Falun Dafa Minghui.org www.minghui.org IMPRIMIR

A história de Xuanzang: crença e milagres retos

20 de outubro de 2019 |   Por Jing Hong

(Minghui.org) Jornada para o Oeste, um conhecido romance chinês, fala sobre a jornada de um monge à Índia para obter as escrituras Budistas. O monge e os seus três discípulos, que incluem o Rei Macaco, superaram muitos obstáculos e testemunharam muitos milagres.

Na vida real, um monge chamado Xuanzang viajou para a Índia para obter as escrituras Budistas durante a Dinastia Tang. A sua viagem levou 19 anos no total. Sob a ordem do Imperador Taizong, as suas experiências também foram registradas no livro Os Grandes Registos Tang nas regiões Ocidentais.

A história de Xuanzang está documentada em numerosos livros de História. Os seus discípulos, Huili e Yancong, registaram as suas experiências em detalhes com base nos seus ditados. A seguir estão alguns relatos dos desafios que ele enfrentou, a sua crença reta e os milagres que ele vivenciou.

Belo cavalo de mil milhas

Segundo a História da Antiga Dinastia Tang, o nome original de Xuanzang era Chen Yi. Ele era muito inteligente e tornou-se um monge aos 13 anos de idade. O seu conhecimento e compreensão das escrituras Budistas era amplo e profundo. Ele também viajou para discutir entendimentos dos princípios Budistas com os outros. Por causa disso, as pessoas referiram-no como o Belo Cavalo de Mil Milhas (qian li ma) da doutrina Sakyamuni.

As escrituras Budistas da época eram todas traduzidas do Sânscrito. Existiam versões diferentes e havia discrepâncias entre elas. Xuanzang tinha muitas dúvidas e questionamentos, mas não conseguiu encontrar respostas definitivas para eles. Um monge de Sindhu (na antiga Índia) contou-lhe mais tarde sobre o mosteiro de Nalanda em Sindhu, onde havia um monge chamado Silabhadra. Silabhadra era conhecido por realizar palestras sobre o Sastra Yogacarabhumi. Se alguém pudesse adquirir uma profunda compreensão do Sastra Yogacarabhumi, muitas questões sobre as escrituras Budistas poderiam ser resolvidas. Ouvindo essas palavras, Xuanzang tomou a decisão de viajar para o oeste para procurar o dharma na Índia.

As leis da época proibiam os monges de viajarem para terras estrangeiras. Mais tarde, devido à fome perto da capital durante o primeiro ano de Zhenguan (um período da Dinastia Tang), os monges foram autorizados a viajar para outras regiões para pedir comida. Xuanzang aproveitou essa oportunidade e seguiu para oeste a cavalo.

Incidentes nas torres com faróis

Naquela época, a Dinastia Tang estava em guerra com os Turcos Ocidentais de Khaganate, e uma viagem para o oeste através daquela área seria altamente arriscada. De fato, uma ordem imperial proibia qualquer pessoa de viajar para as regiões ocidentais. Ao longo do caminho, Xuanzang explicava aos oficiais e generais que encontrava, o porquê dele estar viajando para o oeste. Movido pela sua sinceridade e determinação, cada um deles abria uma exceção e permitia que ele continuasse a sua jornada.

Ao longo da fronteira, havia torres com faróis separadas por uma distância de 100 li (cerca de 30 milhas). Entre elas não havia nada além de deserto, o que tornava a travessia muito difícil. Depois de viajar além de Yangguan (perto de Dunhuang, ao sul de Yumenguan ou do Passo do Portão de Jade), Xuanzang precisava passar por cinco torres com faróis. Essas torres eram guardadas por soldados 24 horas por dia e também eram os únicos lugares com água.

Xuanzang chegou à primeira torre e estava prestes a ir buscar água, quando uma flecha passou à curta distância dele. Xuanzang gritou em voz alta para não atirar e que ele era um monge de Chang'an que estava viajando para o Paraíso Ocidental para ir procurar os ensinamentos Budistas. Os soldados pararam e deram-lhe as boas vindas dentro das muralhas da torre.

