Neste artigo, uma praticante reconta a sua vida dias antes e durante os primeiros meses da perseguição ao Falun Gong. Por ser uma praticante de temperamento forte, a polícia local não soube como lidar com ela. Até mesmo a tremenda pressão da sua família não foi capaz de mudar o seu coração, mas ela finalmente mudou o coração de muitos que a perseguiram.
(Minghui.org) Continuação da parte 1
Um arrependimento para toda a vida
Quando eu fui libertada do centro de detenção, voltando para casa no dia 25 de janeiro de 2000, um dos meus primos trouxe a minha sogra para o meu lar, porque era a vez do meu marido tomar conta dela.
Minha sogra estava paralisada e presa à cama. Eu disse a ela que não achava que ela estava doente, mas apenas que ela não se alimentava muito bem. Eu li o Zhuan Falun para ela e a alimentei regularmente. Em três dias, ela já cuidava de si mesma e saia para passeios no pátio.
Nos dez primeiros dias de sua estadia conosco, eu li para ela oito palestras do Zhuan Falun e falei para ela sobre a prática “Eu não sabia que o Falun Gong é realmente bom”, disse ela. “Não é como o que aquelas pessoas disseram na televisão. Eles contaram mentiras.”
Mais tarde, minha sogra faleceu enquanto eu não estava em casa. Eu não terminei de ler para ela a nona palestra do Zhuan Falun. Isso se tornou um arrependimento para toda a vida.
“Se você for a Pequim irá me custar o meu cargo”
Um policial júnior me disse uma vez: “Os policiais da cidade estão ansiosos para que você vá à Pequim, apelar pelo seu direito de praticar o Falun Gong. Se você for, eles vão disputar a oportunidade de visitar Pequim por divertimento. Não custa nenhum centavo para eles. Toda a vila é forçada a pagar as despesas deles. Enquanto perseguem gente boa, eles tomam o dinheiro de todos para saborearem comida, bebida e viajarem à custa dos outros. Eles também não estão fazendo isso pelo regime comunista – fazem apenas para eles próprios, para segurarem suas posições oficiais.”
Antes do ano novo chinês, eu lia os livros do Falun Gong tarde da noite, quando o secretário do Partido da vila e policiais bateram na minha porta. Eles me disseram que estavam preocupados que eu fosse à Pequim.
Meu medo veio à tona, meu coração pulsava em minha garganta e minhas pernas estavam fracas e trêmulas. Bati na minha perna e disse: “Não trema! Vocês não querem que eu vá a Pequim, mas agora estou ainda mais determinada, porque vocês decidiram agir! Preciso me livrar do medo!” Minhas pernas pararam de tremer e, pouco tempo depois, os policiais foram embora. Em seguida terminei de estudar o Fa.
Em alguns dias do ano novo chinês, os policiais me levaram a um centro de detenção, porque eu me recusei a escrever uma declaração de garantia para desistir de praticar Falun Gong.
Yang, o chefe do departamento de polícia, disse: “Várias gerações da minha família esperavam que um de nós um dia se tornasse funcionário do governo. Não foi fácil para eu chegar a essa posição. Vai me custar o cargo se você for a Pequim. Será que você poderia não ir a Pequim?” Eu não respondi nada. Meu pensamento era “eu vou. Só não lhes direi de onde eu sou.”
Eu falei sobre o Falun Gong com todo mundo no centro de detenção. Na 27ª noite, eu tive um sonho: um colega praticante não conseguia abrir uma porta. Peguei as chaves e abri a porta sem nenhum problema.
No dia seguinte, fui libertada do centro de detenção.
“Foi por você que suportamos a tortura”
No aniversário do Mestre Li no ano de 2000, meu marido e eu fomos a Pequim apelar por justiça para o Falun Gong. Nós fomos presos e levados para a Delegacia de Polícia de Tiananmen.
Eu me recusei a dar o meu endereço. Os policiais nos algemaram e nos espancaram com um longo bastão de madeira. A dor era excruciante, mas eu dizia a mim mesma para suportar aquilo. Quando ela se tornou quase demais para tolerar, eu implorei ao Mestre “sua discípula não consegue aguentar mais.”
