(Minghui.org) A Sra. Wang Kefei morreu em 20 de dezembro de 2001, horas depois que guardas do Campo de Trabalho Feminino de Heizuizi, na província de Jilin, a levaram para o Hospital do Campo de Trabalho de Tiebei. A mulher de 35 anos estava cumprindo pena no campo de trabalho forçado por se recusar a renunciar ao Falun Gong, uma prática para aprimoramento do corpo e da mente, que tem sido perseguida pelo regime comunista chinês desde julho de 1999.

Autoridades do campo de trabalho alegaram que a Sra. Wang estava com febre devido a picadas de espinho no dedo e que estava consciente e se movimentava normalmente quando foi levada ao hospital. O registro de admissão afirmou que ela estava em coma quando foi levada para o hospital.

A família dela exigiu saber por que havia uma discrepância tão grande quanto à condição dela e quem era responsável por sua morte antinatural, mas uma ordem emitida pela diretoria do campo de trabalho determinou que eles dessem consentimento para que seu corpo fosse cremado imediatamente. A família se recusou a assinar qualquer documentação e espalhou a notícia para os moradores locais. Enquanto folhetos e cartazes apareciam por toda a cidade para dizer às pessoas que uma jovem morreu no campo de trabalho, as autoridades não ousaram cremar o corpo de Wang sem o consentimento de sua família.

O corpo da Sra. Wang permanece desde então em um necrotério. Os pedidos de sua família para ver ou reivindicar seu corpo foram repetidamente negados nos últimos 18 anos. Eles se lembraram de uma reunião que tiveram com o chefe do campo de trabalho em 2015, quando foram informados que deveriam concordar com as alegações de que a Sra. Wang não foi perseguida até a morte, antes que eles pudessem ver seu corpo.

Uma mulher gentil e nobre

Sra. Wang Kefei quando jovem

A Sra. Wang Kefei nasceu em 22 de agosto de 1967, em uma família típica da cidade de Changchun, na província de Jilin. Seu pai era contador e sua mãe operária de fábrica. Ela tinha dois irmãos mais velhos, uma irmã mais velha e uma irmã mais nova. Ela era gentil e amigável, e se comportava de maneira fina e elegante.

Ela começou a praticar o Falun Gong, também conhecido como Falun Dafa, em 1994, e passou a viver de acordo com os princípios da Verdade-Compaixão-Tolerância. Nos dez anos de trabalho na filial Nanguan da cidade de Changchun, na província de Jilin, ela ganhou elogios de colegas de trabalho e clientes, devido a sua integridade e retidão de caráter.

Múltiplas prisões por apelar por sua fé em Pequim

Em 22 de julho de 1999, ela e muitos praticantes do Falun Gong foram ao governo da província de Jilin para apelar por sua fé; lá eles viram a mídia controlada pelo governo transmitir as notícias sobre a campanha de perseguição contra o Falun Gong e seus praticantes. A Sra. Wang ficou triste com a notícia e decidiu apelar para o governo central em Pequim, juntamente com outros praticantes.

Oficiais uniformizados e vestidos à paisana estavam em toda parte em na estação de trem local, abordando e interrogando qualquer um que suspeitassem ser praticante do Falun Gong. Ela conseguiu escapar do seu marido, que era policial, e esquivar-se dos bloqueios da polícia na estrada em um sedã dirigido por um parente próximo e de confiança. A Sra. Wang chegou na cidade de Siping (na província de Jilin, a cerca de 120 km de Changchun) e pegou um trem de lá para Pequim.

De julho de 1999 a agosto de 2001, ela conseguiu ir a Pequim quatro vezes para apelar por sua fé.

Em 27 de setembro de 1999, foi presa em Pequim e levada de volta a Changchun pelos oficiais do Departamento de Polícia da Cidade de Changchun, permanecendo detida no Centro de Detenção Balibao. O Escritório da Agência 6-10 ordenou aos dirigentes de vários níveis do banco agrícola que a fizesse desistir de sua prática do Falun Gong e prometer não ir mais a Pequim para apelar contra a perseguição novamente. Como ela se recusou a obedecê-los, a Agência 6-10 mandou o banco designar pessoas para vigiá-la o dia inteiro, violando descaradamente sua liberdade pessoal.

