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Como o espectro do comunismo está governando o nosso mundo (Capítulo 2: O início do comunismo na Europa)

26 de abril de 2020 |   Pela equipe editorial dos Nove Comentários sobre o Partido Comunista Chinês

(Minghui.org) [Nota do editor] Esta série é uma reimpressão da tradução em português do Epoch Times do livro “Como o espectro do comunismo está governando nosso mundo”, pela equipe editorial de Nove Comentários sobre o Partido Comunista Chinês.

Sumário

Prefácio
Introdução
Capítulo 1: As estratégias do diabo para destruir a humanidade
Capítulo 2: O início do comunismo na Europa
Capítulo 3: Matança no Oriente
Capítulo 4: Exportando a revolução
Capítulo 5: Infiltrando-se no Ocidente
Capítulo 6: A revolta contra Deus
Capítulo 7: A destruição da família
Capítulo 8: Como o comunismo semeia o caos na política
Capítulo 9: A armadilha econômica comunista
Capítulo 10: Usando a lei para o mal
Capítulo 11: Profanando as artes
Capítulo 12: Sabotando a educação
Capítulo 13: Sequestrando os meios de comunicação
Capítulo 14: Cultura popular, uma indulgência decadente
Capítulo 15: As raízes comunistas do terrorismo
Capítulo 16: O comunismo por trás do ambientalismo
Capítulo 17: Globalização: comunismo no seu cerne
Capítulo 18: As ambições globais do Partido Comunista Chinês
Conclusão

O que está incluído nesta parte?

Capítulo 2: O início do comunismo na Europa

Introdução
1. As obras satânicas de Karl Marx
2. O contexto histórico do marxismo
3. A Revolução Francesa
4. O início do comunismo em Paris
5. Primeiro a Europa, depois o mundo
Referências bibliográficas

* * *

Introdução

Muitas das profecias feitas pelas religiões ortodoxas estão se concretizando, assim como as previsões feitas por Nostradamus e as transmitidas por diversas culturas, como a do Peru e a da Coreia. Alguns textos proféticos foram surpreendentemente precisos em relação a acontecimentos da história chinesa, desde a dinastia Han até a dinastia Ming. [1]

Essas profecias nos revelam a importante verdade de que a história não é um processo por meio do qual os fatos acontecem por mera casualidade, mas um drama no qual uma sequência de grandes eventos já foi preestabelecida. No final dos tempos, que também pode ser o prenúncio de um novo ciclo histórico, todas as religiões do mundo estão aguardando o mesmo evento: a chegada do Criador no reino humano.

Todo drama tem um clímax. Embora o diabo tenha feito os seus planos para destruir a humanidade, o Todo-Poderoso Criador tem os seus meios de despertar as pessoas, ajudá-las a escaparem do cativeiro do diabo e oferecer-lhes a salvação. Hoje, no período final que precede a aparição do Criador, trava-se a batalha final entre o bem e o mal.

Religiões ortodoxas do mundo inteiro predisseram que o mundo estaria repleto de demônios, abominações e coisas nefastas na época do retorno do Criador, porque a humanidade teria perdido seus limites morais. Este é exatamente o mundo de hoje.

O estado de degeneração que enfrentamos atualmente vem sendo produzido há muito tempo. Começou há centenas de anos, com a ascensão da sua principal força motriz: o ateísmo e o uso de artimanhas para enganar a humanidade. Foi Karl Marx quem criou uma ideologia que se valeu de todo tipo de artimanha, astúcia e falsidade, e foi Vladimir Lenin quem aplicou brutalmente a teoria na prática.

Marx, no entanto, não era ateu. Ele prestou culto ao diabo e se tornou o demônio cuja missão era impedir que o ser humano reconhecesse o seu Criador no fim dos tempos.

1. As obras satânicas de Karl Marx

Karl Marx publicou vários livros ao longo da sua vida, e os mais conhecidos são o “Manifesto Comunista”, de 1848, e os três volumes de “O Capital”, publicados entre 1867 e 1894. Esses trabalhos formam a base teórica do movimento comunista.

Porém, o que poucos sabem é que a vida de Marx foi um processo no qual ele entregou sua alma ao diabo e se tornou seu agente no reino humano.

