(Minghui.org) O novo coronavírus já apareceu em mais de 130 países e no dia 11 de março de 2020 foi declarado pela OMS uma pandemia. Na cidade de Wuhan, epicentro da pandemia, província de Hubei na China a doença já tirou milhares de vidas.
Em 6 de março as autoridades chinesas afirmaram que mais de 3.000 profissionais da saúde na província de Hubei tinham sido infectados, 40% em hospitais e 60% em suas comunidades. Quase todos são trabalhadores regulares da saúde e não especialistas em epidemias.
Mais de 40.000 profissionais da saúde de outras províncias foram enviados para Hubei para ajudar no tratamento de pacientes com coronavírus. Não há dados sobre quantos deles foram infectados devido ao rígido controle das informações do Partido Comunista Chinês (PCC).
Um dos principais fatores que contribuíram com o alto número de infecções e mortes foi o encobrimento contínuo da epidemia pelo PCC. Em 24 de janeiro de 2020, um dia após o bloqueio de Wuhan, a OMS emitiu seu "Relatório de Situação 4", anunciando que as autoridades chinesas haviam reconhecido 830 casos de coronavírus em toda a China na época. Mas os profissionais da saúde locais duvidavam da precisão desse número.
Em 24 de janeiro, Hu Dianbo um médico do Hospital Aeroespacial Hubei na cidade de Xiaogan, província de Hubei, revelou em um post on-line que ele e seus colegas médicos estimaram que havia mais de 100.000 pessoas infectadas com o vírus em Wuhan, ele escreveu: “Para encobrir os fatos, a província de Hubei disse que tinha suprimentos suficientes e recusou ajuda externa. Os hospitais são como o inferno e as pessoas estão correndo, esperando sobreviver. Eu sei que fazer isso (escrever a postagem) pode me causar problemas. Mas não me importo: salvar vidas é mais importante”.
No entanto, este relatório detalhou como os profissionais da saúde do Hospital Central de Wuhan confirmaram o coronavírus em dezembro e suas tentativas de aumentar a conscientização foram em vão. Entre eles, Li Wenliang, um dos oito médicos disciplinados por expor a epidemia, morreu por causa do vírus no dia 07 de fevereiro de 2020. Desde então, mais três médicos do mesmo hospital também morreram devido ao vírus.
No dia 16 de dezembro de 2019, o Hospital Central de Wuhan recebeu no seu departamento de emergência um paciente com uma "febre misteriosa". Em 22 de dezembro, o paciente foi transferido para o departamento de respiração. Como os médicos não sabiam o que causou a pneumonia "desconhecida", eles enviaram uma amostra do paciente para um laboratório na província de Guangdong para Sequenciamento de Próxima Geração (NGS) em 24 de dezembro de 2019. O hospital recebeu o resultado no dia 27 de dezembro e soube que a sequência tinha 81% de homologia com SARS, um tipo de coronavírus.
"Tudo indica que é o coronavírus", disse a médica Ai Fen, diretora do departamento de emergência.
No dia 27 de dezembro de 2019, outro paciente foi internado sem problemas de saúde subjacentes, mas foi diagnosticado com insuficiência pulmonar. Ao meio dia de 30 de dezembro de 2019, Ai recebeu resultados do NGS e de outros testes, que novamente indicaram o coronavírus. Circulando a palavra “SARS” no relatório, ela compartilhou as capturas de tela do relatório com uma colega de sua escola de medicina. Em seguida, circulou entre os médicos de Wuhan, incluindo o oftalmologista Li Wenliang.
"Naquela noite, Ai disse que recebeu uma mensagem de seu hospital, dizendo que informações sobre esta misteriosa doença não deveriam ser arbitrariamente divulgadas para evitar pânico", relatou o The Guardian em 11 de março de 2020, em um artigo intitulado "Coronavírus: médico de Wuhan fala contra as autoridades”.
O artigo do Guardian também citou a entrevista de Ai com a revista chinesa Renwu (People). Em 1º de janeiro de 2020, Ai foi convocada ao comitê de inspeção disciplinar do hospital, onde foi severamente repreendida por "espalhar boatos" e "prejudicar a estabilidade". Logo após sua publicação, essa entrevista foi removida da revista e de toda a internet chinesa, segundo o The Guardian.
De acordo com um documento obtido pela revista Caixin, confirmado por vários médicos no Hospital Central de Wuhan, quatro pessoas associadas ao Huanan Seafood Market foram admitidas no hospital em 29 de dezembro de 2019. As tomografias e exames de sangue indicaram pneumonia viral.
O Serviço de Saúde Pública do hospital registrou 14 casos de pneumonia "desconhecida" entre 8 e 10 de janeiro: nove casos foram detectados em 08 de janeiro, quatro em 9 de janeiro e um em 10 de janeiro. Em 9 de janeiro, o CDC do distrito de Jianghan realizou uma análise epidemiológica e amostras coletadas.
