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O apego a resultados

27 de outubro de 2015 |   Experiência apresentada no Fahui Europeu de 2015, realizado em Viena

(Minghui.org) Venerável Mestre, queridos companheiros praticantes:

Gostaria de falar com vocês sobre um apego, que às vezes me afastou do caminho reto. Felizmente já o reconheci, ainda que eu não o tenha abandonado completamente. Trata-se do apego a obter resultados, consequência de outros apegos mais sutis.

Antes de iniciar o cultivo no Dafa eu era um ateu convicto. No meu ambiente tudo era materialismo. Na universidade me graduei em logística. Nessas circunstâncias, durante anos, minhas opiniões eram materialistas e fundamentava os meus pontos de vista quantitativamente. Era como disse o Mestre:

Atualmente há pessoas que acreditam que os olhos físicos podem ver toda matéria e todo objeto neste nosso mundo, por isso, algumas pessoas formaram um rígido conceito e acreditam que somente o que pode ser visto com os olhos físicos é concreto e real; elas não acreditam naquilo que não podem ver. (“A questão do olho celestial”, Zhuan Falun)

Assim, “naturalmente” concentrei-me em obter resultados nas minhas atividades.

Temos uma missão como discípulos do Dafa do período da retificação do Fa – ajudar o Mestre a salvar seres conscientes – por isso, participamos das atividades de esclarecimento da verdade e também em desenvolver um ambiente saudável entre os praticantes. Nesses casos particulares, o apego a obter resultados se manifesta de uma forma que nos afasta do caminho reto pelo caminho da busca e, assim, me desviei do Fa esquecendo os princípios superiores. Quero falar sobre esses casos, das suas raízes e consequências.

Coordenando um local de prática e o grupo de estudo do Fa

Quando comecei a praticar, vivia em Berna. Algum tempo depois, alguns praticantes veteranos, entre eles, um coordenador do local de prática, foram para outras regiões. As circunstâncias e o entusiasmo me levaram a assumir a coordenação. Inicialmente fazia tudo de forma correta. Porém, com o passar do tempo, assumi mais responsabilidades e fiquei sob muita pressão. Tão logo afrouxava no estudo do Fa ou não me concentrava, começava a pensar: “Hoje poucas pessoas vieram, fulano de tal não voltou?” Acreditava que seria bom se conseguíssemos reunir um grupo grande e fortalecêssemos o nosso campo com uma energia reta. Porém a minha mente não estava no Fa, fixava-se apenas nesse objetivo e isso criou obstáculos e pressão para os membros do grupo em outras dimensões. Depois de um tempo, transferi a coordenação para outro companheiro praticante. Era evidente que o lugar onde praticávamos começou a florescer e apareceram novos estudantes.

Nesse caso, quando busco profundamente as raízes desse “apego em obter resultados”, vejo dois apegos. Um deles é me validar – como sempre fui estrito comigo mesmo no cultivo, esperava o mesmo dos outros. E o segundo é o medo – tinha medo de que os praticantes que não participavam em nossas atividades com regularidade pudessem cair de nível ou até mesmo abandonar o cultivo.

Participando no Shen Yun

Em várias ocasiões tive a honra de participar nos preparativos da apresentação do Shen Yun no nosso país. Em 2014 fui nomeado coordenador em Berna. Sempre coloco todo o meu coração no Shen Yun. O Mestre disse:

... as pessoas que deveriam ser salvas no ano passado, perderam para sempre a oportunidade, pois a retificação do Fa avança adiante continuamente, passo a passo, atraindo as pessoas deste nível, atraindo pessoas de tal reino celestial, de tal nível de corpo celestial, e são justamente as pessoas deste nível que vêm para ver o show. Na próxima vez, esta poltrona pertencerá à outra pessoa, não será mais dela. Perderam-se muitas vidas! Vendo as poltronas vazias nessas salas, vocês sabem o que sinto? Como me sinto? (“Os discípulos do Dafa devem estudar o Fa”, 2011)

Procurei pensar nesses seres e em não decepcionar o nosso Mestre. À medida que o espetáculo se aproximava e nossas vendas não eram tão boas como esperávamos, trabalhei com mais empenho nas nossas atividades e a minha mente continuava cada vez mais ocupada nessas coisas. Isso fez com que não conseguisse me concentrar quando estudava o Fa e ao enviar pensamentos retos. Às vezes somente me concentrava no resultado de algum encontro ou atividade em lugar de salvar os seres conscientes que se encontravam conosco. Foi um ano difícil porque pela primeira vez tivemos apresentações em duas cidades. No final, não conseguimos lotar o teatro em Berna. Por muito tempo me senti completamente arrasado e, apesar de que o nosso Mestre havia nos enviado uma mensagem que dizia que o nosso resultado foi bom, não era capaz de aceitar as suas palavras.

