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Matéria e mente: Dos dilemas da mecânica quântica à teoria do todo de Einstein

19 de abril de 2023 |   Por Ke Ping

(Minghui.org) A ciência empírica é baseada no materialismo, que acredita que a matéria é a substância fundamental e que a mente não pode existir sem interações materiais. No entanto, muitas descobertas na ciência, especialmente no campo da mecânica quântica, indicaram que a mente pode ser uma das realidades de primeira ordem que ditam a matéria.

Efeito do observador: Mundo da incerteza

Há muito tempo o efeito do observador na mecânica quântica, ou seja, o fato do observar um fenômeno quântico pode mudar o resultado medido de um experimento, desafia o materialismo. Um exemplo é o experimento da dupla fenda que confundiu grandes cientistas, incluindo Albert Einstein, e seu “efeito observador” que permanece inexplicado até hoje.

Um experimento da dupla fenda.

O cientista britânico Thomas Young conduziu o primeiro experimento da fenda dupla em 1801. Ele fez um feixe de luz passar por duas fendas paralelas em uma placa, atrás da qual havia uma tela. A onda de luz que passava pelas fendas dividia-se em duas novas ondas, que então interferiam uma na outra. Quando o pico de uma onda de luz encontrava o pico da outra onda, elas se reforçavam mutuamente, produzindo uma luz mais brilhante. Quando o pico de uma onda encontrava o vale de outra onda, elas se anulavam. Como tal, Young observou um padrão de interferência interessante – alternando faixas claras e escuras na tela. Sir Isaac Newton pensava que a luz consistia apenas de partículas, e o experimento de Young demonstrou que a luz se comporta mais como uma onda.

Experimentos posteriores desse tipo tiveram objetos atômicos (elétrons, prótons, átomos, fótons e assim por diante), em vez de luz, disparados em direção a uma fenda dupla, e as faixas alternadas de claro e escuro ainda eram observadas. Este resultado confundiu os cientistas porque estes objetos são todos partículas e não deveriam ter produzido faixas alternadas, brilhantes e escuras, como ondas de luz.

Alguns cientistas acreditavam que as partículas clássicas, como os elétrons, também possuíam características de uma onda, de modo que interferiam umas nas outras (assim como a onda de luz) nos experimentos. Em 1905, Einstein publicou vários artigos para discutir esse efeito. Isso lhe rendeu um Prêmio Nobel e lançou as bases para a dualidade onda-partícula na mecânica quântica, ou seja, o que consideramos “partículas” possui características tanto de partículas quanto de ondas.

A característica de dualidade foi demonstrada em experimentos posteriores. Mais especificamente, se elétrons (ou fótons) fossem disparados em direção às fendas um por um (para que não tivessem chance de interferir uns nos outros), eles atingiriam a tela como partículas clássicas ou produziriam bandas alternadas? Numerosos experimentos demonstraram o último: até mesmo um único elétron interferiria em si mesmo, produzindo faixas alternadas, brilhantes e escuras. Entretanto, isso é confuso: como um único elétron poderia saber para onde ir e acabar gerando bandas alternadas? Além disso, um elétron parecia cruzar as duas fendas ao mesmo tempo e se fundir do outro lado para demonstrar a dualidade onda-partícula.

Mais experimentos foram conduzidos. Um detector de metal foi colocado nas fendas e o padrão na tela então se transformou no padrão de partículas de duas tiras (em vez de alternar faixas claras e escuras). O padrão de interferência desapareceu, como se as partículas soubessem que estavam sendo observadas e optassem por não serem pegas no ato de passar pelas fendas como uma onda. Isso é chamado de “efeito observador” – observar uma partícula pode mudar drasticamente seu comportamento.

A física quântica (que estuda o comportamento da matéria e da luz no nível microscópico em escala atômica) foi desenvolvida em parte para entender o efeito do observador. Cientistas como Niels Bohr, do Copenhagen Institute, postularam que a mecânica quântica é intrinsecamente indeterminística, uma visão que é apelidada de interpretação de Copenhagen.

O físico Brian Greene escreveu em seu livro The Hidden Reality: “A abordagem padrão da mecânica quântica, desenvolvida por Bohr e seu grupo, e chamada de interpretação de Copenhague em sua homenagem, prevê que sempre que você tenta ver uma onda de probabilidade, o próprio ato de observação frustra sua tentativa”.

Erwin Schrödinger criou a função de onda quântica para definir o movimento de toda a matéria na forma de uma série de probabilidades. Em outras palavras, todas as quantidades físicas são consideradas em uma série de estados quânticos com algumas probabilidades. No entanto, não sabemos em que estado as quantidades físicas estão e a realidade física é dividida entre todas as possibilidades até que ocorra uma observação.

