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Tortura e lavagem cerebral de praticantes de Falun Gong na Prisão de Suzhou

8 de outubro de 2019 |   Por um correspondente do Minghui na província de Anhui, China

(Minghui.org) A Prisão de Suzhou, na província de Anhui, é uma instituição correcional de província que tradicionalmente abriga graves criminosos do sexo masculino. Desde que o Partido Comunista Chinês começou a sua perseguição à disciplina espiritual Falun Gong em 1999, milhares de praticantes do sexo masculino em Anhui foram presos ali.

Transformando” praticantes

A Agência 610 de Anhui e as autoridades penitenciárias criaram uma seção na 13ª Divisão com o objetivo de "transformar" os praticantes de Falun Gong detidos em não-crentes. Até há alguns anos, todos os praticantes recém-chegados eram colocados pela primeira vez nesta divisão para três meses de lavagem cerebral intensa, solitária, permanência em pé prolongada e outras formas de tortura. Muitos desistiram do Falun Gong por causa da tremenda pressão.

No final dos três meses, os praticantes eram transferidos para outras divisões para realizarem trabalho pesado ao lado de criminosos que estavam presos. Eles trabalhavam seis dias por semana, por longas horas e eram controlados o tempo todo. Os praticantes foram submetidos a abuso físico e intimidação por guardas e reclusos. Antes de serem libertados, eram levados de volta à 13ª Divisão para repetir o processo de "transformação".

Huang Qijun, chefe da 13ª Divisão, usou táticas psicológicas para incutir medo, enganar, ameaçar e chantagear os praticantes a concordarem em parar de praticar o Falun Gong. Os seus 20 anos de experiência em "transformar" praticantes fizeram com que ganhasse uma alta posição na Prisão de Suzhou e fama entre os seus pares em todo o país.

Embora o processo de “transformação” na Prisão de Suzhou tenha sido modificado desde 2016 para evitar atenção externa indesejada ao tratamento desumano dos praticantes de Falun Gong, o tormento físico e mental continua em todas as divisões.

Lavagem cerebral e abuso físico

Quando um praticante chegava à Prisão de Suzhou, era colocado na 13ª Divisão durante três meses de intensa lavagem cerebral. De segunda a sábado, os praticantes eram obrigados a sentar-se no chão e assistir a programas de televisão difamando o Falun Gong. Às vezes eram forçados a ler textos de líderes comunistas ou escrituras de outras crenças budistas.

Os praticantes tiveram que escrever relatórios de reflexão para mostrar aos “transformadores” o que tinham conseguido através do processo de “transformação”. Aqueles que desistiram da prática e foram “transformados” eram trazidos para controlar e influenciar aqueles que se recusaram a desistir. Às vezes, os praticantes "transformados" agarravam fisicamente as mãos dos praticantes inflexíveis e obrigavam-os a deixarem impressões digitais no acordo para pararem de praticar. Aqueles que resistiam eram espancados.

Quando se tratava de praticantes mais firmes, os guardas da prisão ligavam para as delegacias da sua cidade natal e pediam para que os policiais fossem enviados às casas dos praticantes para assediarem e ameaçarem suas famílias de modo a pressionarem os praticantes a "se transformarem".

Mesmo que um praticante já tivesse “sido transformado”, ele era levado para a 13ª Divisão no final da sua detenção para passar novamente pelo processo antes de ser libertado. Ele era ameaçado a não contar a ninguém sobre a sua experiência ou enviar qualquer informação ao site Minghui. Caso contasse a sua experiência ou enviasse informações ao site Minghui, o praticante seria preso novamente pelo escritório local da Agência 610.

Regime de isolamento e permanência prolongada

Os praticantes eram submetidos a uma intensa lavagem cerebral durante o dia, seis dias por semana. À noite e aos domingos, eram confinados numa solitária em pequenas celas e levados a permanecer de pé por longas horas.

As células em regime de isolamento na prisão de Suzhou têm tetos altos no segundo andar. Não há janelas. Há apenas pequenas aberturas no teto. Quando nevava, os flocos de neve caíam nas celas. Os presos criminais designados para controlarem os praticantes de Falun Gong estavam colocados nos corredores do segundo andar, onde podiam ver as celas.

As pequenas celas também eram ocasionalmente usadas para confinar presos que violavam as regras da prisão, bem como praticantes que já tinham sido transferidos para outras divisões, mas foram apanhados fazendo exercícios do Falun Gong ou conversando com outras pessoas sobre a prática.

Praticantes são obrigados a ficar de pé em pequenas celas por longos períodos de tempo

Permanecer de pé por longos períodos de tempo causava muita dor física e é o mais difícil de suportar. A cada hora que um praticante permanecia de pé, ele podia sentar-se no chão por meia hora antes de recomeçar. Hora após hora, dia após dia, muitos desmoronaram e cederam porque não conseguiam suportar o abuso físico.