Marx foi um cristão devoto na sua juventude. Foi um fervoroso crente em Deus antes de ser dominado por sua transformação demoníaca.

Num de seus primeiros poemas, “Invocação de alguém em desespero”, Marx escreveu sobre sua intenção de se vingar de Deus:

Deus tirou tudo de mim
Numa tortuosa maldição do destino.
Seu mundo são agora apenas lembranças perdidas!
Nada me restou a não ser a vingança!

Em mim mesmo vingança eu orgulhosamente deflagrarei,
Naquele ser, naquele Deus entronado,
Farei minha força combinando o que é fraqueza,
Deixarei meu melhor sem recompensa.

Vou construir o meu trono muito acima de todos,
Frio e monstruoso será o seu topo.
Sua base será o pavor sobre-humano,
E a negra agonia será o guia.

Quem olhar para ele com um olhar são
Cairá para trás, atingido mortalmente, pálido e bestificado.
Será tomado por cegueira e frieza Mortal
Seu contentamento preparará o seu túmulo. [2]

Em uma carta a seu pai, Marx descreveu as mudanças que estava experimentando: “A cortina caiu, meu santo dos santos foi despedaçado e novos deuses tiveram que ser colocados em seu lugar. (…) Fui tomado por verdadeira inquietação e não poderei acalmar o meu ânimo exaltado até que eu esteja em sua cara presença.” [3]

Em seu poema “A donzela pálida”, Marx escreveu:

Perdi o direito ao Céu. E sei disso com certeza.
Minha alma, outrora fiel a Deus, está agora destinada ao inferno. [4]

A família de Marx percebeu claramente a sua mudança. Em 2 de março de 1837, seu pai lhe escreveu: “Seu progresso na vida, minha esperança de vê-lo construir uma sólida reputação e seu bem-estar neste mundo não são os únicos desejos do meu coração. Porém, vejo agora que não passam de ilusões que tive muito tempo atrás, mas posso assegurar que a realização desse esperançoso desejo não me teria feito feliz. Só serei feliz se o seu coração permanecer puro e pulsar humanamente, quando nenhum demônio puder privar o seu coração de ter sentimentos melhores.” [5]

Uma das filhas de Marx escreveu que, quando ela era criança, o pai costumava contar histórias a ela e às irmãs. Seu conto favorito era uma história cheia de reviravoltas sobre a vida de Hans Röckle, um feiticeiro endividado e dono de uma loja de brinquedos, que, por ter feito um pacto com o diabo, teve que, contra sua vontade, vender ao diabo todos os lindos brinquedos da sua loja, um por um. [6]

O que Marx vendeu ao diabo em troca do seu sucesso foi sua própria alma. Em “O violinista”, Marx assim se descreveu:

Como assim! Eu mergulho, mergulho sem falhar
Meu sabre de sangue negro em sua alma.
Aquela arte que Deus não quer nem concebe,
Ela salta para o cérebro das névoas negras do Inferno.
Até o coração ficar enfeitiçado, até os sentidos vacilarem:
Com Satanás, eu fiz o meu acordo.
Ele traça os sinais, marca o tempo para mim,
Eu toco a marcha da morte rápida e livremente. [7]

Na biografia “Marx”, o autor Robert Payne disse que as histórias que Marx contava podem ser tomadas como uma alegoria da sua própria vida e que ele parecia estar agindo conscientemente em nome do demônio. [8]

A alma de Marx voltou-se para o mal. Em sua ira contra Deus, ele prestou culto ao diabo. O filósofo político americano Eric Voegelin escreveu: “Marx achava que era um deus criando um mundo; ele não queria ser a criatura. Ele não queria ver o mundo sob a perspectiva de uma criatura. Ele queria ver o mundo a partir do ponto da coincidentia oppositorum, isto é, da posição de Deus.” [9]

Em seu poema “Orgulho humano”, Marx expressou sua vontade de romper com os deuses e de se colocar em pé de igualdade:

Com desdém lançarei meu desafio
Diante do Mundo.
E verei o colapso deste gigante Pigmeu,
Cuja queda não acabará com o meu ardor.

