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O processo de extração forçada de órgãos é revelado por uma testemunha

19 de janeiro de 2021

(Minghui.org) Na perseguição ao Falun Gong na China, entre todos os tipos de violações aos direitos humanos no mundo moderno, a extração forçada de órgãos é a mais grave atrocidade conhecida. Noticiada em 2006 pela primeira vez, tem sido referida como "um mal sem precedentes neste planeta" pelos advogados de direitos humanos.

Nos últimos 14 anos, mais de 2.000 gravações de voz e relatos de testemunhas foram recolhidas, e retratam uma viciosa cadeia de fornecimento de órgãos com a participação do governo comunista, da polícia militar e dos hospitais na China.

Em finais de dezembro de 2020, a Organização Mundial de Investigação da Perseguição ao Falun Gong (WOIPFG) publicou um documento de uma testemunha que detalhava informações sobre os contatos, as instalações, o processo e a descrição da extração de órgãos.

A testemunha forneceu a informação, incluindo uma gravação de voz, ao WOIPFG no final de 2016. A testemunha permaneceu anônima por razões de segurança até dezembro de 2020, quando se sentiu obrigada a revelar o seu verdadeiro nome e o que sabia sobre o crime de extração de órgãos.

Testemunho

A testemunha, Lu Shuheng, nasceu na China em 1950. Em 2016, tinha um green card americano e dirigia um negócio de reforma de casas.

Quando Lu regressou a Xangai para visitar familiares em 2002, a sua cunhada Zhou Qing e o seu marido pediram a Lu para ajudar a encaminhar pacientes norte-americanos para Xangai para cirurgias de transplante de órgãos.

Zhou era diretora de Obstetrícia e Ginecologia no Hospital Pudong e, mais tarde, tornou-se presidente do Hospital Wanping. O marido de Zhou, Mao Shuping, foi ex-diretor adjunto do Gabinete da Reforma Através do Trabalho de Xangai (laogai) e, mais tarde, diretor adjunto do Gabinete de Justiça de Xangai. Tem uma ligação estreita com Wu Zhiming, então secretário do Partido do Comitê Administrativo Político e Jurídico de Xangai (CAPJ). Wu é sobrinho de Jiang Zemin, ex-líder do Partido Comunista Chinês (PCC), que lançou a perseguição ao Falun Gong em julho de 1999.

A taxa de comissão por encaminhar um paciente de transplante de órgãos poderia ser muito mais elevada do que o lucro da reforma de várias casas, disse Mao a Lu numa conversa. Quando Lu perguntou que tipo de cirurgias de transplante estavam envolvidas, Mao respondeu, "órgãos tais como rins, fígados ou córneas".

De acordo com investigações anteriores da WOIPFG, o Primeiro Hospital Filiado da Universidade Médica da China cobrou $60.000 para transplantes de rins, $100.000 para transplantes de fígado e $150.000 para transplantes de pulmão e coração.

Extração de órgãos de pessoas vivas

Zhou era uma cirurgiã experiente, testemunhou Lu. Mas, depois de ter participado várias vezes na extração de órgãos de praticantes do Falun Gong, ela parou: as cenas horríveis trouxeram frequentemente pesadelos.

Durante os procedimentos em que Zhou extraiu órgãos, as vítimas gritaram com a dor. Lu perguntou uma vez porque Zhou não havia dado anestesia neles. "Há lugares onde não se quer aplicar anestésicos", explicou ela, "especialmente aqueles de órgãos vulneráveis".

Essa forma de extração de órgãos em pessoas vivas é totalmente diferente do transplante envolvendo doadores de órgãos com morte cerebral, como é geralmente aceite pela comunidade médica.

