(Minghui.org)

Nosso mundo é colorido, com diferentes nações valorizando suas próprias cores tradicionais únicas que não são apenas algo visual, suas cores únicas também refletem a história e as tradições de cada país.

No mundo de hoje, estas cores tradicionais parecem todas um pouco semelhantes umas às outras, mas suas conotações podem ser bem diferentes. Dada a grande diversidade de cores, esta série de artigos analisará algumas das mais comuns.

Cinco virtudes e cinco cores

Na China atual, quando se trata de cores tradicionais, muitas pessoas pensam no vermelho, pois é visto como uma cor festiva que representa a felicidade. Por exemplo, as pessoas tendem a usar muito vermelho para decorar a casa para um casamento, e tanto a noiva quanto o noivo costumam usá-lo, para o Ano Novo Chinês, as pessoas colocam dísticos em papel vermelho. O vermelho também é uma cor dominante em todos os tipos de celebrações, sem falar na propaganda política zelosa sobre a "China Vermelha". Em geral, o vermelho parece ter uma implicação bastante positiva na mente das pessoas, pois elas acreditam que o vermelho simboliza prosperidade e boa fortuna.

No entanto, ao pesquisar a antiga cultura chinesa, a cor rude moderna do vermelho está, na verdade, bastante desajustada das três religiões tradicionais da China: Confucionismo, Taoísmo e Budismo. Na realidade, o tom de cor de cada dinastia diferente na China antiga tendia a ser solene, pacífico, simples ou elegante, e nenhuma era quase tão rude e deslumbrante quanto o vermelho que vemos hoje. Afinal, o vermelho não é consistente com o caráter geralmente introvertido dos antigos chineses.

Então, quais são as cores tradicionais da China?

Antes de mais nada, talvez tenhamos que dar uma olhada na teoria das Cinco Virtudes. Ela foi defendida por Zou Yan, um renomado acadêmico representando a Escola Yin -Yang durante o período dos Estados em Guerra (475 - 221 AC).

Esta escola sustentou que todas as mudanças no universo ocorrem de acordo com o funcionamento de Yin e Yang, o progresso dos Cinco Elementos, a geração mútua e a inibição mútua. Zou aplicou o funcionamento dos Cinco Elementos um passo além para explicar os aspectos cíclicos da história e as mudanças das dinastias, conhecidas como a Teoria das Cinco Virtudes.

Embora esta teoria tenha tido um impacto significativo na história chinesa, muitas pessoas hoje em dia nunca ouviram falar dela. Isto porque grande parte da cultura tradicional chinesa foi demonizada pelo Partido Comunista Chinês (PCC), deixando muitos valores fundamentais esquecidos e abandonados.

De acordo com a Teoria das Cinco Virtudes, cada um dos Cinco Elementos: metal, madeira, água, fogo e terra representam uma virtude única e juntos se movimentam ciclicamente.

De acordo com esta teoria, a razão pela qual uma dinastia veio à existência foi porque o Céu lhe concedeu uma das cinco virtudes. Ou seja, o imperador (tianzi, ou filho do céu) tinha uma missão celestial a cumprir. À medida que a virtude dessa dinastia foi se enfraquecendo, outra dinastia iria emergir com a virtude que o Céu lhe conferiu e substituir a dinastia existente.

Por exemplo, com base na teoria da geração mútua e inibição mútua, o metal vence a madeira, a madeira vence a terra, a água vence o fogo, o fogo vence o metal e a terra vence a água. Cada dinastia, com sua virtude única, também seguiu tal ciclo. Segundo a teoria de Zou, a dinastia Zhou tinha a virtude do fogo, que foi substituída pela dinastia Qin, que tinha a virtude da água, da água vencendo o fogo.

A Teoria das Cinco Virtudes de Zou foi amplamente reconhecida e aceita na história chinesa. Desde as dinastias Qin e Han até as dinastias Song, Liao e Jin, os funcionários da corte de cada dinastia sempre discutiam e afirmavam sua própria virtude. Então foi divulgado a todo o país para provar a legitimidade da dinastia. Isso também implica que uma dinastia não podia ser terminada apenas pela força, que o sucessor tinha que ter a virtude necessária que lhe foi outorgada pelo céu. Embora as dinastias Yuan, Ming e Qing não declarassem oficialmente o tipo de virtude que representavam, todos os seus imperadores foram considerados como seguidores dos arranjos celestiais.