Então, caminharei semelhante a um deus, triunfante,
Entre as ruínas do mundo.
Dando ativo poder a cada palavra minha,
Eu me sinto igual ao Criador. [10]

Marx rebelou-se ativamente contra o Divino: “Eu anseio por me vingar daquele que governa de cima”; “A ideia de Deus é a tônica de uma civilização pervertida. Ela deve ser destruída.” [11]

Logo depois da morte de Karl Marx, sua doméstica Helene Demuth comentou a seu respeito: “Ele foi um homem temente a Deus. Quando estava muito doente, ele rezava sozinho em seu quarto diante de uma fileira de velas acesas, amarrando um tipo de fita métrica ao redor da sua fronte.” [12]

Porém, de acordo com estudiosos, o culto de Marx não era nem cristão nem judaico. Ainda assim, o verdadeiro Marx não era ateu.

Ao longo da história da humanidade, grandes sábios ensinaram aos seres sencientes o caminho para a iluminação e lançaram as bases da civilização humana. Jesus Cristo estabeleceu o alicerce da civilização cristã; a sabedoria de Lao Zi é a base do taoismo, um pilar central da filosofia chinesa. Na antiga Índia, os ensinamentos de Sakyamuni estabeleceram o budismo. Jesus não teve uma educação formal. A origem da sua sabedoria é como um milagre. Embora alguns sábios tenham tido uma sólida educação formal, eles desenvolveram suas ideias a partir da percepção direta de uma verdade transcendental, e não de estudos convencionais.

As teorias de Marx fizeram referências ao trabalho de intelectuais anteriores, mas, em última análise, originaram-se do espectro do mal. No poema “Sobre Hegel”, Marx escreveu:

“Porque eu descobri o mais elevado e também o que há nas profundezas,
Rude eu sou como um deus, coberto de escuridão como um deus.” [13]

Conforme os planos do espectro do mal, Marx veio ao mundo humano e estabeleceu o culto do comunismo para corromper a moralidade, a fim de que a humanidade se voltasse contra os deuses e fosse condenada ao tormento no inferno por toda a eternidade.

2. O contexto histórico do marxismo

Para difundir o marxismo, o espectro do mal estabeleceu vários fundamentos intelectuais e sociais. Vamos examinar esses dois componentes que servem de contexto para o marxismo.

Os estudiosos acreditam que a teoria de Marx foi profundamente influenciada por Hegel e Ludwig Feuerbach. Este foi um dos primeiros intelectuais a negar a existência de Deus. Ele acreditava que a religião não passava de uma projeção com base na “infinitude de atributos”, isto é, que as pessoas inventaram Deus projetando nele, em escala ilimitada, os atributos essenciais humanos. [14]

A teoria de Feuerbach lançou alguma luz sobre como o comunismo emergiu e se disseminou. Os avanços em áreas como ciência, indústria, medicina e lazer levavam as pessoas a pensar que a felicidade é uma consequência da riqueza material, e assim sendo qualquer insatisfação deveria ser oriunda de limitações sociais. Portanto, por meio do progresso material e social, as pessoas teriam os meios para construir uma utopia: o paraíso na Terra. Deus não seria mais necessário. Essa visão é o principal modo de atrair as pessoas para depois iniciá-las no culto do comunismo.

Feuerbach não foi o primeiro a rejeitar o cristianismo e Deus. Friedrich Strauss questionou a autenticidade da Bíblia e a divindade de Jesus em seu livro de 1835, “A Vida de Jesus”. Essas ideias ateístas já estavam presentes no Iluminismo, durante os séculos 17 e 18, e até mesmo entre os antigos gregos. Mas isso foge ao objetivo deste livro.

Ainda que o “Manifesto Comunista” de Marx tenha sido escrito mais de uma década antes da publicação de “A Origem das Espécies”, de Charles Darwin, a teoria da evolução forneceu a Marx uma base ostensivamente científica. Se todas as espécies são o resultado da “seleção natural”, e os seres humanos são apenas organismos mais avançados, então não há lugar para Deus. É sabido que a teoria da evolução está cheia de lacunas e falhas, contudo, essa análise está fora do escopo deste livro.

