante em uma das variáveis da fórmula.
Capítulo II. Questões da compatibilidade de órgãos
Um grande problema com o transplante de órgãos é a sua rejeição pelo receptor. O sistema imunológico do corpo humano protege o corpo e evita a entrada de objetos estranhos. Se aquele objeto parece ser um “convidado indesejado” ou um “inimigo”, o sistema imunológico tentará expulsá-lo. Por exemplo, um rim recém-transplantado pode ajudar o paciente a excretar substâncias desperdiçadas, mas o sistema imunológico para sempre irá reconhecê-lo como estranho.
1. Compatibilidade de tecidos
O objetivo de se testar a compatibilidade de tecidos é reduzir a rejeição do transplante. Abaixo expomos algumas das principais preocupações ao se avaliar a compatibilidade de tecidos.
Tipo sanguíneo do sistema ABO– o ideal é que tenham o mesmo tipo sanguíneo. Os dois tipos de sangue precisam pelo menos tolerar um ao outro e cumprir as exigências para uma transfusão de sangue.
Teste de Crossmatch (ou Prova Cruzada) – testa-se o soro do receptor e do doador (teste principal) e as hemácias do receptor e o soro do doador (teste secundário). Mesmo quando os tipos sanguíneos são os mesmos, é obrigatório um teste de prova cruzada antes de um transplante de rim. Um resultado negativo indica que o transplante não será rejeitado.
Teste de linfocitotoxicidade – para que um transplante seja bem-sucedido, o resultado desse teste precisa ser negativo. Ele mostra como o soro do receptor reagirá com os linfócitos do doador.
Painel de reatividade de anticorpos (PRA) –é um método para medir a quantidade de anticorpos anti-humanos no sangue. O PRA de uma pessoa indica a porcentagem do tecido de um doador que pode ser ligada aos anticorpos no sangue do receptor.
Compatibilidade de Antígeno Leucocitário Humano (HLA) – identifica os tipos de antígenos encontrados nos glóbulos brancos e em outros tecidos do corpo. Os antígenos HLA são o “cartão de identificação pessoal” da biologia humana. Dois haplótipos, constituídos por um conjunto de três antígenos cada (seis antígenos no total), compõem o HLA de cada pessoa. Um haplótipo vem do pai, e o outro da mãe. Por conseguinte, a probabilidade de dois irmãos terem HLA idênticos (os mesmos dois haplótipos) é de uma em quatro. A probabilidade de pessoas sem parentesco terem HLA idênticos é quase zero. Um teste de HLA é usado para evidenciar a compatibilidade de tecido e empregado em transplantes de rim, de medula óssea, fígado, pâncreas e coração. A probabilidade de que um transplante seja bem-sucedido cresce com a quantidade de antígenos idênticos de HLA.
2. Probabilidade de compatibilidade do Antígeno Leucocitário Humano (HLA)
Existem tipos comuns, raros e extremamente raros de antígenos HLA. Para um tipo comum de HLA, pode ser achada uma compatibilidade entre 300 a 500 pessoas. A probabilidade de se encontrar uma compatibilidade do tipo raro é uma em dez mil, e a probabilidade de se encontrar uma compatibilidade do tipo extremamente raro é uma em várias dezenas ou centenas de milhares. [14]
De um ponto de vista médico, a probabilidade de que duas pessoas sem parentesco sejam compatíveis para ao estágio final do transplante de órgãos é de uma em vários milhões.
De acordo com o website do National Marrow Donor Program (bethematch.org), de 4 mil voluntários, considera-se grosseiramente que por volta de 200, ou 5%, podem ser doadores em potencial. E de cada 4.5 desses doadores em potencial, no final, somente um consegue a qualificação necessária. Em outras palavras, somente 1.1% do total de voluntários conseguirá a compatibilidade com determinado receptor.
A invenção e a difusão do uso de drogas imunossupressoras têm, até certo grau, reduzida a rejeição aos órgãos doados, nos casos em que um teste de HLA não foi muito bem conduzido. O transplante de rim exige que seis antígenos HLA sejam compatíveis. Atualmente, a prática corrente na China continental é a de aceitar apenas quatro antígenos HLA compatíveis.
O número de antígenos compatíveis determina a probabilidade da rejeição do tecido e a necessidade de medicação durante os últimos estágios do transplante. O resultado ótimo é ter todos os seis antígenos HLA compatíveis. De acordo com relatos da mídia, a probabilidade de pessoas sem parentesco terem quatro antígenos HLA compatíveis é de 20 a 30%. [15] Fan Yi, o vice-diretor de urologia e transplante no Hospital-Geral de Xangai, citou uma proporção semelhante durante uma entrevista ao Morning News. [16]
3. Probabilidade de compatibilidade de tipo sanguíneo
Na China, a distribuição do grupo sanguíneo ABO difere entre as regiões. Por exemplo, e de acordo com dados publicados:
(O: 46%; A: 23%; B: 25%; AB: 6%) pessoas da província de Guangdong, no sul da China.
(O: 29%; A: 27%; B: 32%; AB: 13%) pessoas de Pequim, ao norte da China. [17]
A partir desses dados, podemos calcular a probabilidade da compatibilidade de tipo sanguíneo idêntico. Para a região de Guangdong é de 33%, e para a região de Pequim é de 28%. Isso significa que a probabilidade da compatibilidade tipo sanguíneo idêntico entre o total da população chinesa é em torno de 30%.
4. Requisitos de compatibilidade para transplantes de fígado
Do ponto de vista imunológico, o fígado é considerado um órgão privilegiado de imunidade, e, portanto, ao contrário de outros órgãos, os requisitos de compatibilidade entre o doador e o receptor não são tão estritos. Em um cenário ideal, o doador e o receptor devem ter tipos sanguíneos compatíveis, ou, pelo menos, atender às exigências para uma transfusão de sangue, mas não há exigências estritas em relação ao teste de linfocitotoxicidade. Embora o teste de compatibilidade do HLA seja comumente realizado, nem o teste de linfocitotoxicidade ou nem o de HLA têm qualquer importância clínica real para os transplantes de fígado. Contudo, há outras exigências para um doador potencial de fígado: 1) Idade – abaixo dos 50 anos. 2) Saúde do fígado – sem doença hepática; HBsAg negativo; sem hepatite ativa; não ter pressão alta, arteriosclerose ou outra doença que possa impactar na qualidade do fígado. 3) Não ter tuberculose. 4) Não ter câncer. 5) Não ter infecção grave. 6) Que a morte não tenha ocorrido muito tempo depois do doador ter entrado em coma, ou seja, que antes da morte, o doador tivesse suficiente circulação sanguínea no fígado. 7) O tamanho do fígado perto de, ou um pouco menor, do que o do receptor.
A China tem uma grande população portadora de hepatite. Zhao Wei, vice-presidente do Segundo Hospital de Nanjing e especialista em hepatite B, em sua entrevista ao Yangzi Evening News, disse que o vírus da hepatite B tem uma alta taxa de infecção: aproximadamente 57,6% dos chineses, em algum momento, foram infectados, havendo cerca de 120 milhões de atuais portadores de Hepatite B. [18] O artigo 31 das “Disposições Administrativas Provisórias das Aplicações Clínicas das Tecnologias do Transplante de Órgãos”, uma diretriz emitida pelo Ministério da Saúde da China, também estipula que os portadores de hepatite e outros pacientes com sangue infectado não podem ser qualificados como doadores de órgãos.
Isso significa que, devido aos requisitos mencionados acima, e apesar de não haver exigências rígidas para a compatibilização do HLA para transplantes de fígado, ainda há uma aguda escassez de doadores de fígado.
Capítulo III. Número de execuções no corredor da morte
Pelas nossas estimativas, definimos em 10 mil a quantidade de execução anual de criminosos no corredor da morte. Nesta seção, vamos explicar como chegamos a esse número.
Talvez alguns se perguntem se o crescimento acelerado do mercado de órgãos foi resultado do repentino aumento na quantidade de execuções no corredor da morte chinês. De acordo com artigo publicado no Chinanews.com, no dia 6 de setembro de 2007, “A quantidade de execuções no corredor da morte decresceu significativamente”, “Por mais de uma década, o tribunal popular tem sido continuamente estrito e prudente na aplicação de sentenças de morte, resultando na regular redução das execuções no corredor da morte”. [19] Apesar de, em geral, a propaganda do governo comunista chinês ter pouca credibilidade, é um fato que entre 2003 e 2006, durante o auge do mercado de órgãos na China, não houve um repentino e expressivo aumento nas execuções no corredor da morte.
Vamos dar uma olhada em como organizações de fora da China, bem como os especialistas na China continental, estimaram o número de execuções no corredor da morte na China
1. Número anual de execuções de criminosos condenados à morte na China
Em primeiro lugar, precisamos diferenciar o número de execuções do número de sentenças de morte. Uma parcela significativa dessas sentenças de morte na China tem a pena suspensa. Na maioria dos casos, essas sentenças são frequentemente comutadas por tempo na prisão. O artigo mencionado anteriormente, do Chinanews.com, também citou Jiang Xingchang, vice-presidente do Supremo Tribunal Popular, que disse: “Nos últimos anos e em vários lugares da China, a porcentagem das sentenças de morte com prorrogação de dois anos ficou próxima ou até mesmo superou a porcentagem das sentenças de morte com execução imediata.
Estimativas estrangeiras do número de execuções anuais de criminosos condenados à morte na China variam de mil a 10 mil. No artigo “Fatos e Números sobre a Pena de Morte”, publicado em 1º de janeiro de 2007, a Anistia Internacional afirmou que: “Apesar de pelo menos 1010 pessoas terem sido executadas durante o ano na China, esse número é apenas a ponta do iceberg. Fontes confiáveis sugerem que a quantidade de pessoas executadas, em 2006, varia de 7,5 mil a 8 mil”. [20] Em seu relatório de 2007, a “Ninguém Toque em Caim”, uma organização italiana que combate a pena de morte no mundo todo, afirmou que: “Em 2006, houve pelo menos 5.628 execuções em todo o mundo” e “pelo menos 5 mil dessas execuções ocorreram na China”. [21]
Em uma entrevista aos jornais, o Sr. Liu Renwen, professor do Instituto de Direito da Academia de Ciências Sociais, declarou que os círculos acadêmicos estimam que cerca de 8 mil pessoas são executadas anualmente. Em seu artigo “O enigma da Quantidade de Execuções no Corredor da Morte na China”, Wang Guangze, um intelectual da China continental, revelou que, de acordo com um experiente advogado criminal de defesa, na província de Henan, a quantidade de execuções anuais nessa província é de 500 em um ano em que a repressão não está muito pesada, podendo chegar a 800 nos de repressão mais ferrenha. Wang então deduziu que, levando em conta as 30 províncias, seja bem provável uma quantidade anual de 10 mil execuções no corredor da morte chinês. [22] Em março de 2004, o China Youth Daily publicou que, enquanto pede ao Supremo Tribunal Popular para reconsiderar todas as penas de morte, o Congresso Nacional do Povo alegou que todos os anos o país executa aproximadamente 10 mil pessoas.
Como a maioria das estimativas estrangeiras são feitas por organizações que são contra a pena de morte, é possível que suas estimativas estejam superestimadas. Em outras palavras, a quantidade atual pode vir a ser menor do que 10 mil. Assim, em nosso cálculo, é seguro considerar 10 mil como o limite superior.
Algumas pessoas podem se perguntar se houve fortes campanhas de repressão em escala nacional que teriam elevado o número de execuções. Discutiremos isso agora.
2. De 2003 até agora, nenhuma grande e vigorosa campanha de repressão
Entre 1983 e 2002, houve três campanhas duras de repressão em larga escala, em nível nacional: de 1983-1987, de 1996-1997 e de 2001-2002. Embora, para o mundo fora da China, possa não estar claro quantas pessoas foram executadas durante essas três campanhas, a primeira campanha, entre 1983 e 1987, pode ser referida como “assassinatos aleatórios”. Os lemas da campanha eram: “Sem hesitar, prendam aqueles que não se encaixam”, “Sem hesitação, deem o veredito àqueles que não se encaixam” e “Sem hesitar, executem aqueles que não se encaixam”. As consequências dessa campanha foram graves, então as duas campanhas subsequentes mudaram suas diretrizes de “agir de maneira firme e imediata” para “combinar punição com leniência” e para “reduzir e evitar a pena de morte” e “executar os casos indubitáveis, prender os casos com dúvida”. De 2003 até o momento presente, não ocorreu mais uma campanha dura de repressão em larga escala. Dito de outra forma, as fortes campanhas de repressão não tiveram um papel fundamental no expressivo aumento no mercado de órgãos.
Capítulo IV. Quantidade de criminosos condenados à morte com órgãos adequados para transplante
Neste capítulo, explicaremos o porquê de presumirmos que a quantidade de criminosos condenados à morte com órgãos adequados para o transplante é de 30%.
1. Compatibilidade de tecidos – um gargalo para os “doadores” do corredor da morte
No capítulo II, demonstramos que a compatibilidade HLA é algo extremamente complexo. Há vários grupos de HLA, com centenas de antígenos específicos. Exceto para gêmeos univitelinos, é praticamente impossível localizar um doador e um receptor com idênticos HLA. Como resultado, a reação de rejeição sempre segue o homoenxerto, tendo que ser tratado intensamente com imunossupressores. A probabilidade de pessoas sem parentesco atenderem aos requerimentos mínimos de compatibilidade do HLA é de 20 a 30% (para que as drogas imunossupressoras sejam eficazes após o transplante). Portanto a porcentagem de criminosos no corredor da morte com órgãos compatíveis não pode exceder 30%, com qualquer amostra significativa de pessoas.
2. Tempo crítico para congelamento exigido pela isquemia fria
Quando um órgão é retirado do corpo humano, o tecido começa a se degenerar. Quando o coração de uma pessoa para de bater, os órgãos dela ainda serão reaproveitáveis por um período de 15 minutos, devendo ser retirados sem demora e preservados em um recipiente especial, em temperaturas muito baixas. Mesmo em condições ótimas, os órgãos devem ser transplantados dentro de um espaço crítico de tempo, devido à isquemia fria (resfriamento de um órgão com a perfusão de uma solução gelada, após a cirurgia de retirada de um órgão). Com a atual tecnologia, a janela crítica de tempo é de 24 horas para os rins, de 15 horas para o fígado e de 6 horas para o coração. Por consequência, além da compatibilidade do tecido, a isquemia fria é uma segunda limitação decisiva. Simplesmente ainda não se tornou possível preservar os órgãos para as necessidades futuras.
Somadas a essas limitações técnicas, há outras considerações importantes quando se utilizam órgãos de criminosos condenados à morte que serão explicadas abaixo.
3. Órgãos dos criminosos condenados à morte, recurso para pronta utilização
Os órgãos de criminosos condenados à morte são recurso para pronta utilização. Os órgãos dos criminosos condenados à morte não podem ser reservados para uso futuro. Claro, há relatos de tribunais que adiaram execuções até que o hospital tenha encontrado um receptor. No entanto, na maioria dos casos, as execuções de criminosos condenados à morte é um ato político para que o regime comunista chinês mantenha o seu poder, e, portanto, nem toda execução pode ser retida por razões médicas. Por exemplo, devido às necessidades políticas do momento, e para obter o máximo de visibilidade para o evento, o regime comunista chinês adquiriu o hábito de executar criminosos condenados à morte em feriados nacionais, tais como o Ano Novo, Primeiro de Maio ou o Dia Nacional. Muito frequentemente, o decretamento dessas datas para as execuções implicam que os órgãos dos criminosos não serão utilizados.
