(Minghui.org) Em 10 de março, a France 5, uma das principais redes públicas da televisão francesa com programação focada em fatos atuais, apresentou uma reportagem no seu programa “Revista da Saúde”cobrindo a extração forçada de órgãos de praticantes vivos do Falun Gong na China.
O assessor neurobiólogo e científico da organização não-governamental Médicos Contra a Extração Forçada de Órgãos (DAFOH), Alexis Genin, foi entrevistado durante o programa. Abaixo está a tradução do programa.
Em 10 de março, a France 5, uma das principais redes de televisão pública francesa, entrevistou Alexis Genin e discutiu a extração de órgãos de praticantes vivos do Falun Gong na China.
Entrevistador 1: Olá! Você é neurobiólogo e consultor científico da DAFOH, uma organização que denuncia a extração antiética de órgãos no mundo. Quando dizemos remoção antiética de órgãos, o que isto significa isso?
AG: Bem, a doação de órgãos é regulada por princípios, ou seja, a doação de órgãos é voluntária. Na vida real, isso não é o que acontece em muitos países, onde o comércio de órgãos tornou-se um negócio lucrativo, porque em função do tipo de órgão você pode pagar entre 50 mil a 100 mil dólares.
Entrevistador 2: Quais os países que sua organização tem investigado?
AG: Historicamente, a Índia foi o primeiro país que teve um sistema de tráfico de órgãos muito organizado. Após mudarem a lei naquele país nos anos de 80 e 90, os médicos traficantes se voltaram para outros países. Podemos também citar o Brasil, onde os órgãos são recolhidos e comercializados por redes criminosas. Mais recentemente, porém, a China se posicionou no topo da lista mundial.
Entrevistador 1: O que tem de especial na China nessa área?
AG: Bem, até o ano de 2006 nós não tínhamos conhecimento disso. Nós presenciamos na década de 2000 uma explosão de transplantes de órgãos na China, que passaram de centenas de casos no final dos anos 90 para mais de 20 mil por ano. Esses números vêm de estatísticas oficiais de 2005. Então, de onde estão vindo [os órgãos desde então]?
A tradição do confucionismo na China é muito hostil à doação de órgãos, uma vez que o corpo necessita ser mantido intacto [após a morte]. Não há doação de órgãos voluntária na China; nem existem programas para promover a doação voluntária.
Após um longo período de hesitação, algumas vezes o governo chinês finalmente admitiu que os órgãos eram de prisioneiros no corredor da morte. Mas isso não pode explicar tudo. A Anistia Internacional acredita que há cerca de 2 mil execuções por ano, enquanto o número de transplantes de órgãos excede a 20 mil. Portanto, há 18 mil transplantes de órgãos ou 18 mil mortes por ano que são completamente inexplicadas.
Entrevistador 2: Então, isso significa que o tráfico [de órgãos] existe. É uma organização da máfia como em outros países, ou é a perseguição de determinados grupos na sociedade?
AG: Então, esta é uma importante questão que a DAFOH investiga. A DAFOH significa Doctors Against Forced Organ Harvesting. Começamos a investigar a China em 2006, após relatos da imprensa que indicavam a remoção de órgãos forçada de prisioneiros em hospitais militares. Em relação a estas alegações, a DAFOH realizou três tipos de investigações simultaneamente. Uma foi verificar as publicações científicas chinesas para ver se há qualquer vestígio de tráfico de órgãos. Os outros dois são de pesquisas independentes para identificar as fontes desses órgãos.
Os resultados foram surpreendentes. Quando você olha os artigos científicos publicados da China na década de 2000, não encontra nenhuma referência sobre a origem dos órgãos para as centenas e centenas de transplantes. Estas são as conclusões da DAFOH, o que levou as principais revistas científicas em 2011 a solicitarem o rastreamento total dos órgãos.
Mas, descobertas mais surpreendentes vieram das duas investigações independentes, uma conduzida por David Kilgour, ex-secretário canadense de Estado dos Negócios Estrangeiros, e a outra por Ethan Gutmann, um especialista em assuntos chineses.