Os testemunhos de Lu também confirmaram que as vítimas, que foram amarradas quando foram levadas para salas de operações, eram praticantes de Falun Gong, posto que eles gritavam, "Falun Dafa é bom!". Isso indicava pelo menos duas coisas: primeiro, eram praticantes do Falun Gong detidos e não prisioneiros no corredor da morte, como o PCC havia afirmado serem as fontes de órgãos até 2015. Segundo, eram pessoas saudáveis com mentes lúcidas, e não doadores de morte cerebral.

Uma cadeia de fornecimento industrial

Quando Zhou realizou extrações de órgãos em 2002, ela não o fez no Hospital Pudong, onde trabalhava. Pelo contrário, foi para o Hospital do Corpo de Polícia Armada de Xangai, que não estava na lista de instalações médicas aprovadas para transplantes de órgãos. Além disso, foi premiada como um dos "Hospitais modelo em que as pessoas podem confiar", em 2004.

Isso confirmou o profundo envolvimento dos hospitais militares na extração forçada de órgãos, incluindo aqueles sem credenciais de transplante.

Além dos hospitais militares, um ponto crítico na cadeia de abastecimento são os locais que detêm praticantes do Falun Gong, especialmente campos de trabalho e prisões onde os praticantes são mantidos por longos períodos de tempo. Tanto os campos de trabalho (que foram, mais tarde, abolidos em 2013) como as instalações prisionais operam sob a tutela da justiça, em que Mao, o marido de Zhou, supervisiona.

Jiang Zemin tornou-se o líder máximo do PCC devido à posição dura que assumiu durante o Massacre da Praça Tiananmen em 1989. Da mesma forma, muitos funcionários que seguiram de perto a sua política de perseguição contra o Falun Gong foram promovidos. Mao foi um desses exemplos. Depois de ganhar a confiança de Wu, sobrinho de Jiang e chefe da polícia em Xangai que liderou a perseguição na área, Mao aprendeu muita informação privilegiada e tornou-se cúmplice de Jiang e dos seus seguidores em crimes de extração forçada de órgãos.

Para abusar ainda mais da cadeia de abastecimento em seu próprio benefício, Mao também conseguiu que a sua esposa extraísse órgãos no Hospital do Corpo de Polícia Armada de Xangai. Além disso, pediu a amigos e familiares como Lu que recrutassem mais pacientes de vários lugares, incluindo os EUA.

Os crimes sombrios no sistema de justiça chinês não se limitam à extração forçada de órgãos. Mao disse que ele e outros funcionários do sistema judicial também acomodaram pedidos de troca de prisioneiros e a utilização de prisioneiros para experiências médicas. Os pedidos de troca de prisioneiros vieram de funcionários superiores em Pequim, que pediram especificamente que os praticantes do Falun Gong detidos em instalações supervisionadas por Mao fossem trazidos para as instalações de Pequim. Em troca, alguns prisioneiros que não eram praticantes do Falun Gong em Pequim seriam enviados para Xangai.

Depois de movimentos políticos como a Revolução Cultural, o PCC executou alguns funcionários de nível inferior como bodes expiatórios para aliviar a ira do público. Para se preparar para esta eventualidade, Mao disse que havia guardado as folhas de papel que registram os pedidos de troca de prisioneiros e gravado as chamadas telefônicas relevantes. "Guardei uma cópia deles", disse ele.

Ameaças e intimidação

A fim de atrair Lu a recrutar pacientes de transplante para eles, Zhou e Mao revelaram as informações internas acima referidas quando visitaram Xangai em 2002. Depois da extração forçada de órgãos pelo PCC ter sido exposta pela primeira vez em 2006, o casal sentiu a pressão e ameaçou Lu e mandou ficar calado.

Outros membros da família também se juntaram para silenciar Lu. O genro de Zhou disse a Lu, em 2010, que se ele falasse sobre a extração de órgãos, encontraria formas para o governo americano repatriá-lo de volta para a China.

"Nem pensar!", Lu respondeu.

"Você é demasiado ingênuo. Terá bagagem despachada ou outros envios com destino aos EUA, certo? Colocaremos algo nele", explicou o genro de Zhou. "Os EUA vão te enviar de volta quando descobrirem que tens drogas".