Wang Guoqi, que trabalhava como especialista de queimaduras no Hospital-Geral Paramilitar Tianjin, testemunhou perante o antigo Subcomitê de Direitos Humanos e Operações Internacionais da Câmara dos Representantes nos Estados Unidos. Em um depoimento escrito, ele afirmou que: “Eu removi a pele de corpos de criminosos executados”, e prosseguiu descrevendo como fazia para chegar aos locais da execução para remover os órgãos. Entre quatro criminosos executados, apenas um deles tinha órgãos compatíveis. O Dr. Wang foi ordenado a carregar o corpo para dentro da ambulância em 15 segundos após o tiro. Então, ele e outro médico levavam 13 segundos para remover a pele. [23]
4. Fatores que limitam o uso dos órgãos dos criminosos condenados à morte
As execuções dos criminosos condenados à morte acontecem em locais diferentes, em horários diferentes. Porque a China não tem uma rede de troca de informações sobre doação de órgãos, como a Rede Unida para o Compartilhamento de Órgãos (UNOS), situada nos Estados Unidos, o teste de compatibilidade de órgãos dos criminosos executados só pode ocorrer dentro ou nas proximidades da área de execução. Portanto, criminosos condenados à morte são considerados um recurso raro. Alguns acadêmicos apontaram que tribunais locais muitas vezes se coordenam com os hospitais locais, para proteger os interesses da região. Esse fenômeno faz com que seja muito difícil para os outros hospitais terem acesso àqueles órgãos. Foi apenas em agosto de 2009 que a China anunciou um sistema experimental de doação de órgãos em dez províncias e cidades escolhidas.
Os criminosos condenados à morte podem ser divididos em quatro grupos diferentes, com base no local e na hora de execução. A princípio, em qualquer localidade, em qualquer tempo, os órgãos dos criminosos condenados à morte executados só podem ser testados para pacientes daquela região específica, naquele momento específico. Deste modo, a quantidade de órgãos desperdiçados é provavelmente muito alta.
Por esse motivo, nós receamos que os praticantes detidos do Falun Gong se tornaram uma reserva em larga escala para testes de compatibilidade e para extração de órgãos de pessoas vivas, o que vamos analisar em seções posteriores.
5. Retirada de órgãos de criminosos condenados à morte segue “modelo judiciário”
Em outubro de 1984, o Supremo Tribunal Popular da China, a Suprema Procuradoria Popular, o Ministério da Segurança Pública, Ministério da Justiça, Ministério da Saúde e o Ministério de Assuntos Civis promulgaram e implementaram as “Disposições Provisórias do Uso de Cadáveres e de Órgãos de Cadáveres de Criminosos Condenados à Morte”, dando a base legal para a utilização de órgãos de criminosos condenados à morte executados.
Enquanto os tribunais, as procuradorias, os centros de detenção e os hospitais são partes fundamentais do processo de retirada de órgãos dos criminosos condenados à morte, a peça chave são os tribunais, pois são eles que aplicam as penas de morte e conduzem as execuções. Antes da execução, é exigido que o prisioneiro passe por testes sanguíneos com aprovação do centro de detenção. Em seguida, o tribunal realiza a execução, sob a supervisão da procuradoria. Tanto a corte quanto a procuradoria restringem o acesso ao local da execução e auxiliam os médicos na retirada dos órgãos dos criminosos executados. O governo comunista chinês adotou esse processo quando o mercado de transplante de órgãos na China ainda estava em seu estágio inicial, e, para dar legalidade ao processo, introduziu as disposições provisórias de 1984 mencionadas anteriormente. Desde então, o processo tem continuado assim. Phoenix Weekly, em 2005, citou uma fonte que dizia: “Sem a aprovação do Departamento de Justiça, seria impossível aos hospitais retirar os órgãos dos criminosos executados”. [24]
O modelo judiciário faz com que o processo de fazer uso dos órgãos de criminosos executados seja um tanto quanto público, programado e, às vezes, até mesmo burocrático, no qual o tribunal, as procuradorias, os centros de detenção e os hospitais desempenham papéis importantes, tendo em mente seus próprios interesses. Apesar das constantes negativas do governo comunista chinês nos últimos anos, esse procedimento é de conhecimento do movimento de direitos humanos. É importante deixar claro que os médicos não podem simplesmente ir a um centro de detenção e pedir criminosos executados aos guardas para extrair seus órgãos. O envolvimento de vários grupos e a existência de várias etapas faz com que a retirada de órgãos seja um processo ineficiente.
6. Requerimentos legais para uma classificação de “corpos não reivindicados”
Para que fossem aceitos os órgãos de cadáveres não reivindicados ou de criminosos executados foram definidas as Disposições Provisórias de 1984; essas diretrizes definem que os cadáveres serão aceitos se:
* Eles não forem reivindicados ou forem rejeitados pela família do executado;
* Eles forem doados voluntariamente pelo condenado à morte;
* A família do executado der consentimento.
Inevitavelmente, motivados pela expectativa de enormes ganhos financeiros, algumas pessoas encontraram maneiras de explorar as brechas nessas diretrizes. Por exemplo, em alguns casos as famílias não foram informadas sobre a hora da execução, e, consequentemente, os corpos foram considerados não reivindicados. Entretanto, essas diretrizes impõem restrições legais ao uso dos órgãos dos criminosos condenados à morte.
Reações dos familiares dos executados ao desvio de órgãos dos criminosos condenados à morte.
Desde 2000, as famílias dos criminosos executados passaram a reclamar abertamente sobre a remoção de órgãos sem o consentimento delas. Algumas até entraram com ações judiciais. Esse fato aumentou a incerteza em torno do uso de órgãos de criminosos condenados à morte.
Em setembro de 2000, Yu Yonggang da cidade de Taiyuan, província de Shanxi, foi condenado à morte por roubo e assassinato. A mãe de Yu afirmou repetidamente que o hospital e o tribunal haviam removido os órgãos do filho dela sem consentimento. Para trazer o assunto à tona, na esperança de responsabilizar os órgãos governamentais competentes, ela escreveu uma carta intitulada “Uma denúncia chorosa de uma cidadã”.
Em maio de 2000, Fu Xingrong, um fazendeiro da província de Jiangxi, foi executado pelo crime de assassinato. O tribunal local vendeu os rins dele a um importante hospital da província de Jiangxi sem o consentimento da família. Motivado pelo pesar e pela indignação, o pai de Fu cometeu suicídio. A irmã de Fu contratou um advogado e entrou com uma ação contra o tribunal local.
No dia 23 de setembro de 2003, o Lanzhou Morning News noticiou um caso em que um presídio na província de Gansu obteve órgãos “doados” de um prisioneiro do corredor da morte que havia sido executado, sem seu consentimento. Posteriormente, o tribunal local julgou que o presídio deveria pagar à família 2 mil yuanes como compensação. O diretor do presídio admitiu aos jornais que as doações de órgãos deveriam ser autorizadas por escrito pelo prisioneiro do corredor da morte, e que o presídio, nesse caso, não possuía nenhum documento por escrito.
Essas reações por parte dos familiares criaram preocupações em relação ao uso dos órgãos dos criminosos condenados à morte. Portanto os órgãos com origem no corredor da morte não podem mais ser considerados como fonte larga e prontamente disponível.
Outras considerações incluem a situação de saúde e a idade (de preferência, o “doador” deve ter entre 20 e 30 anos de idade). Muitos presos são viciados em cigarros, álcool e drogas, o que os torna menos do que ideais para serem doadores.
Tudo isso explica a porcentagem relativamente baixa de órgãos potencialmente aproveitáveis e que podem ser obtidos de “doadores” do corredor da morte. Nós já discutimos como um órgão com baixa compatibilidade tem impacto direto na qualidade da cirurgia de transplante. Se um alto número de pacientes morresse na mesa de cirurgia ou tivesse um curto período de vida após o transplante, isso teria impacto direto na carreira e na reputação do cirurgião. É com razão, então, que o cirurgião prefere não utilizar no transplante um órgão de origem aleatória.
Resumindo, para os órgãos adequados extraídos de criminosos condenados à morte, estabelecemos uma estimativa razoável, se não otimista, de 20 a 30% e, em nossos cálculos, estabelecemos 30% como limite máximo.
Devido a essas limitações no aproveitamento dos órgãos dos criminosos condenados à morte, o número anual de órgãos extraídos de presos executados provavelmente está por volta de 6 mil. Contudo, entre 2003 e 2006, houve um grande crescimento no mercado de transplante de órgãos na China. Claramente, somente os órgãos dos criminosos condenados à morte não atenderiam a essa elevadíssima demanda.
Capítulo V. Em 2003, o mercado de transplante de órgãos na China disparou
De acordo com Huang Jiefu, vice-ministro da Saúde: “Entre 1997 e 2007, o número de transplantes de órgãos na China cresceu rápido demais”. [7] Em reportagem publicada no Southern Weekly, “China para turismo de transplante de órgãos”, Huang criticou o crescimento explosivo de transplante de órgãos nos hospitais: “Há mais de 600 hospitais e cerca de 1.700 médicos envolvidos com cirurgias de transplante de órgãos. Assim é demais!”. [25] Comparativamente, nos Estados Unidos, há cerca de 100 hospitais especializados em cirurgia de transplante de fígado e menos de 200 especializados em cirurgia de transplante de rins. Em Hong Kong, há somente três hospitais, cada um deles especializado em um tipo de cirurgia de transplante, ou de fígado ou de rins ou de coração.
Podemos ter uma noção sobre o rápido crescimento do mercado de transplante de órgãos na China por meio das estatísticas publicadas pelos dois hospitais que mantêm estreitas ligações com militares chineses: 1) Tianjin Oriental Organ Transplant Center (Centro de Transplante de Órgãos de Tianjin Oriental) e 2) Shanghai Changzheng Hospital Pudong, The Second Military Medical University(Hospital Changzhen de Shanghai Pudong, Segunda Universidade Médica Militar).
Os números estatísticos publicados pelos especialistas chineses em transplante de órgãos, embora divergentes, indicam claramente o enorme crescimento do mercado de órgãos na China nos últimos 10 anos. Entre 2003 e 2006, também surgiram hospitais clandestinos. Muito provavelmente os transplantes de órgãos desses hospitais clandestinos não estão incluídos nas estatísticas publicadas. Portanto a quantidade real de transplantes de órgãos nesse período pode ser maior do que os dados fornecidos.
Para mostrar a evolução no mercado de transplante de órgãos na China, nós criamos a tabela abaixo tendo como base os dados fornecidos por Huang Jiefu, vice-ministro da saúde, e por Shi Bingyi, diretor do Centro de Transplante de Órgãos do Exército de Libertação Popular, além daqueles fornecidos pela mídia chinesa. Nessa tabela, o período de 2000 a 2008 foi dividido em três fases: antes de 2003, entre 2003 e 2006, e depois de 2006.
Fase I: De 2000 a 2003, a fonte principal de órgãos foi de prisioneiros do corredor da morte, com uma média de 6.000 transplantes (com números menores antes de 2000).
Fase II: Entre 2003 e 2006, os órgãos são de criminosos condenados à morte e de outras fontes desconhecidas. Especificamente, em 2004, a quantidade era de 12.000 transplantes, enquanto estimativas mostravam que a quantidade em 2005 era de 15.000, e de 20.000 em 2006. Para 2003 não temos disponível dados nacionais precisos, porém, no principal hospital militar de transplante de órgãos, de 2002 a 2003 houve um aumento de aproximadamente 60% (801 transplantes), que em 2004 quase duplicou para 1.601 transplantes (o website do hospital alegou ser essa a maior quantidade de operações de transplante de órgãos no mundo em 2004).
Fase III: Em 2008, a quantidade caiu em cerca de 40% (para o ano de 2007 não estão disponíveis dados nacionais precisos,) e foi alegado que as fontes dos órgãos eram de criminosos condenados à morte e de doações entre familiares vivos.
Apesar de que o número tenha decaído de maneira significativa desde 2007, ele é ainda superior ao período anterior a 2003. De acordo com o governo chinês, a quantidade superior é o resultado da convincente propaganda para o aumento de doações entre familiares vivos. Atualmente, 40% dos órgãos têm como origem doações entre familiares vivos.
Mas isso não justifica o elevado e repentino aumento nos transplantes de 2003 a 2006. A pergunta é: quais foram as fontes de órgãos que causaram o crescimento exponencial do mercado de transplante de órgãos na China?
Na década entre 1997 e 2007, a quantidade de transplante de órgãos em outros países ao redor do mundo foi relativamente estável. No Canadá, a quantidade de transplantes de órgãos cresceu de 1.500 em 1997 para 2.200 em 2007, enquanto nos Estados Unidos a quantidade cresceu de 20.000 em 1998 para 27.000 em 2008. No entanto, na China, após um relativo período de estabilidade entre 1997 e 2002, houve um súbito e rápido crescimento na quantidade de transplantes. Em 2006, depois que surgiram as acusações da extração forçada de órgãos de praticantes vivos do Falun Gong, a quantidade de transplantes decaiu drasticamente. A China não se encaixa no padrão mundial.
Capítulo VI. De 2003 a 2006, condições de mercado sem precedentes para transplantes de órgãos
A essa altura, os leitores podem perguntar: De onde vieram todos os órgãos adicionais? Vamos dar uma olhada em algumas características únicas do mercado de transplante de órgãos na China entre 2003 e 2006.
1. Períodos de espera extraordinariamente curtos, como nunca vistos ante
De acordo com dados publicados pelo United States Department of Health and Human Services (Departamento de Saúde e Serviço Social dos Estados Unidos), a média de período de espera para transplante de órgão nos Estados Unidos é de dois anos para um fígado, e de três anos para um rim. [26] Na China, em alguns hospitais, o período de espera por esses órgãos é estimado em semanas.
Os dados abaixo mostram a média de tempo de espera por órgãos publicada por três maiores centros de transplantes na China durante o período de 2003 a 2006, comparados com o tempo de espera dos Estados Unidos. Tal tempo de espera extraordinariamente curto sugere uma grande fonte de órgãos.
* Centro Oriental de Transplante de Órgãos (Hospital Central de Tianjin Nº 1): média de espera é de 2 semanas.
* Instituto de Transplante de Órgãos do Exército de Libertação Popular (Shanghai Changzheng Hospital): 1 semana de espera por um transplante de fígado.
* Centro Internacional de Assistência à Rede de Transplantes da China, CITNAC (Primeiro Hospital da Universidade Médica da China, em Shenyang): 1-2 meses por um fígado; de 1 semana a 1 mês por um rim. Se a primeira cirurgia não der certo, a segunda cirurgia acontece em 1 semana.
* Dados dos EUA (www.organdonor.gov): 230 dias por um coração; 501 dias por um pâncreas; 796 dias por um fígado; 1.068 dias por um pulmão; e 1.121 dias por um rim.