Ela foi forçada a se demitir do trabalho e fez bicos em uma loja de departamentos para ganhar a vida. Anos depois, um funcionário do banco a elogiou: “A Sra. Wang Kefei era uma ótima funcionária e muito competente”. Outra pessoa se lembrou: “Uma jovem tão gentil teve que deixar o emprego. Quão brutal e desumano é o Partido Comunista!".

Em 2000, o marido de Wang pediu para se juntar ao Partido Comunista Chinês, que era um pré-requisito na China para o avanço na carreira. Foi-lhe dito que a Sra. Wang deveria renunciar à sua fé; caso contrário, ela se tornaria um fardo em seu caminho para cargos de alto nível. Depois que ela se recusou a desistir de sua fé, seu marido se divorciou dela e a expulsou de casa.

Sem lugar para morar, ela se mudava com frequência e lutava para criar seu filho sozinha.

Mãos e pés imobilizados juntos

Por não renunciar à sua fé, ela foi repetidamente detida e presa. Durante sua detenção no Centro de Detenção Tiebei, na cidade de Changchun, em outubro de 2000, ela foi torturada por praticar exercícios do Falun Gong.

Os guardas colocaram grilhões pesados em seus pés, algemaram-na e depois prenderam as algemas e os grilhões em uma corrente de ferro curta. Com este dispositivo de tortura, a vítima não podia se sentar, agachar, ficar de pé ou deitar-se. A vítima tinha que manter o corpo curvo em todos os momentos. Elas não podiam realizar atividades normais por conta própria, como comer, beber ou usar o banheiro. Depois de ficar trancada neste dispositivo por um longo tempo, a vítima sofria uma tensão muscular intensa, membros inchados e insônia. A maioria das pessoas poderia suportar a tortura por até 48 horas, mas ela ficou trancada por 11 dias contínuos.

Ilustração de tortura: Imobilização conjunta de mãos e pés

A fim de infligir dor, os guardas ordenaram que ela subisse e descesse as escadas com os grilhões para ir às sessões de interrogatório. Ela se movimentava alguns centímetros de cada vez no corredor longo e escuro. De longe, as pessoas ouviam o ruído dos grilhões arrastando-se no chão de cimento.

Mais tarde, ela teve que ser levada para a sala de interrogatório. Ela estava extremamente fraca, seu cabelo estava desarrumado e o seu rosto estava pálido e cinzento.

Perseguidos até a morte por protestar contra o trabalho escravo através de greve de fome

A Sra. Wang foi a Pequim novamente em 1º de agosto de 2001 e segurou uma faixa que dizia “O Falun Dafa é bom” na Praça da Paz Celestial. Ela ficou inicialmente detida no Centro de Detenção de Tiebei e depois foi transferida para o Campo de Trabalho Feminino de Heizuizi, no final de agosto.

Ela ficou presa com o sexto grupo no campo de trabalho forçado. Os guardas usaram vários métodos para tentar fazer com que ela desistisse de praticar o Falun Gong. Ela foi espancada até perder a consciência, mas não cooperou nem desistiu. Ela silenciosa e calmamente suportou os tratamentos desumanos sem ódio contra os guardas que não sabiam o que o Falun Gong realmente era.

Em novembro de 2001, foi transferida para o sétimo grupo da terceira equipe. A fim de alcançar uma alta “taxa de transformação” (porcentagem de praticantes que foram forçados a desistir de sua crença), os guardas continuamente moviam praticantes para diferentes equipes, concentrando-se em formas específicas de abuso. A especialidade do sétimo grupo era o trabalho escravo de alta intensidade. Os prisioneiros, incluindo os praticantes, tinham que trabalhar todas as manhãs das quatro da manhã às dez da noite, às vezes até meia-noite ou duas da manhã. Alguns detentos não suportavam o tratamento severo e desmaiavam.

Em certa noite, no final de novembro, todos os presos trabalharam até as 2h da manhã. A Sra. Wang se levantou e disse: “Nós não cometemos nenhum crime. Não devemos ser tratados dessa maneira”. O capitão Luan Yunjuan, que estava encarregado da produção da oficina, arrastou-a para fora e a espancou. Ela insistiu em sua inocência e começou a protestar fazendo greve de fome.

A guarda Wang Lihua do terceiro esquadrão trancou-a em confinamento solitário no final do corredor. Ela estava amarrada à armação de ferro de um beliche enquanto estava de pé. Logo, seus pés e pernas ficaram muito inchados, suas articulações não se moviam. Como ainda estava em greve de fome, ela se sentiu tonta e quase desmaiou.