Em dezembro de 1860, em uma carta para seu associado Friedrich Engels, Marx mencionou a teoria de Darwin, tecendo elogios à obra “A Origem das Espécies”, ao descrevê-la como “o livro que contém a base da história natural para o seu ponto de vista [o materialismo histórico]”. [15]

Em uma carta ao filósofo socialista Ferdinand Lassalle, em janeiro de 1862, Marx assim se pronunciou: “O livro de Darwin é muito importante e pode me ser útil como uma base científica natural para a luta de classes na história.” [16]

A teoria da evolução, no campo das ciências naturais, e o materialismo, no campo da filosofia, proporcionaram ao marxismo duas ferramentas poderosas para enganar e recrutar seguidores.

A sociedade sofreu profundas mudanças durante a vida de Karl Marx. Em 1769, o motor a vapor de Watt, que havia sido aprimorado, deu início à primeira Revolução Industrial, substituindo pequenas comunidades artesanais pela produção em massa. Avanços técnicos na agricultura liberaram o excedente de mão-de-obra, que se deslocou para as cidades e começou a trabalhar nas fábricas. O livre-comércio criou inovações em vendas e marketing.

A industrialização promove sempre a expansão das cidades e o fluxo de pessoas, informações e ideias. Nas cidades, as pessoas não estão tão conectadas umas às outras quanto no meio rural. Em uma cidade, até mesmo um pária pode escrever livros. Depois do seu exílio da Alemanha, Marx mudou-se para a França, para a Bélgica e depois para a Inglaterra, onde se estabeleceu no ambiente dickensiano das favelas de Londres.

Marx já tinha idade avançada quando a Segunda Revolução Industrial se iniciou; ela trouxe a eletrificação, o motor de combustão interna, a fabricação de produtos químicos… A invenção do telégrafo e do telefone revolucionou as comunicações.

Essas mudanças provocaram turbulência na sociedade, à medida que as pessoas se esforçavam para se adaptar aos avanços tecnológicos. Muitos não conseguiram se adaptar às mudanças, o que levou a uma polarização entre ricos e pobres, crises econômicas e outros problemas. Esse ambiente convulso proporcionou excelentes condições para a disseminação da visão de Marx sobre normas e tradições sociais como sendo vestígios de um passado opressor, e que, por isso, deveriam ser destruídas. Ao mesmo tempo, como a tecnologia tornou possível a transformação em grande escala da natureza, a humanidade tornou-se mais arrogante.

É importante analisar esses fatores principalmente à luz dos planos do diabo de desestabilizar a humanidade e disseminar o marxismo, e não tanto como o resultado de uma sublevação social e da tendência intelectual relacionada a ela.

3. A Revolução Francesa

O impacto da Revolução Francesa de 1789 foi enorme e de longo alcance. Destruiu a monarquia, derrubou a ordem social tradicional e introduziu um sistema de ditadura das multidões.

Friedrich Engels disse: “Uma revolução é, sem dúvida alguma, a coisa mais autoritária que existe; trata-se do ato pelo qual uma parte da população impõe a sua vontade à outra parte por meio de fuzis, baionetas e canhões, os quais são meios notadamente autoritários. E o partido vitorioso deve manter o seu governo por meio do terror que suas armas instilam nos reacionários.” [17]

O Clube Jacobino que tomou o poder depois da Revolução Francesa sabia bem disso. Depois de enviar o rei francês Luís XVI para a guilhotina, o Reinado do Terror do líder jacobino Maximilien Robespierre executou outras 70 mil pessoas, a maioria das quais era completamente inocente. Gerações posteriores escreveram no epitáfio de Robespierre:

Você que passa pelo meu túmulo
Não lamente minha morte;
Pois se eu estivesse vivo,
Você estaria no meu lugar! [18]

As três políticas de terror político, terror econômico e terror religioso, praticadas pelo Clube Jacobino na Revolução Francesa, foram uma espécie de prelúdio para a tirania do Partido Comunista.

