(Minghui.org) Saudações, venerável Mestre. Saudações, colegas praticantes.

Hoje eu gostaria de compartilhar meu entendimento sobre cultivar a tolerância.

Sempre me considerei uma pessoa razoável, mas discutia e buscava justiça quando me deparava com pessoas ou situações irracionais. Se eu fosse mal compreendido ou tratado injustamente, ficava ressentido e até com raiva. Eu tentava me explicar ou me distanciava de pessoas irracionais. Tentava evitar o sofrimento porque queria me sentir confortável.

O Mestre disse:

"Por que você encontra esses problemas? Eles são causados por sua dívida cármica. Nós já eliminamos muitas, incontáveis porções de seu carma; ficou somente um pouquinho que foi dividido e colocado na forma de tribulações em diferentes níveis para aprimorar o seu xinxing, forjar o seu coração e remover seus vários apegos. São todos decorrentes de suas próprias tribulações e nós as utilizamos para aprimorar o seu xinxing, e fazemos de um modo que você possa superar todas elas. (Quarta Aula, Zhuan Falun).

O Mestre explicou isso muito claramente no Fa, mas quando eu me deparava com problemas ou me sentia triste, ainda pensava: "Como posso ter tanto carma? A culpa é obviamente da outra pessoa."

Gradualmente, compreendi os princípios do Fa e aprendi a olhar para dentro. Percebi que o que eu considerava razoável era, na verdade, raciocínio humano. As leis do universo são justas e tudo tem sua causa e efeito. Como podemos não ter criado carma vida após vida? Temos que pagar nosso carma, então por que achar que é injusto? Todas as dificuldades que encontro são coisas que tenho que suportar, resolver e superar. Também percebi que são arranjos do Mestre para que eu melhore em certas áreas.

Com essa compreensão, agora lido com as tribulações com mais calma. Não as evito mais nem sinto dor. Olho para dentro e vejo quais apegos preciso eliminar. Agradeço também ao Mestre por sua proteção e orientação. Eu costumava rejeitar a atitude de "aceitar o que me vem à mente", pois sentia que isso era impotência e covardia. O cultivo é um processo de encarar as coisas com calma, com a compreensão do Fa, suportá-las ativamente e alcançar a elevação espiritual.

Tolerância significa aceitar as diferenças

O universo está florescendo e repleto de diversas vidas e coisas. Os níveis e reinos são infinitos. Diante do vasto universo, nossos pequenos seres devem reverenciar esta obra-prima com um coração humilde. Se aceitarmos apenas pessoas ou ideias com as quais concordamos, ou se tivermos egos fortes, seremos como o sapo sentado no fundo de um poço. Nosso mundo se tornará minúsculo e tedioso, e nossa sabedoria será enormemente limitada.

Depois de uma refeição em um restaurante chinês com colegas de trabalho, cada um de nós recebeu um biscoito da sorte. Minha sorte dizia: "Coloque o universo em seu coração e você o possuirá". Senti que essa era a iluminação do Mestre de que eu deveria abraçar tudo.

Entendo que a verdadeira tolerância só surge quando encaramos as diferenças com apreço. Só então podemos verdadeiramente compreender os outros, pensar a partir da perspectiva deles, ampliar nosso próprio pensamento e enxergar um mundo mais amplo — um mundo repleto de mais soluções e sabedoria para enfrentar os desafios que nos aguardam. Não importa quão inteligentes ou capazes acreditemos ser, como seres dentro do reino humano, estamos inevitavelmente presos a limitações. Somente reconhecendo essas limitações e abandonando um forte senso de identidade podemos começar a ver a bondade nos outros, compreender a vastidão do universo e progredir genuinamente em nosso próprio crescimento.
Agora, quando me deparo com opiniões ou comportamentos diferentes, não tiro mais conclusões precipitadas como: "Como ele pôde fazer isso?", "Por que ele não usa o cérebro?", "Ele me deixa sem palavras.", "Ele é tão autoritário." Em vez disso, paro e me pergunto: "Qual o motivo do comportamento dele? Há algo que eu não saiba? Estou errado? Não expliquei claramente? Ou ele está realmente com dificuldades? A abordagem dele é melhor?"