Wang Xiang, o oficial encarregado da torre com farol, também acreditava no Dharma Budista. Ele pediu aos soldados que trouxessem água fresca para Xuanzang e disse a ele que se dirigisse diretamente para a quarta torre. O oficial que guardava esta torre, Wang Bolong, era o seu parente e ele poderia ajudá-lo.

Na quarta torre com farol, Wang Bolong disse a Xuanzang: “Você não pode continuar a seguir em frente. O homem que guarda a quinta torre irá definitivamente detê-lo. Eu o conheço".

Wang Bolong forneceu a Xuanzang uma grande bolsa com água. Ele também contou-lhe que a única maneira de continuar a viajar era indo pelo deserto para encontrar um lugar chamado Yemaquan, onde havia uma fonte de água.

Milagres no deserto

De acordo com a representação no Ci En Zhuan, Xuanzang entrou no deserto. Não havia sinal de vida – não havia pássaros voando no céu ou animais selvagens em terra. Em vez disso, havia vestígios de excrementos de camelos e cavalos, junto a ossos de pessoas mortas. Para piorar a situação, o ar quente conjurou miragens de assombrosos e terríveis fantasmas e demônios.

Xuanzang acabou não encontrando a fonte de água em Yemaquan. Além disso, enquanto bebia um gole da bolsa de água, ele acidentalmente deixou-a cair, e a preciosa água desapareceu instantaneamente na areia seca. Xuanzang sabia que sem água continuar a sua jornada significava a morte certa. Ele estava prestes a voltar quando se lembrou de uma promessa que fizera antes da viagem: “Durante esta jornada para oeste para procurar o Dharma, não irei de volta para o leste sem obter as verdadeiras escrituras Budistas".

Xuanzang decidiu então que preferia morrer a falhar em sua missão e então continuou viajando para o oeste. Depois de mais de quatro dias e cinco noites sem água, ele sofria de extrema sede, fadiga e estava febril.

Em estado semi-consciente, Xuanzang continuou a recitar versos das escrituras Budistas. Ele também prometeu à Bodhisattva Guanyin que, como um discípulo dos ensinamentos Budistas, o objetivo de sua jornada não era obter fama ou posses materiais. Em vez disso, ele só queria trazer os verdadeiros ensinamentos do Mahayana (ou Grande Veículo) para a Terra Oriental (as regiões da Dinastia Tang). Ele esperava que a Bodhisattva Guanyin o fortalecesse e o apoiasse. Com esse pensamento, ele perdeu a consciência.

À noite, Xuangzang despertou e sentiu uma brisa de ar fresco. Ele havia recuperado parte da sua força física e queria dormir um pouco no deserto.

Ele adormeceu e sonhou que um ser divino muito alto em uma armadura dourada estava de pé na frente dele. O ser disse-lhe: “Por que estás a dormir? Apressa-te e vai-te embora!” Ele acordou e subiu no seu cavalo para continuar a jornada. O cavalo de repente perdeu o controle e galopou loucamente. Quando o cavalo parou de galopar estava em frente a uma fonte de água. Xuanzang estava salvo.

Xuanzang chegou ao reino de Kipin (também conhecido como Kophene ou Kapisa) e descobriu que o caminho era muito íngreme e acidentado, e que havia animais ferozes como tigres e leopardos. Sem ideia de como continuar, Xuanzang encontrou uma cabana e decidiu meditar em um dos aposentos.

Ao cair da noite, Xuanzang abriu a porta do quarto e viu um monge idoso sentado na cama. O monge tinha feridas e cortes no rosto, assim como pus e sangue por todo o corpo. Xuanzang não sabia de onde ele tinha vindo.