Logo depois disso, as algemas foram removidas e a surra cessou.
Os funcionários do Gabinete Liaison de Pequim da nossa província me reconheceram. O chefe de nossa cidade veio até Pequim, nos levou de volta e levou meu marido para outro centro de detenção. Lá ele fez greve de fome durante cinco dias, sendo libertado em pouco tempo. Eu fui levada a um centro de detenção, fiz greve de fome e fui libertada seis dias depois.
Yang veio me ver. Eu contei a ele como aqueles policiais me torturaram. Ele me perguntou porque eu tinha sido tão estúpida e não havia dito o que eles queriam saber. Eles teriam parado com a tortura, ele disse.
Eu respondi: “Você disse que geração após geração, a sua família esperou ansiosamente que você se tornasse um funcionário do governo e que não havia sido fácil você atingir essa posição. Eu não disse a eles, para que isso não afetasse a sua carreira. Foi por você que suportamos a tortura.”
Ele ficou comovido. “Quantos de nós você viu perdendo o emprego?”, disse ele. “Quem iria nos tirar de nossa posição? Eu disse aquilo para impedir que você fosse a Pequim. E você aguentou toda aquela surra por mim.”
Eu disse: “Eu tomei sua palavra como verdadeira e pensei que, se eles não me reconhecessem, eu não diria a eles de onde nós viemos.”
Em 1º de janeiro de 2001 a polícia prende meu marido e eu e nos levou para o centro de detenção. Após duas semanas de greve de fome, eu fui libertada. Meu marido foi levado a outro centro de detenção e libertado posteriormente, após sete dias de greve de fome.
O Partido Comunista espalha mentiras para incitar o ódio
Eu estava cozinhando em casa, quando sete ou oito policiais chegaram e me levaram presa junto com meu marido. Eles nos levaram para um centro de lavagem cerebral, escondido numa casa de repouso. Todos os outros praticantes de nossa cidade foram levados para lugares diferentes, porque os oficiais temiam que eu os influenciasse.
Do carro, eu gritava, “O Partido Comunista Chinês persegue boas pessoas! O Partido Comunista está cometendo um crime!”
Quando chegamos à casa de repouso, eu me recusei a sair do carro e continuei a gritar.
A neta da diretora da casa de repouso começou a chorar. Ela disse à sua neta: “Não chore, não chore. O Falun Gong mata pessoas!” Eu parei de gritar ao ouvir isso.
Eu falei com a diretora e contei a ela sobre o Falun Gong e a perseguição. Ela me disse que praticantes espancaram o cunhado dela até a morte. Ela me deu o nome dele e o seu endereço e eu o reconheci como um colega praticante. Eu disse a ela: “Você foi enganada pelo governo. Espalhar rumores, contar mentiras e incitar o ódio é no que eles são bons! Eu conhecia o seu cunhado.”
Eu contei a ela que nós dois estávamos no mesmo centro de detenção e que todos nós começamos a fazer greve de fome. Eles nos alimentaram à força com mingau temperado de fubá. Deram a ele à força meia bacia de mingau de fubá, o qual entrou nos seus pulmões. Ele não foi capaz de comer mais nada, então o levaram para um hospital. É verdade que ele morreu – mas a morte foi por ter sido alimentado à força pela polícia.
“Nos disseram que ele foi espancado até a morte por outros praticantes quando foi a Pequim por ter chegado atrasado”, disse ela. “Isso é incrível. Tudo aquilo que nos disseram foi mentira!”
A vice-diretora da casa de repouso escutou o que eu tinha a dizer. Ela e a diretora sugeriram que fôssemos embora, porque éramos boas pessoas. Elas ficaram chateadas, pois não deixamos o local e, após dois dias, se recusaram a falar conosco.
Escapando da casa de repouso
Eu disse ao chefe da Agência 610 local que eu precisava ir em casa buscar roupas. Ele pediu que alguém me acompanhasse, mas todos se recusaram. A diretora da Federação de Mulheres me emprestou sua bicicleta e então eu fui para casa.