Quando olho para trás, da perspectiva das raízes da minha inclinação aos resultados, vejo que para mim eram cruciais as minhas capacidades, a minha pessoa, e não me dava conta de que o êxito somente ocorre quando nos cultivamos bem. Nosso Mestre mencionou várias vezes no Zhuan Falun: “o cultivo depende de si mesmo, o gong depende do Mestre”.

Meu trabalho cotidiano

Há um ano, minha esposa e eu nos mudamos para a cidade de Ostrava. Encontrei um emprego perto da nossa casa em uma empresa alemã que fabrica peças para a indústria automotiva. Trabalho no planejamento da produção. É um trabalho muito exigente porque trabalho sob pressão de todos os lados. Por outra ótica, devido a essas condições, eu me relacionava com muitos colegas, desde operários até gerentes, e por isso tive a oportunidade de esclarecer a verdade para muitos.

Os alemães são bem conhecidos pela sua exatidão e precisão, que concordava com a minha atitude. Depois de meio ano, começamos a perder produtividade e nos deparamos com uma situação difícil. Procurei aperfeiçoar a produção sem nenhum erro e com estreitas conexões. Mesmo assim não tivemos êxito e as pessoas começaram a cometer ainda mais erros. Pouco depois, comecei a levar o meu trabalho para casa, mesmo quando estudava o Fa, fazia os exercícios e enviava pensamentos retos. Foi evidente o meu desvio do caminho reto; comecei a ser mais arrogante com os meus colegas e às vezes até explodi diante deles apontando os erros das outras pessoas com veemência e inclusive exigindo penalização. Já não tinha poder suficiente para esclarecer a verdade e se tivesse uma ideia, outra surgia na minha mente: “Como as pessoas poderão aceitar os fatos quando você lhes contar se você não se comporta de acordo com os princípios?” Dedicava-me a trabalhar horas extras e chegava em casa esgotado. Durante os dias de trabalho quase deixei de fazer os exercícios e, quando estudava o Fa, frequentemente dormia ou pensava no meu trabalho. Os finais de semana eram a minha única salvação e eu procurava me recompor.

Em um final de semana disse a mim mesmo que não era possível continuar assim, que não podia levar tudo tão a sério. De repente me dei conta de que a causa era o meu apego ao resultado. Por trás dessa atitude escondiam-se apegos à fama e à autorrealização da logística bem planejada – uma noção que formei durante a minha vida. Enquanto estudava o Zhuan Falun também percebi que a empresa poderia ter carma e, ainda que estivesse ancorada na minha mente, a melhora poderia não ser suficiente:

... se durante o curso de seu cultivo, por seu coração de misericórdia, ele fizer algo assim para algumas pessoas boas, é permitido. Entretanto, ele não pode eliminar completamente o carma delas, pois não possui poderosa virtude suficiente para isso, portanto, a tribulação ainda existirá embora a doença específica tenha desaparecido. (“A questão de curar doenças”, Zhuan Falun)

Depois dessa experiência comecei a levar o meu trabalho com mais leveza e as coisas começaram a melhorar. Até mesmo pude recuperar o entusiasmo que o Mestre nos pede.

Escrever esta experiência

Vou mencionar o último exemplo da minha inclinação aos resultados – refleti muito se deveria escrever essa experiência. Felizmente, dei-me conta de que a minha preocupação com os resultados era o que me bloqueava – tinha medo de que a minha exposição não estivesse à altura de um Fahui, que não estivesse entre as outras experiências. Por quê? Porque por trás disso estava oculto o medo de perder e a competitividade. Enquanto escrevia essa experiência é possível que eu tenha melhorado em desfazer-me de todos esses apegos, porque exatamente nesse momento, em meu trabalho, foi registrado um recorde que superou nosso plano percentual em vários décimos. Graças ao conselho do Mestre estou novamente no caminho correto.

Gostaria de concluir a minha experiência com uma citação do Mestre:

Sendo uma forma livre na sociedade comum, pensem todos, parece ser solta, mas na realidade, a exigência do padrão do pensamento reto e do comportamento reto no cultivo sólido é muito rigorosa, isso tem a ver com a sua vontade de cultivar sólida e verdadeiramente. Neste mundo humano, para você transitar retamente o seu caminho e para que você possa cultivar neste ambiente complicado das pessoas comuns, depende totalmente de você. O que as pessoas comuns perseguem, o que as pessoas comuns querem ter, o que as pessoas comuns fazem, dizem e como agem, tudo isso você tem que eliminar através do cultivo… (“Fa Ensinado em Manhattan”, 2006)

Apontem com benevolência se houver algum aspecto em desacordo com o Fa na experiência que acabo de compartilhar.