De acordo com os relatos de alguns praticantes, eles a ouviram gritar do final do corredor: “Me deixe sair. Você me trancou aqui por nove dias”.

A Sra. Wang foi alimentada à força uma vez a cada dois dias na enfermaria do segundo andar. De acordo com alguns praticantes que testemunharam o processo de alimentação forçada, ela foi colocada em um longo banco. A detenta Ji Fengqin segurou as suas mãos e de outra presa, Guo Liying, segurou os pés. O médico da enfermaria, Guo Xu, com um pé no banco, forçou um tubo na narina dela e disse: “Você está prendendo a respiração? Não tem problema, tenho muito tempo para esperar por você”.

Tudo isso aconteceu enquanto a guarda Wang Lihua ficava sentada observando. Na época, a Sra. Wang estava em greve de fome a dez dias e extremamente fraca. A alimentação forçada punitiva infligia dor e ela sangrou tão profusamente que seu rosto ficou todo ensanguentado. Quando outros praticantes tentaram limpar seu rosto, a guarda Wang Lihua não permitiu.

Se passaram 25 dias, desde quando ela havia começado a greve de fome até o dia de sua morte, 20 de dezembro de 2001, no hospital do campo de trabalho forçado. Durante esses 25 dias, as guardas designaram várias detentas para vigiá-la. As presas muitas vezes a xingavam e batiam nela. Um dia, a detenta Ji Fengqin bateu em seu rosto várias vezes. As guardas presentes no local não proibiram isto.

Um dia, as guardas ordenaram que as internas, incluindo Ji Fengqin, Sun Liying e Li Jie, levassem quatro bancos para a sala e colocassem uma prancha em cima deles. Eles carregaram a Sra. Wang na prancha para humilhá-la e a insultaram com linguagem vulgar. Também estavam presentes na cena os capitães Liu Hu e Hou Zhihong da sétima equipe.

A Sra. Wang ficava extremamente fraca depois de várias sessões de alimentação forçada, mas ela era obrigada a andar sozinha, sem qualquer ajuda. As guardas até ordenavam que ela descesse para pegar vários itens e os levasse para o andar de cima. Nos últimos dias de sua vida, ela não conseguiu se levantar depois da alimentação forçada. A detenta Qi Xiuqin foi designada para levá-la de volta à sua cela. Um dia, Qi a jogou de costas no chão e a chutou duas vezes.

Em 20 de dezembro, as autoridades a mandaram rapidamente para o hospital. Ela morreu lá no mesmo dia, aos 35 anos de idade.

A praticante Li Chunhuan, uma empresária autônoma da cidade de Shulan, na província de Jilin, foi detida no grupo da Sra. Wang. A Sra. Li escreveu em sua queixa criminal contra o ex-chefe do Partido Comunista Chinês Jiang Zemin: “Wang Kefei foi torturada até a morte por protestar contra o tratamento desumano. Eu a vi uma última vez no corredor. Naquele dia seu rosto estava todo machucado. Ela olhou para mim e pareceu querer me dizer algo. Mas as detentas que a observavam não permitiram, e a empurraram para seguir em frente pelo corredor. De repente, ela gritou para mim: 'Por favor, traga-me o papel higiênico que guardei em sua cela'. Eu sabia que ela tinha coisas para me dizer, então eu corri para pegar o papel higiênico, esperando ter a oportunidade de falar com ela. No entanto, as detentas não me permitiram. No dia seguinte, as guardas mentiram para nós dizendo que ela havia sido libertada e levada para casa. Mais tarde, depois que fui libertada, descobri que ela havia morrido. Eu testemunhei uma jovem vida sendo perseguida até a morte. Eu fiquei angustiada pensando que uma pessoa tão gentil, mãe, esposa e filha tivesse nos deixado. Uma família foi despedaçada".

Declarações conflitantes sobre a condição da Sra. Wang

Quando a família da Sra. Wang chegou ao necrotério, viram as calças dela no chão do lado de fora. Sua expressão facial sugeria que ela estava lutando em seus momentos finais. Um rolo de papel higiênico estava em volta do pescoço dela. Em seu braço havia uma fita hemostática. Sua mão esquerda estava tão inchada como um pão cozido no vapor. Ela estava vestindo um suéter rasgado com as mangas enroladas até a axila. Nenhuma roupa cobria a parte inferior do seu corpo.