Condições de vida severas levaram a problemas de saúde

Enquanto estavam confinados em pequenas celas, a única fonte de água dos praticantes era o vaso sanitário, onde a água entrava por um pequeno e constante fluxo. Eles usavam uma toalha de mão para parar a água na parte de trás do banheiro comprido e formavam um pequeno reservatório onde pegavam a água para beber e limpar. Para evitarem contaminar a parte de trás do banheiro, eles apontavam cuidadosamente para a frente quando usavam o banheiro, para que nenhuma urina ou fezes tocasse a parte de trás.

Os praticantes recebiam um pão cozido no vapor e um pedacinho de legumes em conserva para cada refeição. Os picles eram frequentemente muito salgados e cheiravam horrivelmente. Os praticantes lavavam os picles no vaso sanitário antes de comê-los.

A roupa de cama era geralmente úmida e suja. Era desenrolada à noite no chão de cimento para dormir. Durante os meses de inverno, a temperatura costumava ficar abaixo de zero, o que tornava impossível adormecer. O clima extremo, a falta de sono, a má nutrição e longos períodos de pé contribuíram para a deterioração da saúde dos praticantes. Alguns não conseguiam andar depois de algum tempo e às vezes desmaiavam.

Intimidando praticantes e famílias com táticas enganadoras

Huang Qijun é o chefe da 13ª Divisão. O chefe assistente Yao Song e Wang Daliang são ex-chefes de divisão. Mesmo após terem sido substituídos, eles permaneceram na divisão como pessoas chave que supervisionavam o processo de "transformação".

Huang Qijun é muito cruel — até os guardas da prisão alertaram os praticantes sobre ele. Ele usou táticas para descobrir informações pessoais sobre os praticantes e suas famílias e, em seguida, usou essas informações como poder para ameaçar e chantagear os praticantes.

Huang costumava levar as famílias dos praticantes para uma sala separada após as visitas. Ele caluniava o Falun Gong para descobrir se os parentes também eram praticantes. Se fossem, ele usava isso contra o praticante preso e ameaçava prender os seus familiares se eles não renunciassem à prática. Mesmo que os membros da família não fossem praticantes, ele garantia que eles soubessem o tipo de poder que ele tinha sobre os membros da família detidos, para que eles o subornassem com dinheiro.

Por meio dessas conversas particulares com familiares e amigos visitantes, Huang descobriu muitas informações sobre os praticantes detidos. Ele também interceptou a correspondência dos praticantes e cortou a sua comunicação com o mundo exterior. Ele criou uma ilusão como se soubesse tudo sobre os praticantes, incluindo sobre suas famílias e trabalho.

Antes de deixar um praticante entrar na sala de visitas, Huang o ameaçava e falava o que ele poderia dizer. Ele tinha guardas da prisão ouvindo as conversas telefônicas entre praticantes e suas famílias. Assim que mencionavam assuntos sensíveis, os guardas interrompiam a linha e terminavam as conversas.

Às vezes, Huang ficava atrás dos visitantes que estavam à frente dos praticantes durante as visitas, intimidando os praticantes; então eles não ousavam dizer mais nada além de que tudo estava bem e diziam às famílias que não se preocupassem.

Algumas famílias até agradeciam a Huang antes de partir, pedindo que ele cuidasse do membro da família que estava preso. No entanto, a verdade estava longe do que as famílias eram levadas a acreditar; de fato, os praticantes eram mantidos em regime de isolamento, torturados e sem permissão para comprar itens de necessidades diárias, como uma barra de sabão.

Perseguidor-chave: Huang Qijun

Huang é do condado de Wuwei, província de Anhui. Ele nasceu em 1963 e se formou na Academia de Polícia de Anhui em 1986.

Ele escreveu um manual com 500 mil caracteres chineses sobre o assunto de transformação de praticantes de Falun Gong, que agora é amplamente utilizado por centros de lavagem cerebral em toda a China. Huang fez parceria com uma guarda e eles viajaram para muitas cidades para ajudar a estabelecer centros de lavagem cerebral. Ele esteve oito vezes na cidade de Hefei.

Quando a prisão de Suzhou ainda tinha uma ala feminina, Huang transformou muitas praticantes fingindo se preocupar com elas. Algumas praticantes perderam suas famílias e ficaram presas por anos; tendo estado em um ambiente isolado por tanto tempo, tornaram-se alvos fáceis para Huang.