Lu sabia que essa ameaça não era infundada, uma vez que havia ouvido histórias desse tipo.

Em 2013, a cunhada de Lu, que é irmã de Zhou, também avisou Lu para não contar a outros sobre a extração forçada de órgãos.

Um apelo à consciência

Apesar dos riscos, Lu decidiu expor o crime no seu verdadeiro nome. "Não consegui aguentar mais", explicou ele. "Uma vez que sei como o PCC extrai órgãos, preciso de falar".

Esse ato de coragem e consciência ajudará a aproximar a perseguição, tortura e extração de órgãos, que os praticantes ainda enfrentam, de seu fim.

Nos 14 anos decorridos desde que as atrocidades da extração de órgãos foram noticiadas publicamente, muitas pessoas optaram por evitar abordar o assunto por ser demasiado "escandaloso". Mas o mal não deixa de existir simplesmente porque o ignoramos. Durante a Segunda Guerra Mundial, quando Jan Karski disse a funcionários americanos incluindo o presidente dos EUA, Franklin Roosevelt, e o juiz do Supremo Tribunal, Félix Frankfurter, o seu relato em primeira mão sobre o Holocausto contra os Judeus Polacos, as pessoas rejeitaram-no.

"Não posso acreditar em você", disse Frankfurter, que também era judeu.

"Félix, não pode dizer na cara desse homem que ele está mentindo", disse o embaixador polaco no local. "A autoridade do meu governo está por detrás dele".

"Sr. Embaixador, eu não disse que esse jovem está mentindo. Disse que não posso acreditar nele", respondeu a justiça. "Há uma diferença".

Poderíamos ter aprendido com as muitas tragédias sob regimes totalitários. Embora os funcionários do PCC tentassem esconder os seus crimes e apagar as provas, os esforços dos praticantes do Falun Gong e dos investigadores independentes encontraram uma enorme quantidade de provas para fundamentar a alegação de extração forçada de órgãos.

Foi criado um tribunal popular independente em Londres para investigar a extração forçada de órgãos de prisioneiros de consciência na China. O tribunal anunciou as suas conclusões em 17 de junho de 2019, e concluiu que o PCC estava extraindo órgãos de praticantes vivos do Falun Gong na China durante muitos anos e que esse crime ainda continuava.

O tribunal examinou testemunhos de 29 testemunhas e 26 peritos em duas audiências. O corpo de provas incluía tanto praticantes do Falun Gong que tinham amostras de sangue em excesso colhidas contra a sua vontade, como também gravações de conversas telefônicas com altos funcionários do PCC, altos funcionários militares, médicos e intermediários de transplante de órgãos.

"A conclusão mostra que muitas pessoas tiveram suas vidas perdidas em mortes indescritíveis e horríveis sem razão aparente", disse o presidente do tribunal, Sir Geoffrey Nice, um dos principais especialistas em direitos humanos.

Em 2020, o mundo passou por muitos desafios, desde a pandemia do coronavírus até às eleições americanas. Ao entrarmos em 2021 com muitas incertezas, é mais importante do que nunca refletirmos sobre o básico: sermos boas pessoas e seguirmos a nossa consciência.

Ao longo dos seus milhares de anos de história, o povo chinês sempre acreditou que "o bem é recompensado enquanto o mal é punido". No Ocidente, há um ditado que diz que "Deus ajuda aqueles que ajudam a si próprios".

Esperamos que mais pessoas, independentemente de onde se encontrem, seja na China, nos EUA, ou em qualquer outra parte do mundo, defendam os princípios morais e falem contra o regime comunista totalitário. Apesar da pandemia e de outro caos, continuamos a ser vigiados pelo divino. O futuro de cada pessoa, incluindo a sua saúde e segurança, depende em grande parte da sua honestidade e integridade, bem como da sua escolha de fazer a coisa certa nesse difícil período de tempo.