Embora o necrotério estivesse frio e coberto de gelo, o rosto e o corpo da Sra. Wang ainda estavam mornos ao toque, o que sugeria que ela havia sido colocada ali antes de morrer. Ao ver isso, sua mãe caiu no chão gritando em agonia. Os outros membros da família questionaram o chefe do hospital sobre como ela morreu e por que eles não notificaram sua família mais cedo, quando ela foi trazida pela primeira vez. O chefe do hospital fugiu do local rapidamente.

Sua família exigiu naquele momento que o promotor Wei, que estava encarregado do campo de trabalho forçado, selasse os registros médicos para esconder as provas. Wei usou todos os tipos de desculpas para não permitir que sua família visse os registros médicos. Os registros que acabaram sendo apresentados à família foram adulterados após a discussão da procuradoria, das autoridades do campo de trabalho forçado e do hospital local.

As autoridades do campo de trabalho alegaram que a Sra. Wang tinha um espinho preso em seu dedo, levando a uma febre alta, e que ela entrou no hospital sozinha. O médico da enfermaria Guo Xu, que também alimentou a Sra. Wang, disse que ela estava conversando e rindo ao sair do campo de trabalho ao ir para o hospital.

No entanto, o registro do exame no momento da admissão mostrou que seus membros não tinham sensação, seus cílios não tinham reflexo, e ela estava em coma quando foi levada para o hospital.

A família dela suspeitava que as autoridades do campo de trabalho forçado estavam tentando encobrir o que haviam feito com ela e que causou a sua morte não natural.

A família dela exigiu que os responsáveis por sua morte no campo de trabalho forçado fossem encontrados e levados à justiça. As autoridades do campo de trabalho pediram à família para assinar um formulário de consentimento para cremar seu corpo. Eles se recusaram e apresentaram várias queixas contra a procuradoria e o campo de trabalho forçado. Mas eles nunca receberam uma resposta satisfatória.

De acordo com um praticante do Falun Gong na cidade de Changchun, eles incluíram as notícias sobre a morte da Sra. Wang em quase todos os panfletos do Falun Gong que eles produziram na época. Como o caso foi amplamente exposto e chamou a atenção do público, as autoridades do campo de trabalho forçado não ousaram cremar o seu corpo em segredo.

Em 2002, os responsáveis pelo campo de trabalho forçado propuseram uma autópsia. A sua família a rejeitou devido à preocupação deles com as mentiras.

"Vocês devem admitir que ela não foi perseguida até a morte"

A família da Sra. Wang lembrou de uma reunião que tiveram com o chefe do campo de trabalho em 2015.

Um membro da família disse: “Faz 15 anos que não vemos Wang Kefei. Nós só queremos ver o corpo dela para que possamos realizar um funeral apropriado. Queremos saber se o corpo dela ainda está aqui. Nós escrevemos cartas todos os anos pedindo para ver o corpo”.

O chefe do campo de trabalho forçado disse: “O corpo ainda está aqui. Eu posso deixar você vê-lo, mas primeiro você deve admitir que ela não foi perseguida até a morte”.

O membro da família respondeu: “Você não tem provas para mostrar que ela morreu de uma causa natural. Simplificando, não é uma morte natural”. No final, a família não obteve o resultado esperado.

Até hoje, o corpo dela ainda é mantido no necrotério. Nos últimos anos, as autoridades do campo de trabalho forçado tentaram cremar o corpo. Eles até tentaram sequestrar uma criança de dez anos de um parente da Sra. Wang para pressioná-los a assinar um acordo para cremar o corpo.

As autoridades do campo de trabalho forçado também ordenaram que guardas e detentas fornecessem falsos testemunhos, adulteraram a documentação sobre o trabalho escravo da Sra. Wang e espalharam rumores de que "sua família estava feliz com sua morte".

Escravidão no Campo de Trabalho de Heizuizi

O Campo de Trabalho Forçado Heizuizi era originalmente uma instalação pequena e quase desmantelada, com menos de 100 presos criminosos detidos. Após o início da perseguição ao Falun Gong, ele foi expandido para uma prisão maciça que poderia deter pelo menos 800 prisioneiros, com um contingente de mais de 200 guardas prisionais. Em 2002, às vezes havia mais de mil prisioneiros detidos ali.