Como precursores dos assassinatos políticos que ocorreram sob o comando de Lenin e Stalin, os revolucionários franceses instituíram o Tribunal Revolucionário e instalaram guilhotinas em Paris e em outras cidades. Os comitês revolucionários decidiam se um prisioneiro era culpado, enquanto agentes especiais da Convenção Nacional detinham autoridade sobre as subdivisões militares e administrativas. Os sans-culottes, ou o proletariado, mantinham o status de classe mais revolucionária.

A Lei de 22 Prairial, promulgada em 10 de junho de 1794, privou os acusados do direito de defesa e determinou a imposição da pena de morte a todos os condenados. Não havia coleta de provas. Boatos, suposições e juízos pessoais eram suficientes para um veredito. A promulgação dessa lei expandiu ainda mais o Reinado do Terror, com cerca de 300 mil a 500 mil pessoas presas como suspeitas. [19]

Da mesma forma, o terror econômico dos jacobinos foi como um preâmbulo do “comunismo de guerra” que foi implementado na Rússia por Lenin. Uma lei aprovada em 26 de julho de 1793 estabeleceu que o acúmulo de bens ou riquezas seria punível com a pena de morte. [20]

Um dos principais adversários dos revolucionários franceses foi a fé católica. Durante o Terror, Robespierre, Jacques-Louis David e seus apoiadores estabeleceram uma forma de ateísmo com base nas tendências do Iluminismo, chamada de Culto da Razão, para substituir o catolicismo. [21]

Em 5 de outubro de 1793, a Convenção Nacional aboliu o calendário cristão e instituiu o calendário republicano. Em 10 de novembro, a Catedral de Notre-Dame de Paris foi rebatizada com o nome Templo da Razão, e uma atriz retratada como a Deusa da Razão foi objeto de adoração para as massas. O Culto da Razão foi rapidamente adotado na cidade de Paris. Uma semana depois, apenas três igrejas cristãs ainda estavam em atividade.

O terror religioso tomou conta de Paris. Sacerdotes foram presos em massa e alguns foram executados. [22]

A Revolução Francesa não forneceu apenas um modelo para o regime soviético estabelecido por Lenin. Ela também está intimamente ligada ao desenvolvimento do marxismo.

François-Noёl Babeuf, um socialista utópico que viveu durante a Revolução Francesa e que foi executado em 1797 por seu envolvimento na Conspiração dos Iguais, defendeu a abolição da propriedade privada. Marx considerava Babeuf como o primeiro comunista revolucionário.

No século 19, a França estava sendo fortemente influenciada por ideologias socialistas. A Liga dos Fora da Lei, que teve Babeuf como seu fundador espiritual, desenvolveu-se rapidamente em Paris. O alfaiate alemão Wilhelm Weitling juntou-se aos Fora da Lei em 1835 e, sob a sua liderança e dissidência, foi criada a sociedade secreta chamada de Liga dos Justos.

Em uma reunião em junho de 1847, a Liga dos Justos fundiu-se com o Comitê de Correspondência Comunista, liderado por Marx e Engels, para formar a Liga Comunista liderada pelos dois. Em fevereiro de 1848, Marx e Engels publicaram o texto mais fundamental do movimento comunista internacional, o “Manifesto Comunista”.

A Revolução Francesa foi o começo de um longo período de turbulência social em toda a Europa, quando revoluções e insurreições irromperam, uma após a outra, depois do final do regime napoleônico, causando impacto na Espanha, na Grécia, em Portugal, na Alemanha, em várias partes da Itália, na Bélgica e na Polônia. Em 1848, a revolução e a guerra se espalharam por toda a Europa, proporcionando um ambiente ideal para a disseminação do comunismo.

Em 1864, Marx e outros estabeleceram a Associação Internacional dos Trabalhadores, também conhecida como a Primeira Internacional, e assim Marx foi considerado o líder espiritual do movimento operário comunista.

Como o líder de fato da Primeira Internacional, Marx trabalhou para criar um grupo nuclear de revolucionários disciplinados que recrutariam trabalhadores para a insurreição. Ele também julgou ser necessário banir os integrantes da organização que discordavam dele. Mikhail Bakunin, o primeiro grande marxista russo, recrutou muitos trabalhadores para o movimento comunista, mas Marx o acusou de ser um agente czarista e o expulsou da Primeira Internacional. [23]

Em 1871, a filial francesa da Primeira Internacional lançou a primeira revolução comunista, a Comuna de Paris.