Depois que Xuanzang curvou-se para cumprimentá-lo, o monge recitou-lhe oralmente um volume de Prajnaparamita (também conhecido como o Sutra do Coração). Ele também mandou Xuanzang recitá-lo uma vez. Quando terminaram, a terra ficou plana, a estrada alargou-se e os animais e demônios ferozes esconderam-se.

Encontrando bandidos

Continuando a jornada para o oeste, Xuanzang passou por Karasahr, Kucha, e alcançou Tian Shan. As montanhas eram muito altas e cobertas de neve e gelo todo o ano, o que dificultava muito a escalada. Xuanzang subiu uma montanha durante o dia e dormiu no gelo durante a noite. Depois disso, ele cruzou outra montanha de neve que era ainda mais difícil de escalar. Mais de um ano depois que ele havia partido de Chang'an, Xuanzang chegou à Índia.

Xuanzang permaneceu no Norte da Índia por um tempo e depois seguiu para Nalanda, na Índia central. No seu caminho ele teve de passar pelo reino de Ayamukha. Enquanto Xuanzang viajava de barco ao longo do rio Ganges, um grupo de bandidos em mais de dez barcos emergiram dos bosques dos dois lados do rio e atacaram o seu barco.

Os companheiros de Xuanzang ficaram aterrorizados e alguns deles saltaram para o rio, arriscando as suas vidas para escapar. Os bandidos cercaram o barco e exigiram que todos abrissem as suas roupas para que pudessem procurar objetos de valor. Xuanzang era um monge simples e não tinha nada, mas os bandidos ficaram empolgados vê-lo.

Os malfeitores acreditavam numa seita maligna que exigia que eles matassem um homem em cada outono como sacrifício. Xuanzang era muito bonito e gracioso, e os bandidos nunca tinham visto alguém tão belo. Eles começaram a fazer os preparativos para matar Xuanzang.

Os bandidos montaram um altar ao longo da margem do rio Ganges. Xuanzang não se intimidou. Em vez disso, sentou-se calmamente para meditar e entrou em tranquilidade. Os salteadores viram a sua extraordinária serenidade e sentiram respeito por ele.

Quando Xuanzang entrou em tranquilidade, a sua alma deixou o seu corpo. Naquela época, Xuanzang fez um voto: “Se nesta jornada eu falhar à procura da escritura Budista, eu gostaria de reencarnar na terra divina e continuar estudando o Fa Buda ali. Após a conclusão, desejo reencarnar de volta ao mundo humano e oferecer salvação aos bandidos que me mataram”.

Depois de fazer esse voto, a sua alma elevou-se cada vez mais alto, através de muitos níveis do céu, e ele alegrou-se em encontrar uma Bodhisattva. Enquanto a sua alma estava no mundo divino, muitas coisas ocorreram no mundo humano.

Ventos escuros e fortes surgiram instantaneamente de todas as direções. Eram tão poderosos que grandes árvores foram arrancadas do chão, e areia e poeira rodopiaram por toda a parte. O rio encheu-se de ondas furiosas, virando muitos barcos que estavam ancorados ao longo da margem.

Os bandidos entraram em pânico, pensando que as suas ações haviam incorrido na ira celestial. Um deles disse que era errado matar um monge, especialmente porque Xuanzang tinha vindo da Terra Oriental da Dinastia Tang para procurar as escrituras Budistas.

Naquele momento, Xuanzang saiu do estado de tranquilidade. Os bandidos atiraram as suas armas de lado e ajoelharam-se diante dele. Xuanzang aceitou a sua confissão e contou-lhes alguns princípios Budistas. Ele também sugeriu que parassem de realizar más ações para evitar a retribuição cármica. Os malfeitores lançaram fora todas as ferramentas que usavam para saquear o Ganges e devolveram os objetos de valor que tinham tirado. Esses bandidos do Ganges receberam os Cinco Preceitos, prostraram-se perante Xuanzang e partiram. E foi assim que Xuanzang chegou em segurança à terra sagrada do Budismo.