Para perseguir os praticantes do Falun Gong, o regime comunista não poupou esforços para investir nos campos de trabalho. Acrescentou vários novos edifícios ao Campo de Trabalho Forçado Heizuizi, como dormitórios, recepção, academia, enfermaria, auditório, cafeteria, banheiro e escritórios. Mas a maioria dessas instalações eram apenas vitrines para os visitantes, não para os benefícios dos praticantes ou presos detidos lá.

Enquanto isso, o campo de trabalho dobrou o salário dos guardas, tornando-o um local altamente atraente para se trabalhar. Muitas pessoas tiveram que subornar as autoridades, até mesmo para ter a oportunidade de se candidatar ao cargo.

O Campo de Trabalho Forçado de Heizuizi era conhecido pelo excesso de trabalho designados para presos sem fiança. De acordo com as leis, os prisioneiros podem ter sete dias de folga nos quatro feriados nacionais, que são o Ano Novo, o Ano Novo Chinês, o Dia 1º de maio e o Dia Nacional. Mas os presos não recebiam todas as devidas folgas.

Todos os dias, os praticantes precisavam acordar às 5h30 da manhã e trabalhar por mais de dez horas sem descanso nem tempo livre. Quando não estavam trabalhando, eles eram forçados a assistir a programas de propaganda que difamam o Falun Gong. O único tempo livre que eles tinham é o tempo de sono.

Quando os praticantes não conseguiam terminar o trabalho escravo durante o dia, os guardas os forçavam a trabalhar à noite, às vezes até às 2h da manhã.

Em 8 de março de 2000, os guardas ordenaram que os praticantes pegassem cerca de 90 toneladas de feijão e depois empacotassem tudo em três dias. Não só eles foram obrigados a descarregar as sementes ensacadas, 45 kg por saco, como também tiveram que levar para cima sacos de feijão não separados com 63 kg cada. Muitos praticantes sofreram lesões nas costas. Alguns ficaram exaustos, especialmente os praticantes idosos.

Os guardas muitas vezes designavam os piores trabalhos para os praticantes que se recusavam a renunciar à sua crença, como escavar raízes de árvores, mover carvões, carregar grãos e limpar esgotos.

Em uma ocasião, um praticante foi forçado a escavar uma árvore sozinho, enquanto três ou quatro presos não praticantes escavaram apenas uma. Ao mover a árvore para fora, quatro praticantes foram obrigados a carregar a maior árvore sob o sol escaldante. Entre eles havia uma mulher de 50 anos e uma pequena praticante. A árvore era tão grande e pesada que só podiam movê-la lentamente com as costas dobradas. Os guardas da prisão ficavam gritando e insistindo para que elas se apressassem, e ainda afirmavam que estavam sendo "muito compassivos" para com os praticantes.

Tortura no campo de trabalho

A conhecida expansão do Campo de Trabalho Forçado de Heizuizi foi manchado com o sangue de praticantes, como um inferno vivo.

Em maio de 2000, o campo iniciou a chamada campanha de transformação. Para forçar os praticantes a renunciarem à sua fé, os guardas os torturavam dia e noite. Os gritos dos praticantes, os sons de descarga de bastões elétricos e os sons de várias ferramentas de tortura usadas para transformar os praticantes podiam ser ouvidos em todos os lugares.

Em apenas dois dias, muitos praticantes foram vistos no horário das refeições brutalmente feridos. Alguns tinham a cabeça inchada. Outros, o rosto machucado. Alguns mancavam e tinham que andar com ajuda de um bastão. Alguns deles foram retidos ou executados.

A Sra. Shang Dongxia foi algemada e ficou pendurada em uma cela solitária por sete dias. Ela também ficou amarrada a um leito de morte por cinco dias. Em outra ocasião, ela foi jogada do segundo andar e ficou desmaiada por 15 minutos. Ela sofreu uma concussão e vomitou sem parar o dia todo.

A perseguição se agravou em torno dos Jogos Olímpicos de 2008 em Pequim. Centenas de praticantes ficaram detidos ali. Muitos ficaram paralisados ou mentalmente desorientados devido à tortura.