2. Valores altos fazem do transplante de órgão algo tremendamente lucrativo
Embora os valores cobrados pelos transplantes de órgão variem entre os hospitais, todos eles cobram valores altos. Abaixo alguns exemplos dos preços cobrados por diferentes transplantes de órgãos, publicados pela CITNAC (em dólares americanos):
* Transplante de rim: US$ 62.000,00
* Transplante de fígado: US$ 98.000,00 a US$ 130.000,00
* Transplante de fígado e de rim: US$ 160.000,00 a US$180.000,00
* Transplante de rim e de pâncreas: US$ 150.000,00
* Transplante de pulmão: US$ 150.000,00 a US$ 170.000,00
* Transplante de coração: US$ 130.000,00 a US$ 160.000,00
De acordo com uma reportagem de 2006 do Phoenix Weekly, como mais e mais pacientes estrangeiros viajaram para a China para transplantes de órgãos, os preços aumentaram gradativamente. Em 2004, o preço cobrado por um transplante de fígado no Centro Oriental de Transplante de Órgãos era de US$ 32.000,00 (aproximadamente 250.000 yuanes). Em 2005, era superior a US$ 40.000,00 (aproximadamente 330.000 yuanes). [27]
Preços altos e fornecimento barato de órgãos fizeram os transplantes de órgãos extremamente rentáveis. O Centro de Transplante de Órgãos do 309º Hospital do Exército de Libertação Popular afirmou que "O Centro de Transplante de Órgãos é um dos departamentos mais rentáveis. A renda bruta foi de 16.070.000 yuanes em 2003, e de 13.570.000 yuanes de janeiro a junho de 2004. Espera-se que em 2005 a renda bruta seja superior a 30.000.000 yuanes." [28]
O Southern Weekly noticiou que "O rápido crescimento do Centro Oriental de Transplante de Órgãos trouxe enorme receita e lucro. De acordo com reportagens anteriores, só transplantes de fígado deram ao Centro uma renda anual de 100.000.000 yuanes". Em setembro de 2006, o Centro inaugurou um novo prédio, que custou 130.000.000 yuanes. Esse novo prédio tem 500 leitos. O centro cirúrgico nesse novo prédio pode efetuar simultaneamente nove transplantes de fígado e oito transplantes de rim. É o maior centro integrado de transplante de órgãos por toda Ásia.
O lucro dos transplantes de órgãos causou uma séria consequência. Por um lado, pessoas ricas estão dispostas a comprar órgãos por um preço alto. Por outro lado, o enorme lucro incentiva os hospitais buscarem por novas fontes de órgãos, usando todos os meios possíveis. Devido à situação política e jurídica da China, certos grupos de pessoas podem se tornar alvos fáceis.
3. A China se transformou em um centro mundial de turismo para transplante de órgãos
Devido aos altos preços envolvidos, a maioria dos pacientes de transplante de órgãos na China é composta por:
* Pacientes estrangeiros (no geral turistas de transplante de órgãos);
* Empresários ricos, celebridades e membros do governo comunista na China continental;
* Um pequeno grupo de pacientes comuns e desesperados que exaurem todos os seus recursos financeiros por um transplante de órgão.
De acordo com uma reportagem de 2004 da revista Life Week, a maioria dos pacientes nacionais são aquelas que "possuem seus próprios negócios ou empresas", ou aqueles que "têm cargos no governo". A reportagem também afirmou que dentro de poucos anos, milhares de pacientes estrangeiros estiveram na China em busca de transplantes de órgãos, fazendo com que ela se tornasse " um centro internacional para o turismo de transplantes de órgãos".
"Além da Coréia do Sul, há pacientes de mais de 20 países e regiões da Ásia, como Japão, Malásia, Egito, Paquistão, Índia, Arábia Saudita, Omã, Hong Kong, Macau e Taiwan. Eles vêm ao Hospital Central Nº 1 de Tianjin (também conhecido como o Centro Oriental de Transplante de Órgãos), para transplantes de órgãos. A ala da lanchonete parece um centro internacional de conferência, onde se reúnem pacientes de cores e etnias diferentes para compartilhar suas experiências médicas". [29] (Em julho de 2007, o Ministério da Saúde chinês impediu aos hospitais realizarem cirurgias de transplante de órgãos em pacientes estrangeiros.)
4. Um nicho de mercado decola dentro do limitado mercado de órgãos da China
Os altos valores não tornaram inacessível o mercado de transplante de órgãos. Pelo contrário, começando em 2003, houve um inesperado e acentuado crescimento no mercado de transplante de órgãos na China, com um crescimento anual de 5.000 a 10.000 de cirurgias de transplante de órgãos, ou números até maiores.
Devido ao estágio avançado de falência dos órgãos, anualmente cerca de 1.5000.000 pessoas na China precisam de transplantes de órgãos. A escassez de órgãos era pior do que nos Estados Unidos e em outros países que têm sistemas mais avançados para transplante de órgãos. No entanto, a partir de 2003, e devido à sua abundante fonte de órgãos, a China se tornou em um centro mundial para o turismo de transplante de órgãos. Em 2004, em entrevista à revista Life Week, Zheng Hong, vice-diretor do Centro Oriental de Transplante de Órgãos, afirmou orgulhosamente que "A disponibilidade de órgãos na China é de fato muito melhor do que em outros países". [29]
Então qual é a situação?
Na China, que não tem regulamento para o mercado limitadode órgãos (pequeno mercado), há um nicho de mercado com abundante disponibilidade de órgãos para pacientes especiais (grande mercado). Antes de entendermos totalmente a verdadeira situação do mercado de órgãos da China, temos que entender o fenômeno do "grande mercado dentro do pequeno mercado".
Em sua negação às alegações de extração forçada de órgãos de pessoas vivas, o regime comunista chinês alegou que havia mais de um milhão de pacientes na China esperando por órgãos. Foi usado isso como um argumento de que não era possível conseguir um órgão compatível dentro de um curto período de tempo. Contudo, essa negação foi contrária às alegações dos vários hospitais de transplantes.
Abaixo estão alguns exemplos
* O 309° Hospital do Exército de Libertação Popular (ELP) realizou 12 transplantes de rim em uma noite. [30]
* A Universidade Xinqiao, da Terceira Universidade Médica Militar, localizada em Chongqinq, chegou a realizar 24 transplantes de rim em um só dia. Eles alegaram que, a partir de 2002, já foram realizados cerca de 2.590 transplantes de rim [31]
* O Centro Oriental de Transplante de Órgãos de Tianjin realizou 24 transplantes de fígado e de rim em um só dia. Em dezembro de 2004 também bateu um recorde de 44 transplantes de fígado. [27]
* Du Yingdong, vice-diretor do Centro de Transplante de Órgãos do 107º Hospital do Exército de Libertação Popular, em Jinan, na província de Shandong, disse que haviam realizado vários transplantes: “Um transplante de fígado pode levar de quatro ou cinco horas. E, às vezes, realizamos de três a quatro dessas operações por dia”. [32]
De acordo com reportagens do Changsha Evening News e do Xiaoxiang Morning Herald, no dia 28 de abril de 2006, o Hospital Provincial Popular de Hunan ofereceu 20 transplantes gratuitos: 10 de fígado e 10 de rim. As fontes desses órgãos levantaram grandes preocupações. [33]
* O Hospital de Gaoxin, no Polo Tecnológico de Xi'an, província de Shaanxi, inaugurou o seu centro de transplante de órgãos em 2003. O vice-diretor, Fa Yuhui, disse que o centro possui um grande banco de órgãos que permite um rápido teste de compatibilidade de tecidos e um tempo curto para a saída dos órgãos. [34] Isso não atraiu apenas pacientes nacionais e estrangeiros, mas também gerou uma receita enorme que superou a dos departamentos de cirurgia urológica de todos os outros hospitais de Xi'an. [35]
* O Hospital Central de Gongyi é um hospital pequeno na província de Henan. Depois que teve início um centro de transplante de rim em 2001, o hospital conseguia acomodar, simultaneamente, 12 pacientes. Até oito operações de transplante de rim foram realizadas em um só dia. Li Hongdao, diretor do Departamento de Cirurgia Urológica, realizou 500 transplantes de rim até 2006. [36]
* Huang Jiefu disse uma vez ao Guangzhou Daily que fez mais de 500 operações de transplante de fígado em um ano. [37] Esse alto índice de produtividade levanta suspeitas sobre a fonte dos órgãos.
5. Órgãos de alta qualidade usados para receptores estrangeiros
De 2003 a 2006, houve muitos fenômenos anormais no mercado de órgãos na China. Além das questões discutidas acima, ainda há outra que deve ser mencionada. Enquanto a quantidade de órgãos disponíveis crescia, a qualidade dos órgãos não era negociada. Por outro lado, de 2003 a 2006, a qualidade dos órgãos fornecidos foi excepcional. Durante o auge do turismo de transplante geral de órgãos da China, a maioria dos receptores de órgãos era de pacientes estrangeiros. Semelhante aos produtos exportados, os órgãos usados para esses pacientes tinham exigências muito maiores.
Na seção de perguntas e respostas do website, o CITNAC deu as respostas às perguntas sobre a qualidade dos órgãos: “O transplante de rim de doador vivo realizado na China é completamente diferente do transplante de rim de doador não vivo realizado por hospitais e centros de diálise no Japão”. “A chave para o transplante de rim é a compatibilidade dos tecidos. Para garantir a segurança do rim doado, antes da cirurgia para a remoção do rim do doador vivo, são testadas as funções do seu órgão, bem como os glóbulos brancos do sangue do doador. É seguro dizer que, aqui, os transplantes de rins são muito mais seguros e confiáveis em comparação com os transplantes feitos no Japão com rins de cadáveres”. A característica do 'doador vivo' é o argumento-chave para atrair pacientes estrangeiros.
Em busca de informação sobre transplante de órgãos, alguns investigadores estrangeiros telefonaram aos hospitais que realizam transplante de órgãos na China continental como se fossem pacientes ou como familiares de pacientes. As respostas recebidas foram todas semelhantes: “Os doadores são todos saudáveis”, “Os doadores têm cerca de 30 anos de idade”, “Garantimos a melhor qualidade”. [38]
6. Súbito desaparecimento da abundante fonte de doadores após 2006
Sob condições normais, como mostrado anteriormente, a disponibilidade de órgãos no Canadá e nos Estados Unidos vem sendo um tanto quanto constante, e não sofreu nenhum grande aumento ou diminuição súbitos na última década.
De 2003 a 2006, houve um aumento drástico de órgãos na China. Após março de 2006, depois que as alegações de extração forçada de órgãos de praticantes vivos do Falun Gong vieram à tona e chamaram a atenção internacional, houve, em 2007, uma repentina diminuição nos transplantes de órgãos na China.
Enquanto negavam as alegações da extração forçada de órgãos de praticantes vivos do Falun Gong, o regime comunista chinês acelerou a reorganização do seu mercado de transplante de órgãos. Foram introduzidas várias leis de regulamentação para o transplante de órgãos, e restringiu-se o número de hospitais com autorização para isso. Dos mais de 600 hospitais de transplante de órgãos previamente existentes, apenas 160 receberam autorização para continuar as operações.
Seria a redução do número de hospitais de transplantes a razão para a redução dos transplantes de órgãos? Com certeza não. Pelo menos, esta não é a raiz da causa. A redução na quantidade de hospitais licenciados deveria reduzir a competição por órgãos. Se não houvesse grandes mudanças na fonte dos órgãos, agora deveria haver mais órgãos disponíveis para os grandes hospitais. No entanto, o número de transplante de órgãos nesses hospitais ficou drasticamente reduzido. Portanto o problema reside na diminuição da fonte de doadores, em vez de no número hospitais de transplante de órgãos.
Em maio de 2007, em entrevista para o Science Times, Shi Bingyi, diretor do Centro de Transplante de Órgãos do Exército de Libertação Popular e membro do comitê permanente da Sociedade Médica Chinesa de Transplante de Órgãos, disse: “Em 2006 a quantidade de transplante de órgãos na China alcançou um pico histórico no número de cirurgias transplante de órgãos, no qual foram realizados aproximadamente 20.000 casos. Em grande parte devido à escassez de doadores de órgãos, o número de transplante de órgãos diminuiu nos primeiros cinco meses de 2007 se comparado com o mesmo período de 2006". [39]
Em julho de 2007, um artigo publicado no Southern Weekly, descreve mais essa questão: “Os cirurgiões especializados em transplante de órgãos se queixaram da escassez de doadores de órgãos”. "Zhu Zhijun é o vice-diretor do Centro Oriental de Transplante de Órgãos. Em seu escritório no segundo andar do Centro, Zhu parecia preocupado. Ele contou ao repórter que, desde o Ano Novo Chinês, o Centro, que é o maior centro de transplante de órgãos na Ásia, realizou apenas 15 transplantes de fígado em quase seis meses, enquanto que em 2006, o Centro bateu um recorde de mais de 600 transplantes de fígado em um ano". [25]
Suprimento de órgãos de criminoso condenados à morte relativamente estável
Anteriormente, nós assumimos que o número de órgãos dos criminosos condenados à morte fosse relativamente estável. Antes de 2003 e depois de 2006, esse número foi de cerca de 6.000. Vários fatores contribuíram para essa estabilidade:
1) A tecnologia de transplante de órgãos e o uso de imunossupressores foram aperfeiçoados no final de 1990. Não houve um aumento repentino no número de transplante de órgãos como resultado desses avanços tecnológico.
2) Manutenção dos elevados requisitos de compatibilização para transplantes de órgãos; a tecnologia não diminuiu esses requisitos, mantendo relativamente estável a mesma fonte de órgãos.
3) Ausência de uma rede de compartilhamento de informações sobre órgãos na China, o que significa que a maioria das compatibilidades acontecem entre o hospital local e o local dos prisioneiros executados. Isto e o protecionismo local limitaram o alcance da possibilidade de compatibilidade.
4) Condenações ao corredor da morte andam em sintonia com a orientação política. Sem uma campanha recente de repressão, o número das execuções no corredor da morte é relativamente estável.
5) A legitimidade de se utilizar órgãos de criminosos condenados à morte, assim como a aceitação moral entre os chineses causada pelos anos de doutrinação de que as doações de órgãos seriam a contribuição mínima que criminosos condenados à morte poderiam fazer pela sociedade, permitiram que os hospitais de transplante de órgãos na China se preocupassem menos com as pressões da comunidade internacional.
Com base nas razões acima, pode-se concluir que os órgãos vindos de prisioneiros executados são uma fonte de órgãos relativamente estável, e não são responsáveis nem pelo aumento repentino em 2003-2006, nem pela subsequente queda acentuada.
Impacto da Portaria do Supremo Tribunal Popular sobre órgãos de criminosos condenados à morte
Em 1º de janeiro de 2007, o Supremo Tribunal Popular reivindicou o direito de rever as sentenças dos criminosos condenados à morte, proferidas pelos supremos tribunais das províncias, resultando na redução das condenações à morte. Foi essa a causa da severa escassez de doadores de órgãos em 2007? Teve um impacto, mas foi não a causa principal. De acordo com a reportagem da Xinhua News Agency, em 10 de março de 2008, após o Supremo Tribunal Popular ter recuperado o poder de revisar as sentenças de condenação à morte, 15% das penas de morte foram revistas em 2007. [40] Essa porcentagem (que provavelmente está superestimada) indica que a reivindicação não teve um grande impacto na disponibilidade de órgãos vindos dos prisioneiros executados. Essa afirmação pode ser sustentada pelo número real dos transplantes de órgãos realizados. No Capítulo I, na parte "Referência aos dados históricos”, nós mencionamos o China Daily dizendo que 65% dos órgãos em 2008 e em 2009 vieram de criminosos condenados à morte, em um cenário em que 10.000 cirurgias de transplante de órgãos foram realizadas a cada ano. Isso significa que cerca de 6.000 órgãos vieram de criminosos condenados à morte, ficando próximo do nível entre 2000 e 2002.
Portanto, a redução repentina de órgãos disponíveis em 2007 deve ter como causa o rápido desaparecimento de outras fontes de órgãos.
Concluindo, o rápido crescimento entre 2003 e 2006, e o rápido desaparecimento das fontes de órgãos na China que se deu em seguida, não tem precedentes na história, possuindo características únicas não baseadas na teoria de que, durante os anos em questão, os prisioneiros do corredor da morte eram a principal fonte de órgãos.
