Sexta-feira, 26 de janeiro de 2001
Quando o governo comunista chinês proibiu o grupo religioso Falun Gong, ele estava tentando demonstrar sua força, mas em vez disso, sublinhou a sua fraqueza.
Desde que a proibição foi proferida em julho de 1999, o Falun Gong tem mantido uma campanha clandestina de resistência. Alguns seguidores têm usado a Internet para distribuir mensagens protestando contra a proibição e divulgando as virtudes de seu movimento, que prega vida ética e boa saúde através de exercícios de meditação e respiração. Milhares de outros se infiltraram no cordão de segurança para organizar manifestações de protesto na Praça Tiananmen, no coração de Pequim e no centro da política chinesa. Os manifestantes são rapidamente expulsos pela polícia, mas outros invariavelmente ocupam o seu lugar.
Esta semana, as manifestações em Tiananmen tomaram uma nova e chocante reviravolta quando cinco seguidores do Falun Gong se encharcaram com gasolina e se incendiaram. Um morreu. Foi a prova mais dramática da determinação do grupo e da impotência das autoridades. [Nota do editor: o suicídio não tem nada a ver com o Falun Gong. Veja: http://pt.minghui.org/cc/88/]
Os líderes chineses tentaram de tudo para acabar com o ("palavras caluniosas"). Eles têm cercado Tiananmen com milhares de policiais. Eles encarceraram centenas de seguidores e enviaram milhares, talvez dezenas de milhares, para campos de trabalho. Eles até se inclinam à tortura. Um seguidor chinês canadense divulgou este mês que em um campo de trabalho chinês a polícia o submeteu repetidamente a choques elétricos.
Tais táticas apenas radicalizaram o Falun Gong, transformando o que era um movimento religioso apolítico, excêntrico, em uma força de oposição disciplinada e bem organizada - muito mais disciplinada e bem organizada do que o pequeno e disperso movimento pró-democracia da China. Tratando-se de milhões, e agora implacavelmente opostos ao regime, o Falun Gong conseguiu reunir o mais sério desafio ao regime comunista em meio século.
Agora, bastante aterrorizados, os líderes chineses e seus propagandistas têm mostrado o Falun Gong em cores cada vez mais espalhafatosas. Quando nesta semana os Estados Unidos criticaram Pequim por suprimir o movimento, um porta-voz do governo chamou-o de [palavras caluniosas].
Essa não foi a intenção do Falun Gong, mas pode ser o resultado. Ao reagir de forma tão histérica ao que era inicialmente um movimento religioso inofensivo, o regime chinês expôs duas coisas desagradáveis sobre si mesmo.
A primeira é que, apesar de todo o progresso econômico da geração passada - apesar da abertura deliberada ao mundo e do gradual afrouxamento do controle sobre a vida cotidiana - ainda é por instinto um regime totalitário, incapaz de tolerar qualquer concorrente digno. Numa sociedade totalitária, todo grupo, desde o clube de xadrez até o comando do exército, deve estar sob o controle do Partido, e qualquer grupo que não o faça é uma ameaça.
O segundo é que este regime é profundamente inseguro. Desde sua experiência de quase-morte na Praça Tiananmen em 1989, seus líderes viveram com medo mortal do povo chinês. Somente um governo profundamente assustado entraria em pânico face a um bando de pessoas de meia-idade fazendo exercícios estranhos no parque.
O Falun Gong ainda não é uma ameaça direta ao regime do governo. Notadamente não tem objetivos políticos e não há meios de derrubar o regime, mesmo se quisesse. Mas sua capacidade de suportar, apesar da forte repressão, mostra como o controle do governo sobre o país mais populoso do mundo está enfraquecendo.