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​Praticante do Falun Gong é secretamente condenado com provas fabricadas

16 de maio de 2024 |   Escrito por um correspondente do Minghui na província de Heilongjiang, China

(Minghui.org) Um homem na cidade de Zhaodong, província de Heilongjiang,  foi secretamente condenado a prisão sem representação jurídica por praticar o Falun Gong, que tem sido perseguido na China desde julho de 1999.

O Sr. Lui Chengzhi foi detido em 15 de janeiro de 2022, quando estava viajando na cidade de Harbin, na mesma província. Depois de mantê-lo na Delegacia Ferroviária da Cidade de Harbin por oito horas, a polícia o condenou com uma detenção de 15 dias para ser cumprida em prisão domiciliar. Eles ameaçaram prendê-lo novamente se ele não atendesse alguma ligação da polícia durante esse período.

Na manhã do dia 10 de março de 2022 o Sr. Liu foi apreendido em sua residência pela polícia de sua cidade e detido no Centro de Detenção da Cidade de Zhaodong. Lá, os guardas o torturaram e o humilharam por oito meses. Após esse período, o Tribunal da Cidade de Anda o sentenciou com uma pena de prisão de dez meses e uma multa de 3.000 yuans.

O relato a seguir é do próprio Sr. Liu sobre a sua perseguição.

***

Um policial foi até a minha casa no dia 9 de março de 2022, e me convocou até a delegacia para responder algumas perguntas. Na manhã seguinte às 6h, quatro policiais invadiram a minha casa. Minha esposa, que havia acabado de receber alta do hospital após sofrer uma doença grave, a minha mãe idosa e o meu filho pequeno acordaram e ficaram aterrorizados.

Eu perguntei ao policial no comando pela sua identidade, nome e título. Ele me disse que se chamava Xiao Jianguo, vice-diretor da Delegacia de Polícia da Cidade de Changwu. Eu me recusei a ir com ele, pois não havia feito nada de errado.

Xiao chamou mais seis policiais para me algemar e me colocar em uma viatura policial. Xiao batia e chacoalhava as algemas para causar dor nos meus pulsos. Os policiais também saquearam a minha casa e confiscaram minha cópia do Zhuan Falun, o livro com os ensinamentos principais do Falun Gong, vários folhetos do Falun Gong, três celulares e dinheiro.

Depois de ser levado até a delegacia de polícia, eu fiquei algemado a uma cadeira de metal e privado de usar o banheiro por nove horas. As algemas estavam tão apertadas que minhas mãos ficaram dormentes. Dois homens de meia idade com seus rostos cobertos por chapéus e máscaras entraram. Um deles tirou um gravador enquanto o outro me perguntava a quanto tempo eu praticava o Falun Gong. Sabendo que eles estavam prestes a me gravar e usar as respostas contra mim, eu perguntei quem eles eram. Um deles disse que seu nome era Wang Lijun, e o outro não respondeu. Eu descobri posteriormente que Wang era da Agência 610

Eu me recusei a responder às suas perguntas. Wang disse que eu havia cometido um crime e violado o artigo 300 do Código Penal por “sabotar a aplicação da lei com uma organização de seita”. Eles até mesmo trouxeram minha família, tentando fazê-los me persuadir a se declarar culpado.

Neste dia, eles me levaram até uma cela. Sete dias depois, no dia 17 de março, Wang veio me levar a um hospital para que eu fizesse um exame físico em preparação para a detenção formal.

À tarde, Wang tentou coletar minhas impressões digitais, mas eu me recusei a cooperar. Wang chamou sete policiais na faixa dos 20 anos para me segurar e me algemar atrás das costas. Eles me seguraram e me puxaram para atrás até uma máquina de impressão digital. No final, eles coletaram nove impressões digitais minhas e desistiram do último dedo porque ele estava quebrado. No processo, meus pulsos sangravam por conta das algemas apertadas que cortavam minha carne, e minhas mãos ficaram roxas pela falta de circulação de sangue. Depois disso, eles coletaram uma amostra do meu sangue à força, sem consentimento. 