Desde 2007, devido à escassez de doadores de órgãos, os familiares vivos doadores se tornaram uma nova fonte de órgãos. Em um esforço para conscientizar as pessoas, a imprensa chinesa também desenvolveu vastas campanhas sobre o assunto. De acordo com uma reportagem do People's Net, o Centro Oriental de Transplante de Órgãos em Tianjin realizou, em 2007, 84 cirurgias de transplantes de fígados retirados de doadores vivos (com um parente doando parcialmente um fígado). [41] No entanto, desde que, até depois de 2006, esse tipo de doador vivo não se tornou a maior fonte de órgãos, isto não nos ajuda a explicar o período entre 2003 e 2006, quando o mercado de órgãos da China disparou repentinamente.
Capítulo VII. Fonte extra de órgãos
Se o número anual de órgãos vindos de prisioneiros condenados à morte é de cerca de 6.000, e com o número muito limitado de familiares querendo ser doadores entre 2003 e 2006, então, de onde vieram todos os órgãos extras para suprir os mais de 12.000 – ou, no limite, os 20.000 – transplantes de órgãos por ano?
1. Características que provavelmente definem a nova fonte de órgãos
* O número de pessoas que compõem o banco de doadores é maior do que o número dos atuais criminosos condenados à morte.
* Como esta é uma prática ilegal, os doadores precisam estar facilmente acessíveis e, ao mesmo tempo, ocultados para que não se descubra a nova fonte de órgãos.
* Apesar das ilegalidades envolvidas, os criminosos não sofrem consequências legais. Em outras palavras, as diretrizes atuais do governo toleram a exploração dessa fonte de órgãos. Extrair órgãos dessa fonte seria como “transformar o desperdício em algo útil”.
* Para aumentar a probabilidade da compatibilidade de órgãos, esses indivíduos precisam ser mantidos em grandes números em locais determinados.
* Por último, mas não menos importante, os médicos não carregam responsabilidade nem legal e nem moral por matarem essas pessoas por causa dos órgãos delas.
2. Praticantes do Falun Gong detidos ilegalmente – uma nova fonte de órgãos
Praticantes do Falun Gong protestam pacificamente na Praça da Paz Celestial
Usar órgãos de criminosos condenados à morte requer autorização legal. Os hospitais não podem, ao acaso, ir a uma prisão e retirar os órgãos de um prisioneiro do corredor da morte. Mas o que dizer de um grupo que está fora do sistema judiciário, e que está sendo reprimido e difamado pelo governo? E se há então uma porção considerável de pessoas desse grupo que está sendo detidas ilegalmente? A probabilidade de esse grupo ser um banco ideal de órgãos vivos é muito alta. Em especial, os hospitais de transplantes de órgãos para as forças armadas e para a polícia militar considerariam como a fonte ideal, um banco de órgãos. Então qual é o grupo que se encaixa nessa categoria?
Desde que a repressão ao Falun Gong se iniciou em 20 de julho de 1999, uma grande quantidade de praticantes do Falun Gong foram detidos. Esses praticantes foram rapidamente vistos como uma fonte ideal de órgãos porque:
* Eles estão fora do sistema de justiça. Muitos praticantes são enviados, sem o devido processo legal, a campos de trabalho forçado. Muitos praticantes que saem para protestar pelo Falun Gong não revelam seus verdadeiros nomes e endereços, para proteger sua família, bem como não envolver o seu local de trabalho. Esses praticantes são detidos, de uma só vez, em grandes quantidades.
* Eles representam um imenso banco de órgãos. Os praticantes são detidos pela única razão de existir uma campanha para os perseguir e os executar. Como resultado, o período de espera por um órgão pode ser reduzido para 1-2 semanas – uma característica bem atraente, permitindo à China se tornar o centro global do turismo de transplante de órgãos.
* Eles estão disponíveis para, enquanto vivos, terem seus órgãos retirados. Órgãos de pessoas vivas têm qualidade superior aos órgãos de cadáveres e sempre são os mais procurados pelos pacientes estrangeiros dispostos a pagar um valor a mais por eles. O uso, em transplantes, de órgãos de doadores vivos também aumenta a probabilidade de sobrevivência dos pacientes; isso significa que um banco de órgãos de pessoas vivas é atraente para os médicos chineses que realizam transplantes, pois estes estão interessados em promover suas carreiras.
* A qualidade dos órgãos dos praticantes do Falun Gong é excelente. Ao contrário da maioria dos prisioneiros do corredor da morte, que são viciados em álcool, cigarros e drogas, os praticantes do Falun Gong se abstém dessas substâncias e, no geral, são bastante saudáveis. Em especial, acredita-se que jovens praticantes de áreas rurais se tornaram o principal alvo da extração forçada de órgãos de pessoas vivas.
3. Paradeiro incerto de muitos praticantes do Falun Gong
Desde que o Partido Comunista Chinês (PCC) iniciou a campanha contra o Falun Gong, os praticantes visitaram regularmente as repartições de apelação locais e as de Pequim, ou desfraldaram faixas na Praça da Paz Celestial, para chamar a atenção do mundo a essa violação dos direitos humanos. A reportagem "The Journey of Falun Dafa: A Bright But Arduous Path, no website Minghui/Clearwisdom, diz que: "De acordo com informação interna do Departamento de Segurança Pública em Pequim, em fins de abril de 2001 havia um total de 830.000 prisões de praticantes do Falun Gong, por protestarem em Pequim pelo direito de praticar o Falun Dafa”. Esse número não inclui os que se recusaram a dar o nome, ou não foram registrados pela polícia no momento da prisão". [42] Em seu "Relatório de 2008 Sobre Direitos Humanos: a China (inclusive Tibet, Hong Kong e Macau)", o Departamento de Estado dos EUA afirmou que: "Alguns observadores estrangeiros estimaram que os adeptos do Falun Gong constituíam pelo menos a metade dos 250.000 detentos oficialmente registrados nos campos de trabalho forçado, enquanto as fontes do Falun Gong no estrangeiro dizem que esse número é até maior". [43]
Envolvimento de familiares e empregadores
Um fenômeno digno de ser mencionado aqui é que o PCC adotou uma política perversa de envolvimento de terceiros na perseguição dos praticantes do Falun Gong. Membros da família de um praticante podem ser demitidos de seus empregos; supervisores no local de trabalho daquela pessoa podem ser punidos; colegas de trabalho podem perder as suas gratificações; em alguns casos, até funcionários do governo podem perder o cargo.
Por meio dessa política, o PCC isola os praticantes do Falun Gong, fazendo com que todos fiquem contra eles. Como resultado, as pessoas estão querendo participar mais da perseguição. Aqueles que previamente simpatizavam com o Falun Gong ficaram ressentidos ao perderem a bonificação salarial; e para que não perdessem seus cargos, funcionários do governo passaram a fazer tudo o que podiam para evitar que os praticantes do Falun Gong fossem protestar em Pequim. Funcionários locais de segurança pública foram enviados a Pequim para impedir que os praticantes daquela região protestassem no Escritório Central de Apelação; as repartições dos governos locais de Pequim foram transformadas em departamentos policiais para deterem e prenderem os praticantes do Falun Gong que foram a Pequim.
Muitos praticantes do Falun Gong que se recusaram a revelar seus nomes e endereços seguem desaparecidos
Para evitar complicações posteriores, muitos praticantes que foram protestar se recusaram a revelar seus nomes e endereços às autoridades. Baseados nos dados da troca de experiências dos praticantes nos artigos no website Minghui, a recusa em revelar nomes e endereços tornou-se um posicionamento comum entre eles. O que aconteceu a esses praticantes? Muitos deles desapareceram e, ao que tudo indica, foram encarcerados em grandes campos de concentração. Em retrospectiva, as prisões em grande número desses praticantes teriam ajudado a facilitar a extração de órgãos de pessoas vivas em larga escala.
O livro Bloody Harvest – The killing of the Falun Gong for their organs (Extração Sangrenta – O assassinato do Falun Gong por seus órgãos), de David Matas e David Kilgour, mostra as entrevistas feitas no mundo todo com muitos praticantes do Falun Gong que estiveram presos na China. Todos esses praticantes mencionaram ter encontrado nos presídios vários praticantes que se recusaram a revelar seus nomes e endereços, e que eventualmente desapareciam. Ao mesmo tempo, muitas famílias dos praticantes desaparecidos não sabiam que eles haviam saído para protestar pelo Falun Gong e, portanto, não tinham ideia do paradeiro deles. A dura realidade é que elas não sabem onde encontrar seus entes queridos.
Guo Guoting, um advogado chinês que hoje vive no exterior, confirmou que Huang Xiong, um dos seus clientes que ele representava enquanto estava em Xangai, permanecia em situação semelhante. Huang Xiong desapareceu de seu dormitório na Universidade Jiao Tong de Xangai e o seu paradeiro permanece desconhecido.
Em "Novas Evidências na Investigação sobre o Campo de Concentração de Sujiatun", uma praticante disse que: "Depois de 20 de dezembro de 2000, o número de praticantes enviados aos presídios aumentou subitamente, chegando a dezenas, às vezes até mesmo a uma centena em um único dia, enquanto que antes somente algumas dezenas eram enviadas para lá... Todas as praticantes recebiam um número... Em poucos dias as celas ficaram cheias. Todos os dias elas eram interrogadas pelos guardas que perguntavam seus nomes. Eles usavam bastões elétricos e outras formas de tortura nas praticantes e também ajudavam outras detentas a espancá-las. Ainda assim, a maioria das praticantes se recusava a dizer o próprio nome. Os guardas finalmente paravam de perguntar e diziam: 'Tudo bem, se você se recusa a me dizer, vou enviar você para um lugar onde você irá falar’.”
"No início de 2001, logo cedo pela manhã, em dias alternados, grupos de praticantes saíam de lá em grandes ônibus. Uma garota de 18 anos, da província de Shandong, estava comigo na mesma cela. O número dela era o K28. Em uma manhã, o número dela foi chamado por engano. Ela entrou em um dos ônibus, mas voltou mais tarde. Ela disse que todas as praticantes estavam sendo enviados para o nordeste da China. Mais tarde, os guardas nos disseram abertamente que eles estavam enviando as praticantes para o nordeste da China. Naquela época, muitas delas foram enviadas de Pequim para lá". [44]
A existência de “Campos de Concentração”
Alguém que trabalhava em uma procuradoria na China Continental nos disse uma vez que nenhum campo de trabalho forçado ou prisão na China deteria por muito tempo um presidiário que não tivesse um nome ou um endereço. Eles não conseguiriam completar o processo de registro. Esses detentos seriam transferidos para outros locais.
Pouco tempo depois, para descrever os presídios onde grande número de praticantes do Falun Gong ficava detido, começou a aparecer nas reportagens o nome “Campo de Concentração”.
De acordo com praticantes libertados dos centros de detenção e dos campos de trabalho forçado, alguns praticantes detidos e que eram extremamente firmes em suas crenças e que se recusavam a ser “transformados”, eram transferidos para locais desconhecidos. A existência dos campos de concentração fornecia uma possível pista para o paradeiro deles.
Campos de concentração controlados por militares
Já que o sistema de justiça não aceita detentos sem nomes e sem endereços, com base na prática convencional do PCC, eles permitiam aos militares assumir esses casos. De acordo com fontes internas do PCC, os campos de concentração são ligados diretamente a regiões controladas por militares.
Em março de 2006, depois que as alegações de extração forçada de órgãos de praticantes vivos do Falun Gong se tornaram públicas, um militar superior, médico na área de logística do exército, na Zona Militar de Shenyang, escreveu ao The Epoch Times revelando que havia muitas dezenas desses campos de concentração na China. Ele ainda lembrou ao mundo que prestasse atenção aos presídios militares, porque os transplantes de órgãos estavam sendo administrados pelos militares, significando que muitos presídios militares estavam sendo usados como campos de concentração. [45]
A vantagem de ter os militares no comando do banco de órgãos será explicada nas seções seguintes.
4. Análise de sangue dos praticantes detidos do Falun Gong
Algumas prisões chinesas possuem regulamentos para a realização de “exames físicos periódicos”nos detentos. Mas na realidade isso é muito difícil de ser cumprido. Porém, a lista de exames de saúde para os praticantes do Falun Gong detidos é diferente da lista para os outros detentos. De acordo com uma reportagem de 2004 do website Xinhuanet sobre a Prisão Tilanqiao de Xangai, os itens analisados nos exames médicos para os presos comuns incluíam "medir a pressão sanguínea, auscultar coração e pulmões, apalpar o fígado e região do baço e tirar raios-X do tórax", o que custaria quando muito 60 yuanes. [46] Exames de sangue não são feitos rotineiramente nos presos comuns. Por outro lado, para os praticantes detidos, era muito comum o exame de sangue, um elemento determinante para a compatibilização de órgãos.
Em julho de 2009, gravando o documentário Entre a Vida e a Morte, a New Tang Dinasty Television (NTDTV) entrevistou vários praticantes que tinham sido submetidos a esses exames durante o tempo de detenção.
A Sra. Gan Na, que atualmente vive em Toronto, Canadá, era de Pequim. Ela era uma ex-policial de alfândega no Aeroporto de Pequim. Em 2001, quando foi detida pela terceira vez no Campo Feminino de Trabalho Forçado de Xin'an, ela fez exames de sangue, raios-X, eletrocardiograma e exame dos olhos. Ela disse à NTDTV: "Na época isso me pareceu muito estranho. Os guardas do campo de trabalho forçado nunca nos trataram como se fôssemos humanos, mas mesmo assim nós fazíamos todos esses exames médicos. Pareceu-me muito estranho".
A Sra. Zhang Yijie, ex-diretora do Escritório de Relações Exteriores da Divisão Internacional do Ministério do Comércio Exterior e da Cooperação Econômica (MCECE), foi detida sete vezes por praticar Falun Gong. A última vez que ela foi detida foi em junho de 2001, quando foi mantida no Campo Feminino de Trabalho Forçado de Pequim. A Sra. Zhang disse que: "A cada seis meses o MCECE costumava oferecer aos funcionários um exame físico. Para um exame de rotina do funcionamento do fígado, comumente eles recolhiam um pequeno tubo de sangue. Essa quantidade de sangue era bastante adequada. Mas, para o exame no campo de trabalho forçado eles costumavam tirar mais sangue do que a quantia usual. Todas nós perguntávamos por que eles retiravam tanto sangue, mas nunca houve resposta".
Em janeiro de 2000, a Sra. Zou Yuyun, de Guangzhou, foi levada para o Campo Feminino de Trabalho Forçado de Chatou, em Guangzhou, no qual ela ficou detida por 22 meses. Após ser libertada do campo de trabalho forçado, ela foi presa e detida em cinco diferentes centros de lavagem cerebral. A Sra. Zou contou à NTDTV que: "No final fui transferida para o centro de lavagem cerebral no distrito Tianhe, em Guangzhou. O médico de lá me levou ao hospital especialmente para passar por um completo exame físico. Eu fiz um eletroencefalograma e, é claro, um exame de sangue".
No livro Bloody Harvest (Colheita Sangrenta), os autores Matas e Kilgour também entrevistaram vários praticantes do Falun Gong que haviam sido detidos na China a respeito da questão dos exames de sangue. Os exames de sangue e os exames físicos são questões intrigantes para aqueles que passaram pela experiência. Por outro lado, os praticantes, enquanto detidos, eram submetidos a maus-tratos e a torturas desumanas. Eles também eram pressionados a denunciar o Falun Gong e a assinar declarações renunciando à prática.
Como a quota das "transformações" está diretamente ligada às realizações políticas do governo local, a tortura é comumente usada em praticantes, muitos deles torturados até a morte.
Muitos praticantes mencionaram que os exames de sangue tinham como alvo específico os praticantes do Falun Gong. O que mais causa suspeita é que, quando as autoridades encontravam qualquer problema de saúde durante esses exames, em vez de fornecer tratamento médico, não era feito nada com os praticantes. Em outras palavras, os exames médicos tinham como finalidade encontrar praticantes saudáveis.
