(Minghui.org) Sun Simiao (581 a 682 d.C.) viveu por 101 anos até o início da Dinastia Tang. Ele foi para a escola com sete anos de idade e memorizava por dia, textos com mais de 1.000 palavras. Aos 20 anos, ele gostava de ler os textos do Taoísmo, Budismo, dentre outros. Dugu Xin, um general respeitado, conheceu Sun e disse: “Essa criança tem talento. Só estou preocupado que, embora ele tenha muito conhecimento, provavelmente ele não possa aplicar o talento adequadamente. Assim sendo, pode ser que ele não se torne um alto funcionário”.

Observando os degenerados valores morais das pessoas terrenas, as quais lutam pela fama e pelo interesse material gananciosamente, Sun destacou a importância da virtude. Apreciando a virtude, a pessoa seria abençoada e alcançaria longevidade sem buscar ambos.

Durante o reinado do Imperador Xuandi da Dinastia Zhou do norte (578 a 579 d.C.), Sun passou a viver em reclusão na montanha Zhongnan. Durante o reinado do Imperador Wendi da Dinastia Sui (581 a 604 d.C.), Sun foi escolhido para ser o médico da Academia Imperial, mas recusou, mencionando sua saúde. “Cinquenta anos depois, um santo virá. Vou ajudá-lo a salvar a sociedade e as pessoas”, disse ele a todos ao seu redor.

Mais tarde, durante o reinado do Imperador de Taizong da Dinastia Tang (627 a 649 d.C.), Sun foi chamado na capital. Impressionado com sua aparência jovem, o Imperador Taizong disse: “De você, eu sei que aqueles que praticam o Taoísmo devem ser respeitados. E histórias de divindades antigas como Guangcheng Zi são reais”. O Imperador Taizong repetidamente ofereceu-lhe cargos, mas resolutamente, Sun os rejeitou.

Durante o quarto ano do período Xianqing da Dinastia Tang (659 d.C.), o Imperador Gaozong convocou Sun e ofereceu-lhe uma posição no conselho e, novamente, ele recusou. No primeiro ano do período Shangyuan da Dinastia Tang (674 d.C.), Sun pediu para voltar para casa, mencionando a sua saúde. O Imperador Gaozong deu-lhe bons cavalos e pediu a Sun para que ficasse em um feudo [uma propriedade] que pertencia à princesa Poyang.

Ao longo de sua vida, Sun praticou medicina e colheu ervas. Ele esteve em inúmeras montanhas, incluindo as montanhas Taibai e Zhongnan (ambas em Shaanxi), Taihang (em Shanxi), Song Mountain (em Henan) e Emei (em Sichuan). Estudou dietas únicas, aprovou receitas e uso de fitoterápicos.

Sun escreveu dois livros, Qianjin Yaofang (Fórmulas Essenciais para Emergências que Valem Mil Peças de Ouro) e Qianjin Yifang (Um Suplemento de Fórmulas Essenciais para Emergências que Valem Mil Peças de Ouro). Sun considerava a vida humana muito preciosa e referia-se a essas receitas como valendo mil peças de ouro. Ambos os textos foram considerados grandes enciclopédias médicas, que compilaram o conhecimento médico da Dinastia Han e continuaram a dominar o campo até as Dinastias Song e Yuan. Qianjin Yaofang também foi publicado no Japão várias vezes. Para comemorar as realizações de Sun, as pessoas chamavam a Montanha Wutai, onde ele viveu em reclusão, de Montanha do Rei da Medicina. Eles também construíram um templo e uma estátua dele na montanha, e realizavam todos os anos, a partir de 03 de fevereiro do calendário lunar, uma celebração de 15 dias.

1. Sapatos que pesavam 8,5 jin (ou 9 libras)

Quando jovem, por muitos anos, Sun aprendeu medicina nas montanhas. Ele era diligente e demonstrava ter boa ética, então seu mestre lhe ensinou tudo o que sabia. Quando chegou a hora de Sun deixar a montanha, seu mestre disse: “As coisas no mundo humano têm suas razões. Por favor, não permita que dificuldades comprometam sua vontade de salvar as pessoas e ajudar a sociedade. Eu também sei que você não vai prejudicar as pessoas ou cometer atos vergonhosos. Sempre mantenha sua intenção original em mente e você obterá grandes conquistas”.