Chegada a Nalanda

O mosteiro de Nalanda era o mais respeitado centro de pesquisa da época Budista na antiga Índia, e era o destino da longa jornada de Xuanzang. O venerável Bhante Sīlabhadra, que tinha mais de 100 anos, era o mais respeitado e admirado grande mestre de Nalanda.

Acompanhado por outros monges, Xuanzang prostrou-se educadamente diante de Sīlabhadra. Sīlabhadra cumprimentou-o e pediu a Xuanzang e aos outros monges para que se sentassem.

"De onde você é?", Perguntou Sīlabhadra.

“Eu sou da Terra Oriental da Dinastia Tang. Eu venho aprender o Yatacarabhumi Sastra para que possa espalhar os princípios Budistas na Terra Oriental”, respondeu Xuanzang.

Ouvindo essas palavras, Sīlabhadra emocionou-se e lágrimas caíram. Ele contou a Xuanzang uma história. Durante muitos anos ele sofreu de artrite muito dolorosa. Há três anos, tornou-se tão doloroso que ele decidiu terminar a sua vida ao fazer jejum até à morte. Na mesma noite em que ele tomou a sua decisão, ele viu uma Bodhisattva em seu sonho, que lhe disse: “Eu sabia que abandonaria o seu corpo, e eu estou aqui para impedi-lo. Se puder introduzir o Yogacarabhumi Sastra em lugares onde ele não está disponível, a sua doença cessará. Daqui a três anos, um monge da China virá buscar as escrituras Budistas. Deve ensiná-lo e pedir-lhe que espalhe as escrituras na Terra Oriental. Por favor, seja paciente”. Curiosamente, depois de Sīlabhadra acordar do sonho, a sua artrite foi curada.

O sonho de Sīlabhadra de três anos atrás coincidiu com a partida de Xuanzang na sua jornada. Ambos sabiam que este era um arranjo divino para eles completarem as suas missões. A partir de então, Xuanzang começou a aprender com Sīlabhadra.

Outro milagre

Enquanto em Nalanda, Xuanzang também esteve dois anos aprendendo com Jayasena. Certa noite, ele teve um estranho sonho de que Nalanda estava completamente deserta. Vários búfalos de água estavam por perto, mas não havia sinal de monges. Xuanzang estava prestes a subir as escadas quando uma deidade dourada bloqueou o seu caminho. A divindade mostrou-lhe que o céu estava completamente vermelho e uma aldeia próxima estava em chamas. A divindade disse-lhe para retornar à dinastia Tang imediatamente, como o Rei Indiano iria enfrentar a sua morte em 10 anos e a Índia cairia num período de turbulência.

Xuanzang seguiu o conselho da divindade de ouro e fez a sua viagem de retorno à China.

Resumo

Embora as experiências de Xuanzang na procura das escrituras possam não ter a fantasia repleta de ação do romance Jornada para o Oeste, a sua história partilha algumas semelhanças.

Xuanzang, como o monge Tang em Jornada para o Oeste, não tem habilidades sobrenaturais. Tanto Xuanzang quanto o monge Tang confiaram na sua fé no dharma Budista para perseverar em suas missões. O Rei Macaco, por outro lado, tem poderosas habilidades sobrenaturais, mas ele facilmente se enfurece. O Rei Macaco fez uma grande confusão no céu porque não gostava de seu trabalho designado de administrar os cavalos do paraíso. O seu malvado comportamento foi causado pelo seu ciúme. Como cultivadores da lei Budista, tanto Xuanzang como o monge Tang prestaram atenção ao seu xinxing e, confiando na sua fé no Dharma, conseguiram libertar-se de tudo o que estava no mundo humano. Enfrentando os testes de vida e morte, eles nunca vacilaram na sua fé. Somente com essa fé reta, milagres puderam ocorrer nas suas jornadas para obter as escrituras Budistas.