Até o momento, informações conseguidas são somente sobre os exames de sangue nos campos de trabalho forçado e nas prisões. Nós não temos informações sobre os praticantes que foram levados para grandes prisões em regiões não reveladas.
5. Praticantes detidos do Falun Gong – uma reserva em larga escala para compatibilidade e extração forçada de órgãos de “doadores” vivos
Anteriormente mencionamos que, em princípio, em um dado local e em uma hora específica, os órgãos de prisioneiros executados só podiam ser compatibilizados com os pacientes naquele mesmo local informado e naquela mesma hora. Pouco tempo depois que os criminosos condenados à morte são executados, os seus órgãos não são mais úteis. Como um banco de órgãos, eles tem limitações, porque as execuções acontecem em locais diferentes e em tempos diferentes. Sem um sistema de distribuição de órgãos, a compatibilidade dos órgãos dos criminosos condenados à morte torna-se um processo com um “pequeno banco de amostragem”.
Ao contrário, os praticantes detidos do Falun Gong podem fazer várias vezes o teste de compatibilidade de órgãos até que seja encontrado um receptor compatível. Eles são um “banco de reserva”. Ao mesmo tempo, grande número deles foi encarcerado de forma concentrada em vários locais não revelados na China, o que torna a compatibilidade um processo com um “grande banco de amostragem”.
Mais importante ainda, a extração forçada de órgãos de praticantes vivos do Falun Gong nos dá uma explicação para todas as características do mercado de transplante de órgãos na China entre 2003 e 2006.
6. Para facilitar a extração dos órgãos e ao se tratar de praticantes do Falun Dafa, o sistema judiciário é ignorado
O tribunal é uma peça chave para a utilização dos órgãos dos prisioneiros condenados à morte, e essa instituição é deixada de fora do processo no trato com os praticantes do Falun Gong, muitos dos quais, sem o devido processo legal, foram enviados aos campos de trabalho forçado ou detidos em campos de concentração. Somado a isso, as autoridades do PCC impedem que os advogados chineses representem os praticantes, deixando-os fora do sistema judiciário. A prática da extração dos órgãos de praticantes vivos do Falun Gong ignora, assim, os tribunais e é negociada diretamente entre os hospitais e os presídios. As consequências disso são graves:
* Sem o envolvimento dos tribunais, os praticantes do Falun Gong potencialmente se tornaram um amplo e irrestrito banco de órgãos.
* Sem o envolvimento do judiciário, os hospitais ou os intermediários dos órgãos negociam diretamente com os presídios, sem a necessidade de passar por nenhum dos procedimentos legais ou da burocracia para proceder à extração de órgãos no local da execução. O processo é muito mais eficiente.
* Sem o envolvimento do judiciário, os envolvidos ficam livres de receios. Ignorar os procedimentos legais significa que esses casos não são conduzidos abertamente, não ficando sujeitos às restrições do mundo exterior, bem como das famílias dos doadores. O fato de que o paradeiro dos praticantes detidos do Falun Gong é desconhecido das suas famílias faz com que eles sejam alvos fáceis.
Um ponto de esclarecimento: a ausência de envolvimento do judiciário significa somente que os praticantes do Falun Gong não têm nenhuma proteção legal enquanto estão sendo perseguidos. Isto não quer dizer que os tribunais não participaram na extração de órgãos de praticantes vivos.
7. A extração de órgãos de praticantes vivos do Falun Gong segue o “modelo de orientação militar”
Uma característica importante na extração forçada de órgãos é que o banco de órgãos é controlado pelos militares, e os hospitais que participam do ato são dominados pelos militares ou por aqueles que possuem laços estreitos com o exército. Devido à natureza da segurança militar, a verdade é escondida do mundo exterior.
A China possui um vasto sistema médico militar. Há o Hospital Geral do ELP, e cada universidade médica militar possui o seu próprio hospital afiliado. Todas as diversas filiais dos hospitais militares têm seus próprios hospitais. Nos hospitais militares, o transplante de órgãos é um dos campos que cresce mais rapidamente. Zhang Yanling, Ministro da Saúde do Departamento Geral de Logística do ELP, e ex-presidente da Segunda Universidade Médica Militar, em 17 de dezembro de 2008 foi citado em um artigo no website da Xinhuanet: “Em 1978, havia apenas três hospitais militares que eram capazes de realizar transplantes de rins. Agora há 40 desses hospitais capazes de realizar transplantes de fígado, rim, coração, pulmão e transplantes múltiplos. Isto corresponde a um quarto do total nacional”. [47]
O controle do banco de órgãos foi o fator mais importante que tornou possível esse grande salto nos transplantes de órgãos pelos militares.
Em abril de 2006, a revista Life Week noticiou que: “98% do banco de órgãos da China são controlados por um sistema fora do Ministério da Saúde”. Na realidade, os hospitais militares, incluindo os hospitais das forças armadas, saem com vantagem, seja pela extração dos órgãos de prisioneiros executados no corredor da morte ou pela extração forçada dos órgãos de praticantes vivos do Falun Gong. Os hospitais não militares que realizam transplante de órgãos em grande escala, todos possuem forte ligação com os hospitais militares. Em muitos casos os cirurgiões dos transplantes de órgãos nos hospitais não militares são de hospitais militares.
Hospitais militares e das Forças Armadas, assim como os hospitais ao longo da costa chinesa, são o fator persuasivo por trás da extração de órgãos de pessoas vivas
Depois de alcançar um crescimento rápido em curto tempo, o antigo centro de transplante de órgãos no Hospital Central Nº 1 de Tianjin mudou seu nome para Centro Oriental de Transplante de Órgão, o qual é o maior na Ásia. Em 2003, Shen Zhongyang fundou o “Instituto de Pesquisa de Transplante de Fígado das Forças Armadas”, no Hospital Geral das Forças Armadas, em Pequim, e se tornou o seu primeiro diretor. Shen Zhongyang (e os diversos presídios de transplante dirigidos por ele) em grande parte têm acesso imediato aos bancos de órgãos porque o hospital geral faz parte das forças armadas.
Shi Bingyi é outra figura-chave muito ativa na comunidade de transplante de órgãos na China e, frequentemente está no centro da mídia. Ele é o diretor do Centro de Transplante de Órgãos do ELP, no Hospital Geral do Estado-Maior do ELP, também conhecido como o 309º Hospital.
No livro Bloody Harvest (Colheita Sangrenta), Matas e Kilgour entrevistaram diversos pacientes que foram para a China em busca de transplantes de órgãos. Todos os cirurgiões desses pacientes possuíam experiências militares. Um dos receptores foi internado no Hospital Popular Nº 1 de Xangai. O seu cirurgião foi o Dr. Tan Jianming, que é o cirurgião-chefe do Hospital Geral de Fuzhou da Região Militar de Nanquim (antigamente conhecido como 93º Hospital). Tan também realiza cirurgias no 85º Hospital do ELP na Região Militar de Nanquim, em Xangai.
Para um transplante de fígado, outro paciente primeiro se dirigiu ao Hospital de Huashan em Xangai (afiliado à Universidade de Fudan). Ele ficou sob os cuidados de Qian Jianmin, vice-diretor do centro de transplante de fígado do Hospital de Huashan. Depois de vários dias em que não foi encontrado nenhum órgão compatível, Qian sugeriu que esse paciente fosse transferido para o Hospital Changzheng, em Xangai, afiliado à Segunda Universidade Médica Militar, afirmando que era mais fácil conseguir um órgão lá. Um fígado compatível foi encontrado para o paciente no dia em que ele foi transferido para o Hospital de Changzheng.
Os autores também entrevistaram um paciente que se internou no Hospital Popular de Taiping, na cidade de Dongguan, província de Guangdong, para um transplante de rim. O seu cirurgião foi o Dr. Gao Wei. O Hospital Popular de Taiping é um hospital geral não militar, mas o Dr. Gao Wei também é médico no Departamento de Transplante de Rim, do Hospital de Zhujiang, o qual é afiliado à Primeira Universidade Médica Militar. Dr. Gao também trabalha em meio período como cirurgião no Hospital da Guarda Costeira das Forças Armadas de Shenzhen, na província de Guangdong.
A Rádio Sound of Hope entrevistou a Dra. Peng Xuemei, em setembro de 2009. A Dra. Peng trabalha no Departamento de Anestesiologia, no Hospital Chinês do Exterior de Guangzhou, e é assistente nas cirurgias de transplante de órgãos. Ela revelou que o hospital possui muitos meios pelos quais poderia obter os órgãos. Ela disse que: "Em muitos casos, o Hospital de Nanfang conseguia os rins primeiro, em seguida os enviavam para o nosso hospital. Foi por isso que disse que há muitos canais lá. Mas não podemos falar sobre isso abertamente". O Hospital de Nanfang é o primeiro hospital afiliado à Universidade Médica do Sul, que é a antiga Universidade Médica Militar, e foi entregue ao governo provincial de Guangdong em 2004.
Em agosto de 2008, o Ministro da Saúde da China lançou o “Registro Científico de Transplante de Rins na China”, ou CSRKT (www.csrkt.org). Sua central de dados é controlada pelo 309º Hospital. Isto nos dá uma ideia clara do papel que os hospitais militares exercem na comunidade de transplante de órgãos da China.
Como a China se tornou o centro global do turismo de transplante de órgão, os hospitais ao longo da costa chinesa foram particularmente favorecidos pela localização. Tendo atraído um número crescente de pacientes, eles precisavam desenvolver mais canais para o banco de órgãos. Os intermediários para esses hospitais faziam tudo o que podiam para criar laços firmes com os hospitais militares ou com os hospitais com uma direção militar.
Embora pessoas de fora saibam pouco sobre como os militares conduzem a extração de órgãos de pessoas vivas, o papel ativo dos hospitais militares e das forças armadas no mercado de transplante de órgãos e a vantagem deles com relação aos suprimento de órgãos vêm do controle dos campos de concentração e dos bancos de órgãos aos quais estão associados.
8. Questões adicionais em aberto
A história por trás da propaganda “Rim à venda”
Ainda falando sobre os bancos de órgãos, talvez alguns leitores tenham visto colada em postes a propaganda “Rim à venda”. Qual o tamanho do mercado que pode ser criado a partir de quem está fazendo propaganda para a venda de um de seus próprios rins?
Em primeiro lugar, esse tipo de comércio de órgãos é ilegal. Os envolvidos podem ser condenados à prisão. Os vendedores de rim em potencial se aproveitam de uma brecha legal, relacionada à doares vivos entre familiares. Nesses casos, o vendedor precisaria forjar um documento que comprovasse que o doador e o receptador são parentes. É um negócio arriscado, mas os altos lucros impulsionaram a generalização desse comportamento. [48]
Outra questão é quantas dessas pessoas venderam seus rins com sucesso? Na realidade, a probabilidade da compatibilidade do órgão permanece como o maior problema. De acordo com uma reportagem no Xin'an Evening, em 2004, “as chances para que dois completos estranhos se encontrem por acidente e tenham órgãos compatíveis são raras, a não ser que ambos tenham feito uma boa preparação antes dos exames hospitalares. Mas existe outro obstáculo – nenhum médico chinês encorajaria ou se envolveria com esse tipo de atividade de comércio clandestino porque ele é ilegal”. [49]
Alguns médicos declararam que os custos para a extração de órgãos de criminosos condenados à morte executados são baixos, e que o processo dura apenas alguns minutos. Além disso, não há a necessidade de se pagar doadores, nem há a necessidade de cuidados médicos pós-cirúrgicos para com os doadores (similar aos casos da extração forçada de órgãos de praticantes vivos do Falun Gong).
Por outro lado, o custo para se comprar um rim de um vendedor particular seria muito maior. O custo de um rim não fica só entre 10.000 e 30.000 yuanes, pois também precisa ser fornecido ao vendedor os cuidados médicos pós-operatórios, bem como a permanência no hospital. Em fins de 2004, em uma entrevista ao China Business Morning Post, o Sr. Wu Gang, professor associado do Departamento de Transplante de Órgão do Primeiro Hospital da Universidade Médica da China, disse ao repórter: “Precipitar-se na compra de rins ilegais de pessoas totalmente estranhas baseando-se apenas em anúncios é se arriscar a perder tempo e dinheiro em órgãos não utilizáveis”. [50]
Admitamos que exista a venda ilegal de rins, e que haja pessoas que compraram rins dessa forma. Mesmo assim, não pode ter sido de uma enorme fonte de órgãos. Até o governo chinês admitiu que o crescimento do mercado de transplante de órgãos da China em grande parte foi impulsionado pelos altos lucros. A introdução de vendedores privados na fonte de órgãos aumentaria os custos, principalmente em comparação com os órgãos extraídos gratuitamente, sem cuidados médicos pós-operatórios, o que reduziria os lucros do hospital. Embora os anúncios de “Rim à venda” sejam encontrados em vários locais, e considerando os vendedores de rins particulares como banco de órgãos, isso não pode ser a razão do “vigoroso desenvolvimento” do mercado de transplante de órgãos da China. Mais importante ainda, os praticantes detidos do Falun Gong entre 2003 e 2006 foram uma melhor fonte de órgãos. Na entrevista de 2004, Wu Gang também revelou que “Não há mercado para aqueles anúncios de 'Rim à venda' porque atualmente há uma abundância de rins na cidade de Shenyang!”
O Centro Internacional de Assistência à Rede de Transplante da China, ou CITNAC, subordinado ao Primeiro Hospital da Universidade Médica da China, afirmou em seu website que o período mais curto de espera por um rim era de uma semana, sendo, em média, menos de um mês de espera. Se o transplante falhasse, dentro de uma semana poderia ser programada uma segunda cirurgia. Foi também afirmado que o período de espera por um fígado era menos do que um mês. De onde veio toda essa abundância de órgãos? Obviamente não veio dos anúncios colados nos postes ou banheiros de hospitais de “Rim à venda”. Deveríamos observar também que, entre 2003 e 2006, o número de transplantes de fígado cresceu significativamente, enquanto que poucos anúncios de “Fígados à venda” foram vistos.
A fonte de órgãos da extração em larga escala de órgãos de praticantes vivos do Falun Gong começou a desaparecer ou declinar em 2007. Como meio de criar uma nova fonte de órgãos, o governo chinês iniciou fortes campanhas de propaganda para promover doadores vivos entre os familiares. Isso pode ter aberto a porta para a falsificação de parentesco e ter estimulado o desenfreado comércio clandestino de rins, mas isso é uma questão diferente. O foco deste relatório está no período entre 2003 e 2006, quando disparou o mercado de transplante de órgãos da China.
O aumento do número de hospitais que realizam transplantes de órgãos pode aumentar o número dos transplantes de órgãos?
Alguns podem se questionar se o grande aumento no número de hospitais de transplantes de órgãos teve influência no aumento do número de transplantes de órgãos. Isto é improvável. A escassez de doadores de órgãos é a maior barreira para transplantes de órgãos. Se o suprimento de órgãos não conseguia atender nem mesmo um pequeno número de hospitais, o aumento do número de hospitais só pioraria a situação. Além disso, de acordo com a fórmula de cálculo que apresentamos em itens anteriores, o número de órgãos de criminosos condenados à morte executados é relativamente fixo. Um aumento no número de hospitais simplesmente não pode produzir um maior número de doares.
Capítulo VIII. Evolução da extração de órgãos de “doadores” vivos
1. Casos isolados
Ao longo dos anos, o processo de extração de órgãos de praticantes vivos do Falun Gong se expandiu. Os casos de extração de órgãos mencionados anteriormente ocorreram com praticantes torturados até a morte nos campos de trabalho forçado. Desde o ano 2000, havia relatos de casos de mortes relacionadas à extração de órgãos. Isso poderia explicar o aumento no número de transplantes de órgãos na China a partir do ano 2000.