4. O início do comunismo em Paris

A Comuna de Paris foi estabelecida após a derrota da França na Guerra Franco-Prussiana de 1870. Embora o imperador francês Napoleão III tivesse se rendido, o Exército prussiano sitiou Paris antes de se retirar. A humilhação da rendição e a prolongada agitação dos trabalhadores franceses provocaram um levante em Paris, e a recém-criada Terceira República Francesa mudou-se para Versalhes, deixando um vácuo de poder na capital.

A Comuna de Paris teve início em março de 1871 com a rebelião de bandos armados e bandidos da pior espécie, e foi liderada por socialistas, comunistas, anarquistas e outros ativistas. O movimento era filiado à Primeira Internacional e fortemente influenciado por ela. O seu objetivo era usar o proletariado como agente da revolução, a fim de destruir a cultura tradicional e transformar a estrutura política e econômica da sociedade.

O que se seguiu foram assassinatos e devastação em grande escala, quando então os rebeldes destruíram relíquias, monumentos e obras de arte de Paris. Um operário perguntou retoricamente: “Para que servem os monumentos, óperas, cafés e concertos aos quais nunca pude ir porque não tenho dinheiro?” [24]

Uma testemunha da destruição deu o seguinte depoimento: “É algo amargo, implacável e cruel; e é, sem dúvida, um triste legado da sangrenta Revolução de 1789.”

Outra testemunha descreveu a Comuna como “uma revolução de sangue e violência”, como “o mais criminoso [ato] que o mundo já viu”. Seus participantes estavam “enlouquecidos e embriagados de vinho e sangue”, e seus líderes “eram bandidos impiedosos… a escória da França”. [25]

A luta entre tradição e antitradição começou com a Revolução Francesa e persistiu por mais de oito décadas. O presidente honorário da Comuna de Paris disse: “A França compartilha dois princípios: a legitimidade e a soberania popular. O princípio da soberania popular congrega todos os homens do futuro, as massas, que cansadas de serem exploradas, tentam esmagar a estrutura que as sufoca.” [26]

O extremismo da Comuna originou-se em parte das ideias carregadas de ódio de Henri de Saint-Simon, um socialista utópico que considerava o bem-estar de um país proporcional ao seu número de trabalhadores. Ele defendia a morte dos ricos, que acreditava serem parasitas.

Em “Guerra Civil na França”, Marx descreveu a Comuna como um estado comunista: “A Comuna é a antítese direta do império. O brado de ‘república social’, com que a Revolução de Fevereiro foi anunciada pelo proletariado de Paris, não expressava muito mais que o vago desejo de uma República que não só acabasse com a forma monárquica de dominação de classe, mas também com a própria dominação de classe.” Além disso, “A Comuna pretendia abolir a propriedade de classe que torna o trabalho de muitos a riqueza de poucos.” [27]

A Comuna de Paris foi o movimento pioneiro de ascensão de um governo comunista. A Coluna de Vendôme, erigida por ordem de Napoleão Bonaparte para celebrar a vitória em uma batalha, foi destruída. Igrejas foram saqueadas, membros do clero foram assassinados e o ensino religioso foi banido das escolas. Os rebeldes vestiram as estátuas de santos com roupas modernas e colocaram cachimbos em suas bocas.

As mulheres participaram dessa selvageria com um entusiasmo que superava, às vezes, o dos homens. Um diplomata chinês chamado Zhang Deyi, que estava em Paris na época, descreveu a situação: “Os rebeldes não eram apenas bandidos do sexo masculino, pois as mulheres também participaram da sublevação. Elas ocupavam prédios e se banquetearam com iguarias. Mas essa diversão durou pouco, pois elas não sabiam do perigo iminente. Elas saquearam e incendiaram prédios. Tesouros inestimáveis foram reduzidos a cinzas. Centenas de mulheres rebeldes foram detidas e admitiram que foram elas as principais líderes dos incêndios.” [28]

O frenesi violento ocorrido durante a queda da Comuna de Paris não surpreende. Em 23 de maio de 1871, antes da queda da última linha de defesa, as autoridades da Comuna ordenaram que fossem incendiados o Palácio de Luxemburgo (sede do Senado francês), o Palácio das Tulherias e o Louvre. O Ópera de Paris, a Prefeitura de Paris, o Ministério do Interior, o Ministério da Justiça, o Palais Royal, os restaurantes e prédios de luxo em ambos os lados da avenida Champs Elysées também deveriam ser destruídos para não ficarem nas mãos do governo.