Na primeira investigação, David Kilgour, em conjunto com uma rede de investigadores, perguntou a centenas de instituições de transplante na China como obtinham os órgãos. A resposta foi: se você puder pagar, você terá o órgão em duas ou três semanas. Por favor, tenham em mente que, na França, 18 mil pessoas estão à espera de órgãos e o tempo médio de espera é de três anos. Mas, na China, se você tem 50 mil ou 100 mil dólares, você pode obtê-lo em duas semanas. Quando os investigadores perguntaram de onde vinham os órgãos, eles eram informados de forma clara e transparente, que eles [os órgãos] eram de prisioneiros chineses, em particular, dos praticantes de um método chinês, de exercícios físicos tradicionais, chamado Falun Gong. Esta foi a primeira investigação.
Na segunda investigação, Ethan Gutmann fez uma abordagem muito diferente. Ele entrevistou as pessoas que haviam sido detidas na China, incluindo os cristãos, tibetanos, uigures e também [praticantes] do Falun Gong, para ver se eles tinham visto vestígios de um sistema de extração de órgãos nos campos de trabalho forçado, laogai. O resultado foi surpreendente: ele mostrou que metade desses detidos passaram por exame físico completo, enquanto estavam detidos. Em vez de verificar o seu estado de saúde, estes testes médicos estavam avaliando se os seus órgãos eram saudáveis: se os olhos estavam funcionando bem, se as córneas podiam ser removidas, se o batimento cardíaco era bom ou se o fígado estava em uma boa forma.
Entrevistador 2: Isso é absolutamente preocupante. Quem são esses membros do Falun Gong que estão sendo perseguidos? Parece que eles são muito numerosos na China.
AG: O Falun Gong é um método tradicional na China, da mesma forma como as pessoas aqui se movimentam aqui, na China é uma tradição de exercícios matinais que vemos pelo Tai Chi, então o Falun Gong é um tipo de yoga chinesa. Nos anos 90, o Falun Gong rapidamente tornou-se popular na China, tanto que o governo chinês estimou que havia mais de 70 milhões de pessoas praticando-o no final da década de 90.
Entrevistador 2: Então se tornou perigoso para o país?
AG: Não seria em outro lugar [do mundo], mas como a China tem um regime totalitário, 70 milhões de pessoas que seguem a mesma prática sem o controle do governo é visto como um “perigo” potencial. Então, esta foi a forma como a repressão a esta prática começou. De acordo com estimativas da Comissão das Nações Unidas sobre Direitos Humanos, há cerca de 500 mil a 700 mil praticantes do Falun Gong sendo detidos em campos de reeducação forçada a qualquer período de tempo. Estes números são alarmantes... porque significam um banco de órgãos potencial de 700 mil pessoas a qualquer período de tempo na China.
Entrevistador 1: Vocês contam com a Europa para fazer pressão?
AG: Por causa dos resultados das investigações, nós contamos com a Europa por base às alegações. Depois das investigações, o que foi revelado é que não se tratavam de alegações, mas sim de fatos. Em vez de uma organização mafiosa, é uma rede organizada no mais alto nível no governo chinês, porque muitos transplantes ocorreram em hospitais militares chineses. O Parlamento Europeu reagiu rapidamente e uma aprovou em 2013 uma resolução condenando veementemente tais extrações de órgãos, indicando de fato um tráfico organizado no nível mais alto do governo e os praticantes do Falun Gong eram as principais vítimas.
Entrevistador 1: Muito obrigado. O site é: www.dafoh.org, e podemos encontrar mais informações no livro: “State Organs: Transplant Abuse in China” (Órgãos do Estado: Abuso de Transplante na China).
AG: Eu também gostaria de acrescentar que, para qualquer um que queira ajudar, há uma petição online no site da DAFOH e mais de dois milhões de pessoas já assinaram. Vão em frente. Obrigado.