Em 22 de dezembro do ano 2000, o website do Minghui/Clearwisdom publicou a seguinte notícia sobre a China: "De acordo com informações, alguns policiais e médicos na China continental estão planejando vender os órgãos de praticantes do Falun Gong por enormes quantias de dinheiro”. “Um informante revelou que, na cidade de Shijiazhuang, um determinado hospital especializado em medicina chinesa recebeu uma cota de seis [órgãos de praticantes do Falun Gong]". [51] Essa talvez tenha sido a notícia mais antiga sobre a extração de órgãos dos praticantes do Falun Gong pelo PCC.
Em 16 de fevereiro de 2001, Ren Pengwu, 33 anos, técnico na Terceira Usina Termelétrica da cidade de Harbin, na província de Heilongjiang, foi preso por distribuir material informativo desmascarando o incidente da encenação da autoimolação na Praça da Paz Celestial. Ele foi encarcerado no Presídio Nº 2, no condado de Hulan. Em 21 de fevereiro, de manhã, antes do nascer do sol, ele foi torturado até a morte. Sem autorização da família, e antes de cremarem rapidamente o seu corpo, as autoridades policiais removeram todos os órgãos de Ren Pengwu. [52]
Hao Runjuan, uma praticante do distrito de Baiyun na cidade de Guangzhou, foi presa ao final de fevereiro de 2002. Em 18 de março de 2002, ela morreu no presídio de Baiyun como consequência de ter sido brutalmente torturada. A polícia fez a autópsia do corpo sem conhecimento algum da família. Quando os parentes foram notificados para que identificassem o corpo, ele estava irreconhecível. [53]
Sun Ruijian, de 29 anos, praticante da cidade de Ningde, na província de Fujian, foi preso em novembro de 2000, quando foi apelar pelo Falun Gong em Pequim. No dia 1º de dezembro de 2000, sua família foi notificada de que enquanto estava sob a escolta da força pública, ele havia morrido por "ter pulado de um carro em movimento". Quando a esposa de Sun viu o corpo, ele já havia passado por autópsia, e os olhos pareciam anormais, com um inchaço evidente. [54]
Fu Keshu, 53 anos de idade, praticante do Falun Gong e professora aposentada da 1ª Escola Primária do condado de Kaiyang, província de Guizhou, e Xu Genli, seu sobrinho de 34 anos, desapareceram na região da cordilheira de Jinggang em novembro de 2005. Ao final de abril de 2006, seus corpos foram encontrados no pico da montanha Wuzhi, região da cordilheira de Jinggang. As cabeças tinham sido raspadas e estavam sem as sobrancelhas. Seus olhos haviam sido arrancados. O peito e o abdômen de Xu tinham sido abertos. Seus familiares ficaram convencidos de que os órgãos deles tinham sido retirados e que antes, os corpos tinham sido preparados. [55]
De acordo com uma pessoa que esteve detida no Instituto de Reabilitação do Distrito de Baiyun, e sob a supervisão de um médico do instituto, vários viciados em drogas espancavam um praticante do Falun Dafa, e o médico dizia: "Não acertem os rins, eles são úteis!" Quando os viciados sofriam de abstinência, em várias ocasiões essa pessoa ouviu os médicos dizerem a eles: "Se você quiser alguma droga, espanque aqueles praticantes do Falun Dafa, mas tenha cuidado para não tocar os olhos e abdomens". [56]
2. Extração forçada em larga escala de “doadores” vivos
A transição da extração de órgãos em casos particulares para a extração em larga escala foi possibilitada pelas condições expostas abaixo:
Condição 1: o surgimento dos campos de concentração
Nós discutimos em seções anteriores que muitos praticantes que se recusaram a revelar nome ou endereço foram levados para locais não revelados. Essas instalações controladas pelos militares forneceram as condições físicas para a extração de órgãos de pessoas vivas.
Condição 2: a diretriz política para "acabar com a reputação deles, levá-los à falência e destruí-los fisicamente"
A perseguição ao Falun Gong foi iniciada por Jiang Zemin, mobilizando todo o aparato do Estado em sua campanha. A Agência 6-10 adotou a diretriz política de "acabar com a reputação deles, levá-los à falência e destruí-los fisicamente", na tentativa de erradicar o Falun Gong.
No dia 30 de novembro de 1999, de acordo com Li Baigen, ex-diretor da Divisão Administrativa de Projetos e Inspeção da Comissão Municipal de Urbanismo e Planejamento de Pequim, atualmente vivendo nos Estados Unidos, três funcionários do alto escalão da Agência 6-10 convocaram 3 mil funcionários públicos para participar de uma conferência no Grande Salão Popular, com o objetivo de debater a perseguição ao Falun Gong, já que cada vez mais praticantes do Falun Gong estavam indo à Pequim para protestar, apesar de vários meses de severa repressão. Durante a conferência, Li Lanqing, diretor da sede da Agência 6-10, transmitiu verbalmente as novas diretrizes dadas por Jiang Zemin: "acabar com a reputação deles, levá-los à falência e destruí-los fisicamente".
Essa diretriz nunca foi transmitida por meio de um documento escrito. O mundo externo à agência soube do fato por meio de praticantes detidos em centros de lavagem cerebral, em campos de trabalho forçado ou em prisões. Vários deles declararam, em artigos publicados no website Minghui, terem ouvido, enquanto estava presos, a polícia ou os agentes da 6-10 fazerem menção a essa mesma ordem.
Derivada dessa diretriz, há a ordem de que "espancá-los até a morte conta como suicídio", outra prática comum de alguns policiais, ao lidar com praticantes que se recusam a abrir mão de sua crença. Apesar da quantidade de casos que terminam com a morte de praticantes como resultado da perseguição, que continua a crescer (até 2009, pelo menos 3,3 mil mortes de praticantes foram confirmadas), os policiais responsáveis por essas mortes nunca foram punidos pelo regime do PCC. Pelo contrário, eles foram considerados como policiais modelos na campanha contra o Falun Gong e recompensados com promoções e incentivos financeiros.
Condição 3: os transplantes de órgãos trouxeram lucros financeiros enormes
Como discutido anteriormente, os altos valores pagos por um transplante de órgãos fizeram com que esse negócio fosse altamente lucrativo, o que é uma poderosa força motivadora, principalmente em um país oficialmente ateísta.
Condição 4: propagandas difamatórias, como a autoimolação forjada na Praça da Paz Celestial, alimentaram o ódio da população, tornando possível a extração de órgãos de pessoas vivas
Desde o início da perseguição, o governo do PCC fabricou inúmeras mentiras, para difamar o Falun Gong. Um exemplo típico foi a autoimolação na Praça da Paz Celestial, encenada pelo regime do PCC, em um esforço para instigar o ódio nacional contra o Falun Gong. A extração de órgãos de pessoas vivas, impulsionada pelo ódio e pela tentação de ganhos financeiros, é parte do genocídio dos praticantes do Falun Gong.
Durante a 53ª reunião da Subcomissão de Fomento e Proteção dos Direitos Humanos e Desenvolvimento da Educação Mundial, descobriu-se que a autoimolação citada pelo governo chinês, que estava sendo apresentada como "prova" de que o Falun Gong era um "culto maligno", foi na verdade encenada. [57-59]
A opressiva e enganosa propaganda feita pelo PCC de fato instigou o ódio entre o povo chinês em geral, abrindo caminho para aqueles que talvez se abstivessem de participar por causa de questões morais entrassem, anos depois, no esquema de extração de órgãos de praticantes vivos do Falun Gong.
A perseguição pelo PCC e os grandes incentivos financeiros fizeram com que os casos isolados de extração de órgãos se transformassem em extração em larga escala de órgãos de pessoas vivas. De acordo com informantes, a extração de órgãos de praticantes vivos do Falun Gong começou a aparecer ao final de 2001.
Após ter sido revelada à comunidade internacional as atrocidades nos campos de trabalho forçado, o governo chinês fechou, em 2013, o infame sistema de campos de trabalho. Contudo, uma grande quantidade de praticantes ainda está detida em prisões e em centros de lavagem cerebral na China. Muitas notícias publicadas no website Minghui revelam que familiares daqueles que morreram de tortura não puderam ver os corpos de seus entes queridos, os quais, forçosamente foram cremados pela polícia. Há motivos suficientes para acreditar que a extração de órgãos continua fazendo uso daqueles praticantes que foram mortos pela tortura e não irá parar até que a perseguição tenha chegado ao fim e todos os praticantes detidos sejam libertados.
3. Transição do "uso de órgãos de criminosos condenados à morte" para "extração de órgãos de praticantes vivos do Falun Gong"
A reação inicial de muitas pessoas ao ficar sabendo sobre a extração de órgãos de praticantes vivos do Falun Gong é de incredulidade: "Como pode isso ser possível? Como médicos podem fazer uma coisa dessa?"
Se a China tivesse um sistema de doação de órgãos similar ao de vários países ocidentais e se nunca tivesse existido a prática de retirar os órgãos de criminosos condenados à morte, então talvez as alegações de extração de órgãos de praticantes vivos do Falun Gong fossem de fato inverossímeis. No entanto, extrair órgãos de criminosos condenados à morte acontece há várias décadas. Alguns prisioneiros executados não estavam completamente mortos quando seus órgãos foram removidos. Esses casos foram parecidos à extração de órgãos de pessoas vivas. Nesse contexto, e após o governo do PCC ter rotulado os praticantes do Falun Gong como "inimigos do Estado" (colocando-os em uma situação pior do que a dos criminosos condenados à morte), passar do "uso de órgãos de criminosos condenados à morte", para a "extração de órgãos de praticantes vivos do Falun Gong" foi apenas um pequeno passo.
Depoimento da Srª Annie, cujo ex-marido participou da extração de órgãos de pessoas vivas
No livro Bloody Harvest – The killing of Falun Gong for their organs (Colheita Sangrenta – o assassinato de praticantes do Falun Gong por seus órgãos), um dos autores, o Sr. David Kilgour, entrevistou a Srª Annie (pseudônimo), ex-esposa de um cirurgião chinês que extraía córneas de praticantes do Falun Gong.
De acordo com Annie, o seu ex-marido começou a extrair essas córneas ao final de 2001. O hospital em que ele trabalhava era responsável apenas pela remoção, mas não pelo transplante. Ele era um neurocirurgião, mas foi solicitado a extrair córneas. Antes de serem levados à sala de cirurgia, os praticantes do Falun Gong recebiam uma injeção para causar insuficiência cardíaca. A princípio, ele não sabia que essas pessoas que chegavam lá, vivas, eram praticantes do Falun Gong. No início, temendo pelo vazamento de informação, diferentes órgãos eram removidos por médicos diferentes, em salas separadas. Todas as vezes, o cirurgião recebia uma grande quantia de dinheiro e recompensas financeiras muito maiores que o seu salário normal. Posteriormente, com a continuidade do pagamento aos médicos, eles pararam de temer a repercussão do que faziam. Assim passaram a extrair órgãos em conjunto. Durante uma operação, quando o ex-marido de Annie cooperou com outros médicos, ele descobriu que os corpos eram de praticantes do Falun Gong. A Srª Annie descobriu essa informação em 2003. Mais tarde, naquele ano, eles se divorciaram.
Podemos perceber que a prática habitual de extrair órgãos de criminosos condenados à morte desempenhou um papel fundamental na extração de órgãos de praticantes vivos do Falun Gong. Com a política de "espancá-los até a morte conta como suicídio", além da propaganda difamatória contra o Falun Gong, os médicos ficaram insensíveis para com os "doadores", tratando-os como já estavam acostumados a tratar os criminosos condenados à morte.
Grupos diferentes estão envolvidos em momentos diferentes, como pode ser visto no fluxograma. Os médicos que fazem a extração dos órgãos podem ser ou não aqueles que farão a cirurgia de transplante. Por consequência, nem todo médico conhece todo o cenário. Se perguntados de onde vieram os órgãos, médicos diferentes podem fornecer respostas diferentes, devido ao envolvimento deles em diferentes fases do processo. Mais que isso, devido à fonte de órgãos ser controlada pelos militares, é muito difícil aos não militares estarem a par de todo o procedimento.
Eles usam a expressão “criminosos condenados à morte” como desculpa para se eximirem de responsabilidades
A partir do que aprendemos, a mentalidade comum à maioria dos cirurgiões que fazem transplante de órgãos na China é que eles não estão dispostos a fazer perguntas sobre a verdadeira identidade ou sobre o passado dos doadores. Quanto mais cirurgias eles fazem, mais dinheiro é conseguido, cresce o reconhecimento do trabalho deles, mais artigos acadêmicos são divulgados, eles são promovidos mais rapidamente e, por isso, menor número de envolvidos se interessam em saber sobre qual a origem dos órgãos. Eles não têm escrúpulos, desde que consigam continuar acreditando que os órgãos eram, de fato, de criminosos condenados à morte. Eles realizam o procedimento cirúrgico sem dar muita importância se os doadores são mesmo os criminosos condenados à morte, ou se são praticantes do Falun Gong.
Todos os envolvidos nesse processo, para se eximirem da responsabilidade, preferem acreditar que os órgãos foram extraídos de criminosos condenados à morte:
* Por causa da lavagem cerebral feita pelo PCC, a polícia militar tratou os praticantes do Falun Gong como pacientes com problemas mentais ou prisioneiros condenados à morte.
* Os cirurgiões que fizeram a extração escolheram acreditar que o doador deitado na mesa de operação é um condenado à morte, ainda que ele ainda estivesse vivo, pois já estavam acostumados a extrair órgãos de prisioneiros executados, mesmo que eles ainda não estivessem completamente mortos.
* Médicos que não participavam da extração de órgãos, mas realizavam cirurgias de transplante, eram mais propensos a acreditar que os órgãos que receberam eram de criminosos condenados à morte, e não de praticantes do Falun Gong.
No caso do ex-marido de Annie, ele, no início, acreditou que os doadores eram os criminosos condenados à morte. E mesmo quando descobriu que na verdade eram praticantes do Falun Gong, ele ficou indiferente, impulsionado apenas pelo desejo de fazer mais dinheiro. Uma vez que a extração de órgãos se tornou uma prática comum, aqueles que participavam da cirurgia de praticantes vivos do Falun Gong eram mais propensos encará-los como estavam acostumados a fazer com os criminosos condenados à morte.
No entanto, os praticantes do Falun Gong cujos órgãos foram extraídos enquanto ainda estavam vivos não eram os tradicionais “criminosos condenados à morte”. A extração de órgãos de pacientes ainda vivos equivale a assassinato a sangue frio. Conforme a verdade foi ficando conhecida, e por medo, aqueles que participavam desse crime decidiram permanecer em silêncio, o que aumentou seus crimes.
Médicos aficionados em cirurgias de transplante de órgãos
No dia 26 de janeiro de 2005, o Jiefang Daily publicou “Um Milagre de Nove Horas”, uma história sobre o médico Xia Qiang, diretor do Centro de Transplante de Órgãos do Hospital Renji em Xangai, que era dedicado a cirurgias de transplante de fígado. Em certa ocasião, Xia dirigiu 140 quilômetros, para levar ao hospital um paciente de 72 anos para fazer um transplante de fígado. Esse paciente tinha várias doenças fatais – cirrose, câncer de fígado, pedras em ambos os rins e falência renal e já estava acamado há alguns meses. O paciente precisava de um transplante de fígado e de rim. Xia estava determinado a quebrar o recorde de transplantes de fígado e de rim na Ásia, onde o paciente mais velho tinha 65 anos de idade. Xia disse ao repórter: "Eu sou obcecado por transplantes de fígado. Estou viciado neles. Preciso ver pacientes todos os dias, caso contrário não consigo me acalmar. Eu preciso fazer semanalmente pelo menos duas a cinco cirurgias de transplante de fígado e não tenho medos de erros. Vou aprender com eles e vou continuar no dia seguinte". [60]
Realmente é uma coisa boa para um médico ser tão comprometido, e não há nada de errado em procurar o sucesso. No entanto, quando um médico está viciado em transplantes de órgãos, e para ficar satisfeito ele precisa fazer várias cirurgias por semana, tudo com o que ele irá se preocupar será conseguir ilimitados fornecedores de órgãos. Naquele caso, quantos médicos iguais a Xia ficariam preocupados se os doadores seriam de criminosos condenados à morte ou de praticantes do Falun Gong?