Às 19h, os membros da Comuna, munidos de alcatrão, asfalto e terebintina, incendiaram vários prédios de Paris. O magnífico Palácio das Tulherias foi destruído pelas chamas. Felizmente, as tentativas dos incendiários de atear fogo ao Louvre foram frustradas pela chegada das tropas de Thiers, que acabaram com a conflagração. [29]

Marx rapidamente reformulou sua teoria na esteira da Comuna de Paris, mas a única modificação que ele fez no “Manifesto Comunista” foi que a classe trabalhadora deveria romper e destruir o mecanismo estatal, e não simplesmente assumir o seu controle.

5. Primeiro a Europa, depois o mundo

O manifesto atualizado de Marx tornou o comunismo ainda mais destrutivo em sua natureza e generalizado em sua influência. Em 1889, seis anos depois da morte de Marx, 13 anos depois da dissolução da Primeira Internacional e no 100º aniversário da Revolução Francesa, o Congresso Internacional dos Trabalhadores foi revivido. Os marxistas se reuniram novamente em um encontro que os historiadores chamaram de Segunda Internacional.

Guiados pelo comunismo e com slogans como “libertar a humanidade” e “abolir as classes sociais”, o movimento operário europeu se estabeleceu rapidamente. Segundo Lenin: “Os serviços prestados por Marx e Engels à classe trabalhadora podem ser expressos em poucas palavras: eles ensinaram à classe trabalhadora a conhecer a si mesma, a tornar-se consciente de si mesma, e, [assim procedendo], eles substituíram sonhos pela ciência.” [30]

O diabo valeu-se de mentiras e doutrinação para contaminar movimentos populares com a ideologia comunista. Um número cada vez maior de pessoas passou a aceitar a sua ideologia. Em 1914, havia aproximadamente 30 organizações socialistas globais e locais, e inúmeros sindicatos e cooperativas. No início da Primeira Guerra Mundial, os sindicatos contavam com mais de 10 milhões de membros e as cooperativas com mais de 7 milhões.

Em “Como Mudar o Mundo: Reflexões sobre Marx e o Marxismo”, Eric Hobsbawm escreveu: “Nos países europeus, virtualmente, todos os pensamentos sociais, sejam ou não politicamente decorrentes de movimentos socialistas ou trabalhistas, foram visivelmente influenciados por Marx.” [31]

O comunismo começou a se disseminar para a Rússia e o Oriente através da Europa. De 1886 a 1890, Lenin estudou “O Capital”, antes de começar a traduzir o “Manifesto Comunista” para o russo. Lenin foi preso e depois exilado. No começo da Primeira Guerra Mundial, ele estava morando na Europa Ocidental.

A Primeira Guerra Mundial levou ao triunfo do comunismo na Rússia. Na época da Revolução de Fevereiro de 1917, que derrubou o czar Nicolau II, Lenin estava na Suíça. Meio ano depois, ele já estava de volta à Rússia e tomou o poder na Revolução de Outubro.

A Rússia era uma nação com muitas tradições, vasta população e abundantes recursos naturais. O estabelecimento do regime soviético no território do maior país do mundo foi uma grande vantagem para o movimento comunista mundial.

Assim como a Primeira Guerra Mundial favoreceu a ascensão dos comunistas russos, a Segunda Guerra Mundial contribuiu para que o movimento comunista proliferasse na Eurásia e engolisse a China.

