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Divindades da cultura chinesa nas épocas remotas (Parte 1): O poder divino

7 de maio de 2020

(Minghui.org) Na cultura chinesa dos últimos 5000 anos, o tema principal foi sem dúvida a conexão humana com o divino e essa conexão sempre foi bem preservada. Ela orienta a vida cotidiana das pessoas, o ponto de vista do mundo e a transição das dinastias.

Esta série se concentrou na manifestação desse tema principal durante épocas remotas. Elas incluem a Dinastia Xia (cerca de 2070-1600 a.C.), a Dinastia Shang (cerca de 1600-1046 a.C.) e a Dinastia Zhou (1046-256 a.C.). Embora muito escassos, registros históricos e descobertas arqueológicas sobre essas épocas nos fornecem um vislumbre de como uma fundação foi estabelecida para a gloriosa civilização chinesa.

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Entre os numerosos livros de história que discutem épocas remotas, Shi Ji (Os Registros do Grande Historiador) era conhecido por sua minúcia e detalhes. Escritos por Sima Qian na Dinastia Han, esses livros cobriram a época desde Huangdi (Imperador amarelo, no reinado por volta de 2600 a.C,) até o Imperador Wudi da Dinastia Han (101 a.C.). Dizia-se que Sima passou 18 anos e terminou os livros aos 60 anos, apesar de enfrentar vários obstáculos. Ele escreveu: “O objetivo é estudar a relação entre o céu e a humanidade, bem como a história e os dias atuais, para que a história possa ser explicada e corrigida”.

Tal entendimento foi bem recebido por outros estudiosos da época, bem como pelas gerações posteriores. Dong Zhongshu, um estudioso do Imperador Wudi, enfatizou a conexão entre o céu e os seres humanos. Shao Yong, filósofo e historiador durante a Dinastia Song, certa vez escreveu: “Se alguém estuda, não pode ser chamado de estudo”.

Existência do poder divino

Mesmo antes da Xia, a primeira dinastia da história chinesa, a divindade já existia na cultura chinesa durante a era dos Três Soberanos e dos Cinco Imperadores. Os Três Soberanos incluíam Suiren (inventor do fogo), Fuxi (inventor da caça e pesca) e Shennong (inventor da agricultura). Junto com Huangdi, um dos Cinco Imperadores, o qual reinou depois, acreditava-se que esses antepassados tinham capacidades divinas ou podiam se comunicar com seres divinos.

Da Dinastias Xia à Dinastias Zhou, as pessoas em geral acreditavam nas divindades. No entanto, o termo exato variava de tempos em tempos, passando de di (majestade) na Dinastia Shang para tian (divindade) na Dinastia Zhou. Acreditava-se que os seres divinos tivessem o poder máximo necessário para controlar a sociedade e tudo que afetava suas vidas, tais como fenômenos naturais (vento, chuva, trovão, relâmpago, colheitas), a riqueza do indivíduo e as mudança das dinastias.

Durante a Dinastia Shang, imperadores e nobres não só tiveram previsões, mas também escreveram as mesmas sobre os ossos. As escritas nesses ossos do oráculo foram feitas com a forma mais antiga de caracteres chineses e forneceriam uma ferramenta inestimável para estudar a cultura da época. Com eles, aprendemos que as pessoas em Shang acreditavam em seres divinos (como os responsáveis pelo vento, chuva e trovão) e divindades relacionadas à Terra (como montanhas e rios).

Por exemplo, durante os períodos de Zu Geng e Zu Jia (24º e 25º imperadores em Shang), um registro tinha a seguinte escrita: “Por previsão, Vossa Majestade ordena mais chuva em março”. Alguns outros exemplos foram: “Sua Majestade nos causa desastres” e “de acordo com uma previsão em outubro quando Zuyi reinou, Sua Majestade nos trouxe bênçãos no ano seguinte”.

Adorando a divindade

Na Dinastia Zhou, o termo divindade mudou de di (majestade) para tian (divindade). A partir daquele momento, os imperadores também foram referidos como tianzi (filho da divindade).

Tiantan (Templo do Céu) em Pequim.

Quem já esteve em Tiantan, em Pequim, sabe que é um local para culto. Construído durante o período Yongle pelo imperador Chengzu na Dinastia Ming, era um local para culto para imperadores nas Dinastias Ming e Qing. No entanto, o ritual dos imperadores em adorar o Céu começou já na Dinastia Zhou. Essa cerimônia ocorreu no dia de Dongzhi (solstício de inverno) na periferia do sul da capital e é considerada a cerimônia mais sagrada em se comunicar com o Céu. A cerimônia pretendia expressar gratidão ao Céu pelas bênçãos relativas ao clima, à colheita e à sociedade.

Além da cerimônia na capital, outro tipo de cerimônia solene ocorreu no Monte Tai, chamado Feng Shan. Cinco montanhas famosas receberam reconhecimento especial na China antiga, chamada Wuyue. Entre elas, o Monte Tai (localizado na atual província de Shandong), localizado ao leste, foi considerado o mais importante. A cerimônia de Feng Shan incluiu duas partes: adoração no Monte Tai, para expressar gratidão aos céus e outra cerimônia nas proximidades do monte Liangfu para agradecer à Terra.

Feng Shan foi provavelmente a cerimônia mais sagrada da história e ocorria apenas durante as mudanças da dinastia ou quando a nação alcançava, após as turbulências, a paz a longo prazo. De acordo com Guan Zhong, que viveu durante Chunqiu (também conhecido como período de Primavera e Outono, uma era entre a Dinastia Zhou e a Dinastia Qin), havia 12 sábios ou imperadores que tinham realizado o ritual de Feng Shan. Eles incluíram a maioria dos Três Soberanos e Cinco Imperadores, juntamente com Yu, o Grande (fundador da Dinastia Xia), o Rei Tang (fundador da Dinastia Shang), e o Rei Cheng (segundo rei da Dinastia Zhou).

O propósito de Feng Shan foi explicado por Ban Gu, um historiador da Dinastia Han. "Uma dinastia mudou, outra era começou e a paz a longo prazo foi alcançada. Assim, a adoração foi realizada no Monte Tai e no Monte Liangfu para mostrar o apreço. A realeza foi concedida pelos céus para governar o povo. À medida que o sucesso é celebrado, o céu é avisado e o crédito é atribuído ao divino”.

(Continua)