Eu havia decidido que eu e meu marido tínhamos que sair de casa e falei isso ao meu filho e a um vizinho que prometeu tomar conta do garoto. Meu filho se agarrou à bicicleta, então eu subi nela e saí pedalando sem olhar para trás, mesmo apesar de ouvi-lo chorando.
Assim que eu cheguei à casa de repouso, me deparei com o chefe da Agência 610, o qual me disse que tínhamos que ser transformados e escrever uma declaração de garantia ou então seríamos presos.
Eu disse: “Deixe-me lhe dizer a verdade – qualquer coisa que você disser não conta. Apenas o meu Mestre tem a palavra final.”
Meu marido e eu fomos embora da casa de repouso 10 minutos depois e, essencialmente, viramos sem-teto.
Na clandestinidade
Após escaparmos da casa de repouso, procuramos por um colega praticante numa cidade vizinha, chegando na sua casa por volta da meia-noite. Nós não queríamos perturbá-lo, por isso esperamos num casebre no pomar até o amanhecer, antes de irmos até a sua casa.
Ele e a sua esposa também sofriam assédio e foram colocados na lista negra da polícia depois que retornaram de Pequim. Eles não se atreveram a nos deixar ficar. Nós não tínhamos outro lugar para ir e vagamos por ali sem rumo. Nós corremos para um colega praticante, e ele nos convidou para ficar em sua casa e passar a noite. Mas como eles também estavam preocupados com a nossa segurança, eles não conseguiram dormir e discutiram a situação durante toda a noite.
Eles decidiram que poderíamos ficar no seu porão. Então ficávamos lá durante o dia e vínhamos para cima quando estava escuro.
O porão era apertado e úmido. Com o tempo, meus sentimentos de pessoa comum ressurgiram. Eu me preocupava principalmente com o meu filho. Meus colegas praticantes liam o Fa para mim e compartilhavam os seus entendimentos, mas não ajudou muito. Eu então liguei de um telefone público, para uma praticante na minha cidade natal e ela me disse que meu filho estava sendo cuidado pelos praticantes. Gradualmente esse apego diminuiu.
Porém a vida no porão frio e úmido nos afetou e meu marido perdeu peso. Nós perguntamos se eles podiam trazer um fogão de briquetes e um pouco de farinha, para que pudéssemos cozinhar. Eles não se importaram de forma alguma e nos trouxeram o fogão e tudo aquilo que pedimos.
Numa manhã, eu vi uma fumaça azul flutuando no porão. A fumaça não se movia. Era uma sensação estranha e eu não era capaz de dizer o que estava errado. Essa fumaça se comportava diferente da fumaça comum.
Enquanto cozinhava, repentinamente não conseguia mais respirar e por isso perdi a consciência. Meu marido me levou para o andar de cima e me pôs na cama. Eles pediram ajuda ao Mestre e eu recobrei a consciência pouco tempo depois.
Eu fui capaz de ir ao banheiro, apesar de minhas pernas estarem fracas. Eu vomitei e tive diarreia. Após isso, minha força voltou aos poucos. Eu disse aos praticantes para que não se preocupassem. “Eu abri uma brecha para o mal”, disse.
Eu narrei a história de como eu disse que preferiria morrer a cooperar quando a polícia local tentou me levar a um centro de lavagem cerebral. Eles responderam que morrer por suicídio é um crime. Aos policiais, eu havia dito: “Mesmo que eu vá para o inferno por conta do crime de suicídio, eu não irei cooperar com vocês.”
No primeiro dia no porão, eu percebi que aquilo que eu havia dito à polícia era errado. Não estava de acordo com o Fa. Apesar de eu não ter ido parar no inferno, eu vivia num porão e quase tinha morrido.
No geral, acredito que o meu pensamento em recusar a cooperar com a polícia estava de acordo com as exigências do Falun Gong, mas as velhas forças tentaram tirar a minha vida, porque eu não agi e falei tão corretamente quanto deveria. Mais uma vez o Mestre salvou minha vida. Obrigada, Mestre!
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