Josef Stalin disse: “Esta guerra é diferente das guerras do passado. Quem ocupa um território também lhe impõe seu próprio sistema social.” Depois da Segunda Guerra Mundial, a União Soviética tornou-se uma superpotência armada com armas nucleares e manipulou questões mundiais para promover o comunismo em todo o mundo. [32]

Winston Churchill disse: “Uma sombra caiu sobre as cenas recentemente iluminadas pela vitória dos aliados. Ninguém sabe o que a Rússia soviética e sua organização internacional comunista pretendem fazer de agora em diante, ou quais seus limites, se avançarem com suas tendências expansivas e proselitistas.” [33]

Durante a Guerra Fria, o mundo livre esteve em intenso confronto contra o campo comunista que se espalhou por todos os continentes. Como um símbolo taoista taiji, metade era comunismo “frio”, e a outra metade era comunismo “quente”. As nações do mundo livre, que eram democráticas em sua forma, tornaram-se pouco a pouco socialistas em sua essência.

Referências bibliográficas:

[1] “A Magnificent Time — These Days in Prophecy”, http://www.pureinsight.org/node/1089

[2] Karl Marx, Early Works of Karl Marx: Book of Verse (Marxists Internet Archive).

[3] Karl Marx, “Letter From Marx to His Father in Trier”, The First writings of Karl Marx (Marxists Internet Archive).

[4] Karl Marx, Early Works of Karl Marx: Book of Verse.

[5] Richard Wurmbrand, Marx & Satan (Westchester, Illinois: Crossway Books, 1986).

[6] Eric Voegelin, The Collected Works of Eric Voegelin, Vol. 26; History of Political Ideas, Vol. 8: Crisis and the Apocalypse of Man (Baton Rouge: Louisiana State University Press, 1989).

[7] Karl Marx, Early Works of Karl Marx: Book of Verse.

[8] Robert Payne, Marx (New York: Simon and Schuster, 1968).

[9] Eric Voegelin, The Collected Works of Eric Voegelin, Vol. 26.

[10] Karl Marx, Early Works of Karl Marx: Book of Verse.

[11] Wurmbrand, Marx & Satan.

[12] Ibid.

[13] Karl Marx, Early Works of Karl Marx: Book of Verse.

[14] Ludwig Feuerbach, The Essence of Christianity (1841).

[15] I. Bernard Cohen, Revolution in Science (The Belknap Press of Harvard University Press, 1985).

[16] Ibid.

[17] Friedrich Engels, “On Authority”, in Marx-Engels Reader (W.W. Norton and Co., 1971).

[18] Anonymous, “Robespierre’s Epitaph”, https://www.rc.umd.edu/editions/warpoetry/1796/1796_2.html

[19] The New Cambridge Modern History, Vol. IX (Cambridge: Cambridge University Press, 1965), pp. 280–281.

[20] Miguel A. Faria Jr., The Economic Terror of the French Revolution (Hacienda Publishing, 2003).

[21] Gregory Fremont-Barnes, Encyclopedia of the Age of Political Revolutions and New Ideologies, 1760–1815 (Greenwood, 2007).

[22] William Henley Jervis, The Gallican Church and the Revolution (Kegan Paul, Trench, & Co., 1872), https://archive.org/details/gallicanchurch00jervuoft/page/n5

[23] W. Cleon Skousen, The Naked Communist (Salt Lake City: Izzard Ink Publishing, 1958), https://archive.org/details/B-001-002-046

[24] John M. Merriman, Massacre: The Life and Death of the Paris Commune (Basic Books, 2014).

[25] Ibid.

[26] Louis Auguste Blanqui, “Speech Before the Society of the Friends of the People”, in Selected Works of Louis-Auguste Blanqui.

[27] Karl Marx, The Civil War in France (Marxists Internet Archive).

[28] Zhang Deyi, The Third Diary of Chinese Diplomat Zhang Deyi.

[29] Merriman, Massacre: The Life and Death of the Paris Commune.

[30] Vladimir Ilyich Lenin, “Frederick Engels”, in Lenin Collected Works.

[31] Eric Hobsbawm, How to Change the World: Reflections on Marx and Marxism (New Haven & London: Yale University, 2011).

[32] Milovan Djilas, Conversations with Stalin, https://www.amindatplay.eu/2008/04/24/conversations-with-stalin/

[33] Winston Churchill, “The Sinews of Peace”, um discurso (BBC Archive).