Huang é um especialmente cruel com praticantes inflexíveis. Um preso que estava encarcerado na prisão de Suzhou por mais de uma década testemunhou Huang e um criminoso a espancarem e darem  pontapés nos praticantes Liu Jihong (da cidade de Hefei) e Ge Xiliang (do condado de Mengchen) até à morte. Quando seus corpos foram levados para fora do edifício, Huang alegou que eles tinham morrido por causa de uma doença. O preso que ajudou Huang teve sua sentença reduzida e foi libertado pouco depois.

Huang também colocou espiões em todas as outras divisões para controlar os praticantes depois deles terem sido transferidos para fora da 13ª Divisão. Se eles liam livros do Falun Gong, faziam os exercícios ou conversavam com as pessoas sobre a prática e eram apanhados, eram enviados de volta à 13ª Divisão, onde eram espancados ou torturados. Eles eram algemados, acorrentados e confinados em célas solitárias. Muitos praticantes morreram por causa da tortura enquanto os espiões tiveram suas penas de prisão reduzidas.

Quando houve um desastre natural, Huang doou algumas centenas de yuans para crianças pobres e para sua cidade natal, o condado de Wuwei. Ele se gabava de sua "conquista" em todos os lugares que passava e recebeu o título de "Uma das 10 pessoas mais gentis de Suzhou".

Trabalho forçado

Após os três meses iniciais de intensa lavagem cerebral, um praticante acabaria por ser transferido para outra divisão, mesmo que não tivesse “sido transformado”, pois seria usado para realizar trabalhos pesados ao lado de outros prisioneiros.

A maioria dos produtos fabricados na prisão de Suzhou eram roupas e malas. Os dias de trabalho eram das 6h às 19h ou 20h. Os presos tinham uma hora de almoço. Se os internos não cumprissem suas cotas diárias, teriam que trabalhar horas extras e devolver alguns dos benefícios que tinham acumulado. Os praticantes do Falun Gong não eram obrigados a cumprir nenhuma cota, mas ainda eram obrigados a trabalhar as mesmas horas e a fazer o mesmo trabalho.

Como todos os prisioneiros, os praticantes acordavam cedo e iam trabalhar por 13 a 14 horas diárias, até ficarem demasiado cansados e esfomeados para fazerem qualquer outra coisa, exceto comer e ir direto para a cama.

Cada praticante tinha vários presos designados para vigiá-lo o tempo todo e não tinha permissão para conversar com ninguém. Como eles não usavam palavrões ou revidavam quando eram atacados, alguns presos criminosos intimidavam os praticantes por diversão.

Todos se revezavam para levar grandes baldes de comida para cada divisão durante as refeições. Os idosos ou doentes que não podiam carregar esses grandes baldes precisavam da ajuda de outras pessoas e eram frequentemente espancados, a menos que pagassem. Alguns praticantes idosos que não tinham dinheiro sofreram muito.

O custo da comida era de 140 yuanes por mês e os presos geralmente recebiam vegetais baratos, como brotos de feijão, melancia e repolho. Ficou claro que o custo de vida por mês de 300 yuanes por praticante pagos pelos escritórios regionais da Agência 610 não eram usados para os praticantes.

Isso também revelou que, embora os praticantes tivessem sido condenados à prisão, tecnicamente não eram presos registrados. Eles foram enviados para o escritório local da Agência 610 para serem “transformados”. Esse era o motivo suspeito pelo qual eles não tinham cota de trabalho e não eram pagos pelo trabalho.

O assédio e o controle continuam após a libertação

Antes da libertação dos praticantes, a 13ª Divisão notificava o escritório local da Agência 610, o Comitê do Partido Comunitário e o Escritório de Gerenciamento Abrangente para ir buscar os praticantes da prisão. As famílias, no entanto, não eram notificadas conforme exigido por lei.

O progresso da transformação dos praticantes, o comportamento e até a atitude de suas famílias eram relatados em um documento escrito e gravados em um CD para serem passados às autoridades locais quando eles levavam o praticante para que o processo de "transformação" pudesse continuar.

Antes de um praticante ser libertado, um guarda preparava uma carta e pedia para que o praticante se registrasse no escritório de registro de residência local quando chegasse em casa. De fato, o praticante notificava a polícia local de que ele tinha sido libertado para que o vigiassem.

Os praticantes que não passaram pelo processo de registro residencial ainda podiam usar seus cartões de identificação e o transporte público. O seu status de registro residencial nunca era transferido ou alterado, ao contrário de presos criminais cujo status residencial era suspenso quando eram presos.

Houve casos em que praticantes inabaláveis ficaram gravemente doentes logo após terem sido libertados da prisão de Suzhou, e alguns até morreram. Especula-se que eles receberam medicamentos desconhecidos em seus alimentos ou bebidas antes de serem libertados, mas isso ainda não foi confirmado.