24 de abril de 2001
Senhoras e senhores; membros da imprensa:
Há dois anos, o Falun Gong se destacou no palco mundial através de um grupo de praticantes do Falun Gong que se posicionou do lado de fora do Escritório de Apelações ao Conselho de Estado em Pequim. Este encontro foi mostrado como um "protesto" organizado pela mídia estatal chinesa. Consequentemente, nos últimos dois anos, os acontecimentos reais que rodearam este encontro e as trágicas decisões tomadas por Jiang Zemin durante este período de tempo ainda têm de ser divulgados ao público.
Nós convocamos esta conferência de imprensa hoje, para lhes apresentar um relatório abrangente sobre os eventos em torno do "Incidente de 25 de abril" e as alarmantes comunicações emitidas pelo presidente Jiang Zemin durante este tempo.
Neste relatório, apresentamos os eventos reais que aconteceram ao redor do Escritório de Apelações ao Conselho de Estado, demonstrando que esse encontro era meramente um apelo pacífico e legal, e foi, em grande parte, coordenado pelos próprios funcionários do governo chinês. Os praticantes do Falun Gong estavam simplesmente seguindo as instruções dos funcionários do governo em termos de onde e como deveriam fazer seu apelo. Além disso, este relatório contém novas informações que verificamos recentemente com uma fonte interna demonstrando que a repressão ao Falun Gong, iniciada e aplicada por Jiang Zemin, não tinha nada a ver com a natureza do próprio Falun Gong. Recentemente, foi confirmado que Jiang Zemin, em certas comunicações durante esse tempo, indicou que ele acreditava que nem o Falun Gong nem seu fundador, o Sr. Li Hongzhi, tinham tanto poder para serem capazes de reunir uma base tão grande. Ele expressou suspeitas de que os praticantes reunidos do lado de fora do Escritório de Apelações ao Conselho de Estado tinham sido organizados por altos funcionários rivais dentro do próprio governo chinês ou por forças estrangeiras. Em uma aparente tentativa de solidificar sua base de poder, ele afirmou que uma ação imediata era necessária para esmagar o Falun Gong a todo custo.
Consequentemente, o que o mundo vem testemunhando nos últimos 20 meses é grandes porções do povo chinês sendo usadas como peões em uma luta política desesperada realizada pelo presidente chinês Jiang Zemin contra inimigos reais ou imaginários dentro de seu próprio governo.
Como mostra este relatório, o "Incidente de 25 de abril" não foi um protesto ou mesmo uma manifestação contra o governo. Poucos dias antes do incidente, os praticantes do Falun Gong na cidade vizinha de Tianjin haviam sido espancados e detidos apenas por visitar o escritório de um jornal local para esclarecer a verdade sobre acusações feitas em um artigo calunioso. O documento tinha inicialmente concluído que tinham cometido um erro e se ofereceu para corrigir a situação. Pouco tempo depois, entretanto, funcionários de Tianjin foram contatados por Pequim e instruídos a dizer aos praticantes que eles deviam recorrer ao Departamento de Apelações ao Conselho de Estado em Pequim. Consequentemente, foram divulgadas as palavras para diferentes regiões e praticantes vieram individualmente e em grupos para o Escritório de Apelações ao Conselho de Estado em Pequim, onde eles foram então dirigidos pela polícia e funcionários do governo para se alinhar nas ruas ao lado de Zhongnanhai. Os praticantes concordaram calmamente e procederam a esperar silenciosa e pacificamente para que seu apelo fosse ouvido.
Logo após os praticantes aparecerem ao lado de fora do Escritório de Apelação do Conselho de Estado, como um primeiro-ministro deveria fazer, Zhu Rongji saiu do complexo e foi recebido com uma ovação dos praticantes. Ele levou um número de praticantes para uma reunião no complexo. Os praticantes do Falun Gong fizeram seu apelo, os detidos em Tianjin foram libertados e todos os praticantes em torno de Zhongnanhai foram para casa em silêncio, satisfeitos por seu apelo legal ter sido bem tratado pelos oficiais do governo.
Contudo, como indica claramente nossa nova informação, Jiang Zemin chegou a uma conclusão muito diferente (aliás, Zhu Rongji teria feito mais tarde uma autocrítica perante os membros do Politburo por ter acolhido as preocupações dos praticantes em 25 de abril). Em várias ocasiões após o incidente, o Presidente Jiang Zemin emitiu comunicações aos "membros do Politburo e outros líderes interessados". Nestas comunicações, Jiang indica suas suspeitas de que altos funcionários do governo chinês podem estar por trás do Falun Gong. Como o relatório mostra, os praticantes vieram a Pequim porque eles foram orientados [pelas autoridades de Tianjin] a fazer isso e estavam apenas buscando ajuda para resolver o problema em Tianjin. Não houve absolutamente nenhum esforço organizado por parte dos praticantes do Falun Gong. Jiang Zemin, no entanto, suspeitou de inimigos escondidos atrás do encontro. Assim, começando com as diretrizes emitidas nessas comunicações, ele iniciou e dirigiu uma ofensiva contra os praticantes do Falun Gong em todo o país.
E então, quais são as implicações deste relatório? Nos últimos 20 meses, mais de 50 mil praticantes foram detidos, milhares foram torturados e/ou enviados para campos de trabalho, e 191 morreram devido a tortura enquanto estavam sob custódia policial - não por causa do que praticam, não por causa do que acreditam e não por causa de quem eles são. Toda essa repressão foi levada a cabo por causa da necessidade percebida por Jiang Zemin de defender e solidificar seu poder dentro do partido [nome do partido omitido] e do governo chinês [nome do partido omitido]. Os praticantes do Falun Gong não têm nenhuma informação sobre que lutas de poder podem ou não existir entre os líderes do governo chinês, nem temos interesse nestas questões políticas. O que nos preocupa é o fato de que o Falun Gong foi demonizado, seus praticantes detidos, torturados e mortos e seu fundador declarado "inimigo público número um" por Jiang Zemin em seus esforços para usar o Falun Gong como um peão para sustentar sua base de poder e fazer avançar suas próprias ambições políticas.
Isso é absolutamente inaceitável. O mundo deve agir. Um homem não pode ser autorizado a continuar a torturar e matar pessoas inocentes em uma tentativa tragicamente equivocada de promover seus próprios interesses.
Obrigado.
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