No dia 11 de janeiro de 2020, em Wuhan, foi realizado o Congresso Popular Nacional de Hubei (NPC) e a Comissão Nacional da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CPPCC). O processo de notificação do coronavírus foi alterado após as reuniões, informou Caixin. Quando o Hospital Central de Wuhan relatou outro caso em 12 de janeiro, ele foi demitido pelo CDC do distrito de Jianghan.
Em 12 de janeiro de 2020, um oficial com o sobrenome Xu da Comissão de Saúde de Hubei disse que qualquer relatório sobre a epidemia tinha que ser aprovado primeiro por autoridades municipais e provinciais.
No dia 13 de janeiro de 2020, Wang Wenyong, do CDC do distrito de Jianghan, entrou em contato com o Hospital Central de Wuhan com instruções para classificar os pacientes com pneumonia "desconhecida" como sofrendo de outras doenças. Somente no dia 16 de janeiro que o CDC da cidade de Wuhan enviou funcionários para os hospitais locais para coletar amostras de pacientes suspeitos com coronavírus. Até então, o número de pacientes com pneumonia "desconhecida" havia aumentado para 48. No entanto, nenhum novo caso foi identificado em Wuhan entre 12 e 17 de janeiro, de acordo com relatórios diários da Comissão de Saúde de Wuhan.
Depois que o Dr. Li Wenliang recebeu uma captura de tela da Ai Fen em 30 de dezembro, ele compartilhou com mais profissionais da saúde. À 1h30 da manhã do dia 31 de dezembro, ele foi convocado por funcionários do hospital para se explicar à Comissão de Saúde de Wuhan. Naquele dia, no trabalho, ele foi forçado a escrever uma declaração de autocrítica.
Em 1º de janeiro, as autoridades disciplinaram o Dr. Li e outros sete médicos por "espalhar rumores". De acordo com informações obtidas pela revista Caixin, naquele dia, a Comissão de Saúde Hubei notificou as empresas de sequenciamento genético para não testarem amostras de pacientes adicionais e para destruírem as amostras de pacientes que já haviam recebido.
No dia 3 de janeiro, os funcionários do Hospital Central de Wuhan ordenaram que todos os membros da equipe se abstivessem de divulgar qualquer informação relacionada à doença, através de textos, fotos ou em conversas. Nesse mesmo dia, o Dr. Li foi repreendido pela polícia.
Embora os funcionários da Comissão Nacional de Saúde tenham chegado a Wuhan em 31 de dezembro de 2019, o público não foi notificado da epidemia até 20 de janeiro de 2020.
Médicos do Terceiro Hospital de Wuhan disseram que uma idosa que foi internada no dia 3 de janeiro, mais tarde infectou suas três filhas, dois médicos, cinco enfermeiras e dois outros pacientes da mesma ala. No dia 9 de janeiro, a equipe submeteu seu caso e amostras às autoridades. Mas ninguém veio investigar e mais tarde a mulher morreu.
Os hospitais de Wuhan ficaram sobrecarregados com o número de pacientes. Mas a Comissão de Saúde de Wuhan insistiu que apenas aqueles que tinham sido expostos ao Huanan Seafood Market, foram autorizados a ser testados para o coronavírus.
No dia 11 de janeiro, Li Wenliang teve febre seguido por problemas pulmonares. Em 16 de janeiro, 26 casos de infecção de profissionais da saúde foram identificados no Hospital Central de Wuhan. "Não observamos transmissão humano a humano", declarou um funcionário do hospital naquele dia.
No dia 7 de fevereiro, aos 34 anos, Li morreu. Jiang Xueqing, chefe da tireóide e cirurgia mamária, morreu da doença em 1º de março. Mais duas mortes aconteceram: a oftalmologista, Mei Zhongming, em 03 de março e a especialista em doenças oculares Zhu Heping em 09 de março.
Embora a entrevista de Ai tenha sido excluída do site de Renwu (People), de suas mídias sociais e de outros sites da China, os internautas conseguiram preservar o texto e propagá-lo para o exterior.
"Na entrevista, Ai descreveu momentos que ela nunca esquecerá: um idoso olhando fixamente para um médico entregando-lhe a certidão de óbito de seu filho de 32 anos ou um pai que estava muito doente para sair do carro fora do hospital. Quando ela foi até o carro, ele já tinha morrido", relatou o The Guardian.
"Como médica, quando descubro um vírus muito importante, como não poderia contar a outros médicos... Fiz o que um médico, o que qualquer ser humano normal faria. Se o público tivesse sido alertado sobre o vírus desde 1º de janeiro, então não haveria tantas tragédias", citou o Business Insider da Ai em um artigo em 12 de março intitulado "Um médico de Wuhan diz que as autoridades chinesas silenciaram seus avisos de coronavírus em dezembro, custando milhares de suas vidas".