Eu fui levado até uma sala de interrogatório e algemado a uma cadeira. Uma policial entrou e me deu uma injeção. Ela disse que era uma vacina, e que eles mesmos não tinham o privilégio de serem vacinados. Wang entrou e ordenou que eu assinasse o auto de detenção criminal. Eu recusei.

Eu fui transferido para um centro de detenção durante a tarde. Como me recusei a  vestir o uniforme de detento, um guarda chamado Gao Wenqi me algemou a uma cadeira e repetidamente estapeou o meu rosto, até que eu gritasse pedindo ajuda. Em seguida Gao algemou minhas mãos e meus pés, com algemas conectadas por uma corrente de aço.

Gao me colocou em uma cela e disse aos presos que “cuidassem bem” de mim. Quatro presos se aproximaram, um deles puxou a corrente de metal das minhas algemas e me conduziu pela cela em círculos, enquanto os outros me davam socos e chutes pelas costas. Eu sentia minha coluna estalando com a força dos socos, e meus tornozelos começaram a sangrar com o peso dos grilhões.

Sempre que eu meditava na minha cama, eles me empurravam no chão. Eles também me socavam se eu me recusasse a seguir as ordens dos guardas. Como resultado, meu nariz e minhas orelhas sangraram.

Um mês depois, o oficial que cuidava do meu caso me disse que eu estava oficialmente preso. O procurador Yang Guang da Procuradoria da Cidade de Anda me ouviu depor duas vezes através de reuniões virtuais. Eu me recusei a assinar o depoimento. Yang recomendou que eu fosse sentenciado com oito meses e uma multa de 3.000 yuans porque eu me recusei a admitir culpa. 

O Tribunal da Cidade de Anda realizou uma audiência virtual sobre o meu caso no dia 2 de agosto de 2022. A juíza que presidiu a sessão, Yan Mingnv, alegou que a audiência virtual foi realizada devido às restrições impostas pela pandemia, mas o confinamento já havia sido suspenso há muito tempo e o Tribunal estava realizando audiências presenciais para outros casos. O Tribunal também não informou a minha família das audiências. Eu também não tive representação jurídica. Eu me recusei a assinar as minutas da audiência.

A juíza realizou outra audiência virtual dez dias depois, que durou apenas 15 minutos. Ela alegou que eles haviam recebido novas provas contra mim e que iriam adicionar dois meses à minha pena de oito meses sugerida pelo procurador.

Uma terceira audiência virtual foi realizada alguns dias depois. Os pertences confiscados pela polícia de Harbin em janeiro foram apresentados como novas evidências contra mim. A qualidade da chamada era muito ruim e eu não conseguia ouvir o que os juízes diziam. 

Depois que um dos juízes terminou de falar, eles ajustaram o equipamento e perguntaram se eu conseguia ouvi-los. Eu respondi que eu conseguia ouvi-lo claramente, e ele disse que ele já havia terminado de falar. De repente eu percebi que tinha sido enganado a fim de reconhecer o que ele tinha dito. 

Como eu fui acusado de “sabotar a aplicação da lei com uma organização de seita”, eu questionei a juíza presidente Yan sobre qual aplicação da lei eu havia sabotado. Ela bateu com o martelo muitas vezes e gritava para que eu parasse de falar, “Você não tem direito de fazer perguntas ao Tribunal. A sessão está suspensa e a sentença será anunciada em outro momento”.

Um oficial levou as minutas da audiência até o centro de detenção para que eu assinasse no dia 1° de novembro. Eu li cuidadosamente, e percebi que as coisas que eu havia dito foram completamente adulteradas. Eu não assinei. 

Três dias depois outro oficial veio e me pediu para assinar as minutas novamente, e eu mais uma vez recusei. Ele começou a xingar e insultar minha mãe. Eu escrevi atrás da minuta: “A declaração não poderia estar mais longe da verdade, e eu não concordo”. Posteriormente eu fui sentenciado com dez meses.