Quando percebi que uma praticante não tinha organizado algo bem, calmamente apontei para ela. Ela levantou a voz e falou comigo sarcasticamente. Perguntei: "Por que você está reagindo dessa maneira? Estou apenas dando uma sugestão com base no que vi. Se você a adota ou não, depende de você." Ela ficou em silêncio.

Ela reagiu como eu teria reagido antes. Quando me deparava com algo diferente do que eu achava que deveria ser, eu rejeitava e tirava conclusões precipitadas. Eu sempre achei que estava certo. Agora, lembro a mim mesmo: "Não tire conclusões precipitadas. Ouça opiniões diferentes, porque mundos celestiais diferentes têm maneiras diferentes de operar." O ideograma chinês tradicional para santo (聖) tem uma orelha à esquerda e uma boca à direita. Entendo que seja um lembrete para ouvirmos mais e falarmos menos, e ouvirmos primeiro e depois falarmos.

Tolerância significa ser tolerante

Todos nós temos muitos apegos e noções, bem como capacidades limitadas, e ocasionalmente cometemos erros. Também buscamos a perfeição. Mas como pode a sociedade humana, que está no nível mais baixo do universo, ser perfeita? Como pode ser sem erros? Então, como lidamos com isso?

Uma das minhas funções favoritas do computador é "Desfazer". Se eu cometer um erro, posso simplesmente "desfazê-lo" e ele desaparece. Muitas vezes pensei: "Se ao menos pudéssemos facilmente "desfazer" nossos erros. Quando cometemos erros, todos esperamos ser perdoados. O caminho do cultivo é inerentemente difícil, então por que não deveríamos perdoar os outros?"

O Mestre disse:

"Sim, o motorista dirigia em alta velocidade, mas como ele iria querer atropelá-la de propósito? Não foi sem querer?" (Quarta Aula, Zhuan Falun).

Devemos lembrar que o motorista que atropelou alguém não o fez intencionalmente. Mas será que entendemos que, quando outros cometem um erro que nos magoa, ou quando ficam com raiva de nós, também não tiveram a intenção? Na verdade, a pessoa que fica com raiva costuma ser a que mais sofre. Eu mesmo já perdi a paciência, então entendo isso.

Lembro-me de um artigo no Minghui.org sobre um praticante que foi condenado a sete anos de prisão porque outro praticante não suportou a tortura e o denunciou. A esposa do praticante condenado se divorciou dele e foi embora com o filho. Sua vida foi difícil depois que ele foi libertado. O praticante que o denunciou, depois que finalmente se acalmou e sofrendo severas tribulações, procurou a ajuda dele. O praticante percebeu que o outro o havia traído por não suportar a tortura, então deixou de lado seu ressentimento e se ofereceu para ajudá-lo. Fiquei profundamente comovido com essa história; somente seres iluminados possuem tal tolerância.

Eu costumava me achar muito bom porque sempre conseguia enxergar a essência de um problema e falar direta e precisamente, sem ser hipócrita. Agora que penso nisso, percebo que não era tolerante nem compreensivo. Eu simplesmente somente conseguia enxergar os erros dos outros.

Há um ditado que diz: "onde a ignorância é uma bênção, é tolice ser sábio". Compreendi melhor esse provérbio. É natural que as pessoas cometam erros, assim como é natural que os rios desaguem no mar. Geralmente, somos capazes de ignorar os erros das pessoas comuns, mas também devemos tolerar os erros dos praticantes. O Mestre cuida de cada praticante, e acredito que cada praticante eventualmente superará as dificuldades que está destinado a enfrentar. Não preciso me deter neles.

Um praticante achava que ninguém era mais capaz do que ele e me deu uma bronca. Ele também me disse, arrogante: "Você quer que eu te respeite? Você tem que merecer." Levei mais de um ano para me livrar do meu ressentimento contra ele. Eu o vi recentemente e ele não havia mudado, mas eu estava muito calmo. Queria lembrá-lo, mas pensei que, como ele ainda parecia arrogante, talvez não me ouvisse, então deixei para lá.

Essas são minhas compreensões pessoais.

Obrigado, Mestre. Obrigado, colegas praticantes.

(Artigo selecionado apresentado no Fahui de São Francisco de 2025)