Schrödinger demonstrou isso com seu experimento mental do gato de Schrödinger. Um gato hipotético é colocado em uma caixa hipotética e seu destino é determinado por um pequeno frasco de ácido cianídrico fatal controlado pelo estado quântico de uma partícula subatômica. Se a partícula decair, o ácido matará o gato. Se a partícula não decair, o ácido não será liberado e o gato viverá. De acordo com a mecânica quântica, o estado do gato é sempre vivo e morto porque a partícula está em um estado em que está decaída e não decaída. (nota: isto é diferente de não saber o estado do gato por falta de informação). Na verdade, o destino do gato é definitivo, vivo ou morto, desde que abrimos a caixa para observá-lo.

O experimento mental indica que os objetos no mundo quântico parecem estar em um estado incerto até que um observador intervenha.

Emaranhamento quântico

Por causa do paradoxo no experimento mental do gato de Schrödinger (cujo destino não é conhecido até que um observador abra a caixa de acordo com a física quântica), Bohr e Einstein tiveram vários debates sobre esse tópico. Eles atraíram grande atenção porque estavam relacionados à compreensão fundamental do mundo físico.

Depois que Max Planck descobriu o quantum (h), Einstein propôs que a luz consistia em fótons em 1905. Embora Bohr se opusesse à teoria, ela foi comprovada em 1922 e é agora amplamente aceita pela comunidade científica. À medida que o princípio da incerteza foi introduzido na mecânica quântica e lentamente ganhou popularidade, Einstein ficou preocupado porque a aleatoriedade violava a causalidade, a relação básica de causa e efeito. Podemos não saber como funcionam todas as informações de como as coisas funcionam, mas deve haver razões por trás delas. “A mecânica quântica é certamente imponente. Contudo, uma voz interior me diz que ainda não é a coisa real”, escreveu Einstein em 1926. “De qualquer forma, estou convencido de que Ele [Deus] não está jogando dados”.

No entanto, a maioria dos cientistas aceitou a interpretação de Copenhague de Bohr e os debates continuaram. Em 1935, Einstein, Boris Podolsky e Nathan Rosen publicaram um artigo intitulado “A descrição da mecânica quântica da realidade física pode ser considerada completa?” Eles concluíram que a descrição da mecânica quântica da realidade física usando probabilidades é incompleta. Eles afirmaram o conceito de localidade, o que significa que os processos físicos (ou eventos) que ocorrem em um local não devem afetar instantaneamente outro evento em um local distante. O conceito de localidade parece intuitivamente correto, mas a física quântica prevê que duas partículas subatômicas podem se afetar instantaneamente, mesmo que estejam separadas por anos-luz. Einstein considerou tal interação inconcebível e a descartou como “ação fantasmagórica à distância”.

Em 1949, no entanto, pesquisadores da Universidade de Columbia mostraram que um par de partículas poderia interagir por uma longa distância. Em 1998, o físico Nicolas Gisin e colegas da Universidade de Genebra, na Suíça, conduziram um experimento e mostraram que dois fótons, separados por 18 quilômetros, podiam compartilhar informações entre si a uma velocidade pelo menos 10.000 vezes mais rápida que a velocidade da luz. Quando um fóton mudou de propriedade, a mesma mudança aconteceu com o outro fóton quase instantaneamente, como se houvesse um ser imaginário dizendo a ambos para fazer a mudança. Como a interação se desenrola permanece um mistério.

Buscando a verdade

Einstein não desistiu de buscar a verdade, apesar das descobertas que apoiam o emaranhamento quântico. Do efeito fotoelétrico à relatividade especial e à relatividade geral, ele queria ajudar a humanidade a entender o mundo. Ele mostrou que o tempo é relativo e que a gravidade é causada pela curvatura do tempo e do espaço. Insatisfeito com a incerteza no cerne da mecânica quântica, ele trabalhou em um projeto mais tarde conhecido como sua teoria do todo, para estender a relatividade geral e unir as forças conhecidas no universo, escreveu um artigo da BBC intitulado “A sinfonia inacabada de Einstein”.

O artigo apontou que “o trabalho de Einstein foi sustentado pela ideia de que as leis da física eram uma expressão do divino”.

“Ao completar esta teoria do todo, Einstein esperava livrar a física da imprevisibilidade no coração da mecânica quântica e mostrar que o mundo era previsível – descrito por uma bela e elegante matemática. Exatamente como ele acreditava que Deus faria o universo”, escreveu o artigo. “Ele mostraria que a maneira como a comunidade da mecânica quântica interpretava o mundo estava simplesmente errada. Era um projeto no qual ele trabalharia pelos próximos 30 anos, até o último dia de sua vida”.

A obra nunca foi terminada. Quando era jovem, Einstein disse certa vez: “Não estou interessado neste fenômeno ou naquele fenômeno. Eu quero conhecer os pensamentos de Deus – o resto são meros detalhes”. Porém, ficou apenas um desejo. “Enquanto ele estava morrendo no Hospital de Princeton, ele deve ter entendido que esses eram segredos aos quais Deus claramente desejava se apegar”, continuou o artigo da BBC.