As cores das Cinco Virtudes e suas interações de geração e superação

Diferentes dinastias correspondiam a diferentes virtudes e eram representadas por suas cores correspondentes, tais como branco, azul, preto, vermelho ou amarelo. Como mencionado anteriormente, quando o Qin trouxe um fim à dinastia Zhou, eles acreditavam que estavam seguindo a vontade do céu, a água vencendo o fogo. Como a cor correspondente à água é o preto, a dinastia Qin usava o preto como cor representativa, e o imperador Qin usava túnicas pretas.

Shi Ji (Registros do Grande Historiador), um dos mais respeitados livros de história, tinha uma entrada nos Anais Básicos de Qin Shihuang,o Primeiro Imperador. Ele promoveu a tradição das Cinco Virtudes, acreditando que a dinastia Zhou (com a virtude do fogo) foi substituída por Qin (com a virtude da água) já que a água supera o fogo. Como diz no livro, "O novo calendário começou em outubro. As roupas e as bandeiras eram todas pretas".

Da mesma forma, o imperador Xuanzong de Tang também escreveu em um artigo para a grande cerimônia de adoração no Monte Tai, "O céu abençoa o clã Li (sobrenome dos imperadores de Tang) com a virtude da terra". Claramente, a dinastia Tang foi baseada na virtude da terra. Portanto, ela respeitava a cor correspondente do amarelo. Entretanto, isso não significava que todos pudessem usar essa cor. Na verdade, o amarelo era reservado exclusivamente para a família imperial, não para o povo comum.

Nas dinastias que abraçavam a virtude do fogo, a cor da roupa era o vermelho. Mas era bem diferente do vermelho brilhante que vemos hoje, devido às tinturas usadas na China antiga. Havia diferentes tonalidades de vermelho com diferentes nomes na China antiga. O vermelho tradicional é um pouco mais escuro e de tom um pouco mais suave.

Tomando como exemplo os palácios imperiais Ming e Qing, o cinábrio vermelho nas paredes do palácio é na verdade uma cor entre o laranja e o vermelho. O tom é um pouco cinza, não o vermelho brilhante moderno. Além disso, quando o vermelho era uma cor dinástica, as pessoas comuns não podiam usá-lo, pois a cor seria reservada para o imperador.

Por exemplo, embora a dinastia Ming não tenha anunciado formalmente qual virtude representava, muitos documentos oficiais mencionaram que a dinastia Ming se baseava na virtude do fogo. Liu Chen, um ministro do início da dinastia Ming, escreveu que "Taizu do Ming é um rei da virtude do fogo e ele abraça a cor vermelha". A dinastia Ming defendia o vermelho para representar a virtude do fogo e as pessoas comuns não eram autorizadas a usar roupas dessa cor.

A cor vermelha pode ser categorizada em uma variedade de tonalidades e havia regras detalhadas para seu uso em ocasiões especiais e de acordo com o status social de cada um. Pessoas comuns não estavam autorizadas a usar uma cor vermelha pura. Eles só podiam usar tons mais claros de vermelho, como a flor de pêssego e assim por diante. As restrições poderiam ser um pouco flexibilizadas para algumas cerimônias importantes e em circunstâncias especiais.

Vale a pena mencionar que o "vermelho" nos tempos antigos tinha até mesmo um significado diferente do "vermelho" no chinês moderno. De acordo com Shuowen JieZi, um antigo dicionário chinês da Dinastia Han, o vermelho era "uma cor mista de vermelho e branco". Em outras palavras, o "vermelho" em chinês antigo se referia a um tom de rosa, não ao vermelho agudo que as pessoas pensam hoje em dia. Entretanto, para facilitar a compreensão dos leitores de hoje, usarei "vermelho" como um termo geral ao me referir a cores similares com nomes diferentes neste artigo.

Da perspectiva de um nível superior, a razão pela qual cada dinastia tinha sua própria história e herança cultural única era porque cada uma delas era originária de uma procedência diferente. Portanto, as cores que elas abarcavam variavam naturalmente uma da outra. A teoria das Cinco Virtudes e Cinco Cores pode explicar as coisas apenas a um certo nível no mundo humano e pode não ser a realidade fundamental.

(Continua...)