“Vida Indigna de ser Vivida” – uma lição histórica sobre o Holocausto
Muitos historiadores acreditam que o Holocausto foi um efeito natural do estímulo de Hitler à limpeza racial pelos nazistas. Em 1920, no livro "Possibilitando a Destruição da Vida Indigna de Ser Vivida", Karl Binding e Alfred Hoche introduziram um novo conceito para “Vida Indigna de ser Vivida”. Nas regiões ocupadas pelos nazistas, na Europa, caíram na esfera desse novo conceito os doentes mentais, pessoas com deficiências, dissidentes políticos, criminosos, judeus e pessoas não brancas ou não caucasianas. [61]
De acordo com o psiquiatra Robert Jay Lifton, autor do livro Assassinato Médico e a Psicologia do Genocídio, o novo conceito passou por várias revisões e modificações: “A esterilização forçada foi a primeira das cinco medidas adotadas pelos nazistas para que fosse levando adiante o novo conceito de ‘vida indigna de ser vivida’. Em seguida veio o assassinato de crianças 'deficientes' em hospitais; depois o assassinato de adultos 'deficientes', a maioria trazida de hospitais psiquiátricos para locais especialmente equipados com monóxido de carbono. Esse projeto foi estendido para detentos 'deficientes' nos campos de concentração (para os mesmos locais de extermínio) e finalmente, os assassinatos em massa nos próprios campos de extermínio". [62]
Enquanto é enorme a distância entre "respeitar todas as vidas" e "assassinato em massa de judeus", ela é muito pequena entre "destruição da vida indigna de ser vivida" para "assassinato em massa de judeus".
Da mesma forma, teria sido um passo enorme a "extração de órgãos de praticantes vivos do Falun Gong" se nunca tivesse havido a extração de órgãos de prisioneiros condenados à morte. Mas foi apenas um pequeno passo ir da "extração de órgãos dos criminosos condenados à morte" para a "extração de órgãos de praticantes vivos do Falun Gong".
Capítulo IX. Definição ampliada de detentos condenados à morte
Algumas pessoas permanecem incrédulas sobre a veracidade da extração de órgãos de pessoas vivas da qual os praticantes do Falun Gong se tornaram vítimas. No que diz respeito ao crescimento substancial dos casos de transplante de órgãos, o pensamento convencional levou essas pessoas a procurar resposta para a fonte de doação entre os criminosos condenados à morte. Algumas até ampliaram o conceito de criminosos condenados à morte. Então quais os grupos de pessoas que se encaixam nessa definição ampliada? A conversa abaixo, embora fictícia, retrata acuradamente a questão ao ilustrar quantas pessoas tentam evitar lidar com o assunto.
1. Grupos vulneráveis ampliam a definição de detentos condenados à morte
Abaixo, uma conversa hipotética entre dois amigos.
A: O PCC fez muitas coisas erradas. Mesmo assim, é improvável que eles extrairiam órgãos de praticantes vivos do Falun Gong. Afinal, os tempos mudaram.
B: Os tempos mudaram, mas as coisas não necessariamente mudam para melhor. Não temos que lidar com muitos produtos falsificados e de baixa qualidade? Comida tóxica, como o caso do leite em pó que intoxicou uma multidão de crianças – são acontecimentos recentes. Junte a ganância com os padrões morais decadentes, que coisas terríveis eles não vão cometer? E falando em extração de órgãos, de onde vieram todos esses rins e fígados?
A: Deixa disso, vieram dos prisioneiros condenados à morte! É um segredo que todos conhecem. É difícil acreditar que eles retiram os órgãos de praticantes vivos do Falun Gong.
B: Então, o tempo de espera por órgãos nos países desenvolvidos é de vários anos, enquanto na China é de apenas uma ou duas semanas? Esse fato não é muito suspeito para ser ignorado?
A: Na China, as coisas são um pouco complicadas. Você não pode usar a definição limitada de prisioneiros condenados à morte, àqueles condenados à morte e executados com uma bala. Deixe-me dizer, é muito fácil os presos morrerem, e não somente aqueles que são condenados à morte. Espanque-os até que morram, e eles se tornarão condenados à morte.
Esta é uma definição ampliada para prisioneiros condenados à morte, não é? Apenas espanque-os, espanque aqueles que os guardas não gostam ou aqueles que não têm bons contatos. Quando o preso está próximo da morte, ele ou ela é levado a um hospital para que retirem os seus órgãos. É até mais simples do que remover os órgãos nos locais da execução. Você sabe quão engenhosas algumas pessoas podem ser. Como você disse, motivados pela ganância, que coisas horríveis eles não cometerão?
B: O que você descreveu são casos isolados. O aumento de órgãos tem que estar ligado a um grande número de pessoas espancadas até a morte. Teria que ser um grupo além do grupo de prisioneiros mortos.
A: Pense da seguinte forma: aqueles que tiverem bons contatos não serão jogados em uma prisão. Aqueles que acabam em uma prisão estão entre os grupos mais vulneráveis da sociedade. Eles não possuem qualquer tipo de poder ou influência. Não custa nada matá-los. Nenhum tribunal aceita casos relacionados a essas mortes.
B: Você mencionou os grupos vulneráveis da sociedade. Atualmente qual é o grupo mais vulnerável? Você não consegue achar um grupo mais vulnerável do que o dos praticantes do Falun Gong, levando em conta que eles foram difamados e destituídos de seus direitos políticos, econômicos e legais. O PCC fez do Falun Gong seu inimigo número um. Uma propaganda avassaladora na mídia estatal vem danificando a reputação dos praticantes, ao ponto de que, não importando o modo como eles são tratados, ninguém pode falar por eles. Somado a isso, o número de praticantes detidos ilegalmente está no mínimo na faixa de dezenas de milhares. A sua definição ampliada de criminosos condenados à morte não é mais aplicável e mais apropriada a eles?
A: Bom, olhando por esse lado, poderia ser muito bem isso.
2. A chamada ao patriotismo realizada há longa data pelo PCC frequentemente distorce a percepção das pessoas
Foi em abril de 2006, pouco tempo depois de ter sido revelada a extração de órgãos de praticantes vivos do Falun Gong, quando o líder do PCC, Hu Jintao, visitou a Casa Branca. A embaixada chinesa em Washington D.C. organizou um grupo de pessoas para recepcionar a delegação chinesa. Ao longo da rua, pessoas se juntaram para protestar, inclusive muitos praticantes do Falun Gong que exigiam uma investigação profunda sobre as alegações de extração de órgãos de pessoas vivas. Um jornalista da mídia ocidental pediu ao organizador do grupo de recepção para que comentasse sobre o protesto contra a sua visita que estava acontecendo no outro lado da rua por cerca de 2 mil pessoas.
O organizador respondeu que: "A visita do líder chinês é um momento de alegria. Eu não sei se as acusações deles [de extração de órgãos] são válidas ou não. Entretanto, protestar em um momento como este é inoportuno".
Em qualquer país, quaisquer manifestações públicas contra práticas tão más e desumanas como a extração de órgãos vivos levantaria preocupação nos mais altos níveis do governo. E uma convocação para uma investigação independente viria em seguida. Mas simplesmente porque as vítimas eram praticantes do Falun Gong, esse organizador não teve o mínimo de simpatia nem o mínimo de respeito pela vida. O seu "momento de alegria" era mais importante do que a vida de um conterrâneo, pelo fato desse conterrâneo fazer parte de um grupo pacífico que está sendo alvo de uma campanha nacional de propaganda. Este tipo de mentalidade, por sua vez, permitiu os crimes de extração de órgãos vivos.
3. Princípios da Lei de Gresham – propaganda que demoniza gera indiferença para com a vida
Há 400 anos, Sir Thomas Gresham, um financista britânico, fez uma observação interessante de que, segundo as leis da moeda corrente, "o dinheiro ruim expulsa o dinheiro bom", isto é, quando há duas moedas em circulação com o mesmo valor nominal, as pessoas pouparão as moedas 'boas' feitas de metal mais precioso e, para realizar os pagamentos, usarão as moedas 'ruins' feitas de metal mais barato. Em pouco tempo, todas as moedas em circulação serão moedas 'ruins'. Isso é conhecido como Lei de Gresham.
Durante a perseguição sem precedentes, os praticantes do Falun Gong, que seguem o princípio da Verdade-Compaixão-Tolerância, foram qualificados negativamente como "dinheiro ruim". Por décadas o PCC já havia doutrinado a população com propaganda ateísta. Muitas pessoas achavam difícil ter crenças espirituais, porque o PCC considerou todas as crenças espirituais "superstições feudais", e os seus seguidores foram considerados como tolos.
Por exemplo, a esmagadora difamação do PCC em relação aos praticantes do Falun Gong, acusando-os de "cometer suicídio", "assassinar pessoas", "praticar autoimolação" e "sofrer de distúrbios mentais", fomentou o ódio da sociedade contra eles. Essas difamações danificaram ainda mais a reputação dos praticantes do Falun Gong. Os esforços dos praticantes do Falun Gong na divulgação dos fatos sobre a perseguição continuaram sendo rotulados pelo regime do PCC como “perturbação da ordem pelas forças anti-China e organizações reacionárias”.
Durante a perseguição, policiais e centros de detenção, campos de trabalho forçado ou agentes carcerários não foram responsabilizados pela tortura de praticantes até a invalidez permanente ou pelos espancamentos até a morte. Os praticantes foram proibidos de apelar a todos os níveis do governo e foram arbitrariamente demitidos do trabalho ou expulsos das escolas. Eles encontraram dificuldades para contratar advogados de defesa, porque os advogados com coragem para defendê-los frequentemente sofreram retaliação do governo. Falun Gong está sob um cruel ataque não apenas nos locais de trabalho e em órgãos do governo, mas também nos livros didáticos, que possuem capítulos dedicados a demonizar o Falun Gong e a difamar os praticantes, tanto nas escolas primárias quanto no ensino médio. Nos campos de trabalho forçado e nas prisões, todos os outros detentos têm vantagens sobre os praticantes do Falun Gong. Não é incomum os prisioneiros condenados à morte receberem a atribuição de monitorar os praticantes nas celas. Os praticantes são privados de todo e qualquer direito humano.
Um preso que foi libertado nos contou uma história deprimente. Um praticante idoso do Falun Gong se recusou a renunciar à sua crença e por isso foi torturado. Como protesto, ele iniciou uma greve de fome. Depois que ficou extremamente fraco e de sua condição ter deteriorado, os guardas o arrastaram para o pátio de entrada e o deixaram lá. Os guardas simplesmente se afastaram, ignorando completamente a sua existência. Durante dias, esse praticante idoso permaneceu lá em posição fetal, com sua vida definhando. Depois de falecer silenciosamente, ele foi levado embora. Este foi o fim de uma vida. Isto exemplifica a indiferença e o desprezo daqueles que cumprem “a lei e a ordem” em nome do PCC.
Em 2003, quando um estudante, por não ter obedecido e apresentado nenhum documento de identificação, foi espancado até a morte em uma casa de custódia temporária, pessoas na internet se revoltaram contra o sistema de custódia e repatriação na China. No entanto, pouco se ouviu sobre a brutalidade da repressão generalizada ao Falun Gong, que já dura mais de uma década e teve impacto na vida de milhões de chineses inocentes. As pessoas não acreditam que o abuso, a tortura e o assassinato aconteceram em uma escala tão grande. Ao se confrontar as acusações da extração de órgãos de pessoas vivas, muitos indivíduos evitam o tópico sem analisar melhor a questão, apenas porque as vítimas e os queixosos são praticantes do Falun Gong. Esta falta de vontade em analisar esse grave assunto, por sua vez, tem contribuído para a continuidade e para o agravamento da perseguição.
Parece que os agentes do PCC suspeitos de assassinarem os praticantes do Falun Gong perceberam que era muito mais seguro e conveniente extrair os órgãos dos praticantes do Falun Gong, porque no atual cenário político eles estariam absolvidos de toda responsabilização legal. Esses órgãos de baixo custo, extraídos dos jovens e saudáveis praticantes vivos do Falun Gong, e conforme mostra a Lei de Gresham, acabaram expulsando do mercado os órgãos de fontes mais caras.
As mentiras e calúnias difundidas pela mídia estatal do PCC criaram o ambiente para a extração de órgãos de praticantes vivos do Falun Gong. Quem compõe o conceito ampliado de criminosos condenados à morte? Os praticantes do Falun Gong, tratados como o inimigo número um do PCC e ilegalmente presos e encarcerados em grande escala, se encaixam, mais que todos, na definição ampliada de prisioneiros condenados à morte.
A Lei de Gresham também sugere que, durante os anos de perseguição, é bem provável que os órgãos de criminosos condenados à morte, como são definidos tradicionalmente, possam estar em declínio, enquanto que são extraídos mais órgãos dos praticantes do Falun Gong.
Capítulo X. O assassinato de um mendigo e de um morador de rua revelam a ausência de limites na ética de médicos na China
Se algumas pessoas ainda questionam a possibilidade de médicos estarem envolvidos na extração de órgãos de praticantes vivos do Falun Gong, vamos então dar uma olhada em outros casos. Os jornais chineses noticiaram duas situações nas quais os médicos eram suspeitos ou estavam envolvidos no assassinato de um mendigo e de um morador de rua, com vistas a extrair os órgãos deles. Esses incidentes levantam a seguinte questão sobre o que é mais valioso na China comunista: o respeito humano ou os órgãos humanos?
1. Negociação de órgãos por trás da morte de um mendigo
A revista South Wind Window (Edição nº 14, de 2007) publicou uma reportagem intitulada “Negociação de órgãos por trás da morte de um mendigo”. Tong Gefei era um mendigo do condado de Xingtang, província de Hebei. A revista noticiou que Wang Chaoyang, morador local, foi acusado de conspirar com Chen Jie, um pesquisador pós-doutorado do Hospital Tongji, na cidade de Wuhan, província de Hubei, e com vários outros médicos de Wuhan e de Pequim. Os médicos precisaram de cerca de 20 minutos para uma operação, na subestação de energia elétrica que estava deserta. Ela foi realizada sob as luzes de várias lanternas. De Tong Gefei foram extraídos um total de cinco órgãos: fígado, baço, pâncreas e dois rins. Posteriormente, um dos médicos se entregou às autoridades. Em compensação Chen Jie, do Hospital Tongji, pagou 65.000 yuanes para a família de Tong, esperando que os parentes do mendigo não acusassem os cirurgiões. Na reportagem também foi dito que Wang Chaoyang mentiu aos médicos, afirmando que Tong era um prisioneiro condenado à morte. Entretanto, todos os médicos envolvidos nesse caso deveriam saber que para extrair órgãos de um corpo deve ser apresentado um atestado de óbito emitido por um tribunal, bem como uma declaração de consentimento do próprio doador. Éclaro que não existiram tais documentos. Se um condenado à morte é executado, a cirurgia para extrair os órgãos ocorre no próprio local da execução, pois o procedimento tem que começar dentro de minutos após a morte da vítima. O acusado Wang Chaoyang confessou em audiência que: “Depois que a cirurgia estava sendo feita, repentinamente Tong Gefei levantou o seu braço e agarrou o ombro de um dos médicos. Outro cirurgião pisou no braço de Tong. Logo depois a cirurgia acabou”. Isto só pode ser definido como extração de órgãos de pessoas vivas. A reportagem na South Wind Window retratou o caso como “uma história extremamente horrível que perturbará qualquer um que ficar sabendo sobre ela”. [63] Até tomarem conhecimento desse caso, muitas pessoas eram incapazes de acreditar que para obter ganhos financeiros, médicos pudessem participar de um ato tão desprezível, como a extração de órgãos de pessoas vivas.