Com lágrimas nos olhos, Sun se despediu de seu mestre e saiu da montanha. Seguindo as instruções de seu mestre, ele ajudou as pessoas com os seus conhecimentos médicos, de todo o coração. Ao contrário do que esperava, ele não podia curar doenças, não importava onde fosse, as pessoas que ele tratava morriam. Os moradores o repreendiam e o xingavam. Mais tarde, eles o evitaram como uma praga e o afastaram. Sun não apenas sofria com as dificuldades da viagem e da falta de comida, mas também sofria com os insultos e humilhações por parte das pessoas.

Um dia ele não pôde aguentar mais. Ele voltou para a montanha e, em lágrimas, contou a seu mestre a dor que estava sofrendo. Sem culpa, seu mestre apenas olhou para ele gentilmente e disse-lhe as seguintes palavras: “Estou plenamente consciente de sua dor. Mas este é um processo e as coisas mudarão mais tarde. Por favor não desista. Quando os sapatos de palha que você usa forem tão pesados quanto 8,5 jin (ou 9 libras), as coisas vão melhorar”.

Mais uma vez, Sun se despediu de seu mestre e desceu a montanha. As experiências que ele encontrou foram as mesmas, mas ele não desistiu, e muitas vezes se motivou em meio à miséria. Um dia ele caminhou por um lago lamacento e seus sapatos estavam quase desfeitos. Depois de sair da lagoa, ele se agachou debaixo de uma grande árvore para amarrar seus sapatos com mais palha. Os sapatos estavam despedaçados e pesados, no entanto ele não teve escolha, a não ser usá-los assim mesmo.

Após algum tempo, um grupo de pessoas passou carregando um caixão funerário. Notando o sangue pingando do caixão, Sun o observou e soube que a pessoa poderia ser salva. Então, correu atrás deles e os chamou em voz alta: “Ei, parem! Parem! Eu posso salvar essa pessoa! Ela ainda não está morta!”.

Pensando que ele era louco, as pessoas o ignoraram. Sun implorou para que parassem e largassem o caixão, mas ninguém o ouviu, já que os nativos consideravam que parar um caixão na metade do caminho, dava azar. Sun não teve escolha a não ser segui-los e continuar chamando: “Essa pessoa teve um parto obstruído - o bebê não nasceu e a mãe continuou sangrando e morreu também, certo? Ela continua a sangrar agora, então isso significa que essa pessoa pode ser salva. Por favor, abaixem o caixão agora, caso contrário, será tarde demais”.

Surpresos com sua precisa descrição, era como se ele tivesse visto o incidente inteiro, as pessoas pararam. Eles puseram o caixão no chão e o abriram. Sun pegou uma agulha e picou o ponto de acupuntura apropriado da mulher. Pouco tempo depois, ela voltou à vida com uma expiração. Com isso, veio à luz o bebê, cheio de vida, e todos ficaram surpresos e alegres. Tanto a mãe quanto o bebê foram salvos e as pessoas ficaram muito felizes.

Rapidamente, o milagre de salvar duas vidas com uma agulha se tornou conhecido em toda a comunidade. A família recebeu Sun em sua casa e ficou muito agradecida.

No dia seguinte, Sun estava se preparando para partir. A família queria que ele ficasse, mas ele insistiu em partir. Ele também recusou dinheiro e presentes da família, exceto o novo par de sapatos de palha. Como o pai do bebê estava descartando seus sapatos velhos, Sun pediu para ficar com eles. Então, pesaram os sapatos e eles tinham exatamente 8,5 jin.

Sun acreditou ainda mais nas palavras do seu mestre. Ele continuou a tratar as doenças das pessoas. Agora, curiosamente quem quer que ele tratasse, se recuperaria. Assim, as pessoas o chamavam de "médico mágico dos sapatos de palha”.

(Continua)