Praticantes perseguidos até a morte

Além da Sra. Wang Kefei, dezenas de praticantes do Falun Gong também foram perseguidos até a morte em campos de trabalho forçado. Algumas das vítimas incluíram:

Yin Shuyuin e Hou Lijun (ambas da cidade de Chungchun); Xuan Honggui e Wang Yuhan (ambos da cidade de Meihekou); Wang Xiulan e Cui Zhengshu (ambos da cidade de Jilin);
Zhang Yulan (da cidade de Baishan); e Han Cuiyuan (da cidade de Siping).

Alguns casos de perseguição são informados abaixo.

Sra. Yin Shuyuin

A Sra. Yin Shuyuin sofreu choques com bastões elétricos por todo o corpo por recitar “o Falun Dafa é bom”. Ela também foi severamente espancada e chutada. Um guarda da prisão bateu a cabeça dela contra a parede, causando um sangramento sério. Por causa das repetidas torturas, ela morreu em 28 de maio de 2000.

Sra. Yu Lixin

A Sra. Yu Lixin foi detida ilegalmente nesta prisão em 2000. Ela foi tão torturada que a prisão teve que mandá-la para o Hospital de Segurança Pública. Uma testemunha revelou que a Sra. Yu foi continuamente perseguida no hospital.

Uma testemunha disse: “A Sra. Yu ficava amarrada na cama, tinha um tubo gástrico e um cateter para coletar a urina por um longo período de tempo. Por causa do vazamento no ureter, ela estava encharcada na urina. Ela foi até espancada por uma detenta instigada por um guarda. Ela também sofria abuso verbal. Ela estava magra por causa da tortura a longo prazo".

Ela morreu após voltar ao campo de trabalho.

Sra. Zhang Yulan

A Sra. Zhang Yulan foi levada para o Campo de Trabalho Forçado de Heizuizi em janeiro de 2002, após ser brutalmente torturada por cinco horas seguidas no Centro de Detenção do Escritório Florestal de Baihe. Ela também havia sofrido tortura brutal por oito meses seguidos nesta prisão antes de ser libertada. Ela faleceu em 8 de outubro de 2002.

Sra. Han Chunyuan

A Sra. Han Chunyuan foi condenada ilegalmente a quatro anos de prisão em 1999. Ela sofreu torturas brutais repetidas vezes com choques elétricos desde que foi levada para o Campo de Trabalho Forçado de Heizuizi. Ela morreu em julho de 2002.

Sra. Lu Suqiu

A Sra. Lu Suqiu foi detida ilegalmente no Campo de Trabalho Forçado de Heizuizi por oito meses. Em sua detenção, a Sra. Lu foi forçada a assumir uma carga extra de trabalho.

Em janeiro de 2001, dois guardas malvados tentaram forçar a Sra. Lu a desistir do Falun Gong e cancelaram o tempo de descanso de todos os membros da equipe como ameaça. Em abril, sua perseguição foi intensificada depois que ela disse a um líder da Divisão de Educação Trabalhista do Comitê Nacional Judiciário que ela havia ganhado boa saúde por praticar o Falun Gong.

A Sra. Lu entrou em greve de fome durante o período do Dia do Trabalho (1º de maio) para protestar contra a perseguição. Ela foi alimentada à força com sopa de legumes com mostarda em conserva e pasta de arroz glutinoso. Ela também recebeu repetidos choques elétricos no tórax, resultando em tensão miocárdica e hemorragia contínua. Sua saúde se deteriorou tanto que a prisão a liberou sob condicional médica para evitar a responsabilidade legal. Mais tarde, ela morreu por causa do abuso enquanto estava sob custódia no Departamento de Polícia de Jilin.

Epílogo

O agora extinto Campo de Trabalho Forçado de Heizuizi foi uma das numerosas instalações onde o regime comunista perseguiu os praticantes do Falun Gong. Embora muitos dos campos de trabalho recebessem nomes sofisticados como "Escolas de Ensino de Nomocracia" ou "Centros de Educação Ideológica", não podiam esconder seus crimes brutais e perversos contra a humanidade.

A Sra. Wang Kefei é uma das 4.304 praticantes do Falun Gong que tiveram sua morte confirmada como resultado da perseguição pelo regime comunista. 18 anos se passaram e as queixas de sua família ainda não foram analisadas. Sua família e as de outros praticantes do Falun Gong continuam seus esforços para levar os perpetradores à justiça.