A edição chinesa do website Deutsche Welle, emissora internacional da Alemanha, acompanhou exaustivamente a trágica morte desse mendigo. Foi noticiado que o Hospital Tongji somente demitiu um irrelevante funcionário para pôr fim ao assunto – um diretor adjunto do Instituto de Pesquisa de Transplante de órgãos. De acordo com pessoas familiarizadas com o caso, Chen Zhonghua foi diretor do instituto de 2000 a julho de 2006. Durante o seu mandato, o instituto violou as regras extraindo órgãos de fontes irregulares e ilegais. Quando um jornalista da Deutsche Welle entrou em contato com Chen por telefone, na esperança de que ele pudesse esclarecer a situação, Chen respondeu que ele não poderia dar entrevistas. Ficou claro que o assunto da origem dos órgãos se tornou um tema crítico. [64]
2. Morador de rua morto por causa da extração de órgãos
A revista Caijing (edição de 31 de agosto de 2009) teve uma reportagem de capa sobre uma pessoa assassinada para retirada dos órgãos. A matéria revelou que na cidade de Weishe, prefeitura de Qianxinan, na província de Guizhou, um morador de rua apelidado de “o Ancião”, morreu como resultado da extração de seus órgãos. O seu corpo, abandonado em um reservatório, foi descoberto por um pescador local. Ele percebeu que todos os órgãos do corpo tinham sido removidos. A reportagem menciona testemunhas que disseram que alguns dias antes do seu desaparecimento, “o Ancião”, que comumente usava roupas sujas e gastas, de repente estava vestindo roupas limpas. O seu cabelo e a sua barba tinham sido raspadas. Outros se lembraram de que ele tinha sido levado a um hospital, para um exame de compatibilidade sanguínea. Foi noticiado que a polícia encontrou evidências que a levou até o Hospital Nº 3 de Zhongshan, na província de Guangdong. No fim, a polícia reduziu os suspeitos ao médico Zhang Junfeng, diretor adjunto do Hospital Nº 3 de Zhongshan, e a outros dois médicos. Zhang possui doutorado profissional em medicina e é também conselheiro para os alunos de pós-graduação, além de ser membro do conselho editorial do Chinese Modern Surgery Journal. Ele participou do projeto vencedor do Primeiro Concurso para a Promoção e Progresso da Ciência realizado pelo Ministério da Educação: “Um Estudo das Utilizações de Transplantes de Fígado”. Zhao Cheng, que é médico e trabalha em uma clínica particular na cidade de Weishe, também foi indiciado. Um médico do Hospital de Weishe disse aos jornalistas da Caijing que alguns dias depois da morte do “Ancião”, Zhao Cheng foi até a cooperativa rural de crédito, para depositar 200.000 yuanes em dinheiro, revelando o seu envolvimento no sequestro e assassinato do morador de rua. (Ver o Apêndice 12) [65]
É esperado que os médicos cumpram o dever de salvar vidas. Mas como estes exemplos nos mostram, e impulsionados pelo dinheiro e pela fortuna, alguns se tornaram cruéis, dispostos a matar vidas consideradas indignas (como mendigos, moradores de rua ou aqueles rotulados como inimigos do PCC), somente para a extração dos seus órgãos.
Estes casos também afastam a noção de que a extração de órgãos de praticantes vivos do Falun Gong requer equipamentos médicos sofisticados. Na verdade, não são necessários. Como mencionado anteriormente, o assassinato do mendigo Tong aconteceu em uma deserta subestação de energia elétrica, iluminada pelas luzes de lanternas.
Capítulo XI. O que você pode fazer para ajudar?
“Meu Deus! Eu não posso acreditar que isso seja verdade!” Essa pode ter sido sua reação quando ouviu ou leu pela primeira vez sobre a extração forçada de órgãos de pessoas vivas.
Você não está sozinho. Há sessenta anos, Felix Frankfurter, juiz da Suprema Corte, disse algo semelhante quando soube da matança de judeus pelos nazistas.
1. Um trecho do livro: “Jan Karski, como um homem tentou parar o holocausto”
Hoje todos nós sabemos a veracidade do Holocausto, oextermíniosistemático de judeus em campos de concentração pelos nazistas. Estamos inclinados a pensar que enquanto isso estava acontecendo, a existência dos campos nazistas de extermínio já era um fato bem conhecido. As pessoas podem pensar: como pode todos saberem sobre o Holocausto, enquanto muito poucas pessoas sabem sobre a história que está por trás da extração forçada de órgãos de pessoas vivas na China?
Na verdade, quando os nazistas estavam matando os judeus, o mundo de fora não sabia tudo sobre isso, com exceção de muito poucos que estavam desesperados para falar. Às vezes, os detalhes eram incompletos e contraditórios. Conseguir informações era tão difícil quanto é hoje com relação ao PCC e a extração de órgãos dos praticantes vivos do Falun Gong.
“Jan Karski , como um homem tentou parar o holocausto” nos mostra uma coragem extraordinária dentro de uma história constrangedora. Jan Karski, foi um diplomata e oficial do Exército polonês, foi preso pelos soviéticos e devolvido aos nazistas, tendo sofrido muitas torturas. Mais tarde, disfarçado de soldado ucraniano, Karski testemunhou o horror no gueto de Varsóvia em um campo nazista de extermínio em massa de judeus. Na clandestinidade, em 1942-43, Jan Karski informou aos líderes britânicos e americanos sobre isso. Após seu primeiro jantar, ao chegar a Washington DC., e em combinação com Jan Ciechanowski, embaixador polonês para os Estados Unidos, Karski conheceu Felix Frankfurter, do Supremo Tribunal de Justiça dos EUA. A conversa que se segue aconteceu após esse jantar.
O juiz da Suprema Corte sentou-se em frente a Karski e olhando dentro de seus olhos ele perguntou:
“Sr. Karski, o senhor sabe que eu sou um judeu”?
Confirmando, Karski acenou com a cabeça.
Frankfurter disse: “Há tantas informações conflitantes sobre o que está acontecendo com os judeus em seu país, então, por favor, conte-me exatamente o que o senhor viu”.
Pacientemente, de forma precisa, e em detalhes macabros, o Sr. Jan passou meia hora explicando como aconteceram suas missões no Gueto e no campo de concentração, e o que ele havia testemunhado. Quando o Sr.Karski terminou, ele esperou um próximo movimento do visitante.
Frankfurter silenciosamente se levantou de sua cadeira. Por alguns momentos, ele andou de um lado para o outro na frente do Sr. Karski e do embaixador, que olhava perplexo.
Então, da mesma forma silenciosa, ele sentou-se novamente.
Depois de um longo silêncio, o Sr. Frankfurter disse:
“Sr. Karski, um homem como eu ao falar com um homem como o senhor precisa ser totalmente honesto. Então eu tenho que dizer: sou incapaz de acreditar no senhor”.
Ciechanowski voou da sua cadeira e gritou:
“Felix, você não pode dizer isso! Como você pode chamá-lo de mentiroso na cara dele! A autoridade do meu governo está por trás dele. Você sabe quem ele é”!
Frankfurter respondeu, com uma voz suave carregada de resignação: “Sr. Embaixador, eu não disse que este jovem está mentindo. Eu disse que eu sou incapaz de acreditar nele. Há uma diferença”.[67]
Depois de mais de 60 anos essa história é tão pertinente como foi naquela ocasião.
2. Mesmo um único caso de extração de órgãos de doadores vivos equivale a um crime monumental
O PCC vem impedindo constantemente investigações externas. O partido esconde as informações relacionadas aos condenados à morte como se fossem segredos de Estado. Os esforços para analisar as origens dos órgãos de condenados à morte e de praticantes vivos do Falun Gong estão enfrentando um enorme desafio. No entanto, as informações e os dados públicos abaixo nos dão a base para a convicção de que o crescimento drástico do mercado de órgãos na China entre 2003 e 2006 tem tudo a ver com a extração de órgãos dos praticantes vivos do Falun Gong:
– a limitação de órgãos de condenados à morte e as características do mercado de órgãos na China
– testemunhos informativos de pessoas privilegiadas
– extensiva investigação telefônica
– testemunho por parte dos mediadores das vendas de órgãos
Zhang Zhixin, uma jovem corajosa, foi morta durante a Revolução Cultural por questionar a política do partido e de Mao Zedong, seu líder mordaz. O que chocou toda a nação foi que antes de sua execução, oficiais do PCC cortaram a garganta de Zhang para impedi-la de gritar qualquer coisa que fosse inconveniente para o regime. Mais tarde, muitos pensaram que a Revolução Cultural tinha sido coisa do passado.
Entretanto, em 1999, a calúnia esmagadora e a perseguição ao Falun Gong reviveram o que aconteceu durante a Revolução Cultural na China. A reputação de Zhang foi restaurada, mas o mecanismo que a matou não foi desmantelado. Se atualmente as alegações da extração de órgãos forem verdadeiras, nas citações de Kilgour e Matas, “ela representa uma forma repugnante do mal que, apesar de todas as depravações que humanidade tem visto, é nova neste planeta”.
Uma única ocorrência de uma atrocidade tão grande, para não mencionar a sua ocorrência em uma escala tão sistemática, equivale a um crime monumental. Estas são as reflexões mais conclusivas do total desrespeito do regime autoritário para com a vida.
3. Os chamados “milagres econômicos” não são desculpas para essa perseguição
Ao discutir as violações dos direitos humanos pelo PCC, algumas pessoas citaram o crescimento econômico da China como desculpa. O desenvolvimento econômico não é uma escusa para que se oculte a repressão do PCC ao povo chinês.
Adolf Hitler levou menos de três anos para alcançar o chamado “milagre econômico” da Alemanha. Hitler conseguiu reduzir a taxa de desemprego de mais de 30% para quase zero, o que elevou o status internacional da Alemanha e novamente, em pouco tempo, fez dela uma potência europeia. No entanto, a matança de judeus em campos de concentração definiu a era de Hitler. Ninguém nunca elogia Hitler pelo crescimento econômico durante seu governo.
Nestes últimos anos, o crescimento da China é muito mais frágil do que o da Alemanha em 1930. E isso tem sido conseguido à custa da devastação ambiental, esgotamento dos recursos e colapso moral, um preço que será pago pelas próximas gerações. Isso tudo causa a degradação da moralidade de uma sociedade. Se nossas vozes não se erguerem para impedir essas atrocidades da extração de órgãos de doadores vivos, a China não terá futuro nem como estado nem como nação.
Pessoas de destaque, provavelmente movidas por interesses econômicos, fecham os olhos à repressão brutal do PCC aos cidadãos chineses. Entretanto, mais e mais pessoas estão se manifestando contra esses crimes. Em abril de 2006, Dana Rohrabacher, membro das Organizações Internacionais de Direitos Humanos enviou carta ao então presidente dos Estados Unidos, George W. Bush:
“Com certeza é singular o tipo de cumplicidade moral exigida para os que não estão engajados na extração e venda de órgãos humanos. Nós, os legisladores, estadistas e norte-americanos, não podemos manter o silêncio e também sermos coniventes com esses crimes. A história não se importa se fechamos outro acordo comercial ou se ajudamos na venda de outro Boeing 747, mas a história nos julgará se optarmos por desviar nossos olhos quando confrontados com o sofrimento humano nesta escala e totalmente indescritível”.
4. O que você pode fazer?
Na China, as respostas sumárias do PCC às acusações sobre a extração de órgãos e pela demanda por regulamentação de seu mercado de órgãos visam a enganar o mundo e a impedir investigações estrangeiras. Esse impedimento das investigações é uma indicação para os estrangeiros da dissimulação do PCC. O PCC também espera que os outros esqueçam o crescimento drástico do mercado de órgão da China entre 2003 e 2006 que ocorreu contra o pano de fundo de toda uma campanha para reprimir o Falun Gong.
“A luta da memória contra o esquecimento” – como o escritor checo Milan Kundera descreveu a luta contra o comunismo. O que o PCC quer é que as pessoas “esqueçam”. O que o povo da China luta é por se “lembrar”.
No passado, o PCC cortou impunemente a garganta de Zhang Zhixin. O PCC de hoje está extraindo órgãos de praticantes vivos do Falun Gong. Enquanto o PCC existir, ele que é a fonte da miséria da China, qualquer um poderá ser a vítima de amanhã.
Todos podem fazer a sua parte coletando provas, expondo a verdade sobre este episódio da história, exigindo que o PCC permita as investigações estrangeiras e coloque um fim à perseguição ao Falun Gong e à Verdade-Benevolência-Tolerância.
Se você for um médico que já tenha participado na extração de órgãos de praticantes vivos do Falun Gong, não se deixe ficar cego pelos interesses imediatos. O seu envolvimento na extração de órgãos de doadores vivos foi provocado pelo PCC. Sem que a esmagadora campanha caluniosa de que “os espancamentos até a morte [de praticantes do Falun Gong] fossem considerados como suicídios”, não teria sido possível a extração de órgãos de doadores vivos. O que aconteceu, aconteceu. Mantendo a sua boca calada e guardando segredos do PCC, você não vai aliviar nem a gravidade desses crimes nem o seu remorso. Ao contar a verdade, você pode viver de acordo com sua consciência, e reduzir ou até mesmo compensar os crimes que foram cometidos, consciente ou inconscientemente. É a única saída.
Referências
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[54] “Request to Investigate the Cause of the Death of Sun Ruijian”, December 16, 2000, http://minghui.ca/mh/articles/2000/12/16/4707.html
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[57] False Fire, a documentary by NTDTV, http://www.falsefire.com
[58] United Nations Sub-Commission on the Promotion and Protection of Human Rights, “Terrorism, Transnational Corporations, Traditional Practices Discussed”, Press Release by United Nations Sub-Commission on the Promotion and Protection of Human Rights, 53rd session. August 14, 2001,http://www.unhchr.ch/huricane/huricane.nsf/0/D1D7C610CB97B340C1256AA9002678B0?opendocument (Archived: https://archive.is/btaeZ)
[59] False Fire, which examined and analyzed the suspicious points of the staged self-immolation incident on Tiananmen Square, won an honorable mention at the 51st Columbia International Film Festival on November 8, 2003. http://ca.ntdtv.com/xtr/gb/2003/11/14/a10510.html
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[61] Karl Binding and Alfred Hoche, Die Freigabe der Vernichtung Lebensunwerten Lebens (Allowing the Destruction of Life Unworthy of Life), 1920.
[62] Robert Jay Lifton, The Nazi Doctors: Medical Killing and the Psychology of Genocide, 1986.
[63] South Wind Window magazine, No. 14, 2007, “Organ Deal Behind the Death of a Beggar”, http://www.qikan.com.cn/Article/nafc/nafc200714/nafc20071413.html (Archived: https://archive.is/QQ79h)
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[66] The Epoch Times, “Exposing Shocking Horrors Inside Sujiatun Concentration Camp”, March 9, 2006, http://epochtimes.com/gb/6/3/9/n1248687.htm (English version: http://theepochtimes.com/news/6-3-11/39169.html)
[67] E. Thomas Wood and Stanislaw M. Jankowski, Karski: How One Man Tried to Stop the Holocaust, Wiley and Sons, 1996
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