Em maio de 1955, um mês após sua morte, a Life Magazine publicou uma entrevista com Einstein realizada vários meses antes. Ele disse: “Você sabe que eles são verdadeiros, mas pode passar a vida inteira sem ser capaz de prová-los. A mente só pode prosseguir até certo ponto com base no que sabe e pode provar... Chega um ponto em que a mente dá um salto, chame-o de intuição ou o que quiser, e chega a um plano superior de conhecimento, mas nunca pode provar como chegou lá. Todas as grandes descobertas envolveram esse salto”.

Matéria e mente

Os esforços dos cientistas para entender a humanidade e o mundo continuaram em outros campos relacionados à ciência quântica. “Evidências recentes de coerência quântica significativa em sistemas biológicos quentes, dinâmica sem escala e atividade cerebral no fim da vida apóiam a noção de uma base quântica para a consciência que poderia existir independentemente da biologia em vários planos escalares na geometria do espaço-tempo”, escreveu Stuart Hameroff, da Universidade do Arizona, no livro de 2012 Exploring Frontiers of the Mind-Brain Relationship.

Além da interpretação de Copenhague, o experimento da dupla fenda também pode ser explicado pela interpretação dos muitos mundos. Robert Lanza, da Wake Forest University School of Medicine, na Carolina do Norte, disse que as partículas na física quântica têm um estado indefinido porque existem em diferentes universos simultaneamente. Quando morremos, nossa vida se torna uma “flor perene que volta a florescer no multiverso”.

“O mundo parece ser projetado para a vida, não apenas na escala microscópica do átomo, mas no nível do próprio universo. Os cientistas descobriram que o universo tem uma longa lista de características que fazem parecer que tudo o que ele contém – de átomos a estrelas – foi feito sob medida apenas para nós”, escreveu ele em Biocentrism: How Life and Consciousness are the Keys to Understanding the True Nature of the Universe, “o fato de que o cosmos parece exatamente equilibrado e projetado para a vida é apenas uma observação científica inevitável – não uma explicação do porquê”.

Planos superiores

Segundo a Bíblia, Deus criou o mundo. Na cultura chinesa, diz-se que Pan Gu criou o céu e a terra, enquanto Nuwa criou os seres humanos. Todos esses sistemas espirituais lembravam as pessoas de nossa conexão com o divino e aconselhavam as pessoas a melhorarem a si mesmas e retornarem ao céu.

Mesmo na era moderna, existem vários sistemas de qigong, fenômenos sobrenaturais, experiências de quase morte que conectam as pessoas de volta a essa tradição. Os estudos da questão da mente, conforme descritos acima e os da psicologia e da sociologia, também destacam a importância de comportamentos positivos, incluindo a gentileza. Por exemplo, um aumento de 50% na taxa de sobrevivência foi observado entre participantes com fortes relações sociais, de acordo com um artigo da PLoS Med de 2010 intitulado “Relações sociais e risco de mortalidade: uma revisão meta-analítica”. Da mesma forma, aqueles que deram apoio a outros e receberam apoio de outros tiveram um risco menor de mortalidade por todas as causas do que aqueles que apenas receberam apoio, escreveu um artigo da 2021Psychological and Cognitive Sciences intitulado “O equilíbrio de dar versus receber apoio social e mortalidade multifuncional em uma amostra nacional dos EUA”.

Tudo isso é consistente com a antiga crença chinesa na harmonia do céu, da terra e da humanidade. “Quando uma pessoa tem qi reto (energia) residindo dentro de si, nenhuma maldade é capaz de invadir”, escreveu o clássico livro de medicina chinesa Huangdi Neijing (O Cânone Interior do Imperador Amarelo). Isso é consistente com o ditado chinês de que “o bem é recompensado e o mal é punido”.

Um alerta

Embora o Partido Comunista Chinês tenha quase destruído a cultura tradicional chinesa desde que assumiu o poder em 1949, a cultura de milhares de anos foi revivida e valorizada pelos praticantes do Falun Dafa, um sistema de meditação baseado nos princípios Verdade-Compaixão-Tolerância .

O Sr. Li Hongzhi, fundador do Falun Dafa, escreveu recentemente: “A morte de uma pessoa é apenas o envelhecimento de seu corpo superficial, enquanto que o espírito-original da pessoa (o verdadeiro “eu” não morre) irá reencarnar na próxima vida”. (“Por que existe a humanidade?”)

“Num ambiente difícil, se uma pessoa é capaz de manter pensamentos retos, se diante do impacto das mentalidades modernas uma pessoa é capaz de insistir nas mentalidades tradicionais, se é capaz de ainda acreditar nos Deuses diante do impacto do ateísmo e do evolucionismo, uma pessoa como essa irá alcançar o objetivo de obter a salvação para voltar aos Reinos celestiais”, escreveu ele também neste artigo.

Da mecânica quântica à psicologia, dos tempos antigos à sociedade moderna, as pessoas têm buscado respostas sobre quem somos e para onde estamos indo. Espero que este artigo ofereça alguns insights.